Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, setembro 13, 2014
Num momento em que extremistas religiosos aparecem na televisão, na casa de cada um de nós, a cortar cabeças a pessoas inocentes com o repúdio de todo o mundo e o nosso horror, este caso que relatamos a seguir mostra como pensamentos religiosos podem levar, não grupos de extremistas com tendências assassinas, mas a hierarquia da Igreja ao seu mais alto nível, a praticar a crueldade sem limites...
É certo que foi há 5 séculos mas a distância no tempo não é desculpa para a crueldade. Libertar-nos da religião começa a ser um seguro de vida relativamente ao futuro. No mínimo, um Seguro de Vida contra os riscos que ela representa.
No livro de Henry Charles Lea, "História da In
Elvira del Campo, uma mulher grávida, foi presa pela Inqui sição, por suspeita de que era judia. Na prisão, ela deu à luz uma criança. Um ano depois foi levada perante
o tribunal da Inqui sição em Toledo.
Dois
trabalhadores que viviam como inqui linos
na sua casa foram apresentados como testemunhas e disseram que Elvira não comia
carne de porco e que aos sábado vestia roupa interior limpa. Por causa deste comportamento
desconfiaram que ela fosse judia e as duas testemunhas foram premiados com três
anos de indulgências por seus pecados.
Quando questionada, Elvira afirmou ser cristã, tal como seu
marido e seu pai o eram. No
entanto, sua mãe tinha antepassados judeus. Elvira disse ao tribunal que
desde a infância não comiam carne de porco porque lhe dava náuseas e sentia-se
mal e que sua mãe havia lhe ensinado a mudar de roupa interior no sábado, e que
ela nunca viu nisso qualquer significado religioso. O tribunal ameaçou torturá-la, se não
dissesse que era judia. Como não
o disse foi desnudada. Amarraram-lhe
as mãos, apertando-os com cordas até quebrar ossos.
Ela foi então amarrado a uma mesa com
bordas afiadas, mantendo-o amarrada. Durante
a tortura confessou violar a lei, mas como não sabia que as leis eram foi
submetida à tortura da água: taparam-lhe o nariz e pela boca, através de um
funil, jogaram litros de água. Depois
a golpearam no ventre assim inchado. Muitas
vítimas desta tortura morriam afogadas ou esventradas.
Elvira não morreu. Por quatro dias a tortura foi
suspensa e trancaram-na numa cela onde ela confessou ser judia e pediu
misericórdia. Essa misericórdia
consistiu em não a matarem mas confiscaram-lhe todos os seus bens e
condenaram-na a três anos de prisão Ao fim de seis meses, libertaram-na. Tinha enlouquecido.
Lá se vem o rei da Babilónia... |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 51
Infatigáveis capetas, os meninos fuçaram
os casebres na ausência dos moradores: ninguém trancava as portas ao sair.
Não havia o que roubar, nada de valor, à
excepção dos instrumentos de trabalho de Lupiscínio e Bastião da Rosa, de algum
pertence do velho Gerino ou dos cabras sob suas ordens no depósito de cacau.
Fadul colocou o carpina de sobreaviso;
quanto ao louraça Bastião da Rosa, executava uma empreitada em fazenda próxima,
levara consigo os utensílios de pedreiro.
O número certo de crianças na caravana
jamais se soube.
Surgiam de repente, os pequeninos e os
grandalhões, imundos, remelentos, atrevidos, olhos de azougue buscando o que
surrupiar.
Inocentes, lindos, necessitados,
infelizes, as mãos estendidas, pedinchando. Mesmo não havendo o que
roubar, sumiram alguns teréns: um caco de espelho, uma faca sem cabo, o
cachimbo de barro de Gerino, a bruxa de pano de Nita Boa Bunda, miudagens.
Até a hora do crepúsculo quando a tropa
da Fazenda dos Macacos desembocou no descampado,
conduzida por Maninho com a ajuda de Valério Cachorrão, as raparigas constituíram
a única freguesia.
Sempre sobrava no cós da saia um cobre
de vintém, um níquel de tostão com que pagar a leitura da sorte na palma da mão
ou adqui rir um enfeite irresistível,
par de argolas, anel de vidro.
Foi mínimo, no entanto, o tráfico de
bijuterias, pois na venda de seu Fadu amontoavam-se sem
saída penduricalhos iguais ou mais bonitos. Contudo compraram uma ou outra
bugiganga, levadas pela lábia das ciganas, enfeitiçadas pelos olhos dos ciganos,
pelos olhos fundos de Alberto.
De volta do rio, Guta informara às
companheiras e rivais:
-
Chegaram de uma vez quatro reis da Babilónia, O mais mocinho é meu, fiquem sabendo, não se
metam com ele.
Um crepúsculo encantado, de
tangolomango. O sol pusera-se no fundo do tacho conduzido por Maurício, Alberto
desfolhava fantasias. A história da corte real da Babilónia, quem não a
conhecia?
Folhetim de entrega semanal, conto da
carochinha de boca em boca, cantiga de ninar:
Lá se vem o rei da Babilónia
Com sua corte real.
Lá se vem o rei da Babilónia
Dele vou me enamorar
Vou com ele me casar...
6
Alvoroçada freguesia para a buena-dicha
nas linhas da mão, murmurada ao pé do ouvido na meia língua das ciganas. As ciganas
nascem com o dom de adivinhar. Mesmo certas raparigas metidas a besta, que
juravam não acreditar em tratantadas e intrujices, estendiam a mão com a moeda
de vintém.
Este é o riso que encanta* |
O RISO
Superficialmente, o riso, tal como o
suicídio, a homossexualidade, a adopção e a arte, parece difícil de explicar
numa perspectiva evolutiva.
Porque fazemos nós estas coisas quando
elas parecem supérfluas ou mesmo prejudiciais para a nossa sobrevivência e
reprodução?
Porém, pensando melhor e lendo a esse
respeito o trabalho de um especialista, o riso é tudo menos supérfluo.
Vejamos coisas que toda a gente sabe:
todas as são capazes de rir excepção de algumas que, tragicamente, sofrem de
deficiência mental grave.
Os bebés começam a rir entre os dois e
os quatro meses e eu nunca poderei esquecer as maravilhosas gargalhadas das
minhas netas quando eram bebés que, tal como os outros, começaram a rir muito
antes de falarem.
Mesmo os bebés que sofrem de surdez e
cegueira congénita riem pelo que ver e ouvir o riso dos outros não é necessário.
Rir é essencialmente um fenómeno social.
Sabemos isso por experiência própria, mas os estudos mostram que a
probabilidade de rirmos na companhia de outros é trinta vezes superior à de
rirmos sozinhos.
O riso é facilmente reconhecível, apesar
das variações individuais e culturais. Rir é contagiante; o simples som dá-nos
vontade de rir. Finalmente, rir é agradável. Põe-nos de bom humor e faz-nos
agir de uma forma diferente.
Se alguma coisa se pode considerar uma
capacidade geneticamente inata que exige uma explicação evolutiva é o riso.
Há dois mil anos que o riso é estudado e
observado por Aristóteles e Darwin, entre outros.
Nos bebés o riso pode ser provocado por
cócegas e nos adultos por anedotas. O riso irrompe espontaneamente mas também é
usado de forma estratégica.
Pode ser usado para invocar bons
sentimentos ou como um instrumento de agressão.
Terão fenómenos tão diversos uma
explicação única?
Com o estudo dos primatas aprendeu-se
que os nossos parentes símios se envolvem em jogos de cócegas e perseguições
acompanhados por uma expressão facial e um som ofegante muito semelhante ao
riso humano.
Assim, o riso humano tem um precursor
nítido nos símios que ocorre durante as interacções de pares quando brincam e
isto contrasta com a linguagem humana, que não tem precursores óbvios nos
macacos.
A neurologista Matt aprendeu que há dois
tipos de riso diferente. O riso Duchenne que constitui a reacção espontânea e
carregada de emoção às brincadeiras nas crianças e às situações que despertam
humor nos adultos, como as anedotas, os trocadilhos e as peripécias de uma comédia,
que partilham todas as características da incongruência e do inesperado.
As cócegas, as perseguições e o súbito
aparecimento de um rosto podem provocar nas crianças o riso ou o medo,
consoante a maneira como forem interpretados.
Escorregar numa casca de banana é divertido
a menos que a pessoa se magoe.
David Sloan Wilson - "A Evolução para Todos"
(continua na 2ª fª)
* O encanto do riso de uma criança pode constituir uma estratégia do processo evolutivo no sentido de os proteger contribuindo para que os adultos gostem dele...
sexta-feira, setembro 12, 2014
Middle Of The Road - Sacramento
Anos 71/72, anos mágicos para a música pop anglo-saxónia com canções que ficaram para sempre no ouvido.
Viria a ser o Panteão Nacional |
"As
Obras de Santa Engrácia"
"algo que nunca mais acaba"
- Reza a lenda que ...
“Simão Pires, um cristão novo, cavalgava todos os dias até aos convento de Santa Clara para se encontrar, às escondidas com Violante.
A jovem tinha sido feita noviça à força por vontade do seu pai, fidalgo que não estava de acordo com o seu amor.
Um dia,
Simão pediu à sua amada para fugir com ele, dando-lhe um dia para decidir. No
dia seguinte, Simão foi acordado pelos homens do rei que o vinham prender
acusando-o do roubo das relíqui as da
igreja de Santa Engrácia que ficava perto do convento.
Para não prejudicar Violante, Simão não revelou a razão porque tinha sido visto no local. Apesar de ter invocado a sua inocência, foi preso e condenado à morte na fogueira, que se realizaria junto da nova igreja de Santa Engrácia, cujas obras já tinham começado.
Quando as labaredas envolveram o corpo de Simão, este gritou que “Era tão certo morrer inocente como as obras nunca mais acabarem!”.
Os anos passaram e a freira Violante foi um dia
chamada a assistir aos últimos momentos de um ladrão que tinha pedido a sua
presença. Revelou-lhe que tinha sido ele, o ladrão das relíqui as e sabendo da relação secreta dos jovens, tinha
incriminado o Simão. Pedia-lhe agora o perdão que Violante lhe concedeu.
Entretanto, um facto singular acontecia, as
obras da igreja iniciadas à época da execução de Simão pareciam nunca mais ter
fim. De tal forma que o povo se habituou a comparar “Tudo aqui lo que não mais acaba” às obras de Santa Engrácia.”
Na realidade,
levou cerca de 350 anos porque foi fundada em 1568 mas ruiu em 1681 e a sua
reconstrução durou até cerca de meados do Século XX. É hoje conhecida pelo
Panteão Nacional.
UM BÊBADO É DETIDO PELA POLÍCIA ÀS
3 DA MANHÃ.
O AGENTE PERGUNTA:
- AONDE VAI A ESTA
HORA?
O BÊBADO RESPONDE:
- VOU A UMA PALESTRA
SOBRE O ABUSO DO ÁLCOOL E SEUS EFEITOS LETAIS PARA O ORGANISMO, O MAU EXEMPLO, AS
CONSEQUÊNCIAS NEFASTAS PARA A FAMÍLIA, BEM COMO O PROBLEMA QUE
CAUSA NA ECONOMIA FAMILIAR E A IRRESPONSABILIDADE ABSOLUTA.
O AGENTE OLHA SEM
ACREDITAR E DIZ:
- SÉRIO ? E QUEM VAI
DAR ESSA PALESTRA A ESTA HORA DA MADRUGADA ?
- A MINHA MULHER, CLARO
! ASSIM QUE EU CHEGAR A CASA !!!
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Aceita um mata-bicho? |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 50
Impressionado com a algarviada incompreensível e com os modos do cigano, o carpinteiro, não
sendo entendedor, não garantiu pelo ouro mas não conteve a admiração ante o
lavor da peça:
-
Uma perfeição, trabalho de artista. É de ouro?
Ofendido com a pergunta, Josef apontou
para Fadul:
-
Pergunte a ele, se qui ser mesmo
saber se é de ouro ou não. Ora essa! - Enrolou a jóia no papel pardo e a devolveu ao
bolso do colete: - Não está à venda.
Fadul desencostou-se do balcão, retirou
da prateleira uma garrafa cheia pela metade,
desarrolhou-a, mediu a talagada habitual de Lupiscínio e, antes de servir-se,
ofereceu ao cigano ainda ressentido:
-
Aceita um mata-bicho?
Levantaram os copos, Josef degustava a
cachaça devagar, não a bebeu de um trago como os outros
dois. Fadul então perguntou, a voz neutra, despida de qualquer subentendido:
-
Não é que eu queira comprar, não tenho a
quem dar nem a quem vender. Só para saber, por
curiosidade, me diga quanto está pedindo pelo relicário. O relicário, sem a
corrente.
Josef esvaziou o copo lentamente, com um
ruído da língua elogiou a aguardente. Voltou a retirar do bolso do colete o
embrulho e a desdobrar o papel pardo deixando a jóia à mostra no balcão.
Por um instante apenas, pois num gesto
inesperado a colocou
na mão do turco:
-
Guarde até amanhã, confira o ouro, as gramas e os qui lates.
Amanhã, quando for escolher o burro,
Vossência devolve ou, se qui ser
ficar com ele, Vossência mesmo marca o preço, quanto acha que ele vale. Largou
a peça na mão de Fadul:
-
Amanhã a gente acerta tudo, tudo junto.
Antes que o bodegueiro pudesse contestar
ou reagir, Josef segurou o saco com as compras, recolheu e guardou as moedas separadas
para o pagamento e atravessou a porta sem olhar para trás.
-
Nada disso! — Gritou Fadul ao recuperar a voz: - Venha cá! Leve seu troço.
Tarde demais: o cigano ia longe enquanto
Lupiscínio, abestalhado, sem entender o que estava se passando, pedia
explicações.
Fadul voltou a examinar a jóia demorada
e detalhadamente.
Quem vende fiado a cigano é otário,
minguado do juízo mas, por menos que pudesse valer, aquela peça valia muitas
vezes o preço das compras feitas e não pagas: carne-seca, feijão, açúcar e uma garrafa
de cachaça.
Não corria o risco de calote, se alguém tinha
o que perder era o cigano. Por via das dúvidas, na hora do acerto colocaria o
revólver na cintura.
Coroca, que acabara de chegar, bateu
palmas ao ver o relicário:
-
Coisa mais bonita! Dona Marcelina, mulher do coronel Ilídio, tinha um mas não
chegava aos pés desse. - Dirigiu-se ao turco:
- Comprou, seu Fadul? Para dar a
quem? Está pensando em se casar?
5
Pedaço de ferro ressoando contra a borda
do tacho, o cigano Maurício, profusa bigodeira, braços
tatuados, lenço amarrado na cabeça, percorreu Tocaia Grande de ponta a ponta
anunciando a presença dos exímios remendões de objectos de metal, de chaleiras e
panelas.
Escusado pregão, oferta vã: nem uma só
panela a consertar; os cacos de barro, as canecas de lata
não requeriam cuidados.
Maria Gina percebeu quando, dirigindo-se
para o acampamento, Maurício empalmou o sol e o recolheu no fundo do tacho.
Adensaram-se as sombras do crepúsculo,
crepúsculo de medo e encantamento.
Factor decisivo |
A Escolha está Feita
O embaixador Seixas da Costa, ex-colega
meu de Curso, mais novo, homem muito inteligente com um percurso profissional
de grande qualidade, ironizava um dia destes – ele que se afirma conhecedor do
PS – que dificilmente alguém mudará de voto por causa destes confrontos e eu acrescento que o próprio
acto de inscrição para o voto já pressupõe uma prévia escolha.
Os portugueses são, regra geral, pessoas
emocionais como bons latinos pensam muito com o coração, pouco predispostos a escolhas racionais. Esta é a sensação que temos, verdadeira ou não.
No caso de Costa e Seguro ninguém vai
para a escolha a partir do zero à espera dos confrontos verbais entre ambos
para se decidir.
Se alguém nesta disputa se inscrevesse
para votar partindo do zero o que seria natural é que não se inscrevesse mesmo, a
não ser que o faça com segundas intenções, o que também pode acontecer.
Vencer a inércia, sair de casa,
deslocar-se a um local que nem sequer sabe onde fica ou envolver-se nas “tecnologias
de informação” para se inscrever através da Internet, pressupõe uma vontade
direccionada para um dos candidatos e se um deles era o que estava no lugar
certo para vir a ser, provavelmente, 1º Ministro, é lógico pensar que aqueles
que se deram ao trabalho de inscreverem-se são, maioritariamente, os que
querem a mudança e ela só pode estar com António Costa.
Eu, ao contrário do embaixador Seixas da
Costa, não conheço o Partido Socialista por dentro mas, se para mim alguma
opinião conta, é a dele.
Em 40 anos de democracia nunca vi
nenhuma sondagem falhar rotundamente. Erros de 20 ou mesmo de 10 pontos
percentuais são praticamente impossíveis em condições normais com as actuais técnicas
de medir a opinião e estes são os valores que separavam e continuam a separar
os dois candidatos de acordo com os números que ainda ontem foram publicados no
Jornal.
O resto, 80 medidas ou 6 e meia só
interessa verdadeiramente aos staffs e muito entendidos mas esses há muito que
já estão nas suas barricadas.
Importante mesmo é o carisma, seja isso
o que for, que cada um dos políticos tem e se foi formando ao longo dos anos
pois tanto um como o outro são velhos conhecidos dos militantes e simpatizantes
do Partido Socialista.
Seguro, que nunca gostou de Sócrates,
herdou o seu legado mas ao longo de três anos, ele próprio o admitiu, “anulou-se
para manter a paz no partido". Ou seja, por calculismo e taticismo,
dissimulou a sua posição, optou pela ocultação. Entre a coragem e a cobardia
optou pela cobardia.
Quando o “traidor” António Costa
desafiou a sua liderança entregando, democraticamente, a escolha aos militantes
do partido em Congresso, ele recusou esse confronto e adiou-o para as “calendas
gregas” à espera de um milagre, prejudicando o partido e o país, mais uma vez
por cobardia.
É evidente que estas manifestações de
falta de coragem política contrariam as tiradas qui xotescas
e as acusações de traição ao seu adversário quando foi ele que se traiu a si próprio.
Estas “coisas” vão marcando por dentro
os simpatizantes do partido e ajudam ao tal carisma ou falta dele, que parece
agora ser o factor decisivo.
quinta-feira, setembro 11, 2014
UNCHAINED MELODY - RIGHTEOUS BROTHERS
Um verdadeiro hino à música. Quase 26 milhões de visializações no You Tube há 6 anos. Esta música foi composta em 1990 pelo grupo R. Brothers que a tornou mundialmente perfeita para embalar corações apaixonados. Foi a música do filme "Gost - Do outro lado da vida"
Estamos a Dançar
Diferentes
Tanto quanto
sabemos, baseando-nos na informação de que dispomos actualmente, os nossos
antepassados saíram de África, ou permaneceram, no caso dos africanos, há
aproximadamente setenta mil anos e espalharam-se pelo planeta, tendo chegado à
Austrália há aproximadamente sessenta mil anos e às Américas há cerca de trinta
mil.
Podemos agradecer à inteligência esta
expansão, pois ela exigiu a solução para diversos problemas a uma grande
escala.
Para onde quer que fôssemos, descobríamos
como extrair comida do ambiente, até estarmos a comer tudo, desde sementes até
baleias.
Em seguida descobrimos como produzir
os nossos próprios alimentos, não uma mas numerosas vezes em várias regiões do
planeta, como Jared Diamond relatou no seu livro mais conhecido: “Guns, Germs
and Steel”, 1997, vencedor do Prémio Pulitzer. (Jared Diamond é actualmente
professor de Geografia e Ciências da Saúde Ambiental na Universidade da
Califórnia, Los Angeles).
Em cada população humana, a lenta
sabedoria da selecção natural seguia para onde a rápida sabedoria da
inteligência a conduzia.
Em civilizações que criavam gado,
pela primeira vez na história dos mamíferos, o leite transformou-se um recurso
para adultos. A princípio era difícil de digerir porque o corpo dos mamíferos
está adaptado para encerrar o sistema digestivo dos bebés (plano A) e dar
início ao sistema digestivo dos adultos (plano B) na altura do desmame.
Pôr os micróbios a fazerem a digestão
fermentando o leite proporcionou uma solução de curto prazo. Mutações genéticas
ocorridas então permitiram aos seres humanos adultos digerirem-no o que
constituiu uma vantagem suficiente para se tornarem comuns em populações
criadoras de gado.
Na década de 1950, os programas
americanos de ajuda ao estrangeiro passaram a incluir leite em pó para todo o
mundo, produzindo flatulência generalizada em regiões onde as pessoas não estão
geneticamente adaptadas a digerirem leite em adultos.
Outras populações humanas começaram
da mesma maneira a tornarem-se geneticamente adaptadas às suas dietas
particulares.
Milhares de anos são tempo suficiente
para permitir este tipo de diversificação genética. Lentamente, cada uma das
diferentes populações humanas, começou a realizar os passos de dança certos
para o seu ambiente, passos estes que podem ser estragados com as migrações em
massa ou com as alterações ambientais.
Então, voltaremos a assistir ao sonho
irreal em que os dançarinos, volteando no salão de baile, dançam com fantasmas
até mergulharem, inexoravelmente, no abismo.
"Evolução Para
Todos" de David Sloan Wilson
Uma solteirona
descobre que uma amiga ficou grávida só com uma oração que rezou na igreja de
um lugarejo próximo.
Dias depois, outra
solteirona foi a essa mesma igreja e interpelou o padre:
- Bom dia, padre.
- Bom dia, minha
filha. Em que posso ajudá-la?
- Sabe, padre, soube
que uma amiga minha veio aqui e
ficou grávida só com uma Ave-Maria.
- Não, minha filha,
foi com um padre nosso, mas já o transferimos.
sai mais cedo?
Num escritório
trabalhavam três raparigas e tinham uma chefe. A cada dia elas notavam que a
chefe saía sempre mais cedo.
Um dia todas decidiram que, quando a
chefe saísse, elas fariam o mesmo.Afinal, depois de sair, a chefe nunca mais
voltava, nem dizia mais nada, por isso estariam seguras. E porque é que também
não poderiam ir para casa mais cedo?
A morena ficou absolutamente radiante
por ir para casa mais cedo. Pôde tratar um pouco do jardim, passar algum tempo
a brincar com o filho, e foi para a cama mais cedo.
A ruiva ficou também deliciada com
esse tempinho extra. Aproveitou para uma curta aula no ginásio antes de se
preparar para um encontro ao jantar.
A loura ficou contente por chegar a
casa mais cedo e surpreender o marido, mas quando chegou ao quarto, ouviu
vários sons abafados. Abrindo a porta lenta e silenciosamente, ficou
mortificada por ver o marido com a sua chefe em grande acção na cama!
Suavemente fechou de novo a porta e saiu da casa.
No dia seguinte, durante a pausa para
café, a morena e a ruiva planeavam sair de novo mais cedo e perguntaram à loura
se ela queria fazer o mesmo.
- Nem pensar! - foi a resposta - Quase que fui apanhada ontem!
Pra quê? Para negociar mais adiante... |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 49
Logo se refez, porém, e num movimento
rápido colocou sobre o balcão um pequeno embrulho de papel
pardo: de onde o extraíra sem que Fadul se desse conta?
-
Pois, então, veja e me diga se Vossência tem disso em seu sortimento.
Desdobrou o papel deixando à mostra um
relicário preso a uma corrente. O turco conteve com esforço a exclamação que
lhe veio à boca e com esforço desviou os olhos. Josef proclamou:
-
Nem em Ilhéus se encontra igual.
Segurando a corrente na ponta dos dedos,
elevou o relicário à altura dos olhos do comerciante: o sol
faiscava nas ranhuras valorizando a jóia.
-
Que me diz Vossência?
Não adiantou Fadul demonstrar indiferença,
Josef constatara o interesse despertado na maneira como o
mascate estendeu a mão para segurar o relicário, no cuidado com que o recolheu: jóia concebida no tamanho exacto para a
vertente de um colo de mulher.
- Veja que presente para Vossência dar à
sua patroa. Ouro maciço. Preste atenção no acabamento.
-
Não sou casado. Nem tenho rapariga. - Nenhuma rapariga, nem mesmo Zezinha do
Butiá, valia tal regalo.
Não desmereceu a peça, não a disse falsa
nem feia. Mascate veterano, experiente no trato dos metais, Fadul sabia
distinguir e avaliar. Pela corrente não daria nada, uma pinóia.
O relicário porém era ouro de lei, peça
de alto preço, roubada com certeza. Abriu-o para examinar o interior, sopesou-a
na mão. Não a desmereceu mas negou-lhe serventia:
-
Não quero nem saber se é deveras ouro. Não tenho a quem dar nem o que fazer com
essa jóia. Pra mim não vale nada. Pra que me serve?
-
Pra quê? Pra negociar mais adiante, ganhar dinheiro. Vossência está brincando,
sabe que é ouro e do bom.
Dependendo do preço, poderia ser um
negócio de primeira: jóia para vender em Itabuna ou em Ilhéus
por um dinheirão.
Mas Fadul manteve-se nas encolhas, não
abriu o jogo. Depositou a prenda no balcão, balançou a cabeça, suspendeu os
ombros dando a questão por encerrada. Não tinha pressa.
Nem ele nem o cigano que, indiferente
aos gestos negativos do turco, observava o caminho por onde um homem se
aproximava, um habitante do lugar.
Fadul também o enxergou, tratava-se do
carpina Lupiscínio. Sobre o balcão sebento, entre Josef e Fadul, o osculatório
reluzia. Josef esperou que Lupiscínio entrasse e desse boas-tardes para voltar
a levantar a corrente e exibir o esplendor do relicário:
-
Peça parecida com essa Vossência não encontra nem em Ilhéus nem na Bahia. Veio da Europa com
meus avós, recebi de herança.
- Para comprovar a afirmação pronunciou uma frase
na língua de seu povo mas voltou a falar português ao dirigir-se a Lupiscínio:
- Que acha o cavalheiro?