sábado, setembro 13, 2014


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CAMADA DE NERVOS - Multi - Tasking



ÍNDIA - GAL COSTA

Uma das melhores interpretações de Gal Costa dos anos 70, por coincidência, 1972.


“A SANTA INQUISIÇÃO?” 

Um Caso, um Exemplo, um Horror…






Num momento em que extremistas religiosos aparecem na televisão, na casa de cada um de nós, a cortar cabeças a pessoas inocentes com o repúdio de todo o mundo e o nosso horror, este caso que relatamos a seguir mostra como pensamentos religiosos podem levar, não grupos de extremistas com tendências assassinas, mas a hierarquia da Igreja ao seu mais alto nível, a praticar a crueldade sem limites...
É certo que foi há 5 séculos mas a distância no tempo não é desculpa para a crueldade. Libertar-nos da religião começa a ser um seguro de vida relativamente ao futuro. No mínimo, um Seguro de Vida contra os riscos que ela representa.


No livro de Henry Charles Lea, "História da Inquisição de Espanha" (História da Inquisição espanhola), Volume 4, relata um incidente em Espanha, no século XVI, após o início da perseguição aos judeus que viviam em terras espanholas.

Elvira del Campo, uma mulher grávida, foi presa pela Inquisição, por suspeita de que era judia. Na prisão, ela deu à luz uma criança.  Um ano depois foi levada perante o tribunal da Inquisição em Toledo.

Dois trabalhadores que viviam como inquilinos na sua casa foram apresentados como testemunhas e disseram que Elvira não comia carne de porco e que aos sábado vestia roupa interior limpa.  Por causa deste comportamento desconfiaram que ela fosse judia e as duas testemunhas foram premiados com três anos de indulgências por seus pecados.

Quando questionada, Elvira afirmou ser cristã, tal como seu marido e seu pai o eram. No entanto, sua mãe tinha antepassados ​​judeus.  Elvira disse ao tribunal que desde a infância não comiam carne de porco porque lhe dava náuseas e sentia-se mal e que sua mãe havia lhe ensinado a mudar de roupa interior no sábado, e que ela nunca viu nisso qualquer significado religioso. O tribunal ameaçou torturá-la, se não dissesse que era judia. Como não o disse foi desnudada.  Amarraram-lhe as mãos, apertando-os com cordas até quebrar ossos.

Ela foi então amarrado a uma mesa com bordas afiadas, mantendo-o amarrada. Durante a tortura confessou violar a lei, mas como não sabia que as leis eram foi submetida à tortura da água: taparam-lhe o nariz e pela boca, através de um funil, jogaram litros de água. Depois a golpearam no ventre assim inchado. Muitas vítimas desta tortura morriam afogadas ou esventradas.

Elvira não morreu.  Por quatro dias a tortura foi suspensa e trancaram-na numa cela onde ela confessou ser judia e pediu misericórdia. Essa misericórdia consistiu em não a matarem mas confiscaram-lhe todos os seus bens e condenaram-na a três anos de prisão Ao fim de seis meses, libertaram-na. Tinha enlouquecido.



Lá se vem o rei da Babilónia...
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 51


















Infatigáveis capetas, os meninos fuçaram os casebres na ausência dos moradores: ninguém trancava as portas ao sair.

Não havia o que roubar, nada de valor, à excepção dos instrumentos de trabalho de Lupiscínio e Bastião da Rosa, de algum pertence do velho Gerino ou dos cabras sob suas ordens no depósito de cacau.

Fadul colocou o carpina de sobreaviso; quanto ao louraça Bastião da Rosa, executava uma empreitada em fazenda próxima, levara consigo os utensílios de pedreiro.

O número certo de crianças na caravana jamais se soube.

Surgiam de repente, os pequeninos e os grandalhões, imundos, remelentos, atrevidos, olhos de azougue buscando o que surrupiar.

Inocentes, lindos, necessitados, infelizes, as mãos estendidas, pedinchando. Mesmo não havendo o que roubar, sumiram alguns teréns: um caco de espelho, uma faca sem cabo, o cachimbo de barro de Gerino, a bruxa de pano de Nita Boa Bunda, miudagens.

Até a hora do crepúsculo quando a tropa da Fazenda dos Macacos desembocou no descampado, conduzida por Maninho com a ajuda de Valério Cachorrão, as raparigas constituíram a única freguesia.

Sempre sobrava no cós da saia um cobre de vintém, um níquel de tostão com que pagar a leitura da sorte na palma da mão ou adquirir um enfeite irresistível, par de argolas, anel de vidro.

Foi mínimo, no entanto, o tráfico de bijuterias, pois na venda de seu Fadu amontoavam-se sem saída penduricalhos iguais ou mais bonitos. Contudo compraram uma ou outra bugiganga, levadas pela lábia das ciganas, enfeitiçadas pelos olhos dos ciganos, pelos olhos fundos de Alberto.

 De volta do rio, Guta informara às companheiras e rivais:

 - Chegaram de uma vez quatro reis da Babilónia, O mais mocinho é meu, fiquem sabendo, não se metam com ele.

Um crepúsculo encantado, de tangolomango. O sol pusera-se no fundo do tacho conduzido por Maurício, Alberto desfolhava fantasias. A história da corte real da Babilónia, quem não a conhecia?

Folhetim de entrega semanal, conto da carochinha de boca em boca, cantiga de ninar:

Lá se vem o rei da Babilónia
Com sua corte real.
Lá se vem o rei da Babilónia
Dele vou me enamorar
Vou com ele me casar...


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Alvoroçada freguesia para a buena-dicha nas linhas da mão, murmurada ao pé do ouvido na meia língua das ciganas. As ciganas nascem com o dom de adivinhar. Mesmo certas raparigas metidas a besta, que juravam não acreditar em tratantadas e intrujices, estendiam a mão com a moeda de vintém.


Este é o riso que encanta*
O RISO
















Superficialmente, o riso, tal como o suicídio, a homossexualidade, a adopção e a arte, parece difícil de explicar numa perspectiva evolutiva.

Porque fazemos nós estas coisas quando elas parecem supérfluas ou mesmo prejudiciais para a nossa sobrevivência e reprodução?

Porém, pensando melhor e lendo a esse respeito o trabalho de um especialista, o riso é tudo menos supérfluo.

Vejamos coisas que toda a gente sabe: todas as são capazes de rir excepção de algumas que, tragicamente, sofrem de deficiência mental grave.

Os bebés começam a rir entre os dois e os quatro meses e eu nunca poderei esquecer as maravilhosas gargalhadas das minhas netas quando eram bebés que, tal como os outros, começaram a rir muito antes de falarem.

Mesmo os bebés que sofrem de surdez e cegueira congénita riem pelo que ver e ouvir o riso dos outros não é necessário.

Rir é essencialmente um fenómeno social. Sabemos isso por experiência própria, mas os estudos mostram que a probabilidade de rirmos na companhia de outros é trinta vezes superior à de rirmos sozinhos.

O riso é facilmente reconhecível, apesar das variações individuais e culturais. Rir é contagiante; o simples som dá-nos vontade de rir. Finalmente, rir é agradável. Põe-nos de bom humor e faz-nos agir de uma forma diferente.

Se alguma coisa se pode considerar uma capacidade geneticamente inata que exige uma explicação evolutiva é o riso.

Há dois mil anos que o riso é estudado e observado por Aristóteles e Darwin, entre outros.

Nos bebés o riso pode ser provocado por cócegas e nos adultos por anedotas. O riso irrompe espontaneamente mas também é usado de forma estratégica.

Pode ser usado para invocar bons sentimentos ou como um instrumento de agressão.

Terão fenómenos tão diversos uma explicação única?

Com o estudo dos primatas aprendeu-se que os nossos parentes símios se envolvem em jogos de cócegas e perseguições acompanhados por uma expressão facial e um som ofegante muito semelhante ao riso humano.

Assim, o riso humano tem um precursor nítido nos símios que ocorre durante as interacções de pares quando brincam e isto contrasta com a linguagem humana, que não tem precursores óbvios nos macacos.

A neurologista Matt aprendeu que há dois tipos de riso diferente. O riso Duchenne que constitui a reacção espontânea e carregada de emoção às brincadeiras nas crianças e às situações que despertam humor nos adultos, como as anedotas, os trocadilhos e as peripécias de uma comédia, que partilham todas as características da incongruência e do inesperado.

As cócegas, as perseguições e o súbito aparecimento de um rosto podem provocar nas crianças o riso ou o medo, consoante a maneira como forem interpretados.

Escorregar numa casca de banana é divertido a menos que a pessoa se magoe.

David Sloan Wilson - "A Evolução para Todos"

(continua na 2ª fª)

* O encanto do riso de uma criança pode constituir uma estratégia do processo evolutivo no sentido de os proteger contribuindo para que os adultos gostem dele...  

sexta-feira, setembro 12, 2014

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Mais uma linda fotografia, perdão, pintura de Anna Kostenko



Middle Of The Road  - Sacramento

Anos 71/72, anos mágicos para a música pop anglo-saxónia com canções que ficaram para sempre no ouvido.


MIXÓRDIA DE TEMÁTICAS - As Novas Ginásticas


Viria a ser o Panteão Nacional
"As Obras de Santa Engrácia"
"algo que nunca mais acaba" 







- Reza a lenda que ...

“Simão Pires, um cristão­ novo, cavalgava todos os dias até aos convento de Santa Clara para se encontrar, às escondidas com Violante.

A jovem tinha sido feita noviça à força por vontade do seu pai, fidalgo que não estava de acordo com o seu amor.

Um dia, Simão pediu à sua amada para fugir com ele, dando-lhe um dia para decidir. No dia seguinte, Simão foi acordado pelos homens do rei que o vinham prender acusando-o do roubo das relíquias da igreja de Santa Engrácia que ficava perto do convento.

Para não prejudicar Violante, Simão não revelou a razão porque tinha sido visto no local. Apesar de ter invocado a sua inocência, foi preso e condenado à morte na fogueira, que se realizaria junto da nova igreja de Santa Engrácia, cujas obras já tinham começado.

Quando as labaredas envolveram o corpo de Simão, este gritou que “Era tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!”.

 Os anos passaram e a freira Violante foi um dia chamada a assistir aos últimos momentos de um ladrão que tinha pedido a sua presença. Revelou-lhe que tinha sido ele, o ladrão das relíquias e sabendo da relação secreta dos jovens, tinha incriminado o Simão. Pedia-lhe agora o perdão que Violante lhe concedeu.

 Entretanto, um facto singular acontecia, as obras da igreja iniciadas à época da execução de Simão pareciam nunca mais ter fim. De tal forma que o povo se habituou a comparar “Tudo aquilo que não mais acaba” às obras de Santa Engrácia.”

 Na realidade, levou cerca de 350 anos porque foi fundada em 1568 mas ruiu em 1681 e a sua reconstrução durou até cerca de meados do Século XX. É hoje conhecida pelo Panteão Nacional. 


PALESTRA













UM BÊBADO É DETIDO PELA POLÍCIA ÀS 3 DA MANHÃ.

O AGENTE PERGUNTA:

 - AONDE VAI A ESTA HORA?

  O BÊBADO RESPONDE:

  - VOU A UMA PALESTRA SOBRE O ABUSO DO ÁLCOOL E SEUS EFEITOS LETAIS PARA O ORGANISMO, O MAU EXEMPLO, AS CONSEQUÊNCIAS NEFASTAS PARA A  FAMÍLIA, BEM COMO O PROBLEMA QUE CAUSA NA ECONOMIA FAMILIAR E A IRRESPONSABILIDADE ABSOLUTA. 

  O AGENTE OLHA SEM ACREDITAR E DIZ: 

  - SÉRIO ? E QUEM VAI DAR ESSA PALESTRA A ESTA HORA DA MADRUGADA ? 

  - A MINHA MULHER, CLARO ! ASSIM QUE EU CHEGAR A CASA !!!

Aceita um mata-bicho?
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 50

















Impressionado com a algarviada incompreensível e com os modos do cigano, o carpinteiro, não sendo entendedor, não garantiu pelo ouro mas não conteve a admiração ante o lavor da peça:

 - Uma perfeição, trabalho de artista. É de ouro?

Ofendido com a pergunta, Josef apontou para Fadul:

 - Pergunte a ele, se quiser mesmo saber se é de ouro ou não. Ora essa! -  Enrolou a jóia no papel pardo e a devolveu ao bolso do colete: - Não está à venda.

Fadul desencostou-se do balcão, retirou da prateleira uma garrafa cheia pela metade, desarrolhou-a, mediu a talagada habitual de Lupiscínio e, antes de servir-se, ofereceu ao cigano ainda ressentido:

 - Aceita um mata-bicho?

Levantaram os copos, Josef degustava a cachaça devagar, não a bebeu de um trago como os outros dois. Fadul então perguntou, a voz neutra, despida de qualquer subentendido:

 -  Não é que eu queira comprar, não tenho a quem dar nem a quem vender. Só para saber, por curiosidade, me diga quanto está pedindo pelo relicário. O relicário, sem a corrente.

Josef esvaziou o copo lentamente, com um ruído da língua elogiou a aguardente. Voltou a retirar do bolso do colete o embrulho e a desdobrar o papel pardo deixando a jóia à mostra no balcão.

Por um instante apenas, pois num gesto inesperado a colocou
na mão do turco:

 - Guarde até amanhã, confira o ouro, as gramas e os quilates.

Amanhã, quando for escolher o burro, Vossência devolve ou, se quiser ficar com ele, Vossência mesmo marca o preço, quanto acha que ele vale. Largou a peça na mão de Fadul:

 -  Amanhã a gente acerta tudo, tudo junto.

Antes que o bodegueiro pudesse contestar ou reagir, Josef segurou o saco com as compras, recolheu e guardou as moedas separadas para o pagamento e atravessou a porta sem olhar para trás.

 - Nada disso! — Gritou Fadul ao recuperar a voz: - Venha cá! Leve seu troço.

Tarde demais: o cigano ia longe enquanto Lupiscínio, abestalhado, sem entender o que estava se passando, pedia explicações.

Fadul voltou a examinar a jóia demorada e detalhadamente.

Quem vende fiado a cigano é otário, minguado do juízo mas, por menos que pudesse valer, aquela peça valia muitas vezes o preço das compras feitas e não pagas: carne-seca, feijão, açúcar e uma garrafa de cachaça.

 Não corria o risco de calote, se alguém tinha o que perder era o cigano. Por via das dúvidas, na hora do acerto colocaria o revólver na cintura.

Coroca, que acabara de chegar, bateu palmas ao ver o relicário:

 - Coisa mais bonita! Dona Marcelina, mulher do coronel Ilídio, tinha um mas não chegava aos pés desse. - Dirigiu-se ao turco:

 - Comprou, seu Fadul? Para dar a quem? Está pensando em se casar?

5

Pedaço de ferro ressoando contra a borda do tacho, o cigano Maurício, profusa bigodeira, braços tatuados, lenço amarrado na cabeça, percorreu Tocaia Grande de ponta a ponta anunciando a presença dos exímios remendões de objectos de metal, de chaleiras e panelas.

Escusado pregão, oferta vã: nem uma só panela a consertar; os cacos de barro, as canecas de lata não requeriam cuidados.

Maria Gina percebeu quando, dirigindo-se para o acampamento, Maurício empalmou o sol e o recolheu no fundo do tacho.

Adensaram-se as sombras do crepúsculo, crepúsculo de medo e encantamento.

Factor decisivo
A Escolha está Feita












O embaixador Seixas da Costa, ex-colega meu de Curso, mais novo, homem muito inteligente com um percurso profissional de grande qualidade, ironizava um dia destes – ele que se afirma conhecedor do PS – que dificilmente alguém mudará de voto por causa destes confrontos e eu acrescento que o próprio acto de inscrição para o voto já pressupõe uma prévia escolha.

Os portugueses são, regra geral, pessoas emocionais como bons latinos pensam muito com o coração, pouco predispostos a escolhas racionais. Esta é a sensação que temos, verdadeira ou não.

No caso de Costa e Seguro ninguém vai para a escolha a partir do zero à espera dos confrontos verbais entre ambos para se decidir.

Se alguém nesta disputa se inscrevesse para votar partindo do zero o que seria natural é que não se inscrevesse mesmo, a não ser que o faça com segundas intenções, o que também pode acontecer.

Vencer a inércia, sair de casa, deslocar-se a um local que nem sequer sabe onde fica ou envolver-se nas “tecnologias de informação” para se inscrever através da Internet, pressupõe uma vontade direccionada para um dos candidatos e se um deles era o que estava no lugar certo para vir a ser, provavelmente, 1º Ministro, é lógico pensar que aqueles que se deram ao trabalho de inscreverem-se são, maioritariamente, os que querem a mudança e ela só pode estar com António Costa.

Eu, ao contrário do embaixador Seixas da Costa, não conheço o Partido Socialista por dentro mas, se para mim alguma opinião conta, é a dele.

Em 40 anos de democracia nunca vi nenhuma sondagem falhar rotundamente. Erros de 20 ou mesmo de 10 pontos percentuais são praticamente impossíveis em condições normais com as actuais técnicas de medir a opinião e estes são os valores que separavam e continuam a separar os dois candidatos de acordo com os números que ainda ontem foram publicados no Jornal.

O resto, 80 medidas ou 6 e meia só interessa verdadeiramente aos staffs e muito entendidos mas esses há muito que já estão nas suas barricadas.

Importante mesmo é o carisma, seja isso o que for, que cada um dos políticos tem e se foi formando ao longo dos anos pois tanto um como o outro são velhos conhecidos dos militantes e simpatizantes do Partido Socialista.

Seguro, que nunca gostou de Sócrates, herdou o seu legado mas ao longo de três anos, ele próprio o admitiu, “anulou-se para manter a paz no partido". Ou seja, por calculismo e taticismo, dissimulou a sua posição, optou pela ocultação. Entre a coragem e a cobardia optou pela cobardia.

Quando o “traidor” António Costa desafiou a sua liderança entregando, democraticamente, a escolha aos militantes do partido em Congresso, ele recusou esse confronto e adiou-o para as “calendas gregas” à espera de um milagre, prejudicando o partido e o país, mais uma vez por cobardia.

É evidente que estas manifestações de falta de coragem política contrariam as tiradas quixotescas e as acusações de traição ao seu adversário quando foi ele que se traiu a si próprio.


Estas “coisas” vão marcando por dentro os simpatizantes do partido e ajudam ao tal carisma ou falta dele, que parece agora ser o factor decisivo.

quinta-feira, setembro 11, 2014

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Devia ser uma fotografia mas não é. Trata-se de uma pintura "perfeita" de  Anna Kostenko. nascida em Kiev em 1975. Surpreendê-los-ei com outras "fotografias" perdão, pinturas de Anna.



CAMADA DE NERVOS - O RAPTO



UNCHAINED MELODY - RIGHTEOUS BROTHERS

Um verdadeiro hino à música. Quase 26 milhões de visializações no You Tube há 6 anos. Esta música foi composta em 1990 pelo grupo R. Brothers que a tornou mundialmente perfeita para embalar corações apaixonados. Foi a música do filme "Gost - Do outro lado da vida"



Estamos a Dançar
com Fantasmas
Diferentes











Tanto quanto sabemos, baseando-nos na informação de que dispomos actualmente, os nossos antepassados saíram de África, ou permaneceram, no caso dos africanos, há aproximadamente setenta mil anos e espalharam-se pelo planeta, tendo chegado à Austrália há aproximadamente sessenta mil anos e às Américas há cerca de trinta mil.

Podemos agradecer à inteligência esta expansão, pois ela exigiu a solução para diversos problemas a uma grande escala.

Para onde quer que fôssemos, descobríamos como extrair comida do ambiente, até estarmos a comer tudo, desde sementes até baleias.

Em seguida descobrimos como produzir os nossos próprios alimentos, não uma mas numerosas vezes em várias regiões do planeta, como Jared Diamond relatou no seu livro mais conhecido: “Guns, Germs and Steel”, 1997, vencedor do Prémio Pulitzer. (Jared Diamond é actualmente professor de Geografia e Ciências da Saúde Ambiental na Universidade da Califórnia, Los Angeles).

Em cada população humana, a lenta sabedoria da selecção natural seguia para onde a rápida sabedoria da inteligência a conduzia.

Em civilizações que criavam gado, pela primeira vez na história dos mamíferos, o leite transformou-se um recurso para adultos. A princípio era difícil de digerir porque o corpo dos mamíferos está adaptado para encerrar o sistema digestivo dos bebés (plano A) e dar início ao sistema digestivo dos adultos (plano B) na altura do desmame.

Pôr os micróbios a fazerem a digestão fermentando o leite proporcionou uma solução de curto prazo. Mutações genéticas ocorridas então permitiram aos seres humanos adultos digerirem-no o que constituiu uma vantagem suficiente para se tornarem comuns em populações criadoras de gado.

Na década de 1950, os programas americanos de ajuda ao estrangeiro passaram a incluir leite em pó para todo o mundo, produzindo flatulência generalizada em regiões onde as pessoas não estão geneticamente adaptadas a digerirem leite em adultos.

Outras populações humanas começaram da mesma maneira a tornarem-se geneticamente adaptadas às suas dietas particulares.

Milhares de anos são tempo suficiente para permitir este tipo de diversificação genética. Lentamente, cada uma das diferentes populações humanas, começou a realizar os passos de dança certos para o seu ambiente, passos estes que podem ser estragados com as migrações em massa ou com as alterações ambientais.

Então, voltaremos a assistir ao sonho irreal em que os dançarinos, volteando no salão de baile, dançam com fantasmas até mergulharem, inexoravelmente, no abismo.




"Evolução Para Todos" de David Sloan Wilson



COISAS DA RELIGIÃO...













Uma solteirona descobre que uma amiga ficou grávida só com uma oração que rezou na igreja de um lugarejo próximo.

 Dias depois, outra solteirona foi a essa mesma igreja e interpelou o padre:

- Bom dia, padre.

- Bom dia, minha filha. Em que posso ajudá-la?

- Sabe, padre, soube que uma amiga minha veio aqui e ficou grávida só com uma Ave-Maria.

- Não, minha filha, foi com um padre nosso, mas já o transferimos.

A sua Chefe

sai mais cedo?












Num escritório trabalhavam três raparigas e tinham uma chefe. A cada dia elas notavam que a chefe saía sempre mais cedo.


Um dia todas decidiram que, quando a chefe saísse, elas fariam o mesmo.Afinal, depois de sair, a chefe nunca mais voltava, nem dizia mais nada, por isso estariam seguras. E porque é que também não poderiam ir para casa mais cedo?

A morena ficou absolutamente radiante por ir para casa mais cedo. Pôde tratar um pouco do jardim, passar algum tempo a brincar com o filho, e foi para a cama mais cedo.

A ruiva ficou também deliciada com esse tempinho extra. Aproveitou para uma curta aula no ginásio antes de se preparar para um encontro ao jantar.

A loura ficou contente por chegar a casa mais cedo e surpreender o marido, mas quando chegou ao quarto, ouviu vários sons abafados. Abrindo a porta lenta e silenciosamente, ficou mortificada por ver o marido com a sua chefe em grande acção na cama! Suavemente fechou de novo a porta e saiu da casa.

No dia seguinte, durante a pausa para café, a morena e a ruiva planeavam sair de novo mais cedo e perguntaram à loura se ela queria fazer o mesmo.

- Nem pensar! - foi a resposta - Quase que fui apanhada ontem!


Pra quê? Para negociar mais adiante...
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 49


















Logo se refez, porém, e num movimento rápido colocou sobre o balcão um pequeno embrulho de papel pardo: de onde o extraíra sem que Fadul se desse conta?

 - Pois, então, veja e me diga se Vossência tem disso em seu sortimento.

Desdobrou o papel deixando à mostra um relicário preso a uma corrente. O turco conteve com esforço a exclamação que lhe veio à boca e com esforço desviou os olhos. Josef proclamou:

 - Nem em Ilhéus se encontra igual.

Segurando a corrente na ponta dos dedos, elevou o relicário à altura dos olhos do comerciante: o sol faiscava nas ranhuras valorizando a jóia.

 - Que me diz Vossência?

Não adiantou Fadul demonstrar indiferença, Josef constatara o interesse despertado na maneira como o mascate estendeu a mão para segurar o relicário, no cuidado com que o recolheu: jóia concebida no tamanho exacto para a vertente de um colo de mulher.

- Veja que presente para Vossência dar à sua patroa. Ouro maciço. Preste atenção no acabamento.

 - Não sou casado. Nem tenho rapariga. - Nenhuma rapariga, nem mesmo Zezinha do Butiá, valia tal regalo.

Não desmereceu a peça, não a disse falsa nem feia. Mascate veterano, experiente no trato dos metais, Fadul sabia distinguir e avaliar. Pela corrente não daria nada, uma pinóia.

O relicário porém era ouro de lei, peça de alto preço, roubada com certeza. Abriu-o para examinar o interior, sopesou-a na mão. Não a desmereceu mas negou-lhe serventia:

 - Não quero nem saber se é deveras ouro. Não tenho a quem dar nem o que fazer com essa jóia. Pra mim não vale nada. Pra que me serve?

- Pra quê? Pra negociar mais adiante, ganhar dinheiro. Vossência está brincando, sabe que é ouro e do bom.

Dependendo do preço, poderia ser um negócio de primeira: jóia para vender em Itabuna ou em Ilhéus por um dinheirão.

Mas Fadul manteve-se nas encolhas, não abriu o jogo. Depositou a prenda no balcão, balançou a cabeça, suspendeu os ombros dando a questão por encerrada. Não tinha pressa.

Nem ele nem o cigano que, indiferente aos gestos negativos do turco, observava o caminho por onde um homem se aproximava, um habitante do lugar.

Fadul também o enxergou, tratava-se do carpina Lupiscínio. Sobre o balcão sebento, entre Josef e Fadul, o osculatório reluzia. Josef esperou que Lupiscínio entrasse e desse boas-tardes para voltar a levantar a corrente e exibir o esplendor do relicário:

- Peça parecida com essa Vossência não encontra nem em Ilhéus nem na Bahia. Veio da Europa com meus avós, recebi de herança. 

- Para comprovar a afirmação pronunciou uma frase na língua de seu povo mas voltou a falar português ao dirigir-se a Lupiscínio:

  - Que acha o cavalheiro?

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