sábado, outubro 24, 2015

IMAGEM

O momento mais importante da nossa vida e, no entanto, ninguém se lembra dele...




Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

Episódio Nº 92



















A multidão rejubilou, o que levou os bobos a insistirem no alvo.

E se o rei Afonso de Castela volta a saltar para cima dela?

Ordonho, para esclarecer o irmão, encurvou-se para imitar a posição anterior de Fruela, de velho corcunda.

Regresso á minha Lamego, cornudo mas em sossego!

Vendo meu pai ser fustigado pelo impiedoso vernáculo dos bobos galegos, eu e meus irmãos perdemos a disposição para permanecer naquela festarola.

Despedimo-nos do Gonçalo, que foi procurar soldadeiras, e acompanhados de Afonso Henriques regressamos a casa.

No caminho, em silêncio ressentido, cruzámo-nos com Elvira, que voltava ao ofício. O meu amigo príncipe disse-lhe:

 - Há pouco não queria ofender-vos.

A rapariga normanda continuou a andar mas uns metros à frente virou-se e olhou para Afonso Henriques.

 - Não haveis feito, belo príncipe.

Continuamos a caminhar, e Soeiro, o mais novo dos meus irmãos, perguntou ao príncipe porque não ia ter com Elvira, mas ele não respondeu.

Quando chegámos a casa, meu pai e meu tio conversavam à porta e pediram a Afonso Henriques que ficasse ali, admitindo também a minha presença a seu lado.

Depois de meus irmãos Afonso e Soeiro se terem ido deitar, meu pai confessou a preocupação que sentia com a traição de Paio Soares e meu tio adiantou a suspeita de que o Trava queria casar o novo mordomo com a sobrinha Chamoa.

O meu amigo Afonso Henriques encolheu os ombros.

Não vos preocupeis, isso não vai acontecer.

A sua segurança residia numa curta e discreta conversa que tivera com a mãe ao final da tarde, mas que nós ainda desconhecíamos.

Meu pai contou então que Dª Teresa e Fernão Peres tentavam procriar um filho varão, mas Afonso Henriques também não viu risco algum nessa possibilidade.

 - Um filho bastardo não herdará o Condado, Roma nunca o permitirá.

Lembro-me que meu pai e meu tio se espantaram com a forma serena e confiante com que ele falava, pois não estavam tão seguros.


Castelo de Almorol -  de Beatriz e o Mouro
Lendas da Cidade de Santarém











A Lenda de

Beatriz e o Mouro




Em tempos que já lá vão, em que a Península Ibérica estava dividida entre os mouros e os descendentes dos visigodos, nasceu uma lenda de um amor destinado a ser impossível. 

Vivia então no Castelo de Almourol um nobre godo, de seu nome D. Ramiro, com a sua mulher e uma filha única chamada Beatriz.

D. Ramiro era um chefe guerreiro que travava frequentes batalhas contra os mouros, tendo fama de impiedoso e cruel. 

Um dia voltava das sua guerras quando já próximo do seu castelo avistou duas belas mouras, mãe e filha, transportando água numa bilha. O nobre godo parou o seu cavalo e pediu-lhes de beber mas as mouras assustaram-se e deixaram cair a bilha de água que se partiu.

O impaciente D. Ramiro ficou cheio de raiva e logo ali as matou com a sua lança, mas antes de morrer a moura mais jovem amaldiçoou o cavaleiro cristão e toda a sua descendência.

Aos gritos de morte das mouras, acorreu um rapaz de onze anos, filho e irmão das infelizes, que ficou estarrecido perante o terrível e inevitável sucedido.

D. Ramiro levou o jovem mouro como escravo para o castelo e pô-lo ao serviço de sua filha Beatriz. O mouro jurou vingar-se da morte das mulheres da sua família e, passados alguns anos, a mulher de D. Ramiro morreu envenenada, cumprindo-se assim a primeira parte da vingança.

D. Ramiro, cheio de desgosto, resolveu ir combater os infiéis deixando Beatriz à guarda do mouro que não conseguiu cumprir a segunda parte da sua jura.

Na verdade, Beatriz e o mouro apaixonaram-se perdidamente. Mas um dia D. Ramiro voltou ao seu castelo acompanhado pelo pretendente a quem tinha concedido a mão da sua filha. 

O apaixonado mouro preferia morrer a perder a sua Beatriz e contou-lhe a história da sua desgraça e as juras de vingança. 

Não se sabe muito bem o que se passou depois mas decerto que Beatriz lhe perdoou. A lenda conta que Beatriz e o mouro desapareceram como que por encanto e que D. Ramiro morreu pouco depois cheio de remorsos.

Diz quem sabe, que no dia de S. João as almas do mouro e de Beatriz ainda hoje aparecem na torre do castelo, e que D. Ramiro, rojado a seus pés, pede eterno perdão pelos seus crimes.

Tocaia Grande foi nós que fez
Tocaia Grande
(Jorge Amado)


Episódio Nº 371



















Inda assim, Jãozé, sou de opinião que vale a pena e o compadre Fadul mais o amigo Tição pensam o mesmo.

Nós decidiu que vai comprar a briga.

Demorou a vista na face da velha, marcada pela vida.

- Tocaia Grande foi nós que fez, nós e vosmicê, tia Vanjé.

E mais os finados Ambrósio e Altamirando, a finada Merenda, os defunto que tão no cemitério. Estou mentindo?

Enquanto eu viver, ninguém vai abusar de nós.

Agnaldo quis interromper, o Capitão fez um gesto pedindo-lhe paciência:

- Tou acabando, Agnaldo, depois tu fala. Cada um é livre de fazer o que quiser, minha tia. Assim vosmicê como seus filhos.

Fazer trato, ir embora de vez ou pra voltar depois, ou bem pegar no pau-furado.

- Por mim, sei o que vou fazer. Não vai ser como da outra vez que elas não deixaram... — explodiu Agnaldo quase aos gritos.

Vanjé retomou a palavra, não alterou á voz:

- Se lembra, Capitão, quando vosmicê encontrou nós na estrada, corridos de Sergipe? Comigo era pela segunda vez, já tinha acontecido com a terra de meu pai.

Sei o pensar de Agnaldo, ele nunca se esqueceu. Não sei dos outros, cada um sabe de si.

Mas posso lhe dizer, capitão Natário, a vosmicê que foi um pai pra nós: do proveito dessa terra que era mato fechado quando nós chegou, não vou dar a ninguém nem meia nem terça. A ninguém.

E só saio dela morta. Os outros, eu não sei.

- Nós faz o que vosmicê mandar, Mãe. Jãozé se levantou, não podia deixar os roçados no abandono. Vamos trabalhar.

- Deus lhe pague, Capitão -  disse Vanjé e saiu seguida pelos filhos. Mas Aurélio, o mais moço, que durante o encontro não pronunciara uma única palavra, deixou-se ficar para trás:

- Vosmicê me arranja uma arma, Capitão? Lá em casa, só quem tem é Agnaldo. E eu não sou ruim de pontaria.


12


A lei, comadres e compadres. No cano da repetição, no gatilho dos revólveres, na boca dos clavinotes, a lei se anunciava.

Após a enchente e a febre.

Quem quiser pode ir embora, tomar rumo, ganhar a estrada, ficar de longe esperando que o barulho acabe, para voltar de mansinho, o cangote baixo, a fim de receber a canga e obedecer as ordens do senhor.

Quem quiser pode capar o gato, botar sebo nas canelas, arrebanhar os teréns e cair fora. Não há mais lugar em Tocaia Grande para os velhacos e os cagões.

Tendo decidido o que fazer, antes de tomar as últimas providências, o capitão Natário da Fonseca, antigo comandante de jagunços, cabra sarado, ora acompanhado de Castor, ora de Fadul, se não dos dois, foi de casa em casa, nas duas margens, e explicou a cada criatura o que estava acontecendo e o que iria acontecer.

A muitos, inclusive, por conhecê-los bem, aconselhou a prudência e exortou à fuga; se lhes faltava o destemor, tampouco possuíam as mesmas razões para assumir as armas e resistir.

Era mais difícil - ai, muito mais, sem comparação! - do que enfrentar a enchente: mais mortal a lei do que a peste.

Só pagava a pena para aqueles que tinham um pacto a honrar.

Um pacto com Deus, com o bom Deus dos maronitas, era o caso de Fadul. Ou com a liberdade, era o de Castor. Com a terra ganha com o suor do rosto, no caso de Vanjé. No de Coroca, um pacto firmado com a vida. Ou quando alguém, tendo conquistado mando e autoridade, contraiu obrigações e deve cumpri-las. Era o caso do capitão Natário da Fonseca.

Dr. Hermann Otto Kloepneckler
Dr. Herman Otto

Kloepneckler (1912)



















Dr. Herman Otto Kloepneckler (1912)


Em 1912, o famoso ginecologista austríaco, Dr. Hermann Otto Kloepneckler, publicou a seguinte opinião:
 


"O melhor motor que existe no mundo é a vagina: 

-"Começa a trabalhar movido com apenas um dedo, é auto-lubrificado, admite piston de qualquer tamanho e faz troca automática de óleo a cada quatro semanas.  
É pena que o seu sistema de ignição seja tão temperamental ".

 E um notório ginecologista brasileiro da época completou:

"E tem mais:

- " Não se estraga nem que o fodam "


O Presidente

Que

Não é Certo
















O Presidente Cavaco, nos seus discursos, diz tudo e o seu contrário para que um dia mais tarde possa sempre afirmar, sem correr o risco de se enganar, que...  “eu bem disse”, “eu bem avisei”!

Não, que ele não tenha um rumo, um destino, um sentido, se fosse uma viatura iria aos zig – zags provocando transtornos no trânsito, suscitando comentários do tipo: “o que deu àquele gajo?”... “a final o que é que ele quer?”...

O meu jornalista predilecto, o Ferreira Fernandes do DN, escrevia hoje, que quando Cavaco, no Palácio de Belém, pede um simples café lança a confusão nas suas hostes porque ninguém entende bem o que ele quer:

 - “O empregado da copa começa por não entender o que foi pedido; o chefe da Casa Civil, Nunes Liberato, aconselha calma e pondera que talvez o Presidente não tenha pedido nada.

A Assessora das Relações Internacionais divaga não se querendo comprometer, talvez seja qualquer coisa relacionada com Timor, talvez com a Colômbia. Nuno Sampaio, dos Assuntos Políticos, considera que o momento não é para estimulantes, mais valia camomila...”

O Consultor Fernando Lima faz um sorriso de quem entendeu tudo mas não diz nada, próprio de quem já não é ouvido e pensa: no meu tempo eu não deveria ter dúvidas de que ele pediu um café, mas também sei que se a coisa desse para o torto ele negava. 

Jorge Portugal, Consultor para a Inovação, hesita, mas acaba por ousar: eu por mim trazia-lhe um "negroni" que é o cocktail da moda.

José Carlos Vieira da Assessoria para a Comunicação Social, de memória toma nota de todas as interpretações, sendo certo que fará um Comunicado assaz vago, e Assessora do Gabinete do Cônjuge, Margarida Mealha, depois de um telefonema, sussurra para o empregado: um café mas não traga açúcar...”



Cavaco é um homem desadequado da sua época e dos tempos em que viveu. Por isso, viu-se obrigado a lançar uma confusão entre os seus concidadãos que estão pensando que ele é uma “coisa”, uns, e os restantes, que ele é outra e todos, por razões diferentes lhe foram dando os votos para ele se manter no poder.

Na realidade, tudo não tem passado de uma grande confusão, menos para aqueles que nunca tiveram dúvidas de que, na essência, estava ali um anti-comunista primário e, sobre esse aspecto, dava todas as garantias.

A Direita, ao fim destes dez anos, irá ter muitas saudades deste homem que, sendo o que é, sempre procurou ser outra coisa, dando tranquilidade a todos.

Mas a vida reserva surpresas e o teste verdadeiro, aquele que não admite discursos controversos, estava guardado para o fim.

Irá chegar o momento em que ele terá mesmo que colocar o “preto no branco” para indigitar António Costa para governar Portugal com o apoio dos comunistas e bloquistas, diga ele o que disser, tudo isso e o seu contrário.

Se não o fizer será uma vergonha política a suscitar o "impeachment".

sexta-feira, outubro 23, 2015

IMAGEM

Já passaram uns bons anos mas ainda há muitos portugueses que se lembram



Salvatore Adamo - Vous permettez...


1964 - Vejam lá os anos que já passaram... no fundo, uma vida! E no entanto, parece que estamos lá...


Gato Fedorento - Fox, o Cão Político


Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

Episódio Nº 91




















O seu evidente talento enchera um círculo de gozo à sua volta, obrigando-nos a espreitar por cima das cabeças.

De rabo para a plateia, Fruela perguntava.

 - Ó Fernão Peres é isto que queres?

Depois da gargalhada geral, logo o irmão Ordonho, empertigando-se em imitação de um homem alto e forte, lhe retorquiu:

 - Prepara-te bem, minha campeã, vais fazer tenda toda a manhã!

A malícia atingia Dº Teresa e o seu amante, embora de forma enviesada, glorificando o Trava como macho viril, o que não era de estranhar, pois era ele que pagava aos bobos.

Porém, depressa estes desviaram o alvo e apontaram a Paio Soares.

O gorducho Fruela virou-se para o redondo Ordonho e perguntou, de mão na anca:

- Diz-me Ordonho de Compostela, vou mesmo ser mordomo dela?

O outro gargalhou com ar de quem o estava a enganar.

- Cala-te ó reles pigmeu, nem sequer mandarás no que é teu!

O humor cínico dos galegos reduzia Paio Soares a uma simples marioneta nas mãos do Trava.

Afagando o baixo ventre como se estivesse desejoso de fornicar, Fruela questionou o irmão:

 - Arranjam-me uma bela noiva para casar, onde minha velha piça possa enfiar?

A multidão soltou uma risada e Ordonho piscou o olho ao mano.

Já amanhã voltarás a filhar, minha bela sobrinha irás montar!

Afonso Henriques semicerrou os olhos irritado: os bobos espalhavam os planos do Trava, que queria oferecer Chamoa a Paio Soares, para comprar a sua submissão definitiva, e atacavam de caminho a honra da rapariga.

Fruela lançou nova interrogação, como se fosse ainda Paio Soares que falava:

 - Será ela da minha confiança, roçará as tetas só nesta pança?

Ordonho caiu de joelhos em frente do irmão, colocando um ar inocente e bramindo em voz feminina:

 - Marido Paio, parai de duvidar, à frente de outros não voltarei a ajoelhar!

Afonso Henriques suspirou, desiludido. Um a um, os portucalenses eram apoucados pela insídia galega, que humilhava os ricos-homens de Entre Douro e Minho.

Ao antigo alferes seguiu-se meu pai, Egas Moniz, que Fruela ridicularizou imitando um corcunda.

Antes de conhecer Celanova, estava com os pés para a cova!

Ordonho encheu o peito de ar rejuvenescendo:

- Mas agora que ressuscitei, com a minha piça dura lhe darei!

O mais certo é que nós perca
Tocaia Grande
(Jorge Amado)

Episódio Nº 370

























- Vá falando, minha tia, estou escutando...

Antes de sentar-se, reforçou a dose nos canecos do negro e do turco e no seu próprio. Deixou a garrafa ao alcance da mão.

- Pois tão dizendo que nós tudo é criminoso, que tamos ocupando terra alheia sem ordem do dono.

- Isso mesmo. - Confirmou o filho: - Que nós é ladrão de terra.

Vanjé retomou a palavra:

- Que vão botar nós pra fora, que os donos tão para chegar, não  demora.

- Garantidos pelos jagunços... - Jãozé esclareceu.

- Com os jagunços... Os donos de Tocaia Grande, foi o que ele ouviu. Jãozé quis rebater, mas confirmaram o dito: é a lei que vai chegar.

 Por ser lugar atrasado, aqui não tinha, mas vai ter.

É verdade? Me diga, Capitão. Só acredito em vosmicê.

O capitão Natário da Fonseca pousou o parabelo no banco, demorou o olhar na face ansiosa da velha sergipana, logo engoliu o trago de cachaça, com as costas da mão limpou a boca:

- Tem gente querendo que seja assim, minha tia. Se nós deixar, vai ser.

- Troque isso em miúdo, Capitão, não tá chegando pra meu entendimento.

Os três irmãos, assim como Castor e Fadul, acompanhavam em silêncio o diálogo entre a velha e o Capitão, bebericando a cachaça devagar.

 Havia uma tensão no ar, tão forte e concreta, quase se podia tocá-la com a mão. Jãozé cuspiu, além da porta, uma cusparada grossa.

- Quantos anos faz que vosmicê chegou aqui com o finada Ambrósio e o seu povo? Me responda se entonces a terra tinha dono ou era devoluta?

Quando ocês ocupou ela, limpou a capoeira, começou a plantar mandioca, apareceu alguém pra reclamar dizendo que era o dono?

- Ninguém.

- Nem podia, pois nunca teve dono. Quantos anos faz?

Agora que tá limpo e plantado, tem casa de farinha, e ocês vende aqui e em Taquaras, botaram olho-grosso em cima.

Vosmicê não viu o caso dos fiscais? De quem eram os porcos que mataram?

Não eram de Altamirando? Mataram ele também. Diz-que é a lei, que nós tem de obedecer.

Agnaldo abriu a boca, chegou a dizer, com raiva: a lei, merda de lei, mas a Mãe não o deixou continuar:

- Espera, meu filho. Capitão, vosmicê disse indagorinha que eles toma conta se nós deixar, não foi? - Repetiu a pedir confirmação:

 - Se nós deixar?

- Isso mesmo, sia Vanjé. Os homens em Itabuna fizeram um caxixe e tão dizendo que esse casco onde nós assentou Tocaia
Grande tem dono, que tinha desde o começo. Essas terras dos dois lados do rio, onde fica os roçados que ocês plantou, junto com Zé dos Santos, Altamirando e sia Leocádia, e onde tão as casas que nós fez.

Os roçados e as casas que a enchente levou e ocês e nós plantou e fez de novo. Essas terras que era de ocês e de nós, dizque agora tem dono e que teve toda a vida. Está escrito e registrado no cartório. Só falta mesmo nós concordar.

- Concordar que eles tome a terra da gente?

- Preste atenção, tia Vanjé, atente no que vou dizer. Ocês também, Jãozé, Agnaldo e Aurélio. Ou bem a gente diz que ta certo e se entrega, faz acordo: ocês rica trabalhando a meação, eu fico pagando foro pelo outeiro, ou a gente briga pra defender o que é da gente.

- Será que vale a pena? -  Jãozé cuspiu de novo: - Nunca vi tanto jagunço.


- A briga vai ser feia... - o Capitão percorreu os sergipanos com os olhos miúdos, baixou a voz: - ... o mais certo é que nós perca.

Padrão de Sta Iria na Ribeira de Santarém (1775)
Lendas da

Cidade de

Santarém 
















Lenda de Santa Iria




Conta a história que na antiga Nabância (Tomar) nasceu Iria, uma bela jovem que desde cedo descobriu a sua vocação religiosa e entrou para um mosteiro.

Esta região da Península Ibérica era governada pelo príncipe Castinaldo, cujo filho Britaldo tinha por hábito compor trovas junto da igreja de S. Pedro.

Um dia, Britaldo viu Iria e ficou perdidamente apaixonado pela jovem, caindo doente, em estado febril e desesperado. 

Reclamava a presença da jovem insistentemente e, apesar de lhe dizerem que o seu amor era impossível, insistiu na sua presença.

Os pais temendo o pior trouxeram-lhe a jovem que lhe pediu que a esquecesse, porque o seu coração e o seu amor eram de Deus.

Britaldo concordou sob a condição de que Iria não pertencesse a mais nenhum homem. Passados tempos, Britaldo ouviu rumores infundados de que a jovem tinha atraiçoado a sua promessa e amava outro homem.

Despeitado, seguiu-a num dos seus habituais passeios ao rio Nabão e ali a apunhalou, atirando-a à água. O corpo de Iria foi levado pelas águas até ao Zêzere e daí ao Tejo, vindo a ser encontrado junto da cidade de Scalabis (Santarém), encerrado num belo sepulcro de mármore.

O povo rendeu-se ao milagre e a partir de então a cidade passou a chamar-se de Santa Iria e mais tarde Santarém. 

Cerca de seis séculos mais tarde as águas do Tejo voltaram a abrir-se para revelar o túmulo à rainha D. Isabel, que mandou colocar o padrão que ainda hoje se encontra na Ribeira de Santarém, para que o milagre não fosse esquecido.


SEXO bom ou mau
- depende do prisma ...




Duas mulheres conversando:



- Como foi tua transa ontem?


- Uma catástrofe! 


Meu marido chegou do trabalho, jantou em 3 minutos, depois tivemos sexo durante 4 minutos e após 2 minutos, ele já estava dormindo


E tua, como foi?

- Foi fantástica! 


Meu marido foi SUPER ROMÂNTICO. Chegou em casa levou-me para jantar fora e depois passeamos à pé, durante 1 hora até voltarmos para casa. 


Após 1 hora de preliminares à luz de velas, fizemos amor durante 1 hora e, no fim, ainda conversamos durante mais 1 hora!





Os dois maridos conversando:






- Como foi tua trepada ontem?


- Foi fantástica! 
Cheguei em casa e o jantar estava na mesa, jantei, dei uma rapidinha e dormi feito pedra! 


E a tua?


- Uma catástrofe! 


Cheguei em casa e tinha acabado a luz e tive que levar minha mulher para jantar fora. 

A comida foi uma porcaria e caríssima, tão cara que fiquei sem dinheiro para pagar o táxi de volta. 

Tivemos de voltar a pé, chegamos a casa e como ainda não havia electricidade, fomos obrigados a acender velas! 

Eu estava tão stressado que precisei de 1 hora para fazer o bicho levantar e mais outra para conseguir ir aos finalmente. 
Fiquei tão irritado que perdi o sono e tive de aguentar mais uma hora de conversa fiada.

Cavaco no seu melhor
Cavaco

no seu 

melhor












O seu anti-comunismo primário adivinhava-se quando foi autorizado pela PIDE, em 1967, a manusear documentação classificada de secreta no seu segundo nível mais elevado, tendo, então, declarado pelo seu punho, numa Ficha que lhe foi aberta por aquele organismo, “estar integrado no regime de Salazar” e “não exercer qualquer actividade política”.

Por outras palavras, era um homem de confiança do regime e quando ontem, depois de nomear Pedro Passos Coelho, se atirou aos comunistas como “gato a bofe”, voltou a demonstrar que continua a ser um homem do regime de Salazar.

Sagaz, astuto, matreiro e sonso, teve o grande mérito de cavalgar todas as ondas que lhe eram favoráveis, empurrado ou por sua iniciativa, soube manobrar entre todos os homens influentes de direita, servindo interesses e cultivando o papel de homem sério e impoluto na linha do seu grande inspirador, Oliveira Salazar.

Ontem, depois de ter investido Pedro Passos Coelho 1º Ministro do próximo governo do país, por ter sido o líder mais votado nas eleições, abriu a alma e deixou os portugueses na dúvida se investirá, também, António Costa do PS, no caso de Passos Coelho cair por uma moção de rejeição votada na Assembleia e aquele se apresentar a formar novo governo com o apoio maioritário dos deputados comunistas e do BE.

Ficou claro que se o vier a fazer, o seu coração sangrará de dor e o seu curriculum político ficará, aos seus olhos, manchado ... e, logo agora, quando estava mesmo a chegar ao fim da sua vida política.

O espírito democrático de Cavaco faz-me lembrar Henry Ford, salvaguardadas as diferenças, quando no princípio da sua carreira de construtor de automóveis em série, que se vendiam como papo-secos, dizia que os seus clientes tinham toda a liberdade para escolher a cor que quisessem para o seu automóvel... desde que fosse preto!

Tal como Cavaco dirá que investe qualquer um “desde que não seja comunista, aparentado ou seu vizinho...”

Mas Henry Ford não estava sozinho, tal como Cavaco também não estará, nesta liberdade coxa pois os fabricante europeus de automóveis do pós – guerra: ingleses, franceses, italianos, também só vendiam carros pretos.

Eu sei, porque sou desse tempo, tal como o Cavaco que tem a minha idade, e recordo muito bem o Vauxall que o meu pai comprou, logo a seguir à guerra com a matrícula IE-12-86, preto, como todos os outros, dentro da liberdade de escolha que os compradores tinham, o que não obstou a que ele tivesse feito as delícias da minha meninice.

Talvez Cavaco esteja, também ele, preso a fortes recordações da infância, daquelas que marcam para o resto da vida, heranças de família, coisas genéticas, influências, religiosidade, disciplina e obediência características desses tempos e que não casam facilmente com liberdade e democracia.

Um pouco de tudo isso que ele disfarçou mal ao longo da vida com uma capa de verniz que ontem estalou.

Os comentadores da política focam-se nos poderes do Presidente da República inscritos na Constituição, analisaram a letra e o espírito da lei fundamental, aquilo que ela diz e o que não diz.

Mas eles não mergulharam no coração daquele homem que sempre sentiu um ódio contido pelos comunistas e que agora, no fim da sua vida política, pode vir a ser confrontado com um “estender de mão”, um débil gesto de aceitação que seja, para com aqueles que nasceu e aprendeu a renegar e esconjurar... o que é muito mais difícil do que ter levado Henry Ford, no pós-guerra, a fazer sair das suas linhas de produção em série, um carro amarelo.

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