Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, abril 12, 2014
João da Silva Nóbrega
de Correia e Saldanha, português de gema, natural de Coimbra, em viagem de
negócios, longe da família... livre que nem um
passarinho.
Quarenta anos, executivo, senta-se na cadeira do avião
com destino a New York e, maravilha-se com uma deusa sentada junto à
janela.
Após 15 minutos de voo, não se
contém:
É a 1ª vez que vai a New York?
- Não, é uma viagem
habitual.
Trabalha com moda?
- Não,
viajo em função de minhas pesquisas. Sou
sexóloga.
As suas pesquisas dedicam-se a quê?
- No momento, pesquiso as características do pénis
masculino.
A que conclusão chegou?
- Que
os Africanos são os portadores de pénis com as dimensões mais avantajadas e
excitantes e os Árabes são os que permanecem mais tempo no coito. Logo, são os
que proporcionam mais prazer às suas parceiras. Já os Europeus não costumam
fazer parte das minhas pesquisas porque são portadores de um pénis
desmotivador... quase que não dão prazer às mulheres... Desculpe-me Senhor, eu
estou para aqui a falar mas não sei o seu nome...
- AL Mohammed Issufo Nhantumbo! Filho de pai árabe e mãe
africana...
Richard Dawkins |
A Religião
– Um tiro fora do alvo
A comediante americana Cathy Ladman observou que “todas as religiões são iguais: religião é, basicamente, sentimento de culpa com feriados diferentes”.
Não é crível que o motivo pelo qual
temos religião seja porque ela reduzia os níveis de stress dos nossos
antepassados.
A religião é um fenómeno vasto que
carece de uma teoria vasta para o explicar.
Outras teorias de que “a religião
satisfaz a nossa curiosidade sobre o universo e o nosso lugar nele” ou “a
religião é consoladora” não são explicações darwinianas embora possa haver
nelas alguma verdade psicológica.
Steven Pinker dizia, relativamente à
teoria do “consolo”, “porque há-de uma mente evoluir para encontrar consolo em
crenças que claramente se sabe que são falsas?”
Mas para os cientistas darwinianos o que
interessa é encontrar as causas profundas ou seja, qual a pressão da selecção
natural que favoreceu tal ocorrência.
Suponhamos que os neurologistas
descobrem no cérebro um “centro-deus”, então é preciso saber a razão pela qual os nossos
antepassados com uma tendência genética para desenvolver nos seus cérebros esse
“centro-deus” sobreviveram de maneira a terem mais netos do que os outros
que não a tinham.
Tão pouco os darwinianos se dão por
satisfeitos com explicações de natureza política, do género: “a religião é uma
ferramenta usada pela classe dirigente para subjugar as classes inferiores”.
É verdade que consolava os escravos
negros da América com promessas de outra vida, o que lhes embotava o
descontentamento com a vida deste mundo e beneficiava, assim, os seus donos.
Se as religiões são deliberadamente
criadas por sacerdotes cínicos ou por governantes, é uma questão interessante à
qual os historiadores devem prestar atenção, mas não é uma questão darwiniana.
O investigador darwiniano quer saber por
que razão as pessoas são vulneráveis aos encantos da religião expondo-se, desse
modo, à exploração de sacerdotes, políticos e reis.
A Religião como um Sub-Produto
de outra coisa
Numa perspectiva darwiniana, Richard
Dawkins vê a religião, cada vez mais, como um sub-produto de outra coisa como,
de resto, um número crescente de biólogos.
Para explicar esta ideia o autor
socorre-se de um exemplo concreto que tem a ver com a traça uma vez que ele
próprio é um especialista nesta área.
Este animal voa em direcção à chama da
vela e isso não parece acontecer por acaso. De propósito, elas fazem desvios no
voo para se oferecerem em sacrifício numa auto-imolação e a pergunta que
fazemos é esta:
-
Como diabo pode a selecção natural favorecer um comportamento destes?
Não, a selecção natural não favoreceu
este comportamento que não passa, afinal de um sub produto do verdadeiro
comportamento, esse sim, ditado pela selecção natural.
A luz artificial das velas é coisa recente
nas noites que eram apenas iluminadas pela lua e pelas estrelas. Essas fontes
de luz estão no infinito óptico pelo que os raios delas nos chegam paralelos.
Por esta razão, os insectos podem seguir
estes raios para se deslocarem em linha recta e encontrarem o caminho de casa
mas, se estes raios não forem paralelos e antes divergirem como os raios de uma
roda e, se os seguirmos, iremos dar ao eixo da roda ou seja, á chama da vela.
Um comportamento fatal nestas
circunstâncias decorre de uma regra boa que leva as traças, no silêncio das
noites, seguindo a luz da lua e das estrelas até à sua casa que é o que
acontece na esmagadora maioria das vezes e acontecia sempre antes do
aparecimento das luzes artificiais.
Deixemos agora as borboletas das traças
uma vez que elas já desempenharam nesta problemática o seu papel
exemplificativo do que é um comportamento sub produto – tiro fora do alvo
- do verdadeiro e correcto comportamento
que se desenvolveu com base na selecção natural.
Centremo-nos nas crianças. É sabido que
nós sobrevivemos, mais do que qualquer outra espécie, por experiências
acumuladas pelas gerações anteriores, experiências essas que têm de ser
transmitidas às crianças para a sua protecção e bem-estar.
Em teoria, as crianças também podem aprender
através da sua experiência, à sua custa como se costuma dizer, a não se
aproximarem dos penhascos, a não comerem bagas vermelhas desconhecidas, a não
nadarem em águas infestadas de crocodilos mas, dessa forma, quantas não teriam
sido sacrificadas sem chegarem a ter tempo para se reproduzirem?
Assim, constitui uma vantagem selectiva
as crianças dotadas de um cérebro que contiver a simples regra prática:
- “Acredita sem hesitações em tudo o que os adultos te digam.
Obedece aos teus pais, obedece aos chefes da tribo, sobretudo quando eles te
falarem num tom grave e ameaçador, confia nos mais velhos sem contestar”.
Mas, tal como no caso das
traças, pode dar mau resultado... porque um dia dizem à criança - “tens de sacrificar uma cabra durante a lua
cheia senão a chuva não vem” e ela acredita porque não sabe distinguir os
bons conselhos, ... “não te metas no Limpopo que está infestado de crocodilos”
dos maus ou inúteis de “matar a cabra durante a lua cheia para vir a chuva...”.
O subproduto inevitável é a
vulnerabilidade à infecção pelo vírus da mente.
A selecção natural para a sobrevivência apenas
ensinou que os cérebros das crianças precisam de acreditar nos pais e nos mais
velhos de tal forma que aquele que acredita não tem forma de distinguir os bons
dos maus conselhos pela mesma razão que a borboleta da traça não sabe que
aquele raio de luz a levará à morte e não a casa... ela só sabe que tem de seguir
o raio de luz da mesma maneira que a criança sabe que tem de acreditar e
obedecer.
Ambos os avisos, o da cabra
e o dos crocodilos, aos ouvidas da criança parecem igualmente dignos de
confiança pois ambos provêm de uma fonte respeitável e são proferidos com grave
seriedade que inspira respeito e exige obediência.
E quando a criança crescer e
tiver filhos seus, ela irá transmitir-lhes tudo – quer o bom senso quer o
disparate – com toda a naturalidade, usando o mesmo ar grave e contagiante.
Ao longo das gerações, como
o acreditar e obedecer se traduziram numa vantagem para a sobrevivência e
procriação, a nossa espécie foi evoluindo para uma sociedade de crentes.
Os líderes religiosos estão
conscientes da vulnerabilidade do cérebro das crianças e da importância desta
ser doutrinada em tenra idade.
Já dizia o Jesuíta: - “... dai-me
a criança durante os seus primeiros sete anos e eu dar-vos-ei o homem”.
- Por que se morre de amor?
- Por que se mata por ciúme?
- Por que se mata por Deus?
Definitivamente, o nosso
cérebro está cheio de armadilhas... e já agora, obrigado às traças e ao Richard Dawkins.
Por ora, Vasco Moscoso de Aragão tinha Dorothy |
OS VELHOS
MARINHEIROS
Episódio nº 53
Fora difícil convencê-lo a abandonar a ideia do “rapto das Sabinas”, Madame Lulu subindo a Ladeira da Montanha para a Praça do Teatro, carregada de correntes, escrava à disposição de Carol.
Estava eufórico o capitão dos portos,
acabara para sempre, assim pensava, com a causa daquela expressão de tristeza a
ensombrar o rosto leal de Vasco Moscoso de Aragão. Já agora podia o comerciante
usufruir, sem qualquer resquício de melancolia, dos bens com que lhe cumularam
a Providência e o avô: a fortuna, a condição de solteiro, a sorte no jogo. o
charme para as mulheres, a inata simpatia.
- Daria minha patente por sua sorte no
poker... - afirmou o comandante.
- E eu lhe daria a minha por sua sorte
com as mulheres... - suspirou o coronel.
- Eu trocaria, de olhos fechados, meu
diploma de advogado por uma qui nta
parte de suas quotas na firma... - riu o Dr. Jerónimo, acrescentando: - E de
lambujem lhe daria minha futura cadeira de deputado.
- Mesmo a cadeira de deputado, bem? -
admirou-se Carol, conhecedora das ambições do jornalista.
- De que valem títulos e patentes,
Carolita, ao lado do dinheiro? Tendo dinheiro, pode-se ter tudo quanto se qui ser: patentes, diplomas, deputação e senatoria, a
mulher mais formosa. Com o dinheiro compra-se tudo, filha minha.
Por ora, Vasco Moscoso de Aragão tinha
Dorothy na réstia de luar, no perfume do mar, na canção das ondas, embalada
pelos ventos, morrendo em suspiros, revivendo em ais de amor, a face de febre,
devoradora boca, indecifrável rosa de obscuro azul.
Quando as forças faltaram, no derradeiro
embate, e ela dormiu, Vasco estendeu-se cansado e agradecido, e sonhou, os
olhos abertos, a boca a sorrir, ouvindo ao longe o apito de um navio: na noite
de tempestade salvava o navio em perigo, trazia-o para o porto batido de chuva,
onde, transida e ansiosa, Dorothy esperava pelo amante, o Comandante Vasco
Moscoso de Aragão.
De como, em farra monumental, Vasco chora
no ombro de Georges e do resultado dessas confidencias
Passaram-se os meses, Roberto viajou
para o Rio e de lá regressou trazendo na bagagem uma índia peruana conformada e
qui eta; Lídio Marinho teve quatro ou
cinco novos casos nas pensões e castelos, inclusive com Mimi a quem revelou o
mistério do rapto e dos bandidos mascarados; o Desembargador Rufino morreu num
prostíbulo, escandalizando a cidade.
Apesar das promessas feitas a Carol, não
mais voltara à Pensão Monte Cario, horrorizado ante a perspectiva de outro
assalto. Passara a frequentar castelos mais resguardados, morrera no de Laura,
onde descobrira uma certa Aríete de qui nze
anos incompletos.
Á pobre menina, ao ver o velho em cima
dela no estertor da morte, pôs a boca no mundo, a chorar e a berrar, atraindo a
vizinhança toda, inclusive um guarda-civil ocupado a jogar no becho, nas
proximidades.
Tornou-se assim o acontecimento
conhecido do público, reuniu-se verdadeira multidão de curiosos em frente ao
castelo, na Ladeira São Miguel, na hora do transporte do corpo. Piadas
irreverentes provocavam gargalhadas, o filho deputado do falecido era apontado
a dedo.
Aríete e Laura tinham sido levadas à
polícia onde sofreram vexames de toda espécie. O guarda-Civil foi o único a
tirar certo partido do escandaloso fato: voltara a jogar no bicho, arriscando
500 réis no milhar 7.015, junção das idades do defunto e de Aríete.
Palpite inteligente e feliz: o jogo do
bicho exige perspicácia, atenta vigilância em torno das forças do destino,
capacidade para extrair as lições (e os palpites) dos acontecimentos.
sexta-feira, abril 11, 2014
Elvis Presley / Martina Mcbridd - Blus Christmas
(40 anos depois...)
Ele morreu em 1977 e ela nasceu em 1966. Quarenta anos distanciados no tempo: ela está a cantar em 2008 e ele em 1968 mas unidos pela tecnologia... prodígios de uma montagem feita em computador e que nos dá a ilusão quase perfeita de que se trata de uma aparição conjunta dos dois artistas... reparem na reacção do público quando ela entra em cena ou quando ela canta e ele apenas toca... a única observação a fazer é que ele só olha para o lado em que ela está no fim da apresentação. Veja e ouça com atenção... vários espectáculos num só!
Richard Dawkins Prémio Nobel em 1973 |
RICHARD
DAWKINS
O biólogo evolucionista Richard Dawkins destronou todos os restantes candidatos e foi considerado o maior intelectual do mundo pelos leitores da revista Prospect em 2013.
Atrás dele vêm o político afegão Ashraf Ghani, o psicólogo
Steven Pinker, o ex-ministro iraqui ano
Ali Allawi e o economista Paul Krugman. O ranking foi publicado após mais de 10
mil votos de mais de 100 países.
Ateu, Dawkins é autor dos livros "Deus, um
delírio" e "O gene egoísta", que introduziu o termo "meme",
em uma referência à menor unidade do pensamento.
Hoje, o conceito é
frequentemente usado para definir conteúdos que se espalham pela internet na
forma de textos, imagens e vídeos. O biólogo, inclusive, é popular na web: ele
tem quase 700 mil seguidores no Twitter, onde costuma falar muito de religião.
Em relação à primeira lista, de 2005, uma novidade entre os
mais votados foi o físico inglês Peter Higgs, que contribuiu para o
desenvolvimento da teoria do Bósson de Higgs, a chamada "partícula de
Deus" descoberta no ano passado que dá massa a outras partículas
elementares. O cientista é um dos mais cotados para o Nobel este ano.
Chama a atenção a ausência de mulheres entre os dez
primeiros colocados. A mais bem classificada, no 15º lugar, é a escritora e
ativista da Índia Arundhati Roy, uma crítica proeminente das injustiças no
país.
O ranking foi baseado em 65 nomes escolhidos por
especialistas. O critério para fazer parte da selecção era ter exercido
"influência nos últimos 12 meses" e uma importância "para as
grandes questões do ano" - o que pode explicar a ausência de pensadores
renomados, como Noam Chomsky e Stephen Haw.
NOTA – Esta eleição deixa - me particularmente feliz pois Richard Dawkins é o
intelectual que mais admiro e mais me influenciou dando substância e clareza ás
minhas convicções sobre a Vida e as Crenças.
Ao longo dos anos tenho-o transcrito aqui ,
no Memórias Futuras, e os seus livros, a Desilusão de Deus e o Gene Egoísta,
estão de há muito à minha direita na secretária.
Milhões de pessoas por esse mundo fora têm sido
influenciadas no seu pensamento por Richard Dawkins porque ele deu uma
explicação científica simples e racional, tendo como base o Evolucionismo de
Darwin, à crença e à falta dela nos nossos cérebros.
O exemplo das borboletas das traças para explicar “o tiro
fora do alvo” que foi a religião na vida dos homens é das explicações mais
notáveis e convincentes que algum professor me poderia ter dado sobre uma
questão tão complexa.
Biólogo evolucionista, prémio Nobel em 1973, a sua formação académica
foi a aposta certa de um homem inteligentíssimo e dotado de um voluntarismo que
o levaram à divulgação, por todos os meios, da sua qualidade de ateu sofrendo,
por isso, ataques cerrados dos fundamentalistas cristãos.
O brilhantismo da sua palavra ao serviço dos seus
conhecimentos científicos, tornaram-no no grande adversário das hierarqui as e fanáticos religiosos.
Voltarei aqui a
passar vídeos com entrevistas suas porque o seu estilo sereno, o seu olhar
franco e a clareza e força dos seus argumentos são exemplos do que dever ser o
confronto das ideias mas amanhã, sábado, recordarei esse exemplo notável das borboletas das traças para percebermos como a religião terá sido igualmente "um tiro fora do alvo".
Acontecimentos festejados madrugada adentro... |
OS VELHOS
MARINHEIROS
Episódio Nº 52
A voz recordava outra voz, familiar,
Mimi quase a reconheceu. Idiotice, como iria ser o Tenente Lídio aquele
mascarado? Obedeceu ao chamado, aproximou-se. Com a mão livre, o bandido
começou a tocar-lhe as carnes nuas, sentou-a no colo.
O desembargador sentia-se desmaiar, a
barriga desarranjada, súbitas cólicas incontroláveis.
Os outros chegavam do quarto com
Dorothy, um deles levava-lhe a mala. Mimi foi afastada do gentil bandido (o
mesmo perfume usado pelo Tenente Lídio Marinho, que engraçado!), e, de costas,
as armas apontadas contra o desmoralizado desembargador, os invasores ganharam
a escada e a desceram numa correria.
O
Desembargador Rufino murmurou:
- Preciso de um banho. . .
Carol, liberta da mordaça, atendeu ao
velho em primeiro lugar, havia esquecido, em seus bem traçados planos, ser a
terceira qui nta-feira do mês, dia do
desembargador. Despachou-o para o banheiro, acompanhado por Mimi, com sabonete
novo e toalha limpa.
Foi depois libertar Roberto, manteve com
o jovem médico longa conversa. Era melhor para sossego de todos que não mais
voltasse à Pensão Monte Cario e desistisse de vez de Dorothy.
Senão aqueles tipos sem entranhas, saídos
ninguém sabe de onde (“são os parentes dela.. .”, persistia Roberto em sua
opinião), podiam voltar, matá-lo ali mesmo ou no salão de danças, arruinando
para sempre o negócio e o conceito de Carol, em cuja casa jamais houvera
escândalo, pancadaria ou crime.
- Vou embora para o Rio no primeiro
vapor...
- E, enquanto espera, é melhor não sair
de casa... Deixou-lhe Roberto o dinheiro que levava consigo, não era muito mas
servia. Afinal era ele o responsável por aquela invasão, pelo susto do
desembargador - borrava-se todo o pobrezinho! - pelos danos morais sofridos
pela Pensão Monte Cario.
Quando circulasse a notícia, quem ainda
se atreveria a frequentar tão perigoso lugar? Roberto prometeu mandar-lhe
quantia maior antes de viajar. Apenas pedia a Carol para descer e examinar as
imediações, não tivesse ficado por ali na toca algum dos bandidos. Ela
regressou afirmando estar tudo calmo e ele partiu.
Ria-se ainda Carol, em sua cadeira de
balanço, quando saiu do banho o desembargador. Desejava ele também deixar
quanto antes aquelas temerárias paragens, mas como fazê-lo sem ceroulas? Se
vestisse as calças em cima da pele, iria pegar pelo menos uma gripe forte, quem
sabe uma pneumonia.
Carol emprestou-lhe rendadas calçolas de
uma das pequenas, magra e de pernas compridas. Riram ela e Mimi ao verem-no
assim ataviado e riu-se também o desembargador.
Aceitou um cordial após vestir-se e, se
bem recusasse ficar naquela mesma tarde - como iria conseguir alguma coisa após
o susto? - prometeu retornar na próxima qui nta-feira,
já convencido de que tal escândalo não voltaria a renovar-se.
Explicou-lhe Carol o sucedido como
consequência de antigas inimizades de Roberto agora para sempre com a entrada
proibida na Pensão Monte Cario. Mau elemento, concordou o desembargador,
pagando a Mimi o tempo e o banho, beijando a mão de Carol e pedindo às duas
segredo sobre sua mal cheirosa participação nos acontecimentos.
Acontecimentos festejados madrugada
adentro, ruidosamente, pelos amigos, os quatro habituais e mais outros cinco ou
seis cuja participação no rapto se fizera necessária para dar-lhe encenação
mais brilhante, a gosto do Comandante Georges Dias Nadreau.
quinta-feira, abril 10, 2014
Elis Regina - Cadeira Vazia
Lupicíno Rodrigues/Alcides Gonçalves fizeram este lindo poema e Elis fez esta bela canção...
Lupicíno Rodrigues/Alcides Gonçalves fizeram este lindo poema e Elis fez esta bela canção...
A
esposa acompanha o marido ao consultório médico...
Depois de ser atendido, o médico chama
a esposa reservadamente e diz:
- Seu marido está com stress profundo. A
situação é delicada, e se a senhora não seguir
as instruções que vou lhe passar, seu marido certamente vai morrer.
São apenas 10 instruções que
salvarão sua vida:
2) Para o almoço, ofereça refeições nutritivas;
3) Para o jantar, prepare pratos especiais, tipo comida japonesa, italiana e francesa;
4) Mantenha em casa um bom stock de cerveja gelada;
5) Não o atrapalhe quando ele estiver a ver futebol;
6) Pare de assistir a novelas;
7) Não o aborreça com problemas do universo feminino;
8) Deixe-o chegar na hora que ele desejar;
9) Nunca questione onde ele esteve;
10) Faça sexo com ele como e quando ele
No caminho de casa, o marido pergunta:
- O que foi que o médico disse?Ela respondeu:
- Que vais morrer breve!
A EUROPA
DAS
PÁTRIAS
PÁTRIAS
A União Europeia é insubstituível: uma
espécie de cooperativa fortíssima criada pelos europeus que promove os seus
interesses morais e materiais. Ela é a base do bem-estar e da origem das suas
vantagens competitivas no mundo.
A livre circulação de pessoas, bens,
dinheiro e serviços dentro do mercado interno; a gestão pela Comissão Europeia
quer do comércio dos 27 com o resto do mundo quer da concorrência e, dentro de
poucos anos, da energia e do ambiente; a moeda única; a promoção, dentro e fora
de portas, da decência cívica e política, são pilares essenciais do conforto e
segurança das populações e constituem fonte de influência que nenhum membro da
União só por si poderia ter agora ou no futuro.
Mas, no entanto…falta-lhe coração,
porque este ficou na pátria de cada um dos países que a compõem. Muita gente
estaria disposta a morrer pela sua pátria, provavelmente ninguém pela Europa.
O futuro Kaiser Guilherme II perguntou
ao seu mestre de equitação o que era mais importante para saltar obstáculos: os
cavalos, os cavaleiros ou os arreios?
-
“O coração, sire, o coração. O resto vai atrás”.
É
este, que falta à Europa porque continua lá, agarrado a uma história, a uma
língua, a tradições, usos e costumes vividos durante séculos dentro de espaços
delimitados por fronteiras mais ou menos estáveis. E quem consegue repartir o
coração quando se trata da terra onde nascemos, nasceram os nossos pais e os
pais dos nossos pais, um deles, porventura, morto nalguma guerra na defesa
dessa terra?
Talvez um dia, quando vier uma guerra, e
ela virá, e for necessário alguns de nós morrerem para defenderem a Europa,
então, um pouco dos nossos corações pátrios se comece a transferir para esse
nosso outro espaço mais alargado que se chama Europa.
Pelos vistos, amor e sangue, em certas
circunstâncias, estão juntos.
Entretanto, andamos adormecidos num
certo pacifismo esquecendo os meios militares necessários à nossa futura
segurança.
Lembram-se quando o Dr. Mário Soares, já
aqui há uns anos, falava no contributo financeiro que cada um de nós devia dar
para a constituição de um exército europeu?
-
Será que alguém vê nele um guerreiro ou um belicista? E, no entanto, ele estava
cheio de razão. Fundem-se histórias e culturas marchando lado a lado, comendo
das mesmas marmitas, participando nos mesmos exercícios e, se for preciso,
combatendo e morrendo para defender a nossa terra, a terra europeia que é uma
terra de liberdade, de direitos sociais e humanos como não há nenhuma outra à
face da terra.
Em 2012, foi atribuída à União Europeia o
Prémio Nobel da Paz. Para os responsáveis políticos mais distraídos ou menos
atentos, principalmente europeus, é preciso gritar, mais que lembrar, que a
União Europeia foi criada para garantir a paz numa Europa que em 50 anos já
tinha sido devastada por duas Grandes Guerras Mundiais.
Se esse projecto de Paz está neste
momento com dificuldades em se afirmar por motivos de natureza financeira, é
preciso tomar consciência que o destino não está escrito em lado nenhum,
constrói-se no dia a dia, hoje, e mais valioso que o dinheiro é a vida sendo a
paz a melhor garantia para a manter.
Não tente procurá-la, se tem amor à vida... |
OS VELHOS
MARINHEIROS
Episódio Nº 51
Naquele dia Carol ficara na pensão, descansava em sua cadeira de balanço na sala. Também uma das pequenas - a pícara Mimi, quase adolescente ainda - estava num quarto, ocupada.
Era dia do Desembargador Rufino, velhote
de setenta anos. Vinha ele invariável e preciso uma qui nta-feira
sim, outra não, às três da tarde.
Ouvia-se sua respiração ofegante na
escada quando o cuco da sala começava a anunciar a hora. Pagava bem o
desembargador, exigia, porém, meninas novinhas assim como Mimi, mais ou menos
da idade de sua neta. Trazia um pacotinho de doces e balas, beijava a mão de
Carol.
Apenas trancara-se o desembargador no
quarto, despia-se ainda, começara a desatacar a reata dos borzeguins para em
seguida tirar as ceroulas, quando o tropel dos invasores suspendeu-lhe o gesto:
- Que barulho é esse?
Mimi não sabia, estava nua na cama a
comer doces e confeitos. Um grito desesperado ecoou na sala, era Carol a pedir
socorro. Mimi saltou da cama, abriu a porta, o desembargador acompanhou-a sem
se dar conta, um pé calçado, um descalço, o descarnado peito nu, as vacilantes
pernas metidas nas ceroulas de algodão.
Na cadeira, Carol tinha a boca
amordaçada com um lenço e um mascarado apontava-lhe uma garrucha. Ouviam-se
sons confusos vindos do quarto de Dorothy. Continuando a visar o peito de
Carol, o mascarado voltou-se para Mimi e para o apavorado desembargador:
- Os dois aí... Paradinhos, nem um
movimento...
- Não fiz nada... - choramingou o velho.
- Deixe-me ir embora, meu filho é deputado, pelo amor de Deus...
- Não dê um passo ou recebe chumbo...
- Em que eu fui me meter, meu Deus . . .
Que não irão dizer quando souberem... Pelo amor de Deus, deixe-me ir embora...
Pela porta escancarada do quarto de
Dorothy chegava a voz de Roberto, súplice:
- Não me matem... Não tenho nada com
ela... Não fui o primeiro, ela mesma pode dizer. Quando encontrei ela, já era
furada... Ela mesmo que diga...
Porque Roberto tomara os raptores por
indignados parentes de Dorothy, vingativos sertanejos, chegados de Feira de
Sant’Ana para lavar no sangue a honra da moça.
No sangue do sedutor, e certamente
pensavam ter sido ele quem a desencaminhara e a trouxera para a vida. Tentava
explicar tinha-a encontrado já descabaçada, quase morta à fome num canto de
rua.
Com as armas apontadas, os bandidos
reduziram-no ao silêncio. Um deles trazia um rolo de cordas, era mestre em nós,
amarrou-lhe braços e pernas. Outro, com voz fanhosa, ordenou a Dorothy
vestir-se e arrumar sua mala. Partiram com ela, deixando Roberto de olhos
esbugalhados, o suor a escorrer-lhe pela testa, fazendo-lhe uma última
recomendação:
- Não tente procurá-la, se tem amor à
vida.
Na sala, o outro bandido sentara-se numa
cadeira em frente a Carol, para mais comodamente apontar-lhe a arma, e ordenou
a Mirai:
- Venha cá... Aqui
juntinho de mim, não tenha medo.
quarta-feira, abril 09, 2014
Elvis Presley - My Way
Já devia cantar assim na barriga da mãe... "milagre da natureza" que ele destruiu, "criminosamente", demasiado cedo.
O dono de um circo colocou um anúncio procurando um domador de leão.
Apareceram 2 pessoas: um senhor de boa aparência, aposentado, cerca de 70 anos, e uma loura espectacular de 25 anos.
O dono do circo fala com os 2 candidatos e diz:
- Eu vou directo ao assunto. O meu leão é extremamente feroz e matou os meus dois últimos domadores. Ou vocês são realmente bons, ou não vão durar 1 minuto! Aqui está o equipamento - banquinho, chicote e pistola. Quem quer entrar primeiro?
Diz a loura:
- Vou eu!
Ela ignora o banquinho, o chicote e a pistola e entra rapidamente na jaula.
O leão ruge e começa a correr na direcção da loura. Quando falta um metro para ser alcançada, a loura abre o vestido e fica toda nua, mostrando todo o esplendor do seu corpo. O leão pára como se tivesse sido fulminado por um raio! Deita-se em frente da loura e começa a lamber-lhe os pés! Pouco a pouco, vai subindo e lambe-lhe, carinhosamente, o corpo inteiro durante longos minutos!
O dono do circo, com o queixo caído até ao chão diz:
- Eu nunca vi nada assim na minha vida!
Vira-se para o velhinho e pergunta:
- Você consegue fazer a mesma coisa?
E o velhinho responde:
- Claro! É só tirar de lá o leão...
A VIDA SEXUAL
DOS
PAPAS
São mais de 300 páginas com centenas de histórias pouco santas sobre a vida sexual dos Papas da Igreja Católica. O livro do jornalista peruano Eric Frattini, chegado às livrarias portuguesas e editado pela Bertrand, percorre, ao longo dos séculos, a intimidade secreta de papas e antipapas, mas não pretende causar "escândalo". Apenas "promover uma reflexão sobre a necessária reforma da Igreja ao longo dos tempos".
O escritor admite,
aliás, que alguns dos relatos possam ter sido inventados, nas diferentes
épocas, por inimigos políticos dos sumos pontífices. Lendas ou verdades
consumadas, no livro "Os Papas e o sexo" há de tudo. Desde Papas
violadores e zoofílicos a Papas homossexuais e fetichistas, além de Santos Padres
incestuosos, pedófilos ou sádicos, passando por Papas filhos de Papas e Papas
filhos de padres.
Alguns morreram
assassinados pelos maridos das amantes em pleno acto sexual. Outros foram
depostos do cargo, julgados pelas suas bizarrias sexuais e banidos da história
da Igreja. Outros morreram com sífilis, como o Papa Júlio II, eleito em 1503,
que ficou na história por ter inventado o primeiro bordel gay de que há
memória.
Bonifácio IX
deixou 34 filhos, a que chamava, carinhosamente, de "adoráveis
sobrinhos". Martinho V encomendava contos eróticos, que gostava de ler no
recolhimento do seu quarto.
Paulo II era
homossexual e Listo IV, que cometeu incesto com os sobrinhos, bissexual.
Inocêncio VIII reconheceu todos os filhos que fez e levou-os para a Santa Sé.
Um deles tornou-se violador. João XI (931-936) cometeu incesto com a própria
mãe, violava fiéis e organizava orgias com rapazes.
Sérgio III teve o
infortúnio de se apaixonar por mãe e filha e não esteve com meias medidas:
rendeu-se à prática da ménage à trois. Bento V só esteve no Governo da Igreja
29 dias, por ter desonrado uma rapariga de 14 anos durante a confissão. Depois
de ser considerado culpado, fugiu e levou boa parte do tesouro papal consigo.
João XIII era
servido por um batalhão de virgens, desonrou a concubina do pai e uma sobrinha
e comia em pratos de ouro enquanto assistia a danças de bailarinas orientais.
Os bailes acabaram quando foi assassinado pelo marido de uma amante em pleno
acto sexual. Silvestre II fez um pacto com o diabo. Era ateu convicto e
praticava magia. Acabou envenenado.
Dâmaso I, que a
Igreja canonizou, promovia homens no ciclo eclesiástico, sendo a moeda de troca
poder dormir com as respectivas mulheres. Já o Papa Anastácio, que tinha
escravas, teve um filho com uma nobre romana, que se viria a tornar no Papa
Inocêncio I (famoso pelo seu séqui to
de raparigas jovens). Pai e filho acabaram canonizados.
Leão I era
convidado para as orgias do Imperador, mas sempre se defendeu, dizendo que
ficava só a assistir. Mesmo assim, engravidou uma rapariga de 14 anos, que
mandou encerrar num convento para o resto da vida. Bento VIII morreu com
sífilis e Bento IX era zoófilo. Urbano II criou uma lei que permitia aos padres
terem amantes, desde que pagassem um imposto.
Alexandre III
fazia sexo com as fiéis a troco de perdões e deixou 62 filhos. Foi expulso, mas
a Igreja teve de lhe conceder uma pensão vitalícia, para poder sustentar a
criançada.
Gregório I gostava
de punir as mulheres pecadoras, despindo-as e dando-lhes açoites. Bonifácio VI
rezava missas privadas só para mulheres e João XI violou, durante quatro dias,
uma mãe e duas filhas. Ao mesmo tempo.
1. João Paulo II
Acusado de ter uma
filha secreta
Em 1995, o
norte-americano Leon Hayblum escrevia um livro polémico, em que dizia ser pai
da neta de João Paulo II. Durante a oupação nazi da Polónia, Wojtyla terá
casado, secretamente, com uma judia. Do
enlace nasceu uma rapariga, que o próprio pai entregou, com seis semanas, a um
convento local. No seu pontificado especulou-se muito sobre as namoradas que
teve antes do sacerdócio. O Papa admitiu algumas, mas garantiu nunca ter tido
sexo. No Vaticano, fazia-se acompanhar por uma filósofa norte-americana, Anna
Teresa Tymieniecka, com quem escreveu a sua maior obra filósofica. Acabaram
zangados, supostamente por ciúmes.
2. Paulo VI
Homossexual?
Assim que chegou
ao Vaticano, Paulo VI mostrou-se muito conservador em relação às matérias
ligadas à sexualidade. Em 1976, indignado com as declarações homofóbicas de
Paulo VI, um historiador e diplomata francês, Roger Peyrefitte, contou ao mundo
que, afinal, o Papa era homossexual e manteve uma relação com um actor
conhecido. O escândalo foi tremendo: Paulo VI negou tudo e o Vaticano chegou a
pedir orações ao fiéis do mundo inteiro pelas injúrias proferidas contra o
Papa. Paulo VI morreu em 1978, aos 81 anos, depois de 15 pontificado, vítima de
um edema pulmonar causado, em boa parte parte, pelos dois maços de cigarros que
fumava por dia.
3. Inocêncio X
Amante da cunhada
Eleito no conclave
de 1644, Inocêncio X manteve uma relação com Olímpia Maidalchini, viúva do seu
irmão mais velho - facto que lhe rendeu o escárnio das cortes da Europa.
Inocêncio X não era, aliás, grande defensor do celibato. Olímpia exercia grande
influência na Santa Sé e chegou a assinar decretos papais. A dada altura, o
Papa apaixonou-se por outra nobre, Cornélia, o que enfureceu Olímpia. Mesmo
assim, foi a cunhada quem lhe valeu na hora da morte e quem assegurou o
funcionamento do Vaticano quando Inocêncio estava moribundo. Quando morreu, em
1655, Olímpia levou tudo o que pôde da Santa Sé para o seu palácio em Roma, com
medo de que o novo Papa não a deixasse ficar com nada.
4. Leão X
Morreu de sífilis
Foi de maca para a
própria coroação, por causa dos seus excessos sexuais. Depois de Júlio II ter
morrido de sífilis, em 1513 chega a Papa Leão X, que gostava de organizar
bailes, onde os convidados eram somente cardeais e onde jovens de ambos os
sexos apareciam com a cara coberta e o corpo despido. O Papa gostava de rapazes
novos, às vezes vestia-se de mulher e adorava álcool. "Quando foi eleito
tinha dificuldade em sentar-se no trono, devido às graves úlceras anais de que
sofria, após longos anos de sodomia", escreve Frattini. Estes e outros
excessos levaram Lutero a afixar as suas 95 teses - que lhe garantiram a
excomunhão em 1521. Leão X morreu com sífilis aos 46 anos.
5. Alexandre VI
O Insaciável.
Gostava de orgias
e obrigou um jovem de 15 anos a ter sexo com ele sete vezes no espaço de uma
hora, até o rapaz morrer de cansaço. Teve vários filhos, que nomeou cardeais.
Assim que chegou ao Papado, em 1431, trocou a amante por uma mais nova, Giulia.
Ela tinha 15 anos, ele 58. Foi Alexandre VI quem criou a célebre
"Competição das Rameiras". No concurso, o Papa oferecia um prémio em
moedas de ouro ao participante que conseguisse ter o maior número de relações
sexuais com prostitutas numa só noite. Depois de morrer, o Vaticano ordenou que
o nome de Alexandre VI fosse banido da história da Igreja e os seus aposentos
no Vaticano foram selados até meados do século XIX.
6. Grgório XII
Violou irmãs e 300
freiras
Não aparece na
lista oficial de Papas e acabou preso em 1415. O antipapa conseguia dinheiro a
recomendar virgens de famílias abastadas a conventos importantes. Mas violava-as
antes de irem. Tinha um séqui to de
200 mulheres, muitas delas freiras. Criou um imposto especial para as
prostitutas de Bolonha. Tinha sexo com duas das suas irmãs. Defendia-se,
dizendo que não as penetrava na vagina e que por isso não cometia nenhum pecado.
Foi julgado, acusado de 70 crimes de pirataria, assassinato, violação, sodomia
e incesto. Entre outros factos, o tribunal deu como provado que o Papa teve
sexo com 300 freiras e violou três das suas irmãs. Foi deposto do cargo e
preso. Voltou ao Vaticano, anos mais tarde, como cardeal.
7. Bento IX
Sodomizava animais
Chegou a Papa em
1032 com 11 anos. Bissexual, sodomizava animais e foi acusado de feitiçaria,
satanismo e violações. Invocava espíritos malignos e sacrificava virgens. Tinha
um harém e praticava sexo com a irmã de 15 anos. Gostava, aliás, de a ver na
cama com outros homens. "Gostava de a observar quando praticava sexo com
até nove companheiros, enquanto abençoava a união", escreve Eric Frattini.
Convidava nobres, soldados e vagabundos para orgias. Dante Alighieri considerou
que o pontificado de Bento IX foi a época em que o papado atingiu o nível mais
baixo de degradação. Bento IX cansou-se de tanta missa e renunciou ao cargo
para casar com uma prima - que o abandonaria mais tarde.
8. Clemente VI
Comprou um bordel.
Em 1342, com
Clemente VI chega também à Igreja Joana de Nápoles, a sua amante favorita. O
Papa comprou um "bordel respeitável" só para os membros da cúria - um
negócio, segundo os documentos da época, feito "por bem de Nosso Senhor
Jesus Cristo". Tornou-se proxeneta das prostitutas de Avinhão (a quem
cobrava um imposto especial) e teve a ideia de conceder, duas vezes por semana,
audiências exclusivamente a mulheres. Recebia as amantes numa sala a poucos
metros dos espaços em que os verdugos da Inqui sição
faziam o seu trabalho. No seu funeral, em Avinhão, foi distribuído um panfleto
em que o diabo em pessoa agradecia ao Papa Clemente VI porque, com o seu mau
exemplo, "povoara o inferno de almas".
9. Xisto III
Violou freira e foi
canonizado.
Obcecado por
mulheres mais novas, foi acusado de violar uma freira numa visita a um convento
próximo de Roma. Enquanto orava na capela, o Papa, eleito em 432, pediu
assistência a duas noviças. Violou uma, mas a segunda escapou e denunciou-o. Em
tribunal, Xisto III defendeu-se, recordando a história bíblica da mulher que
foi apanhada em
adultério. Perante isso, os altos membros eclesiásticos
reunidos para condenar o Papa-violador não se atreveram a "atirar a
primeira pedra" e o assunto foi encerrado. Xisto III foi, aliás,
canonizado depois de morrer. Seguiu-se-lhe Leão I, que também gostava de
mulheres mais novas e que mandou encarcerar uma rapariga de 14 anos num
convento, depois de a engravidar.
10. João XII
Morto pelo marido
da amante.
Nos conventos
rezava-se para que morresse. João XII era bissexual e obrigava jovens a ter
sexo à frente de toda a gente. Gozava ao ver cães e burros atacar jovens
prostitutas. Organizou um bordel e cometeu incesto com a meia-irmã de 14 anos.
Raptava peregrinas no caminho para lugares sagrados e ordenou um bispo num
estábulo. Quando um cardeal o recriminou, mandou-o castrar. Um grupo de
prelados italianos, alemães e franceses julgaram-no por sodomia com a própria
mãe e por ter um pacto com o diabo para ser seu representante na Terra. Foi
considerado culpado de incesto e adultério e deposto do cargo, em 964. Foi
assassinado - esfaqueado e à martelada - em pleno acto sexual pelo marido de
uma das suas várias amantes.
NOTA - Jornalista, romancista, ensaísta, professor universitário e em academias de Polícia e analista político, o peruano Eric Frattini lançou, este semana, em Portugal, o seu mais recente livro.
O Labirinto de Água conta a história de uma jovem arqueóloga a quem a avó moribunda revela a existência de um manuscrito antigo guardado na caixa-forte de um banco americano. Enquanto parte em busca do conteúdo desse documento, os serviços secretos do Vaticano tentam, a todo o custo, evitar que ela torne pública a mensagem contida no manuscrito. Ponto de partida para uma conversa sobre Deus, Jesus Cristo, Vaticano e a Igreja Católica.
Começo por perguntar: é católico?
- Era. Tenho 46 anos e tive uma educação católica, mas há 10 anos que deixei de o ser.
Porquê?
- Vi demasiadas coisas. Vivi 17 guerras como jornalista e, em alguns momentos, perguntei-me se Deus estava de férias. Por isso, deixei de ser crente.
É também por isso que se dedica tanto a investigar o Vaticano?
- Eu escrevo sobretudo sobre a história e a política do Vaticano. É importante sabermos diferenciar o Papa enquanto cabeça da Igreja Católica e o Papa enquanto chefe de um Estado muito poderoso, que é o Estado do Vaticano. E isto não é entendido pela maioria das pessoas.
- Quais são as suas principais preocupações relativamente ao Vaticano?
Quando estava a preparar o livro A Santa Aliança - Cinco Séculos de Espionagem no Vaticano, um alto membro da Cúria Romana disse-me que, para a Igreja Católica, tudo o que não é sagrado é secreto. E, de facto, têm mantido em segredo questões muito importantes para a História. Estão classificados, por exemplo, todos os documentos referentes à actuação do Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial (um assunto tabu) e estes nunca serão desclassificados. Foi necessário esperar por João Paulo II para termos acesso ao processo de Galileu ou ao dos Templários, que contém documentos interessantes para muitos investigadores.
Porquê todo este secretismo?
- Creio que o Vaticano e a Igreja Católica sobreviveram estes dois mil anos principalmente porque souberam defender muito bem os seus segredos. É preciso não esquecer que a Igreja sobreviveu a revoluções, a cismas, ao comunismo, ao capitalismo, ao protestantismo, ao luteranismo, sobreviveu a tudo. Isto porque tem tido sempre aquilo a que chamo uma "política de avestruz": coloca a cabeça debaixo da terra e espera que passem os leões e que não levem o resto do corpo. É assim que tem sobrevivido.
Começa O Labirinto de Água com a história do Evangelho de Judas Iscariotes.
- Sim, é um documento que foi descoberto nos anos 70. Este livro está dividido em três partes: a da realidade, a da ficção e a da parte real que eu ficciono. O leitor deve entender O Labirinto de Água como um livro de ficção. A novela começa com a Última Ceia, antes da qual Jesus Cristo fala a sós com Judas Iscariotes e lhe revela algo. Imediatamente a seguir, acontece a famosa traição. A cena seguinte passa-se 60 anos mais tarde, quando Judas vive já em Alexandria e está às portas da morte, e tem como ajudante um dos seus discípulos, Eliezer, a quem conta o que Jesus lhe tinha contado antes da Última Ceia. Este escriba escreve depois uma carta, a "Carta de Eliezer" (que é ficção), escrita em aramaico siríaco, e que é traduzida por uma das personagens.
Consultou o Evangelho de Judas?
- Sim. O documento está numa fundação, em Genebra, e toda a restauração foi financiada pela National Geographic, juntamente com uma fundação suíça. Os trabalhos já terminaram e imagino que brevemente será exposto no Egipto, no Museu Copta.