quinta-feira, agosto 31, 2006

A LISTA DE DEVERORES






O Governo decidiu publicar uma Lista com o nome de Pessoas, Singulares e Colectivas, que devem ao Estado dinheiro dos Impostos.

Por outras palavras: o Governo que manda no Estado veio junto dos cidadãos fazer queixinhas de outros cidadãos que, ao contrário deles, não pagaram os impostos.

Ainda por outras palavras: o Governo que manda no Estado veio dizer ao conjunto dos cidadãos que, não obstante a faculdade que tem de poder fazer leis que obrigam as pessoas a pagar os impostos, de dispor de Tribunais que julgam e condenam as pessoas que não pagam impostos e finalmente as Polícias que obrigam as pessoas a cumprirem as sentenças dos Tribunais, não obstante todos estes recursos e capacidades, aquelas pessoas que constam da Lista não pagaram os impostos ficando por se saber se alguma vez os irão pagar ou se a referida Lista constitui o derradeiro castigo por não os terem pago.

É que se o “assunto” ficar arrumado com a tal Lista, atendendo a que o pudor e a vergonha já não são hoje o que eram antigamente, provavelmente os nomes da Lista estarão condenados a aumentar tanto mais que são poucos os que dizem respeito a Pessoas Individuais e as Sociedades desaparecem hoje com um nome para aparecerem amanhã com outro.

O JUMENTO, no seu artigo de fundo de ontem, 4ªfª, vai mais longe e chama-lhe o “Boi da Piranha” para significar que aqueles nomes só estão naquela Lista para que os outros, a maioria dos devedores, possam continuar, por outros processos que ele tem o cuidado de indicar, impunes sem pagarem impostos.

Pessoalmente, não creio que se vá tão longe, pelo menos no plano das intenções… mas ele lá sabe!

Ao fim e ao cabo qual é o Governo que não gosta de receber mais impostos… mas esta Lista constitui o reconhecimento de incompetência do Estado pelo próprio Estado para desespero do comum dos cidadãos que pagam impostos e se interrogam, preocupados, porque não funciona o Estado de Direito na mais tradicional, importante e querida das suas funções: a Cobrança dos Impostos e se não funciona nesta de que tanto gosta e na qual tanto investe como há-de funcionar nas outras?

terça-feira, agosto 29, 2006

O Macroscópio e a blogosfera

Image Hosted by ImageShack.us Continuas, como acabei de ler no Macroscópio, a tua "cruzada" na defesa dos interesses e ideais, talvez mais direitos, do mundo da blogosfera - eficientemente compiladas no anti-blog - face a certos homens da imprensa escrita, lançando a ideia do Observatório da Blogosfera mas eu, que em toda esta questão compreendo as razões subjacentes à boa blogosfera, sou céptico quanto às soluções.

Na prática, como se pode impedir que os textos da blogosfera sirvam de inspiração, para não ir mais longe, aos jornalistas da imprensa escrita se o acesso a eles depende de um simples clicar, ao contrário dos da imprensa escrita que põem cadeados?

E que valor têm textos, fotografias e música, para além do artístico ou literário se eles não têm um valor comercial?

Tudo aquilo que me aparece no mundo da blogosfera, excepção feita aos sites pornográficos que só se vêm pagando, parece-me um bando de virgens, algumas de grande beleza, mas completamente indefesas perante os olhares interessados e oportunistas dos galifões que as esperam no recato dos seus computadores para fazerem delas o que quiserem.

Pois bem, então, se é assim, vamos para a solução do cadeado. Se o utilizador da Internet quer ler o Macroscópio, o Jumento, o Abrupto vai ter que pagar nem que fosse uma módica quantia.

A “beleza” da BLOGOSFERA é que é tudo de borla e o que é de borla não tem valor, a gente lê, inspira-se, copia, sem ter “nojo”, porque “aquilo” está ali para fazermos o que quisermos.

Mas amanhã eu clicava no Jumento, no Macroscópio e aparecia-me o título dos textos e a seguir um cadeado a dizer: agora, se quiser Ler, pague e pagando talvez assim tivessem mais respeito pelo “produto” e quando o quisessem mencionar nos seus jornais e revistas. Fariam, pelo menos, referência ao seu autor/es

Claro que temos a deontologia e a ética ou vice-versa e eu pergunto, e quem zela pelo seu cumprimento?

O mundo da blogosfera é recente e neste aspecto, naquele pelo qual te estás a bater, provavelmente está hoje como estava no dia do 1º blog. Será!?...

domingo, agosto 27, 2006

OS OVNIS



Você acredita em Ovnis?


Você acredita que seres extra-terrenos, mentalmente superiores, num estado civilizacional muito mais adiantado que o nosso, navegando em seus discos voadores, andam por aí espiando-nos às escondidas numa atitude a fazer lembrar o voyeurismo?

Por mim, à medida que vou vivendo e os anos se vão somando vou ficando cada vez mais céptico como se a capacidade de acreditar se fosse gastando com a própria vida.

Acho que é um processo natural… Tempo houve em que acreditar foi preciso, especialmente quando era novo:


-Acreditar que íamos sobreviver à guerra das Áfricas e regressar escorreito;

-Acreditar que a namorada que nos esperava no Cais da Rocha de Conde de Óbitos estava roída de saudades, deserta por nos fazer felizes para sempre;

-Acreditar que a vida nos ia sorrir e que os projectos se iam concretizar: uns, engenheiros de obra feita, outros doutores de consultório a abarrotar…e prestígio, respeitabilidade e, quem sabe… talvez uma “bibenda”com piscina, relvado, uma cadeira de espreguiçar, óculos Ray-Ban e um copo de Whisky e…claro, um bom carro, que os havia bonitos nessa altura, então sim, verdadeiro sinal exterior de riqueza pois eram poucos os que lhe podiam chegar.

E lembram-se do 25 de Abril? O que ele nos fez acreditar?

E o 1ºde Maio de 74?

Quando sorrimos uns para os outros porque acreditámos, nesse dia, que éramos todos irmãos, companheiros ou camaradas, para já não falar da justiça, da igualdade e da solidariedade…

E lembram-se do José Manuel Barroso? O que ele teve que acreditar para, aos 19 anos, ser maoísta e as coisas em que teve de deixar de acreditar para poder ser, mais tarde, Presidente da Comunidade Europeia?

Mas regressemos aos Ovnis porque senão esta prosa corre o risco de fazer lembrar aquela deliciosa peça de Tcheckov,”Os Malefícios do Tabaco”, em que um homem transformado à força pela mulher em conferencista sobe ao palco para falar dos malefícios do tabaco mas a sua vida privada sobrepõe-se ao tema da conferência e acaba por desabafar sobre os 30 anos de maus-tratos infligidos pela esposa.

Eu nunca acreditei em Ovnis mas alimentei por eles alguma curiosidade que hoje já estou longe de sentir… mais uma vez deve ser da idade.

Também nunca tive a sorte (?) de ver qualquer manifestação desse género o que, no meu caso, não é de admirar porque eu nunca vejo nada, distraído como sou.

Mas o meu sobrinho Rui Pedro do Macroscópio que vive intrigado (não sei se é esta a palavra certa mas ele corrigir-me-à se não for) por estes fenómenos parece-me ter visto e se não foi ele foi o pai que depois lhe contou, lá para os lados da charneca do Pego, concelho de Abrantes, umas “luzes esquisitas”.

Mas nos princípios dos anos setenta, no período da guerra-fria, dos espiões, das teorias da conspiração e da quase certeza que nenhum governo falava verdade registava-se um estado de espírito favorável a acreditar em tudo e naturalmente em Ovnis.

Quem tirou especial proveito dessa generalizada tendência para acreditar foi o Sr.Erich Von Daniken, suíço, gerente de um estabelecimento hoteleiro e que acreditava tanto em seres extra-terrestres quanto desacreditava nos homens que o precederam uns milhares de anos aqui na terra.

Acusando-os de incompetentes, acabados de sair da idade da pedra, nunca teriam sido capazes de ser os autores de magníficas obras como as pirâmides do Egipto, as da cultura Maia, o monumento de Stonehenge, etc… não fora a intervenção dos extra-terrestres e até mesmo as nossas principais religiões teriam sido por eles inspiradas depois de os termos confundido com deuses.

Em todas as inscrições deixadas em grutas ou nas paredes dos monumentos, o Erick “via” sinais da presença dos extra-terrestres mas “escondia” aquelas outras que não lhe interessavam como a pormenorizada descrição em desenho deixada pelos egípcios mostrando como faziam o transporte das enormes pedras utilizadas na construção das pirâmides.

Pois bem, este senhor, possuído de todo este delírio, escreveu 29 livros, traduzidos em 32 línguas e vendeu 63 milhões de cópias, uma das quais a mim, no ano de 1973, que lá ficou pela cidade da Beira, em Moçambique, para baralhar a cabeça dos camaradas da Frelimo.

Ficou milionário, já se vê, e construiu nos States,- onde havia de ser- um Parque Temático denominado Mistery Park, que reproduz monumentos antigos e oferece espectáculos de raios laser que são um regalo para a vista.

Tem hoje os seus seguidores que também vão escrevendo uns disparates mas sem o impacto e o proveito do Erick.

De resto, nesse aspecto de proveito, tivemos agora um outro Erick, o Dan Brown, que apresentou como verdadeira uma história em que Maria Madalena casa com Jesus Cristo de quem tem dois filhos, que após a morte do pai são trazidos para a Europa e dão origem à dinastia dos Merovíngios, etc. etc. e tudo em Código porque, era bem de ver, o assunto era altamente confidencial mas nada, no entanto, que escapasse à infinita perspicácia do autor…

Mas ainda sobre Ovnis temos os Encontros Imediatos de 3º grau que em grande parte dos casos, a atender pelos relatos feitos pelos humanos intervenientes, não passaram de experiências exploratórias de carácter sexual por parte dos E.T. o que, na opinião de um senhor professor de História, ou será de histórias da carochinha - norte-americano, que fazem parte de um Programa de Procriação de Híbridos tendo em vista o futuro domínio do planeta Terra pelos Extra-Terrestres. Como se vê, tudo muito científico…

E a propósito de científico fui procurar saber o que pensam os cientistas sobre este assunto:

-Michael Rowan-Robison, astrónomo do Imperial College London:

"Na Galáxia penso que estamos sós na Galáxia em termos de Civilizações avançadas, muito embora, planetas com vida bacteriana devam haver muitos mas pessoas, como nós, provavelmente não, estamos sozinhos”.

O Dr. Jerry Joyce, do Instituto de S. Diego, que tem acesso a toda a literatura científica e participa em todas as Comissões relevantes sobre este assunto é peremptório:

“Não há prova credível que este planeta tenha sido visitado por vida extra-terrestre”

O Prof. David William, astroquímico, afirma:

…”Essa hipótese é disparatada, essas visitas estão na mente de quem as observa e não são acontecimentos físicos reais”.

O Prof. Paul Davis, astrofísico, emite a seguinte opinião:

“É muito improvável que haja um contacto directo entre formas de vida inteligente do género de uns homenzinhos verdes com naves espaciais confrontarem-nos em carne e osso porque essa não seria a forma sensata de comunicar”

O Físico britânico, Frank Close, refugia-se no senso comum e diz o seguinte:

“ Se acreditamos que há muitas formas de vida inteligente tem que se explicar então porque nenhuma delas conseguiu entrar em contacto connosco. Penso que não entram porque não estão lá para entrarem”.

Mas está a ser feito um esforço sério pelos cientistas para tentarem esses contactos.

Há 40 anos um grupo chamado SETI (Procura de Inteligência Extraterrestre) montou, à volta do mundo, Radiotelescópios que escutam o Universo no espectro rádio na banda de 1 a 3 gigahertz tentando captar ondas rádio que se deslocam no espaço à velocidade da luz mas, reparem só, uma onda rádio, mesmo à velocidade da luz levaria, do ponto mais longínquo da nossa galáxia até nós, 100.000 anos.

Isto significa que só podemos ambicionar as “chamadas locais” porque as de longa distância estão fora de questão.

Supondo que a nossa Galáxia corresponde, em tamanho, a todo o Continente Europeu, o nosso sistema de escutas só é operacional para um raio de 10 a 15 Km ou seja, de Santarém ao Cartaxo.

Até à data, ao longo de 40 anos, apanharam-se dois sinais, mas falsos, na Austrália. Um deles era do micro-ondas de uma vizinha que estava a fazer chá e o outro era, efectivamente, do espaço mas era nosso, de uma nave que tínhamos enviado.

Resumindo, o Universo à nossa volta está calmo e silencioso.

Porque não aproveitar então estes momentos de sossego para resolver, enquanto temos tempo e disponibilidade para o fazer, os graves problemas dos terráqueos e, já agora, por que não desfrutar igualmente de tanta coisa linda que aqui ainda vamos tendo?

Este texto dedico-o ao meu querido sobrinho Rui Matos, pequenina, muito pequenina retribuição, pelos muitos outros, de grande qualidade, que ele me tem proporcionado no seu Macroscópio.

Site Meter