Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, fevereiro 07, 2015
O DUO DOS GATOS de ROSSINI
Se há espectáculo que me entristece é ver jovens com aquelas cruzes enormes penduradas ao peito... mas os gatos são engraçados e eles, os jovens, talvez tenham acabado por seguir a carreira musical.
Eu estava tão
nervoso na minha primeira missa, que no sermão não conseguia
falar.
Antes da segunda missa, dirigi-me ao Bispo perguntei como devia
fazer para relaxar.
Este,
por sua vez, recomendou-me o seguinte:
Coloque
umas gotinhas de vodka na água, vai ver que da próxima vez estará mais
relaxado.
No
domingo seguinte apliquei a sugestão do
meu
Bispo, e estava tão relaxado, que podia falar alto até no meio de uma
tempestade, de tão descontraído que estava.
Ao regressar a casa, encontro um bilhete do meu Bispo, que dizia
o seguinte:
Caro Padreco:
1º
- Da próxima vez, coloque umas gotas de VODKA na água e não
umas gotas de água na VODKA;
2º-
Não há necessidade de por limão e sal na borda do cálice;
3º-
O missal não é, nem deverá ser usado, como apoio para o copo;
4º-
Aquela casinha ao lado do Altar é o confessionário e não o WC;
5º-
Evite apoiar-se na imagem de Nossa Senhora, e muito menos abraçá-la e beijá-la;
6º-
Os mandamentos são 10 e não 12;
7º-
12 são os apóstolos, e nenhum deles era anão;
8º-
Não nos devemos referir ao nosso Salvador e seus apóstolos como "JC &
Companhia";
9º-
Não deverá referir-se a Judas como "filho da puta";
10º-
Não deverá tratar o Papa por "O Padrinho";
11º-
Judas não enforcou Jesus, e Bin Laden não tem a ver com esta
história;
12º-
A água Benta é para benzer e não para refrescar a nuca;
13º-
Nunca reze a missa sentado nas escadas do Altar;
14º-
Quando se ajoelhar, não utilize a Bíblia como apoio ao joelho;
15º-
Utiliza-se o termo ámen e não "ó meu";
16º-
As hóstias devem ser distribuídas pelos fiéis. Não devem ser usadas como aperitivo
antes do vinho;
17º-
Procure usar roupas debaixo da Batina, e evite
abanar-se
quando estiver com calor;
18º-
Os pecadores vão para o inferno e não para "a puta que os pariu";
19º-
A iniciativa de chamar os fiéis para dançar foi
plausível,
mas fazer um "comboio" pela igreja...
20º-
Não deve sugerir que se escreva na porta da Igreja"HOSTIA BAR".
P.S.: Aquele que estava sentado no canto do Altar
ao qual se referiu como "paneleiro travesti de saias" era
eu!!...espero que estas suas falhas sejam corrigidas no próximo Domingo.
O Bispo
Ao fundo, o Vesúvio reduzido a 1/3 do que era antes da explosão. |
Pompeia,
a Cidade
dos
“Grafites”
"OS AMANTES, COMO AS ABELHAS, O
DOCE BUSCAM ANTES ASSIM FOSSE!"
Esta frase, escrita num mural em Pompeia, foi tema para uma tese
de doutoramento que procurou desligar o amor dos homens e das mulheres de
Pompeia de uma sina persistente de que era fugaz e furtivo e que a devassidão e
a lasciva permeariam os seus encontros.
Os pesqui sadores
modernos mostram que essa visão não corresponde à realidade, está distorcida, e
foi constituída com a ajuda da aristocracia da época cuja obra literária
insistia em colocar o povo na condição de pervertido e imoral.
Os estudos efectuados recentemente sobre a sexualidade e o
afecto entre a camada popular de Pompeia, para além de se fundamentarem na
história e literatura da época, analisaram também os “grafites” encontrados nos
locais arqueológicos, centenas deles escritos por homens e mulheres que
expressavam nas paredes e nos muros da cidade, as suas alegrias, decepções,
ciúmes, tentativas de reconciliação, rusgas amorosas, ou seja: situações e
sentimentos em tudo iguaizinhos aos de hoje.
Pompeia era um centro comercial do Império romano, a sua 2ª
maior cidade, dispondo, inclusivamente, de um porto e a sua população era
constituída por filhos da cidade, peregrinos, trabalhadores livres, escravos e
libertos, homens e mulheres que dividiam entre si o mesmo espaço de trabalho
que muitas vezes era também a sua casa.
Nesses muros estão referidos imensos ofícios e associações
profissionais: alfaiates, professores, vendedores de roupas, jóias, frutas,
taberneiros, cocheiros, pequenos proprietários de padarias e tabernas.
Partilhavam os momentos de lazer e os casais interagiam e o
masculino, longe da autoridade e poder, construía-se em conformidade com o
feminino.
Pompeia é hoje um museu a céu aberto e guarda imensas evidências
materiais da participação feminina na dinâmica social e económica da cidade que
vivia, não esqueçamos, sob o jugo do Império Romano sendo que, os historiadores
concordam que à data se estava a assistir a um período de emancipação social e
sexual das mulheres romanas, principalmente das aristocráticas.
E é neste universo de igualdade que os populares usavam os muros
e as paredes para registarem factos do seu quotidiano como anúncios, recados,
insultos, sátiras a políticos e declarações amorosas do género:
- “Marcos ama Espedusa;”
- “Marcelo ama Pernestina
e não é correspondido”
Ou então:
- “Viva quem ama, morra
quem não sabe amar! Duas vezes morra quem proíba o amor!”
Mas as paredes registavam também que as mulheres tomavam a
iniciativa no campo amoroso:
- “Rogo-te. Desejo teu
doce vinho e desejo muito. Colpurnia te diz Saudações”
- “Não vendo meu homem
por preço algum”
Havia relações sólidas e duradouras como se percebe por estes
escritos:
- “Segundo como Primigénia,
de comum acordo”
- “Balbo e Fortunata os
dois em comum”
Vénus, a deusa do amor, foi nomeada a protectora da cidade
quando da sua anexação ao Império Romano e por isso ela está presente em muitos
escritos:
- “Se tem alguém que não viu a Vénus que pintou Apeles, que olhe
a minha garota: é tão bonita quanto ela”
Foram catalogadas até agora quase 15.000 grafites (de
“graphium”, o instrumento utilizado para escrever, feitos de metal com uma
ponta dura capaz de marcar a parede fazendo sulcos) mas o seu número é muito
maior e estavam espalhados por todo o lado, nas paredes das casas, edifícios
públicos, tabernas, locais de trabalho, etc.
Os “grafites” encontrados teriam, no máximo, 20 anos à data da
destruição da cidade e isto porque havia limpezas periódicas dos espaços de
publicidade e as próprias intempéries faziam também esse trabalho, e vieram
provar que a maioria da população era alfabetizada escrevendo numa língua que
era uma mistura do latim com o nativo osco dando lugar a um latim popular que
tinha as suas diferenças relativamente ao latim oficial.
Do estudo atento desses “grafites” ficou igualmente comprovado
que, para além de uma generalizada alfabetização, havia uma difusão da cultura
literária fora das elites pelas citações nesses escritos a homens da cultura
como Homero, Vergílio, Tiburtino Catulo, Lucrécio, Prupércio entre outros.
Não se sabe como é que o povo tomou conhecimento deles, talvez
na escola, em contactos com os emigrantes, no comércio, no serviço militar, nas
representações teatrais dos circuladores que eram pessoas faziam
entretenimentos itinerantes.
Em Pompeia, o sexo, representado por um falo, estava por todo o
lado, nas paredes das casas de habitação para significar prestígio, riqueza e
abundância, no chão das ruas para indicar a direcção para os prostíbulos, nos
campos como sinal de fertilidade, nos amuletos para protecção.
Era, portanto, um símbolo ligado à fertilidade e à vida para dar
sorte e protecção e ao mesmo tempo defender dos maus-olhados.
As escavações que trouxeram de novo à luz do sol a cidade de
Pompeia soterrada em 79 DC pelas cinzas do Vesúvio mostraram que os objectos
relacionados com o sexo não se encontravam apenas nos prostíbulos mas nos mais
variados ambientes como templos religiosos, residências ou edifícios públicos.
Ou seja, para o mundo romano, a sexualidade tinha também um
significado religioso e era entendida como um símbolo de abundância e
fertilidade.
O amor impresso nas paredes é imanente à vida como comer e
dormir e deste sentimento também faz parte a união sexual e suas práticas.
O sexo em Pompeia não era mais nem menos do que noutras
localidades e o estudo atento dos escritos que as pessoas do povo deixaram
profusamente por toda a cidade sob a forma de “grafites” foi muito importante
para comprovar que era falsa a concepção de que a sociedade pompeiana era
sexualmente devassa e perversa.
Diz a investigadora Lourdes Feitosa:
- “As inscrições teimam em
fugir da camisa-de-força da inactividade, da apatia social, do preconceito e do
obscurantismo com que ainda tem sido tratada a questão da sexualidade e da
actuação social dessa significativa parcela da população romana”
Ao contrário do que aconteceu nos estudos de outras civilizações, em
Pompeia não foram encontradas representações explícitas dos órgãos sexuais
femininos sozinhos pois a ideia da fertilidade era representada pelo falo.
A mulher, para a sociedade de Pompeia, era o receptáculo da semente
masculina o que, no entanto, não a terá reduzido a um papel de submissão
durante o acto sexual pois em muitas imagens elas aparecem numa posição
superior durante a cópula.
A prostituição era então considerada como um mal necessário porque
ajudava a garantir a virtude das damas cuja vida sexual, na sociedade das
elites, na esmagadora maioria das vezes, estava reduzida à função reprodutora.
Quando o poeta Ovídeo publicou, no ano 2 AC, a obra “A Arte de Amar”, as suas
ideias de que o sexo deveria contemplar o prazer mútuo foram consideradas
subversivas o que revela o carácter predominantemente machista e conservador de
Pompeia contrariando em absoluto a concepção de uma sociedade devassa e
promíscua que, de uma forma errada, lhe pretenderam colar".
Nota - Tive oportunidade de conhecer Pompeia numa visita guiada acompanhado de uma boa Guia Turística. As raízes da nossa sociedade e de muitos usos e costumes encontramo-los ali. Tão longe e tão perto...
As roças novas vão começar a dar cacau |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 168
O irmão mais velho, o da resposta
brusca, calado desde então, ainda qui s
saber:
- Vosmicê é de lá?
- Nasci em Propriá, como já disse. Mas é
em Tocaia Grande
que vou morrer quando chegar meu dia.
6
A récua de corumbas desaparecera na
poeira do atalho. O pensamento do capitão Natário da Fonseca refluiu até as
barrancas do rio São Francisco, aos prados da indigência e do arbítrio.
No silêncio da mata ouviu queixumes e um
clamor de agonia. Por um breve momento cavalgou de novo, lado a lado, com o
beato Deoscóredes prestes a decretar o fim do mundo e a alforria do povo.
Mas a besta do Apocalipse era um tardo jumento
de presépio quando, para enfrentar o império da abominação, o profeta deveria
montar ao menos o lobisomem ou a mula-sem cabeça.
A vida das criaturas continuava sem
valer um ai. Nem sequer a palmatória dos negros fora abolida, quanto mais o
resto.
Por que deter-se em tais desordens
seculares, apoquentarse?
Os laços de berço e nascimento haviam-se
rompido para sempre em remota conjuntura. Compromissos prementes e atuais requeriam
seus cuidados.
Em lugar da lazarina, portava punhal e parabelo:
garantias de acordos verbais, penhores de retidão.
Um sorriso aflorou aos lábios de
Natário: o turco iria levar um susto da peste ao defrontar-se com os sergipanos
portadores do recado. Nem de propósito, naquela manhã exatamente, os dois haviam
conversado e Natário dera o diagnóstico e propusera o remédio:
- Pois é como lhe digo, compadre Fadul:
enquanto não tiver família morando, for somente tropeiro e meretriz, o
movimento vai continuar tacanho. Mas não esmoreça não, logo vou arranjar uns sergipanos para botar aqui .
Começa a ser de precisão: as roças novas
vão principiar a dar cacau, o dinheiro vai correr.
- Que Deus fale por sua boca, capitão
Natário. Dinheiro é o que está fazendo falta.
- Tu não acredita, turco? Tu sabe
quantas propriedades novas tem nas redondezas?
- Se não acreditasse não tinha me
arranchado por aqui . Só que pensei
que ia ser mais depressa e está sendo devagar.
- Tudo tem sua hora certa, Fadul, não
paga a pena se afobar.
sexta-feira, fevereiro 06, 2015
Nana Mouskuri - Grega, nascida em em 1934 em Creta. Canta em 15 línguas entre elas o chinês e português.Desenvolveu actividade política tendo sido membro do Parlamento Europeu 1994-199 e deve viver com apreensão os momentos pelos quais está a passar o seu país.
Médico, poeta, homem de Abril, já falecido |
(José Niza )
CORRE CORRE SOLDADINHO
Corre corre soldadinho
Que a vida é corrida louca
Para onde vais soldadinho
Com esse cravo na boca?
Corro para o meu amor
Com este cravo na boca
Levo comigo saudades
E a minha vida que é pouca
Para onde vais soldadinho
Com essa corrida louca?
Vou ao encontro da morte
E levo um cravo na boca.
As Rãs |
Redacção de um
aluno do 6º Ano
(Uma delícia como vão ver...)
As
rãs:
Eu
gosto muito de rãs. As rãs arrotam a noite toda. As rãs são mais pequenas que
as vacas e mais grandes que um pintelho. As rãs não têm pintelhos.
As
rãs põem ovos pela paxaxa que depois dão rãzinhas pequenas.Se as rãs tivessem
pintelhos na paxaxa arranhavam os ovinhos que são muito pequenininhos e as rãzinhas que estão lá dentro iam
morrer porque entrava água pelas arranhadelas e elas morriam afogadas e porque
quando são pequenas não têm patas e não sabem nadar.
Eu
também ainda não tenho pintelhos mas já sei nadar. Também ainda não tenho
paxaxa mas um dia vou ter muitas. As rãs são as mulheres dos sapos.
Os
sapos não têm unhas por isso não podem coçar os tomates. É por isso que eles
andam com as pernas abertas a arrastar os Tomates que é para os coçar.
E
quando se picam nos tomates os sapos dão saltos. As rãs também dão muitos
saltos, por isso têm a paxaxa sempre aos saltos.
Eu gosto muito de
rãs. E gosto muito de sapos.
João, 6º ano
Tudo tem jeito afora a morte. |
TOCAIA
GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio
Nº 167
Família
numerosa, ordeira e trabalhadora, habituada ao cultivo da mandioca, do feijão,
do milho, à criação de galinhas e de cabras. Exactamente de famílias assim
Tocaia Grande estava necessitando para assentar raízes e progredir.
Estabelecida
a primeira, outras acorreriam.
- É mesmo que tão querendo ficar todo mundo
junto?
- Trazemos
essa intenção mas diz que não é fácil. - O velho retomou a palavra e o comando.
-
Como é o nome de vosmicê?
-
Ambrósio, um criado às ordens.
-
E vosmicê, minha tia, como se chama?
-
Evangelina, mas me tratam de Vanjé. Será que não tem um jeito...
-
Tudo tem jeito, afora a morte.
Começou por declarar o nome e o título - por esses extremos do mundo todos me conhecem.
Passou então a falar sobre Tocaia Grande, lugarejo a menos de uma
légua de caminho, crescendo num sítio bonito por demais.
Contou das terras nas margens do rio nas quais
poderiam plantar compridos alqueires de feijão, de milho, de mandioca, terras
sem dono, de quem chegar primeiro. Nas roças de cacau seria cada um para seu
lado, sem apelação.
- Terras sem dono? Deveras?
- Boas de enxada?
- E se depois...
Por duas vezes a velha tinha visto
acontecer, testemunha e personagem.
— Aqui
é o princípio do mundo, sia Vanjé. Não é como em
Sergipe onde tudo já tem dono e senhor.
Até os milagres dos santos.
Vanjé compreendeu que o homem de Propriá
era um emissário do destino, sentiu-se libertada dos temores e da incerteza.
O
velho Ambrósio, porém, considerou:
- O dinheiro que nós tem não basta nem
pra começar.
- Nem carece. Chegando lá, procure um
turco chamado
Fadul, diga que vai de minha parte. Ele
vai facilitar tudo que vancês precisar.
Explicou por fim o porquê de tanta
regalia:
- Não sei de lugar mais bonito de se ver
do que Tocaia Grande, mas só vai prosperar no dia que tiver família morando, menino
pequeno e bicho de criação.
Quando um país como a Alemanha consegue vender metade do que produz e dessa metade, dois terços é para a Europa, não se pode dizer que não esteja numa situação confortável.
Se acrescentarmos a isto o facto de ser ela o
verdadeiro reduto de poder na Europa estribada em Tratados e Acordos concebidos
e feitos à medida dos seus interesses, é muito difícil pensar que, para além de
pequenas cedências, alguma coisa de substancial em termos de mudanças se
consiga obter nestas negociações dos gregos.
Num mundo globalizado de grandes espaços parece ser
consensual que uma Europa unida à volta do Euro representa uma vantagem para os
países que fazem parte dela.
Todos parecem ter entendido isto porque, para além dos
seis países que inicialmente conceberam o projecto da União, com preocupações
viradas principalmente para a paz, sejam hoje 28 os Estados que a compõem, 19 na zona Euro, e todos se
foram juntando voluntariamente a pedido, em alargamentos sucessivos,
constituindo agora um mercado de 320 milhões de pessoas.
A Alemanha é sem dúvida o motor que comanda esta
enorme comunidade servida por realidades muito distintas do ponto de vista das
suas economias, e não só, que foram pensadas como complementares umas das
outras em função das suas próprias vocações.
Alguns especialistas chamaram a atenção para os riscos
e inconvenientes deste processo mas ele apresentou-se como aliciante com
vantagens evidentes de curto prazo impossíveis de não ver como uma dinâmica de
enriquecimento que acabava por beneficiar todos.
Entre nós, foram esses os bons tempos dos governos de
Cavaco Silva quando o dinheiro entrava no país, vindo de Bruxelas á razão de 1
milhão de euros por dia.
A Grécia foi puxada para esse mundo de maravilhas sem
cumprir critérios, com contas aldrabadas mas a União não podia passar sem ela
por razões históricas, culturais, políticas e estratégicas.
A poeira foi, entretanto, assentando e quando em 2008
se deu a falência do Banco Lemon Brother nos EUA e arrastou em efeito dominó os
bancos europeus, percebeu-se que o mundo financeiro era um mundo falso e que
grande parte dele não estava ao serviço da economia mas da grande especulação.
Funcionavam como casinos onde nada se produz mas onde
se ganham e perdem fortunas. Tudo possível com a conivência silenciosa dos políticos
que não regularam a actividade e protegeram os cidadãos, como era a sua obrigação.
Das consequências desse enorme desastre o projecto
europeu não conseguiu fugir e em última análise foi a economia, as empresas e os
trabalhadores que sofreram as consequências.
A Alemanha é um país de gente séria menos dada à
especulação e corrupção que a maioria dos restantes países do Sul da Europa.
É uma questão
cultural e religiosa que começou com Lutero quando este se insurgiu contra o
Papa de Roma a propósito da venda das indulgências para arranjar dinheiro para
acabar as obras da Igreja de S. Pedro.
De resto, a doutrina católica, com a remissão dos
pecados em que tudo se pode “lavar” com as confissões e comunhões favorece
aqueles que erram mas que logo de seguida podem ser perdoados pelo
arrependimento.
Os luteranos entendem que os que erram têm de sofrer
as consequências sem se poderem furtar a elas de formas subtis e engenhosas... e tudo isto ajudou a uma determinada mentalidade.
Mas os alemães defendem ferozmente os seus interesses,
têm um empenho especial na persecução dos seus objectivos e eu espero que não
seja até à morte... dos outros e deles próprios porque o barco em que estamos é
o mesmo.
A Alemanha está debaixo dos holofotes dos cidadãos europeus,
dos que votam, dos que elegem o Syriza, o Aurora Dourada, amanhã o Podemos, a Srª Le Pen,
como também elegeram os partidos que elegeram a Srª Merkel e há duas gerações
atrás, em contexto social diferente, elegeram Adolfo Hitler.
Os eleitores dos partidos do centro democrático que apoiam os actuais governos na Europa podem perder a confiança no projecto europeu e migrarem para os extremos. Esta pode ser uma consequência, a mais perigosa, da austeridade, do desemprego, do esboroar do estado social como está a acontecer, mais fortemente na Grécia com a crise humanitária que se vive.
Os eleitores dos partidos do centro democrático que apoiam os actuais governos na Europa podem perder a confiança no projecto europeu e migrarem para os extremos. Esta pode ser uma consequência, a mais perigosa, da austeridade, do desemprego, do esboroar do estado social como está a acontecer, mais fortemente na Grécia com a crise humanitária que se vive.
Há quem veja na actual política da Alemanha a 3ª
tentativa em um século para mandar na Europa. A mim, isso não me repugna, parece-me até inevitável. Eles têm vocação e força para mandar desde que... mandar não
seja dominar e o façam ouvindo os restantes parceiros europeus e em democracia.
É tudo uma questão de equi líbrio
e bom senso. Esticar demasiado a corda dos sacrifícios dos outros, para além de não
ser sensato é perigoso. Este é o meu grande medo.
quinta-feira, fevereiro 05, 2015
Elvis Presley - Stand By Me
Ouvindo-o e vendo-o percebo porque há gente que o venera tantos anos depois de nos ter deixado...
Mulher infiel
Um tipo encontra um amigo e pergunta-lhe:
- Também já sabias que a minha
mulher me foi infiel?
Responde o amigo:
- Juro-te que não, pá!
E diz o homem:
- Que alívio! E eu a pensar que tinha sido o último a saber…