sábado, julho 09, 2011


C'ETAIT UN RENDEZ-VOUS


Em Agosto de 1978, portanto há quase 33 anos, o cineasta francês Claude Lelouch adaptou uma câmara giroscopicamente estabilizada na frente de um Ferrari 275 GTB e convidou um amigo piloto profissional de Fórmula 1 para fazer um trajecto coração de Paris!!! na maior velocidade que pudesse. A hora seria ao clarear do dia. O filme só daria para 10 minutos e o trajecto seria de Porte Dauphiné através do Louvre até à Basílica de Sacré Coeur. Lelouch não conseguiu permissão para interditar nenhuma rua do perigoso trajecto que foi percorrido em 9 minutos atingindo em certos momentos a velocidade de 324 km/H. O filme mostra-o passando sinais vermelhos, quase atropelando peões, espantando pombos e entrando em ruas de sentido único. O sol ainda não havia nascido. O piloto terá sido René Arnoux ou Jean- Pierre Jarier? Quando o filme foi mostrado em público Claude Lelouch foi preso mas nunca revelou o nome do piloto. O filme foi apreendido e só apareceu a circular no "underground". Se já viu, veja de novo, ligue o som...é um arrepio... a sensação é total. Os 324 Km/H parecem-me um pouco exagerados mas o que é uma mentirinha no meio daquela loucura????....(Há cerca de 2 semanas coloquei aqui este vídeo. Hoje repito-o mas acompanhado de toda esta explicação)



TEREZA



BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA


Episódio Nº 148



P


Primeira a fugir, a funcionária Juraci, enfermeira de segunda classe da Directoria Estadual de Saúde Pública. Antiga atendente de sala de espera de consultório médico, sem curso, sem diploma, sem prática, mas filha de cabo eleitoral do governo anterior, por isso nomeada; tornando-se oposição, o passado Governo, o novo, em represália, a transferiu para os cafundós-de-judas de Buquim. Não tinha estômago para suportar fedor e podridão: num prazo de dias a cidade apodrecerá.

Na segunda noite contaram-se sete bexiguentos comprovados, doze ao amanhecer e no quinto dia subiu a vinte e sete o número dos caídos. Assim por diante, foi crescendo a estatística e o pus. Conheciam-se as casas atingidas pelas venezianas cobertas de papel de cor vermelha para impedir a claridade nos quartos onde, na luz do dia, a bexiga cega antes de matar. Pelas frestas escapa a fumaça da bosta de boi sendo queimada, defumador porreta, a limpar as casas das exalações da peste.

Rezam dia e noite as beatas na Matriz, onde velaram a esposa legítima do sacristão, finalmente livre para viver em paz com a amante se a varíola não os levar, também aos dois. As beatas rogam a Deus o fim da praga, enviada em castigo aos pecados dos homens, todos entregues à devassidão, uns condenados, a começar pelo doutor do posto de saúde, de manceba em permanência.

Do excelente posto de observação, viram Juraci a caminho do trem, de maleta e sombrinha, a resmungar: demitam-me, se assim entenderem, mas aqui não fico nem um minuto mais arriscando a vida; se o doutor quiser vá ele vacinar e leve a marafona de ajudante.

No dia seguinte à agoniada noite de constatação dos primeiros casos, a enfermeira e Maxi tinham saído para o Grupo Escolar conduzindo a caixa das vacinas. As professoras puseram as crianças em fila; faltavam três alunos e as notícias eram ruins: de início as mães pensaram em sarampo ou catapora; agora já não tinham dúvidas sobre a qualidade das borbulhas cor de vinho. A notícia circula na cidade acrescida de detalhes e enfermos. Com a sobra das vacinas os funcionários foram para a rua principal, para as casas ricas.

Não esperou Juraci a hora dos pobres e dos becos: apavorada deu-se conta haver tido contacto, na residência do sírio Squeff, comerciante forte, com bexigoso em plena erupção. Três casas adiante, a mesma coisa. Demitam-me, pouco importa, não vou morrer aqui, comida de bexiga. Tome a caixa das vacinas, doutorzinho, entregue à vagabunda, ela que vá com o pus de sua vida para o pus da morte, não eu, donzela virtuosa e noiva.

Reduzido à metade do pessoal do posto com a deserção da enfermeira, doutor Oto bradou aos céus: e agora? Novo telegrama para Aracaju reclamando auxiliares capazes e dispostos: embarquem no primeiro trem. Em casa lavando as mãos com álcool, acendendo, apagando cigarros, com medo, entrega-se ao desânimo, não nascera para aquilo.

Abre-se com Tereza: até que a repartição em Aracaju resolva mandar funcionários, quem poderá ajudar na vacinação? Precisará de quatro ou cinco equipas, assim cheguem as vacinas já pedidas. Por ora iam tenteando com Maximiano e a enfermeira, mas sem Juraci, como fazer?

Ele, Oto, director do posto de saúde, não pode sair rua afora, vacinando como um reles serviçal; já não é pouco exigir dele o comparecimento ao posto pela manhã e pela tarde a dar explicações, conselhos, a examinar suspeitos constatando novos casos, ah! as pústulas, Tereza, coisa mais horrível.
(clik na imagem e aumente)

HISTÓRIAS


DE HODJA

Hodja tem duas esposas que muitas vezes lhe perguntam: “Qual de nós duas gostas mais?”

Então, Hodja, quando mais tarde está com elas separadamente dá a cada uma delas uma conta azul com a recomendação de não dizer nada à outra esposa ou a qualquer outra pessoa.

Um dia, as duas esposas perguntam novamente: “Qual de nós duas gostas mais?”

Hodja responde: “Aquela que tem a conta azul tem o meu coração

ENTREVISTAS FICCIONADA


COM JESUS Nº 2 SOB O TEMA:



“A QUE VEM, JESUS CRISTO?”



RAQUEL – Amigas e amigos, são os microfones das Emissoras Latinas, instalados a sul da Esplanada das Mesquitas, aqui em Jerusalém… E connosco nada mais do que Jesus Cristo, Jesus Cristo, o próprio Jesus que teve a amabilidade de nos dar em exclusivo uma primeira declaração. Bem-vindo ao nosso mundo e nossa estação de rádio, Senhor Jesus Cristo…

JESUS - Obrigado, Raquel.

RAQUEL – Mestre, perdoe-me a emoção que me domina ... eu sei que sou a primeira jornalista a entrevistá-lo e como o senhor compreenderá ...

JESUS – Está tranquila, pergunta o que quiseres... Estou também um pouco nervoso… No meu tempo não havia esses dispositivos…

RACHEL - Bem, então… Vamos começar. Aproxime-se do microfone Mestre… A primeira pergunta é óbvia: é esta a sua segunda vinda esperada por milhões de crentes em todo o mundo?

JESUS – Sim, claro.

RAQUEL - Mas o senhor tinha anunciado terramotos e cataclismos para quando voltasse. O que aconteceu?

JESUS - Pelo contrário, eu disse que viria em silêncio, sem ruído. Como uma suave brisa.

RAQUEL – E os anjos, as trombetas, a glória e o senhor baixando glorioso sobre as nuvens do céu?

JESUS - E onde foste tu buscar tudo isso?

RAQUEL - Na sua biografia, nos Evangelhos!... A menos que os evangelistas praticassem já o jornalismo sensacionalista. O que você acha?

JESUS - Não sei do que falas…

RAQUEL - Em qualquer caso, as profecias estão sendo cumpridas. Olhe o que está acontecendo no mundo: furacões, terramotos, secas, guerras…

JESUS - Tantas calamidades?

RAQUEL – Todos os dias. Talvez tenha oportunidade de assistir a alguma. Recentemente, na Ásia, um tsunami dizimou metade do mundo. E na Califórnia vivem esperando o Big One ... Que me diz? Estes desastres são avisos, alertas que Deus nos envia?

JESUS - Não penso assim, porque um pai não avisa enviando escorpiões para seus filhos.

RAQUEL - Talvez não o entenda muito bem, mas diga-me, estão relacionados ou não esses desastres com este inesperado regresso seu?

JESUS - Não, Raquel, eu não vim para causar qualquer desastre.

RAQUEL - Então, por que veio, Mestre?

JESUS - Por que me chamas sempre "mestre"? Há apenas um Mestre no céu.

RAQUEL - E… como devo chamar-te? Jesus Cristo?

JESUS - Chama-me Jesus, esse é o meu nome.

RAQUEL - Bem... pois… Jesus… Senhor Jesus, regressemos à sua visita. Veio para fazer o Juízo Final?

JESUS - Não. Isso é um assunto de Deus. Só ele sabe o dia e a hora.

RAQUEL - E então?

JESUS - Depois de tanto tempo afastado, eu quero saber como vão as coisas neste mundo, especialmente entre aqueles que dizem ser meus seguidores.

RAQUEL - Quanto tempo vai ficar com a gente?

JESUS – Não sei, tenho curiosidade de ver o que eles fizeram na minha ausência e em meu nome. Mas agora eu devo ir.

RAQUEL - Como ir-se? Se eu tenho cem perguntas a fazer e apenas fiz uma ...

JESUS – Pois guarda as outras 99 para outro momento. Já cai o crepúsculo e os camponeses foram para a cama cedo. Shalom, irmã! A paz esteja contigo!

RAQUEL - Até à próxima vez ... Foi a nossa primeira entrevista exclusiva com Jesus Cristo na sua terra natal e nesta sua segunda vinda ... Incrível… inacreditável mas é verdade! ... Raquel
Perez, Jerusalém.

sexta-feira, julho 08, 2011

VÍDEO


Orquestra feita por engenheiros! Quase inacreditável... A vitória da percurssão!!! É inacreditável. Veja como todas as bolas caem dentro dos cones. Esta máquina incrível foi construida com o esforço colaborativo entre o Robert M. Frammel Music Conservatory e Sharon Wick School of Engenharia da Universidade de Iowa, dos E.U.A. Interessante, que 90% dos componentes das máquinas que constituem esta orquestra vieram da John Deere Industries and Irrigation Equipamentos de Brancroft, Iowa... sim, equipamentos agrícolas. A equipe gastou 13.029 horas entre o "set-up", calibragem e ajustes antes das filmagens deste vídeo, mas como podem ver... valeu apena o esforço!



TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA







Episódio Nº 147




Ai que lhe enrolaram, meu doutorzinho, os chefões “a la vonté” em Aracaju gozando a vida e a caveira do rapaz bonito e bom de bico, garanhão, protegido do governador, trocando pernas nas ruas da cidade: para ser logo promovido vá tirar cadeia nas ruas de Buquim, um paraíso, o cu-do-mundo, e se a bexiga aparecer por lá, revele-se um Lumiar da medicina e um macho de verdade; ai, me deixe rir, doutor, lhe passaram para trás, botaram direitinho no senhor. Quanto às vacinas, um restim deve ainda haver da última remessa, no armário das drogas, nesse aí quase vazio de medicamentos, a chave quem a guarda é dona Juraci, esta dona mais emproada e besta, com o rei na barriga e cara de quem comeu merda e não gostou, ameaçando queixar-se por escrito se a gente lhe passa a mão no fiofó – ainda se não fosse bunda grandiosa e não chulada, aliás esse traste, meu doutor, não tem direito a bunda, e sim a nádegas, bunda é palavra linda, nádega a mais feia de todas as palavras, benza Deus.

Faz mais de um ano por aqui andou equipa de vacinadoras voluntárias, formada de moças estudantes, sob guarda e direcção de crioula de respeito e acatamento, um peixão meu doutorzinho, tive ensejo de lhe aplicar uns trancos, pois acompanhei o rancho no trabalho de vacinação. Ajudando as moças a convencer alguns na base do esporro e da ameaça, das vantagens da imunização; corja de ignorantes, não lhes sendo dada nenhuma explicação, têm medo de pegar bexiga no acto da vacina, se recusam e até se escondem pelos matos.

Abanando os rabinhos foram embora as menininhas, tendo ainda todo o vasto interior a passear por conta da Saúde Pública em gratuitas férias escolares. Vacina não mandam há meses, mas prometer prometem, o que já é demasiado esforço para aqueles porretas de Aracaju, todos no maior pagode na repartição, no bem do seu, e a gente aqui se matando no trabalho – o doutorzinho com aquela formosura de cabocla, dona Juraci na punheta, uma histérica a encher a paciência dos demais com o tal do noivo, e eu caçando minhas negras por aí, ao deus-dará. Quem tem a chave é a bruxa, meu doutor.

Depressa, dona Juraci, se mexa, faça alguma coisa, não choramingue, não ameace desmaiar, basta de careta e vómito; traga as vacinas e se preparem, a senhorita e mais Maxi das Negras – vossa excelência, sim, e o excelentíssimo – para saírem rua afora vacinando, para isso são pagos pelo estado com o dinheiro dos contribuintes. Levem a caixa com os tubos de vacinas, os apetrechos e soldados se for preciso, vacinem todo o mundo a começar por mim, para dar o exemplo ao povo e me dar ânimo. Só não vou junto, pois meu dever é ficar aqui, no comando das operações.

O estoque existente, fique sabendo seu doutorzinho de meia-pataca, mal basta para vacinar as crianças do Grupo Escolar, alguns graúdos por aí e olhe lá.

Suspenda a manga da camisa e em seguida lhe vacino, talvez ainda seja em tempo, logo veremos; depois, para cumprir obrigação, posso vacinar esse lacaio vil, metido e ousado. Eu própria não preciso, me vacinei em Aracaju antes do embarque, tendo meu noivo me explicado não passar essa conversa de varíola, para sempre erradicada, de bafo do director, do tal que me persegue por ser meu pai da oposição e eu comprometida noiva. Por aqui perto, na casa das famílias ricas, no comércio posso vacinar mas não conte comigo para sair por becos e buracos vacinando a infecta ralé; tocando em bexigosos e vendo pus, não nasci para isso sou moça direita, de família honrada, não sou uma qualquer como essa vagabunda e bêbeda, sua rapariga, tirada do baixo meretrício, posta em rua limpa, numa suprema afronta aos honestos lares de Buquim. Se quer vacinar o populacho, chame a vagabunda e vá com ela.

Ai, não discuta senhorita, não se queixe, não me ofenda, não mereço, sempre lhe tratei com distinção, mas agora exijo obediência, cumpra as ordens, sou o doutor, o director do posto, me respeite e se dê pressa, não vê que estou com medo?

Quando o correio se abrir, seu Maxi das Negras, envie correndo um telegrama oficial a Aracaju
pedindo mais vacinas com urgência e profusão, a bexiga chegou e está matando. (clik na imagem e aumente)

HISTÓRIAS




DE HODJA


Numa noite de lua cheia, Hodja viu no seu quintal uma figura branca. Pensando que poderia ser um bandido, pede à esposa que lhe dê o arco e as flechas. Fez pontaria e atira uma flecha que atinge o alvo.

Espera até de madrugada para ir ao quintal e fica surpreendido ao ver que o que ele pensava ser um assaltante era a sua própria camisa que a esposa tinha lavado e pendurado no estendal.

Ajoelha-se e dá, repetidamente: “Graças a Deus!”; “Graças a Deus!”. A esposa pergunta-lhe: “Por que estás a agradecer a Deus?”.

“Claro que eu tenho de agradecer a Deus”, responde Hodja.

Eu fiz pontaria à minha camisa branca e acertei. Imagina que eu estava a usá-la!?”

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

À ENTREVISTA Nº 1 SOB O TEMA:

“A SEGUNDA VINDA?”. (3º e último)


O Fim do Mundo com Calendário

Entre os muitos proclamadores da proximidade da segunda vinda de Jesus Cristo, mesmo com a data exacta, destaca-se, por exemplo, o pastor e pregador americano William Miller e o Movimento Milerista. Eles esperavam o fim do mundo e a segunda vinda de Jesus Cristo, para 22 de Outubro de 1844.

Depois do fracasso da previsão, alguns de seus seguidores fundaram a Igreja Adventista do Sétimo Dia, hoje generalizada nos EUA e América Latina. Alguns anos mais tarde, com ideias semelhantes, surgiram as Testemunhas de Jeová, que actualmente esperam o que eles chamam de "Armagedon", momento em que Jesus Cristo levará para o céu 144.000 eleitos. Acreditam, também, que Jesus Cristo voltou à terra, embora invisível, em 1914.

Apenas uma Obra Literária

Este programa de Entrevistas com Jesus na sua segunda vinda à Terra, da série "Outro Deus é Possível", que estamos apresentando, é apenas um dispositivo literário, uma obra de ficção, um ponto de partida para organizar pensamentos sobre o cristianismo, suas origens, seus dogmas, suas práticas, suas crenças e sua essência.

O que estamos a fazer é imaginar como Jesus avaliaria o que foi dito e feito em seu nome durante 2.000 anos após a sua morte.

quinta-feira, julho 07, 2011

Currículum Vitae

Pede-se experiência...

A redacção que se segue foi escrita por um candidato numa selecção de Pessoal na Volkswagen. A pessoa foi aceite e o seu texto está a fazer furor na Internet, pela sua criatividade e sensibilidade:

Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo.

Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora.

Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.

Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.

Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer.

Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada.



Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.

Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas, sentindo a falta de uma única.

Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir os lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.

Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial.

Já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar.

Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um 'para sempre' pela metade.

Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.

Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...

Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel:

- Qual é a sua experiência?

Essa pergunta fez eco no meu cérebro. Experiência....
Experiência... Será que cultivar sorrisos é experiência?

Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:

- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova ???'

MARIA E GUINOT - SILÊNCIO E TANTA GENTE

Uma séria concorrente ao Festival da Eurovisão de 1984 que deveria ter ganho pela qualidade do poema e da voz. Maria Guinot, uma belíssima intérprete, hoje já não toca nem canta mais. Vários AVCs afectaram-lhe a face do lado esquerdo. Quem não ficou afectada foi a apresentadora, Maria Manuela Moura Guedes, nesta altura jovem e ainda "inofensiva".


TEREZA


BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio Nº 146





O velho médico dirige-se ao jovem director do posto de saúde:

- O melhor é o caro colega vir comigo. Se for mais um caso de varíola, estarão constatados o surto epidémico e o primeiro óbito.

Mais um cigarro, a testa banhada de suor, a boca sem palavras, doutor Oto concorda com um gesto de cabeça, que fazer senão ir? Também a enfermeira Juraci dispõe-se a acompanhá-los, não há força capaz de mantê-la ali, na sala infectada por aquele homem horrível, de bexiga exposta no rosto. Se ela, Juraci, morrer na colheita da peste, o culpado é o director da Saúde Pública do Estado, saibam todos: perseguindo-a por mesquinhos motivos políticos, enviando-a ao desterro em Buquim por sabê-la oposicionista e donzela, não tolerando Sua Senhoria nenhuma das duas espécies.

Antes de sair, diante da total abstenção do colega, doutor Evaldo recomenda a Maxi fornecer a Zacarias solução de permanganato de para passar no corpo e comprimidos de aspirina para a febre. Quanto a você, rapaz, volte para casa, aplique o permanganato, envolva-se em folhas de bananeira, evite a claridade, deite-se e espere.

Esperar o quê, doutor? Um milagre do céu ou a morte, que mais pode ser?

N

No rumor do choro surdo da mulher de cabeça encanecida, Aurinha Pinto, depositada em cima da mesa na sala vazia de outros móveis e parentes, dorme o celebrado sono derradeiro: embarcou no primeiro sopro de febre, sem esperar o resto, nem assim descansa a maltratada carcaça.

Silenciosos, doutor Evaldo, o doutorzinho do posto de saúde e a enfermeira Juraci contemplam o cadáver da anciã.

Morreu de bexiga, é epidemia… – declara num sussurro doutor Evaldo e de nada lhe valem idade e experiência: estremece e fecha os olhos para não ver.

Nem morrendo em seguida obteve Aurinha Pinto repouso para o fatigado corpo; prossegue vivo na doença, se acabando devagar; as brotoejas crescem em bolhas, as bolhas em pústulas, a pele sobe e desce, borbulhando, papocando, abrindo-se em óleo negro e fétido, bexiga imunda e infame, defunto sem paz.

A enfermeira Juraci, de delicado estômago, vomita na sala.

O

Onde estão elas, seu Maximiano Silva das Negras, onde as guardaram tão bem guardadas que, sendo eu director do posto e responsável pela saúde da população do município, ainda não consegui por os olhos em cima dessas benditas vacinas de repente tão necessárias?

Por que não as procurei antes? Quando admiti assumir tal cargo me garantiram possuir Buquim clima privilegiado, condições ideais para descanso e perfeitas de saúde pública, eleitores à Beça dando sopa; juraram ser Buquim o paraíso, o éden perdido no sertão, a paz enfim. Fantasma de um passado sórdido, espanto dos antigos, assombração macabra, varrida pelo progresso, para sempre erradicada a bexiga; não só ela, qualquer outra epidemia, viva o nosso paternal governo!

Me enganaram, ai, me enganaram. Cadê as vacinas, seu Maxi, temos de aplicá-las imediatamente, enquanto há tempo e povo. (clik na imagem e aumente)

HISTÓRIAS



DE HODJA


Hodja entra numa loja para comprar calças. Escolhe-as, pergunta o preço, e decide comprá-las. Nessa altura, vê uma capa que tem o mesmo preço. Assim, Hodja diz: “Eu decidi que não vou comprar as calças. Venda-me antes a capa.”

O vendedor embrulhou a capa e dá o pacote a Hodja. Quando Hodja está a sair da loja com o pacote, o vendedor lembra-o, “você não pagou a capa”.

- “O que é que quer dizer com isso?” diz Hodja. “Eu não troquei as calças por esta capa?”

O vendedor lembra Hodja: “Mas você não pagou as calças”.

- “Por Deus”, disse Hodja. Claro, se eu não comprei as calças por que haveria de pagá-las?”

(Também esta, a minha avó me contava em criança. A diferença estava apenas nas calças e na capa que eram substituídas por pastéis de carne e pastéis de bacalhau)

INFORMAÇÔES ADICIONAIS




À ENTREVISTA Nª 1 COM JESUS SOB O TEMA:


“A SEGUNDA VINDA?” (2)


Milenarismo, Ontem e Hoje

A expectativa cristã da segunda vinda de Jesus Cristo aparece na fórmula do Credo: “Virá novamente em glória para julgar os vivos e os mortos e o seu reino não terá fim.”

A segunda vinda de Jesus Cristo que deve ser entendida como um acto simbólico para alimentar os esforços tendo em vista a criação e construção de um mundo novo, melhor, é pregada como um facto real, amiúde iminente, muitas vezes vindo mesmo em publicações religiosas, católicas e protestantes, e na palavra de muitos pregadores que, para incentivar o medo e a angústia, apresentam-na como a única solução para os complexos problemas da humanidade.

A mudança do primeiro milénio para o segundo milénio da história cristã levou a crenças deste tipo: “O Milenarismo" Mais recentemente, no início do terceiro milénio, repetiu-se o sobressalto.

quarta-feira, julho 06, 2011

AMOR A PORTUGAL - DULCE PONTES

Que poderei dizer? - Que amo o meu país, as suas aldeias, as suas cidades, as suas praias, as suas areias, o seu sol, o seu céu, Lisboa, a terra onde nasci... as suas gentes e a voz da Dulce Pontes. Odiar... odiar... só se for as agências de rating...


VÍDEO


Este é um bebé com sorte, tem uma mãe absolutamente excepcional...



O triste momento da verdade...








Já tinha passado um ano e Joaquim voltava ao médico para, como sempre, fazer os exames de rotina. Quando mais tarde lá volta para saber os resultados, as notícias não são boas...

Diz-lhe o médico:

- Sr. Joaquim, o senhor tem diabetes.

- O que é isso, Sr. Doutor? - pergunta,

- Açúcar na urina.

Joaquim sai do consultório completamente desfeito e a dizer para os seus botões:

- "E eu a pensar que a Jaquina chupava por prazer... Afinal era apenas
por gulodice... Grand'a puta..."

HISTÓRIAS



DE HODJA



Um dia Hodja vai à cidade e fica com um amigo numa pensão. A meio da noite, o amigo perguntou:

- “Hodja, estás a dormir?”

- “O que foi? Diz”

- Ia pedir-te dinheiro emprestado”.

O Hodja começa a ressonar bem alto e diz:

- “Estou a dormir”

(Uma versão desta história era me contada pela minha avó em criança com a variante dos protagonistas serem dois galegos)

TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA





Episódio Nº 145




- Este também já pegou a desgraçada . Veja, é uma epidemia, caro colega; a gente vê o começo mas ninguém sabe quem sobra para ver o fim. Já vi três do começo ao fim, desta agora não escapo, com a bexiga não há quem possa.

Doutor Oto Espinheira atira o cigarro ao chão, tenta dizer alguma coisa, não encontra as palavras. Zacarias quer saber:

- O que é que eu faço, doutor? Não quero morrer, porque houvera de morrer?

Convocada pelo doutor Oto, chega finalmente ao posto a enfermeira Juraci; sonhava safadezas com o noivo, quando Maxi acordou toda a gente da casa onde ela alugara quarto com refeições – a voz da contrariedade e do desafio:

- Mandou-me chamar a estas horas, doutor, para quê?

- Doutorzinho folgado, de dia não aparece, manda acordar a gente de noite – Que coisa mais urgente é essa?

O director não responde, novamente irrompe o rouco acento de Zacarias:

- Por amor de Deus, me socorra, doutor, não deixe eu morrer – Dirige-se ao doutor Evaldo, conhecido em toda a região.

A enfermeira Juraci tem o estômago delicado, ai, o rosto do homem, em chagas! Não volta a perguntar por que a tiraram dos lençóis àquela tardia. Doutor Evaldo repete monótono:

- É uma epidemia, caro colega, uma epidemia de bexiga.

Medicando enfermos, confortando moribundos, ajudando nos enterros, conseguindo, inclusivé, salvar uns quantos da morte, incólume escapou de três epidemias. Atravessará a quarta?

Ao doutor Evaldo bem pouco importa morrer, reflecte doutor Oto Espinheira: trata-se de um macróbio, senil, já não serve para nada, mas ele, Oto, apenas começa a viver. Contudo, quase cego, meio surdo, esquecido, caduco na má-língua do farmacêutico, doutor Evaldo ama a vida e luta por ela com os limitados recursos de médico de roça. De todos os presentes, só ele e Zacarias pensam em se opor à doença.

A enfermaria Juraci tem ânsias de vómito; Maxi das Negras procura se recordar de quando se vacinou da última vez, já deve fazer mais de dez anos, a vacina já perdeu o efeito; doutor Oto acende e apaga cigarros.

Um vulto surge à porta, pergunta:

- Doutor Evaldo está aí?

- Quem me procura?

- Sou eu, Vital, neto de dona Aurinha, doutor. Minha avó morreu, andei à cata do senhor de deu em deu, acabei aqui. É para o atestado de óbito.

- Coração?

Possa ser, doutor. Apareceu uma carga de brotoejas lá nela, depois um febrão, nem deu tempo de chamar o senhor, bateu as botas.

- Brotoejas? – Doutor Evaldo pede detalhes, na desconfiança.

No rosto e nas mãos doutor, pelo corpo todo, lá nela; coçara-se e morrera na subida da febre – o termómetro do vizinho marcara mais de quarenta graus. (clik na imagem e aumente)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 1 COM JESUS SOB O TEMA:

“A SEGUNDA VINDA?” (1)



Ansiosos… e Com Razão.

A "segunda vinda" de Jesus Cristo, a que se referem os Evangelhos, foi ansiosamente esperada por algumas das primeiras comunidades cristãs. São Paulo teve de chamar a atenção deles, porque essas preocupações impediam-nos de lidar com outras coisas, não trabalhavam e viviam numa impaciência estéril que os tornavam irresponsáveis, (2 Tessalonicenses 2,1-7 e 3,6-12), embora o próprio Paulo estivesse convencido de que esse dia já estaria perto. (1 Tessalonicenses 4,13-18).

Aqueles eram tempos de perseguição contra os cristãos e as comunidades esperavam ansiosamente o dia da libertação. Num contexto semelhante escreveu-se Apocalipse, o último livro da Bíblia, com símbolos belos e terríveis do fim do mundo, projectado para conforto dos cristãos que sofriam, vítimas do poder imperial de Roma.

terça-feira, julho 05, 2011

MARIDO E MULHER!
INDELICADEZA / FRANQUEZA


A mulher está vendo um programa de culinária na TV e o marido lhe diz, com aquela sua indelicadeza de sempre:

- Por que você tá vendo isto, se você não sabe cozinhar?

Ela responde com sua franqueza de sempre:

- Você assiste a filmes pornográficos e eu não digo nada!

ELBA RAMALHO e DOMINGUINHOS - DE VOLTA PARA O MEU ACONCHEGO

Uma das canções mais doces do vasto reportório de lindas músicas brasileiras. A telenovela passa... mas canção fica.


TEREZA


BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA




Episódio Nº 144




Medicina se aprende é na prática, afirmava o professor Heleno Marques, na cátedra de Higiene da Faculdade de Medicina da Bahia, ao introduzir a matéria sobre as epidemias grassando no sertão. Noite alta, no posto de saúde de Buquim, suor frio na testa, coração apertado, doutor Oto Espinheira, médico de recente colação de grau, se esforça por aprender na prática o que não aprendera na teoria; na prática ainda é mais difícil, repugnante e amedrontador.

Trata-se, evidentemente da varíola em sua forma mais virulenta, varíola major, a negra no dizer do povo, para sabê-lo não se faz necessário ter cursado seis anos de Faculdade, basta atentar no rosto do roceiro de olhos esbugalhados e voz assustada:

- Me diga, doutor, é bexiga negra?

Um caso isolado ou o começo de epidemia? O doutorzinho acende um cigarro, quantos já acendeu e deitou fora desde a notícia transmitida por Tereza? Amontoam-se as baganas no chão. Por que diabo aceitara vir para Buquim, atrás de promoção, de base eleitoral? Bem lhe disse Bruno, colega de emprego, cara experiente: não há promessa que me tire de Aracaju, esse interior é pasto de doença e de chatice, é de morte, seu Oto.

Combatera a chatice trazendo Tereza, greta de tarraxa, sublime. Mas, como combater e liquidar a bexiga?

Atira o cigarro no chão, esmaga-o com o pé. Lava as mãos com álcool. Mais uma vez.

Passos arrastados na rua, mão trémula no trinco da porta: penetra na sala do posto o doutor Evaldo de Mascaranhas, trôpego, conduzindo a maleta gasta pelos anos de uso, procurando com a vista escassa o jovem director, localizando-o por fim:

- Vi luz acesa, caro colega, entrei para lhe avisar que o Rogério, o Rogério Caldas, nosso perfeito, está nas últimas, pegou varíola, um caso muito grave, tenho poucas esperanças.

O pior é que não é o único, também Lícia, sabe quem é? A mulher do sacristão, a esposa, a amásia se chama Tuca. Também ela está no vai-não-vai, é um surto de bexiga, queira Deus que não seja uma epidemia. Mas vejo que o caro colega foi informado, pois está com o posto aberto a esta hora, de certo a tomar as providências que o caso exige, começando naturalmente por vacinar toda a população.

Toda a população, quantas mil pessoas? Três, quatro, cinco mil, contando a cidadezinha e as roças? Qual o estoque de vacinas em existência no posto? Onde o guardam? Ele, doutor Oto Espinheira, director do posto de saúde, nunca pusera os olhos num único tubo, também jamais procurara saber desse bendito estoque. Mesmo havendo grande reserva de vacinas, quem irá aplicá-las? Acende outro cigarro, passa a mão na testa, suor frio. Porcaria de vida; podendo estar em Aracaju, no quente e no macio com apetitosa rapariga, a própria Tereza da estreita fenda ou outra qualquer de boa qualidade, encontra-se no terrível território da bexiga, acuado no medo. A bexiga, quando não mata desfigura. Imagina-se com a face comida de cicatrizes, o moreno rosto de boneco, seu atractivo principal para as mulheres, desfigurado, irreconhecível, ai, Deus meu! Ou morto, lavado em pus.

Doutor Evaldo Mascarenhas avança sala a dentro em passos arrastados, vai parar ao lado de Zacarias e busca reconhecê-lo; será o enfermeiro do posto Maximiano? É um desconhecido com o rosto coberto de nódoas; firma a vista, não são nódoas, são apostemas, é a bexiga.(clik na imagem e aumente)

segunda-feira, julho 04, 2011

AS HISTÓRIAS DE


NASREDIN HODJA



Mesmo que a pobreza e as atribulações sofridas pelos camponeses turcos não sejam exemplos de justiça podemos contar a seguinte anedota de Hodja:

Hodja está no campo a arar quando espeta uma lasca de madeira no pé. Quando a conseguiu remover, sussurra:

- “Graças a Deus que não tinha calçadas as minhas sandálias novas, de coro verde, que comprei o ano passado”.

Este primeiro exemplo de humor negro, demonstra a pobreza ilimitada dos camponeses turcos e cumpre uma função social útil porque ao brincar-se com as “desgraças” alivia-se a tensão social.



A cultura portuguesa está impregnada deste princípio.

ENTREVISTAS FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO NUMA

SEGUNDA VINDA À TERRA.

ENTREVISTA Nº1 SOB O TEMA:


“A SEGUNDA VINDA?”




REPÓRTER – Aqui em Jerusalém está confirmada a conferência de imprensa.

CORRESPONDENTE - Microfones, câmeras, tudo pronto?

REPÓRTER – Aprontem-se que ele deve estar a chegar.

RAQUEL - Não empurrem, caramba!... É verdade que os senhores são da BBC ou da CNN mas todos têm direito, certo? Ou os senhores compraram a exclusividade?

JESUS – Uff… que quantidade de gente... Shalom, a paz esteja convosco!

RACHEL - E tu, quem és?

JESUS - Isso também eu pergunto, quem és tu ...? Estás com cara de poucos amigos…

Rachel – É que estes senhores da televisão julgam-se donos de tudo ... Eu sou Raquel Perez, jornalista das Emissoras Latinas. E tu, és de algum jornal palestiniano?

JESUS - … Eu não, estou vindo de longe e ...

RAQUEL – Ah! tu vieste como turista ... como vês, todo mundo está à espera...

JESUS - E que esperam, conta-me, quem está para chegar?

RAQUEL - Jesus Cristo. Ele anunciou a sua segunda vinda à Terra e tu podes imaginar… manchetes!

JESUS - Não me digas ... E quem disse que eu estava para vir?

RAQUEL - Não sei, talvez um anjo. Voei no primeiro avião... para ver se tenho sorte e posso gravar as suas palavras quando ele aqui chegar...

JESUS - … Bem eu estou em casa. Eu sou Jesus.

RACHEL - Tu és quem?

JESUS: Eu sou Jesus, Jesus Cristo, como tu disseste.

RAQUEL - O quê, tu dizes que és Jesus Cristo, de quem todas estas pessoas estão à espera?

JESUS - Sim, mulher. Por que não acreditas?

RAQUEL - Porque ... porque ... tu não ... não ...

JESUS - Eu não o quê?

RAQUEL - Que não te pareces com Jesus Cristo…

JESUS - E de acordo contigo, como é Jesus Cristo?

RAQUEL - Não sei, porque eu nunca vi ... mas ... para começar, não falas como Jesus Cristo ...

JESUS - E como falava Jesus? ... Assim, com uma voz de trovão?

RAQUEL - Não sei ... Eu não sou religiosa, mas ...

JESUS - Estou falando sério, mulher, eu sou Jesus de Nazaré, a quem eles estão esperando.

RAQUEL - Sério?... E... como eu sei que tu, isto é, o senhor é Jesus Cristo?

JESUS - E como eu sei quem tu és ... como disseste que era o teu nome?

RAQUEL - Raquel, Raquel Perez. Enviada Especial das Emissoras Latinas.

JESUS - E como é que eu sei que a Raquel é Raquel? Tem confiança na minha palavra. Eu sou Jesus.

RAQUEL - Não é um problema de confiança mas tu, quero dizer, o senhor, não se parece com Cristo, o Rei dos Reis ... nem ao de Zefirelli ... nem ao da Paixão de Mel Gibson ...

JESUS - Quem são esses senhores ?

RAQUEL - Pessoas que fizeram filmes sobre o senhor.

JESUS – Filmes?

RAQUEL - Cinema, filmes ... eu explico mais tarde. Mas ... o senhor é mesmo Jesus Cristo ou está brincando comigo?

JESUS - Sim, eu o sou.

RAQUEL - Jesus Cristo, o filho da Virgem Maria, que viveu aqui, na Palestina, há dois mil anos, o da cruz, o da Bíblia, o de ...?

JESUS - Sim, esse mesmo, mas com tantas perguntas até a mim me fazes duvidar...

RAQUEL - Pois se eu tive a sorte, a dita, a felicidade, não sei como dizê-lo, de o encontrar no meio desta multidão de jornalistas… conceda-me uma entrevista, senhor Jesus Cristo?

JESUS - Claro Rachel, mas temos de sair daqui porque há muito barulho, não é verdade?

RAQUEL - Dê-me passagem, cabine ... Um, dois ... Sim ...? Sim? ... Aqui o tenho! ... Amigos e amigas das Emissoras Latinas, graças ao nosso faro especial de jornalista, conseguimos encontrar Cristo no meio desta multidão que o espera há horas na esplanada da mesquita, mesmo no coração de Jerusalém. Em breve estaremos convosco para uma entrevista exclusiva
com Jesus
Cristo na Sua segu nda vinda à Terra.

SIMONAL - NINGUÉM SABE O DURO QUE DEI

Sobre a vida controversa de um grande cantor brasileiro, para alguns o melhor, mas que viveu ignorado os últimos anos da vida e morreu "afogado" no alcool. Para alem dos dotes de cantor, artista vive em sociedade e tem que a respeitar...


TEREZA



BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA




Episódio Nº 143




L

Lei é promulgada para ser obedecida – lei, regulamento, horário. O horário do posto de saúde estava afixado no portão, bem à vista: das nove da manhã ao meio-dia, das duas às cinco da tarde. Teoricamente, pois tanto Maximiano como Juraci não apreciam interrupções durante o tempo dedicado ao estudo e à preparação da lista do jogo do bicho pelo primeiro, à redacção de diárias e comoventes cartas para o noivo pela segunda, tempo sagrado.

Quanto ao doutor não cumpre horário rígido, aparecendo quando melhor lhe dá na gana, pela manhã ou à tarde mas sempre com pressa; houvesse assunto de muita urgência e bastaria a enfermeira ou o vigia atravessar a rua – situando-se a residência do médico defronte ao posto – e chamá-lo tirando-o quase sempre da cama onde, se não estava a botar em Tereza, dormia a sono solto, esquecido inclusivamente das ambições políticas, dos projectos de organizar núcleo no município.

Zacarias, farto de bater palmas, de gritar ó de casa! Soqueia a porta com as duas mãos fechadas. Ausente da cidade o farmacêutico Tesoura, de viagem em Aracaju, doutor Evaldo em casa de um doente, sobrava-lhe o posto de saúde, o mediquinho moderno. Zacarias, o peito tomado de medo, ameaça arrombar a porta. Um homem surge na esquina, apressa a marcha, posta-se ante o trabalhador:

- Que é que quer?

- O senhor trabalha aqui?

- Trabalho, sim, e daí?

- Cadê o doutor?

- E o que é que você quer com o doutor?

- Quero que ele me receite.

- A esta hora? Está maluco? Não sabe ler? Olhe o horário aí, das…

- Vosmicê pensa que doença tem hora?

A voz rouca, Zacarias levanta as mãos à altura dos olhos de Maxi:

- Espie. Pensei que eram perebas, parece que é bexiga, da negra.

Instintivamente Maxi recua, também ele sabe algo sobre a bexiga e a reconhece de imediato. São dez horas da noite, a cidade dorme, o doutorzinho deve estar no bem bom com a gostozona trazida de Aracaju, cabocla de fechar o comércio, de uma assim ando precisado Maximiano. Vale a pena acordar o doutor, arriscar um esbregue? Ninguém gosta de ser interrompido em hora de botar, Maxi vacila.

Mas se a bexiga for negra, como parece? Volta a fixar o rosto do alugado, as bolhas são marrons, escuras, típicas da maldita, da peste mortal.

Funcionário há dezoito anos da Directoria de saúde Pública, tendo servido em todo o interior, alguma coisa Maximiano aprendeu.

- Vamos lá compadre, a casa do doutor é aqui pertim fronteira.

Quem responde às palmas é a mulher, chama-se Tereza Batista, o vigia ouvira e guardara o nome.

Sou eu, Maximiano, siá-dona. Diga ao doutor que está aqui um homem atacado de bexiga. De bexiga negra. (clik na imagem e aumente)

AS HISTÓRIAS DE


NASRUDIN HODJA





As histórias de Hodja têm sido e continuarão a ser utilizadas para situações do quotidiano do povo turco que não será muito diferente do quotidiano dos outros povos europeus e a sua utilidade é muitas vezes revelada na resolução de um dilema ou numa solução guia para problemas sociais insolúveis ou intratáveis através do humor.

É mais interessante explicar esta abordagem com um exemplo:

- De acordo com muitas pessoas, pontos de vista diferentes e contraditórios tomados pelos cidadãos de um país levam à desordem e ao caos: essas pessoas insistem que todos deviam pensar de uma forma uniforme e benéfica e agir de acordo com isso. De acordo com esta opinião a ordem e o equilíbrio seriam estabelecidos com este tipo de uniformidade.

Uma breve anedota de Hodja prova que esta ideia é falsa:

- Alguém pergunta a Hodja: “Por que é que alguns vão numa direcção e outros noutra?” – “Porque”, responde Hodja: “Se estivéssemos todos a ir no mesmo sentido, o mundo perderia o equilíbrio e cairia”.

Esta curta história do Hodja sublinha o facto do equilíbrio e da ordem não poderem ser criados a partir da uniformidade do pensamento, mas sim, através da diversidade que cumpre uma função social útil.

O Fim das
Entrevistas


com Jesus




Viver uma fé interior, acreditar em Deus, é diferente de seguir uma religião de dogmas e fanatismos e essa foi uma das mensagens que Jesus deixou nesta sua segunda vinda à sua terra. Jesus reafirmou a Raquel que não criou nenhuma religião e que o movimento que liderou destinou-se a transmitir uma mensagem de justiça e amor entre os homens, contra os poderes instalados de toda a natureza, em conformidade com a sua maneira de pensar e sentir.

Terminaram as entrevistas ficcionadas e não é concerteza por motivos de fé que eu, não crente, já sinto saudades desse homem que ao longo de muitos diálogos com a jornalista Raquel, se nos revelou simples, profundamente bom, justo e corajoso.

Conhecer a sua história verdadeira, tanto quanto possível dois mil anos depois da sua passagem pela terra, é muito importante para a nossa formação como pessoas de um novo mundo que se deseja.

Através dessas entrevistas e das Informações Complementares que foram sendo adicionadas a cada uma delas, recebemos uma lição de história e desmontamos as mentiras e artifícios a que os homens da igreja católica de Roma recorreram para a criação de um aparelho de poder aproveitando-se, por um lado, da qualidade moral e ética da mensagem de Jesus e, por outro, do fenómeno da crença inscrita nos nossos cérebros numa fase decisiva da luta pela sobrevivência da nossa espécie. Então, aqueles que não acreditaram nos conselhos e avisos dos pais e das pessoas mais velhas do grupo, da tribo, do clã, morriam precocemente e não deixavam descendência. Estava, assim, o mundo e a vida reservada aos “crentes”.

Richard Dawkins, (Prémio Nobel em 1973 e um dos maiores intelectuais do nosso tempo) que defende fervorosa e militantemente o “orgulho de ser ateu” diz a respeito de Jesus:

- “Não há como negar que, de um ponto de vista moral, Jesus representa uma enorme melhoria em relação ao ogre cruel do Antigo Testamento. De facto, Jesus foi certamente um dos maiores inovadores da ética que a História conheceu. O Sermão da Montanha é muito avançado para o seu tempo. No “dar a outra face” adiantou-se a Gandhi e a Martin Luther King em 2.000 anos. Não foi por acaso que escrevi um artigo intitulado “Ateus por Jesus” tendo sido posteriormente presenteado com uma T-shirt ostentando esta frase”.

Vejamos, agora, quem são os autores destas entrevistas:

María Vigil López, cubana e jornalista. Era religiosa e passou a vida escrevendo e editando o que os outros escreviam. Vive em Manágua e trabalha como Chefe de Redacção da revista Envio. Diz ela: “Não sei fazer mais nada que não seja falar e escrever. Converso também comigo e, por isso, espero falar um dia com Deus”.
Jose Ignacio Lopez Vigil nasceu em Cuba e viveu em vários países da América Latina. Passou a vida entre armários e microfones. Foi padre jesuíta e estudou teologia bíblica. Com sua irmã, viajou várias vezes para a Palestina. É um homem apaixonado pela rádio que a ensina a fazer com profissionalismo e bom humor. Actualmente reside em Lima.

Feitas as apresentações, conhecidas as caras das pessoas que deram corpo a estas entrevistas resta-me agradecer-lhes pela qualidade do seu trabalho.

Reconhecendo o interesse desta aliciante lição de história proponho-me repetir, desta vez na íntegra, todas as 100 Entrevistas acompanhadas das respectivas Informações Complementares. Faremo-lo diariamente, como vem sendo hábito, convicto de que interessarão a muitas pessoas por representarem uma parte muito importante do nosso passado que é indispensável conhecer na sua verdade histórica
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domingo, julho 03, 2011

HOJE É



DOMINGO




(Da minha cidade de Santarém)


Lembrei-me hoje, nesta manhã de Domingo, à mesa do meu Café, como é hábito, contar-vos uma história. Não daquelas que saem da imaginação dos homens ou que com eles têm a ver, mas uma outra que se prende com a vida que chegou até nós, da qual somos o último elo, o mais incrível e maravilhoso elo.
Falo-vos do Pikaia, cuja história, que estando na origem de todas as histórias bem lhe poderíamos chamar, lembrando Saddam Hussein, a “Mãe de Todas as Histórias”.



Era uma vez um pequeno animal ao qual viríamos a pôr, 500 milhões de anos mais tarde, o nome de Pikaia. Não era grande, cerca de 5 centímetros de tamanho, e tão poucas probabilidades de sobreviver que bem se pode afirmar, não fosse por uma inesperada fortuna, ele teria ficado para sempre esquecido lá nos mares do Câmbrico e nós… bem… nós não estaríamos cá e tudo quanto é vida à superfície da terra teria sido diferente.

Claro que o Pikaia já não existe mas à sua época e contra todas as probabilidades ele ganhou a sua guerra entre presas e predadores e fez vingar o seu modelo anatómico, o primeiro, que iria servir de base evolutiva a tudo quanto foram peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Notável, não é?

É que o Pikaia tinha a particularidade de possuir, como originalidade, uma espécie de cérebro e de espinha dorsal, ou melhor, uma corda nervosa ao longo do resto do corpo e assim, alguém que queira procurar o seu mais remoto antepassado, vai encontrar O Pikaia.

Apareceu no período Câmbrico, quando houve uma explosão de vida nos mares então existentes que de há muito eram apenas habitados por esponjas, organismos semelhantes a flores sem capacidade para se moverem nem fazer coisas que associamos a animais. Mesmo assim, foi a partir delas que se deu uma revolução genética pois inventaram tipos de células que interagiam, comunicavam e cooperavam entre si constituindo-se em organismos pluricelulares que tinham a capacidade revolucionária do movimento.

Foi quando apareceram em cena os Cnidários: tinha começado a guerra, a paz das esponjas terminara. Daí para a frente, a evolução consistiu no desenvolvimento de esquemas de ataque e defesa ou seja, a procura, por parte de uns, de vantagens para não serem comidos, e de outros a vantagem de os comerem.

Esta guerra foi factor para a explosão de vida então registada, permitida, muito provavelmente, pelo aumento dos níveis de oxigénio no planeta mas, de qualquer maneira, a conclusão a retirar da leitura do Livro da Terra feita por Geólogos, Paleontólogos, Arqueólogos e especialistas afins, é a de que a Vida está ligada à guerra e não à paz. Com a paz das esponjas não se foi a lado nenhum durante centenas de milhões de anos.

As variações do modelo anatómico herdado do Pikaia, 35 ao todo, foi tudo quanto aconteceu ao longo dos últimos 500 milhões de anos ao longo dos quais milhões de espécies existiram e desapareceram até chegarmos às actuais.
Está tudo escrito nas pedras, uma história real, verídica, a dos herdeiros do Pikaia.

Bom Domingo para todos.

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