Dalai Lama
DALAI LAMA - Oceano de Sabedoria
O governo de Sócrates foi criticado por não receber o Dalai Lama. Lê-se, por exemplo, no jornal o Público que, e passo a transcrever:
-O ministro dos Negócios Estrangeiros já anunciou que o governo português não receberá o Dalai Lama “pelas razões que são conhecidas”.
Uma vez que não especificou, presume-se que essas razões sejam o calculismo e a cobardia.
O Dalai Lama é o líder político do Tibete reconhecido por todas as escolas budistas daquele país como um Guru, um Mestre a quem chamam igualmente Oceano de Sabedoria.
O Tibete é um Estado teocrático em que religião e política se fundiram. Em 1959 a China Comunista invadiu o país e o Dalai Lama fugiu para a Índia onde vive exilado até hoje.
A China comporta-se no Tibete como uma potencia opressora e ao fim de quase 50 anos de domínio não conseguiu minar a lealdade dos tibetanos ao seu líder espiritual nem tão pouco ser bem sucedida no promoção do ateísmo havendo, pelo contrário, cada mais chineses a seguir os ensinamentos de mestres budistas tibetanos.
Prémio Nobel da Paz, o Dalai Lama é um homem de diálogo que reivindica para o seu país uma autonomia genuína.
Líder religioso, o único juntamente com o Papa com direito ao título de Sua Santidade, representante de um povo oprimido, defensor da não-violência, homem de espírito, de grande inteligência, sorriso fácil, de enorme simpatia, torna fáceis todas as críticas ao governo de Sócrates por não o ter recebido.
Mas estas críticas são demasiado fáceis e óbvias e há que desconfiar delas.
Os governos estão obrigados a um pragmatismo que resulta da defesa dos interesses das populações que governam e todos nós sabemos como é importante para nós, em termos de criação de riqueza e emprego, um desfecho favorável das negociações comerciais em curso na China.
Neste caso, portanto, até é acertado falar-se de “cobardia” do governo português mas, se o Dalai Lama fosse recebido oficialmente e o governo chinês, em represália, fizesse abortar todos os negócios com Portugal e com os portugueses de que se falaria então?
De irresponsabilidade, certamente, e a causa do Dalai Lama ficaria beneficiada?
Seria o Governo chinês sensível a um qualquer sinal do governo português a favor das pretensões do Dalai Lama?
É óbvio que não temos peso ou importância política internacionais para beliscar a intervenção da China no Tibete mas somos suficientemente pequenos e dependentes para sofrermos, onde mais dói, as consequências dessa atitude.
De resto, o Dalai Lama, Oceano de Sabedoria, afirmou já que não pretende criar nenhum problema ao governo e o seu principal objectivo na sua deslocação a Portugal é promover duas coisas em que os governos pouco podem fazer, como sejam os direitos humanos e a harmonia religiosa.
Deixemo-nos, pois, de quixotismos que os tempos não vão propícios para eles.
O governo de Sócrates foi criticado por não receber o Dalai Lama. Lê-se, por exemplo, no jornal o Público que, e passo a transcrever:
-O ministro dos Negócios Estrangeiros já anunciou que o governo português não receberá o Dalai Lama “pelas razões que são conhecidas”.
Uma vez que não especificou, presume-se que essas razões sejam o calculismo e a cobardia.
O Dalai Lama é o líder político do Tibete reconhecido por todas as escolas budistas daquele país como um Guru, um Mestre a quem chamam igualmente Oceano de Sabedoria.
O Tibete é um Estado teocrático em que religião e política se fundiram. Em 1959 a China Comunista invadiu o país e o Dalai Lama fugiu para a Índia onde vive exilado até hoje.
A China comporta-se no Tibete como uma potencia opressora e ao fim de quase 50 anos de domínio não conseguiu minar a lealdade dos tibetanos ao seu líder espiritual nem tão pouco ser bem sucedida no promoção do ateísmo havendo, pelo contrário, cada mais chineses a seguir os ensinamentos de mestres budistas tibetanos.
Prémio Nobel da Paz, o Dalai Lama é um homem de diálogo que reivindica para o seu país uma autonomia genuína.
Líder religioso, o único juntamente com o Papa com direito ao título de Sua Santidade, representante de um povo oprimido, defensor da não-violência, homem de espírito, de grande inteligência, sorriso fácil, de enorme simpatia, torna fáceis todas as críticas ao governo de Sócrates por não o ter recebido.
Mas estas críticas são demasiado fáceis e óbvias e há que desconfiar delas.
Os governos estão obrigados a um pragmatismo que resulta da defesa dos interesses das populações que governam e todos nós sabemos como é importante para nós, em termos de criação de riqueza e emprego, um desfecho favorável das negociações comerciais em curso na China.
Neste caso, portanto, até é acertado falar-se de “cobardia” do governo português mas, se o Dalai Lama fosse recebido oficialmente e o governo chinês, em represália, fizesse abortar todos os negócios com Portugal e com os portugueses de que se falaria então?
De irresponsabilidade, certamente, e a causa do Dalai Lama ficaria beneficiada?
Seria o Governo chinês sensível a um qualquer sinal do governo português a favor das pretensões do Dalai Lama?
É óbvio que não temos peso ou importância política internacionais para beliscar a intervenção da China no Tibete mas somos suficientemente pequenos e dependentes para sofrermos, onde mais dói, as consequências dessa atitude.
De resto, o Dalai Lama, Oceano de Sabedoria, afirmou já que não pretende criar nenhum problema ao governo e o seu principal objectivo na sua deslocação a Portugal é promover duas coisas em que os governos pouco podem fazer, como sejam os direitos humanos e a harmonia religiosa.
Deixemo-nos, pois, de quixotismos que os tempos não vão propícios para eles.