Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, outubro 04, 2014
Bob Marley Three Litle Birds
Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley (Fevereiro de 1945 — Miami, 11 de maio de1981), foi um cantor, guitarrista e compositor jamaicano, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, famoso por popularizar o género.
Marley já vendeu mais de 75 milhões de discos. A maior parte do seu trabalho lidava com os problemas dos pobres e oprimidos. Levou, através de sua música, o movimento rastafari e suas ideias de paz, irmandade, igualdade social, preservação ambiental, libertação, resistência, liberdade e amor universal ao mundo.
A música de Marley foi fortemente influenciada pelas questões sociais e políticas de sua terra natal, fazendo com que o considerassem a voz do povo negro, pobre e oprimido da Jamaica. A África e seus problemas como a miséria, guerras e domínio europeu também foram centro de assunto das suas músicas, por se tratar da terra sagrada do movimento rastafari.
Hoje pode ser considerado o primeiro e maior astro musical do Terceiro Mundo.
NUM JORNAL DE
ANÚNCIOS
Este o anúncio:
“Tenho casas para alugar mas somente para cristãos.”
No dia seguinte apareceu um
interessado.
O dono das casas, um tipo muito mal
educado, perguntou:
- Tá certo, eu vi. Eu sou judeu mas
também sou cristão…
- Em Belém.
alugava casas para judeus!
Ele fora sempre um homem profunda e sinceramente religioso, cumpridor dos seus deveres, chefe de família e cristão exemplar. Ao longo da vida nunca tinha falhado uma missa e a sua relação com Deus era colo
Ultimamente, no fim das suas orações, pedia insistentemente:
- Oh, Deus, quando decidires levar-me avisa-me com
antecedência, a máxima que te for possível. Sabes, tenho muitos amigos de quem
me quero despedir e há sempre umas coisas de que a gente gostava de fazer por
último.
E sempre que ia à Igreja repetia a Deus, empenhadamente, este
pedido.
Um dia, de repente, morreu.
Católico impoluto, subiu ao céu e São Pedro o foi receber
pessoalmente às portas do paraíso.
- Venho muito zangado, diz ele. Pede a Deus para me
receber: quero falar com ele.
- Vou ver se ele te pode atender… e deixou-o só.
- De regresso diz-lhe: Anda comigo, ele vai falar contigo.
Frente a frente, o bom homem desabafa:
- Em vida, tinha-te feito um pedido com toda a insistência
para que me avisasses com antecedência da minha morte e, afinal, de repente,
sem mais nem menos, levaste-me sem nenhum aviso. Fui sempre um servo teu,
fiel e respeitador, não merecia que me fizesses isto…
Responde Deus:
- Mas, estás a ser muito injusto:
- Lembras-te de quando te apareceram os teus primeiros cabelos
brancos?
- Sim, lembro.
- Lembras-te quando puseste a primeira prótese para
substituir os dentes que, entretanto, tiveste que arrancar?
- Sim, lembro.
- Lembras-te dos óculos que tiveste de comprar para
poderes continuar a ler o teu jornal com o cafezinho da manhã que não
dispensavas?
- Sim, lembro.
- Lembras-te das tuas dificuldades de audição de que a tua
mulher reclamava por ter de repetir tudo até ouvires?
- Sim, lembro.
- Lembras-te das palavras que a tua memória começou a
recusar-te e te levava a dizer que ficavam debaixo da língua?
- Sim, lembro.
- Lembras-te das dores e achaques que começaste a sentir um
pouco por todo o corpo?
- Sim, lembro.
- E lembras-te das referências subtis que a tua mulher te
fazia por espaçares cada vez mais as relações sexuais?
- Sim, lembro.
- E acusas-me de que
não te avisei??
Obs. - A natureza é sábia.
Orçamento para 2015 |
com a discussão
do novo Orçamento?
Esta vitória de António Costa foi importante, surpreendente pela dimensão e conferiu-lhe uma responsabilidade acrescida que corresponde às esperanças de uma maioria de pessoas da nossa sociedade, descontentes, traumatizadas mesmo.
Insisto nas esperanças porque é um factor muito importante e ao mesmo tempo delicado mas, como dar esperanças aos portugueses e em simultâneo não lhes criar falsas expectativas traduzidas em dificuldades do dia-a-dia que irão continuar por muito tempo?
No fundo, muitas dessas pessoas perguntam-se em segredo:
- Como vai ele conseguir fazer diferente se tiver que cumprir os deficits impostos e pagar uma dívida anual de juros de 7 mil milhões?
Esta é a curiosidade ansiosa que nos devora por dentro.
Costa aposta num plano a dez anos para fazer crescer a economia, tentar suavizar as políticas de austeridade impostas pela Alemanha aos países do Sul europeu mas como, se mesmo agora a França e a Itália tentaram e não o conseguiram esbarrando na inflexibilidade da Srª Merkel que continua a defender o controle orçamental como a chave do sucesso mesmo quando a realidade demonstra o contrário?
Ora se o deficit continuar a ser o alfa e o ómega de toda a governação como é possível mexer nos impostos ou aumentar a despesa?
Abordar a consolidação orçamental de maneira diferente é o desafio a começar por um programa para a política económica alternativo.
A envolvente externa dá sinais de se alterar com uma nova posição do Banco Central Europeu e uma nova Comissão para regressarem a uma estratégia de investimento mas será isso suficiente?
António Costa e o PS têm muito que pensar, pensar diferente e esperar que as condicionantes se desagravem no futuro. A discussão do Orçamento de Estado para 2015 irá ser a primeira prova de fogo.
Iremos ter um voto contra de toda a oposição ao novo Orçamento que está a ser cozinhado no segredo dos deuses (Passos Coelho e Maria Luís) seguido de uma Moção de Censura a uma Coligação de Governo que ameaça ruptura, e eleições antecipadas?
Costa tem toda a legitimidade e uma força para liderar a oposição que o PS até agora não tinha - o que irá fazer? - E o CDS vai continuar fiel ao seu parceiro com o escorregadio do Portas?
- Iremos mais depressa chegar ao fim de um ciclo ou mantêmo-nos dentro dos calendários estabelecidos?
E padre é doutor, compadre? |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 66
Duas montaria de primeira, só quem vai
andar nelas é Venturinha. - Os olhos miúdos se iluminaram: - O Coronel é doido
pelo filho, tu nem imagina, compadre.
-
Tem razão. É filho único e agora é doutor. Que pai não haveria de gostar? - Igualmente seus olhos se iluminaram: -
Quando eu tiver filhos, também vão ser
doutor. Mas não quero advogado: um vai ser médico, o outro vai ser padre.
-
E padre é doutor, compadre?
-
E não havia de ser? É ainda mais que os outros, Capitão, é doutor de Deus, tem
até coroa na cabeça.
Cheio de lembranças, o fio de um sorriso
assomou na boca de Natário:
-
Dizer que carreguei ele no cangote... - vibrou uma chicotada no ar: — Ele vai
gostar dessa taca, é bonita e maneira.
Rebenque ímpar, digno de um bacharel
janota, filho de pai milionário, de coronel do cacau que falava grosso na
política, ditava leis na justiça, dava ordens nos Cartórios.
Para pleitear questões de terra não
haveria em toda a zona grapiúna advogado que pudesse competir com ele,
fazer-lhe frente: Venturinha tinha de um tudo e ainda mais.
Natário conhecia o gosto do rapaz, as
preferências, os repentes. Vira-o crescer e muito lhe ensinara, livrara-o de
várias enrascadas, sobretudo em casas de mulheres da vida e nos cabarés e se dera
ao luxo de repreendê-lo quando, adolescente e académico, o filhinho de papai
passava da conta.
Por mais de uma vez teve de contê-lo:
fraco para bebida, Venturinha perdia a cabeça facilmente.
Ao vê-lo formado, doutor advogado,
Natário, igual ao Coronel, dele se orgulhava:
-
Pra caxixe não vai ter outro igual.
- Agora mesmo é que o Coronel vai mandar
e desmandar. Inda bem que o Capitão é gente deles e eu sou compadre de vosmicê.
Emborcaram os copos saudando a volta do
doutor Andrade
Júnior - assim se (ia no diploma da
Faculdade de Direito: bacharel Boaventura da Costa Andrade Júnior).
Finalmente o coronel Boaventura Andrade
ia poder levar avante os ambiciosos planos políticos traçados por ocasião da
formatura do filho em Dezembro do ano anterior.
Estavam nos fins de Maio, seis meses eram
passados.
sexta-feira, outubro 03, 2014
JIM CARREY
Este Jim é um espanto... as suas imitações só são possíveis a quem tem aquele aparelho bocal que lembra o Jerry Lewis quando tinha a mesma idade. A imitação do James Stwart é absolutamente notável.
Olhos nos olhos |
OLHOS NOS OLHOS…
Por que se diz que
os olhos são o espelho da alma? –
Porque, para além de serem órgãos de visão,
no caso particular da espécie humana, eles evoluíram para órgãos de comunicação
que permitem aos seus pares perceberem, através deles, pensamentos e estados de
alma.
Lembro bem, que quando era estudante,
preferia as provas orais às escritas porque nestas faltavam-me os olhos dos
professores para me orientarem na resposta.
Quando olhamos para uma pessoa, mesmo
a uma distância razoável, graças ao contraste entre a esclerótica (o chamado
branco do olho) e a íris, podemos ver com nitidez para onde os seus olhos estão
a apontar, independentemente do sítio para onde o seu rosto está virado.
De mais perto, podemos ver se os
olhos estão dilatados, graças ao contraste entre a íris e a pupila. Somos os
únicos, entre os primatas, que possui janelas através das quais os outros podem
olhar.
Os investigadores japoneses
examinaram noventa e duas espécies de primatas e descobriram que somos a única
na qual os contornos do olho e a posição da íris são claramente visíveis. Em
todas as outras a esclerótica é pigmentada de modo a fornecer um contraste
baixo. Além disso, em comparação com outros primatas, nos seres humanos, a
porção do olho visível é desproporcionalmente grande e alongada no sentido
horizontal.
Os gorilas, por exemplo, sendo muito
maiores que nós a dimensão do olho exposto é mais pequena o que faz com que os
seus olhos se pareçam a contas, ou seja: enquanto os olhos dos outros primatas
evoluíram para serem “difíceis” de ver, para “ocultarem” e não “revelarem”
informação sobre eles próprios - qualquer coisa que será o equi valente natural, hoje, aos óculos escuros de sol
ou de janelas com as cortinas corridas – os dos humanos abriram-se à “leitura”
pelos outros do que vai dentro deles.
Com aqueles adereços pretendemo-nos
ocultar, esconder, ver sem sermos vistos, por outras palavras, favorecem a
segregação e não o igualitarismo que permitiu aos pequenos grupos humanos de
caçadores recoletores estabeleceram entre os seus membros a cooperação
desviando-se da sociedade dos chimpanzés.
Assim que o igualitarismo estabilizou
o suficiente nas primeiras comunidades dos nossos antepassados, logo a evolução
genética começou a conferir novas formas às nossas mentes e aos nossos corpos
de modo a funcionarem como jogadores de uma equi pa
em vez de entrarem em competição com membros do nosso próprio grupo.
Um cientista americano, Michael
Tomasello, está na linha da frente no estudo e investigação dos olhos dos
primatas. A sua base de estudo e centro de investigação encontra-se no Jardim
Zoológico de Leipzig onde comunidades de chimpanzés, bonobos, gorilas e
orangotangos, alojados separadamente em grandes instalações que recriam
condições naturais, estão a ser observados e estudados podendo os estudiosos
efectuar, paralelamente, investigação comportamental em crianças.
Mike desenvolveu aqui lo que designa por “hipótese do olho cooperativo”
para explicar como os nossos olhos se tornaram tão diferentes dos dos outros
primatas.
Todos os símios estão profundamente
cientes dos outros membros do seu grupo e atentos ao sítio para onde estão a
olhar, com base na orientação da cabeça. Contudo, a sua utilização desta
informação não é necessariamente cooperativa.
Numa sociedade onde os indivíduos
dominantes fuzilam com os olhos os seus subordinados, que não se atrevem a
devolver-lhes o olhar, a selecção natural favorece a ocultação da informação e
já que a direcção da cabeça não pode ser ocultada, a direcção do olhar pode
sê-lo minimizando a porção de olho exposta e o contraste entre a íris, a parte
branca do olho e o resto do rosto.
Numa sociedade igualitária torna-se
vantajoso para os membros da equi pa
partilhar informação, transformando os olhos, para além de órgãos de visão, em
órgãos de comunicação.
A páginas 240 e seguintes do livro A
Evolução Para Todos, de David Sloan Wilson, encontrará a descrição do resultado
deste interessante estudo.
Entretanto, continuemos a
olhar-mo-nos, cada vez mais, “olhos nos olhos”porque talvez a informação que
transmitimos através deles seja mais genuína e verdadeira do que a outra, a da
palavra.
na Corte do Rei
O Pereira
era um alto funcionário da corte do Rei.
Havia já muito tempo que este nutria um desejo
incontrolável de beijar os voluptuosos seios da Rainha... até se fartar!
Mas todas as vezes que tentou, coitado, deu-se mal.
Um dia revelou o seu desejo a Gaio, principal advogado
da Corte, e pediu-lhe que fizesse algo para ajudá-lo.
Gaio, depois de muito pensar e estudar o assunto,
concordou, sob a condição de Pereira pagar mil moedas de ouro por tal serviço.
Pereira aceitou o acordo, mas este não foi formalizado
por escrito.
No dia seguinte, Gaio preparou um líqui do que causava comichão e derramou-o no soutien
da Rainha, sem esta saber e enquanto tomava banho.
O malévolo líqui do
começou a fazer o seu efeito e aumentava de intensidade a cada hora que
passava, deixando a Rainha desesperada e o Rei muito preocupado.
A Corte
fazia consultas a médicos, mas sem qualquer efeito prático. Foi nesta convulsão
Real que Gaio apontou a solução, afirmando que apenas uma saliva especial,
aplicada por quatro horas, curaria o mal.
E Gaio acrescentou que essa saliva só poderia ser
encontrada na boca de Pereira.
O Rei
ficou muito feliz com a boa nova e, então, chamou o Pereira que, pelas quatro
horas seguintes, deu largas ao seu desejo insaciável, beijando à vontade os
suculentos e deliciosos seios da Rainha.
Lambendo, mordendo, apertando e passando a mão, ele fez
finalmente o que sempre desejou.
Satisfeito, encontrou-se no dia seguinte com o advogado
Gaio.
Com o seu desejo plenamente realizado e a sua libido satisfeita, Pereira
recusou-se a pagar ao advogado Gaio.
Pereira sabia que, naturalmente, Gaio nunca poderia
contar o facto ao Rei, mas Pereira subestimou o advogado.
No dia seguinte, Gaio colocou o mesmo líqui do nas cuecas do Rei e… o Rei mandou chamar o Pereira!!!
Foi Deus quem lhe mandou, Capitão. |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 65
Prata e marfim, metal e osso, novamente o cigano e o árabe se empenharam com visível prazer na especulação e na pechincha.
O Capitão interrompeu a altercação e sem
mais aquela comprou o rebenque por um preço que Fadul considerou caro.
Quase a seguir, as carroças dos ciganos
se movimentaram, puseram-se a caminho no rumo do pontilhão.
2
-
E o que é que o compadre vai fazer com isso? Vender? Dar de presente? - desejou saber o
capitão Natário da Fonseca admirando o relicário pousado nas dobras do papel
pardo que Fadul abrira em cima do balcão.
O bodegueiro riu seu grosso riso
satisfeito enquanto servia a aguardente de uma garrafa reservada:
-
Custou um bocado de dinheiro, mas vale muito mais. Isso eu conheço. Onde o
filho da mãe ia me passar para trás, me levar no beiço, era no preço do burro,
não fosse vosmicê.
Foi Deus quem lhe mandou, Capitão.
Pela porta olhou para a outra margem, as
carroças já haviam desaparecido na distância:
-
Bem que a Bíblia diz: quem com ferro fere com ferro será ferido. Tá tudo
escrito na Bíblia, Capitão. O cigano qui s
roubar, saiu roubado.
-
Vale tanto assim?
-
Posso vender por muito mais do que paguei, em Ilhéus ou em Itabuna. É só
oferecer no cabaré, não há de faltar um coronel que queira comprar. Balançou a
cabeçorra: - Dar de presente?
Não tenho noiva nem mulher e mesmo que
tivesse não sou milionário para dar um presente desse
preço. Foi um bom negócio.
O Capitão é que pagou demais pelo
chicote, se precipitou. Se fizesse corpo mole, o cigano deixava mais barato.
-
Possa ser, mas me falta paciência pra negociar. Comprei pra dar de presente,
compadre, e ainda por cima a um varão.
-
Já sei. Comprou pra oferecer ao doutorzinho, não foi?
Chamar de doutorzinho tamanho homem
podia até parecer brincadeira de mau gosto, desrespeito, mas Natário o
conhecera menino e Fadul o vira rapazola.
A
notícia do regresso de Venturinha, após prolongadas férias no Rio de Janeiro,
dominava as conversas nos bares de Itabuna e de Ilhéus, nas estações da Estrada
de Ferro, em Água Preta, Sequeiro de Espinho e Taquaras, nos povoados e
lugarejos, nas casas-grandes das fazendas.
-
Venturinha vai ter de penar de cá pra lá, de lá pra cá, engolindo poeira,
comendo lama: o Coronel está querendo que, além de advogar, ele se ocupe com a
Atalaia. Já comprou um burro de sela e uma égua campolino, até ajudei a
escolher.
Sérgio Sousa Pinto |
A Seita dos 30%
Conhecendo António Costa era de prever que os novos órgãos do Partido, mesmo depois da sua vitória esmagadora da ordem dos 70% sobre António José Seguro, iriam incluir 30% dos vencidos negociados com Álvaro Beleza seu representante.
A bem da pacificação e da união do Partido é a explicação
lógica.
Mas deveria ou teria de ser assim? Não estaremos, desta
forma, a alimentar a criação de seitas ou facções dentro do próprio partido? A
vitória de Costa não terá sido suficientemente esclarecedora para pôr um ponto
final na existência destes dois campos? Não seria preferível partir agora do
zero?
As facções internas dentro do partido socialista existirão
sempre porque ele é um partido democrático onde há liberdade e confronto de ideias e militantes capazes de arregimentar à sua volta
grupos de outros colegas constituindo correntes ou como lhe qui sermos chamar.
Mas para quê, agora, a seita dos 30%? Eu temia que no
caso de uma vitória escassa de António Costa, abaixo de 10%, a ementa fosse
pior do que o soneto e a vida interna do PS ficasse ainda mais dividida e
complicada, mas felizmente tudo acabou nesse dia quando Seguro, muito galhardamente, pegou no casaco, na mão da mulher e da filha, se meteu no seu carro e deixou o
Largo do Rato para António Costa.
Para quê, então, ressuscitar agora 30% de Seguro quando
o partido é o mesmo e Costa o seu chefe incontestável?
Por que é que os militantes de qualidade que até aqui eram adeptos de Seguro têm que continuar ”agarrados”
a ele para exercerem funções de responsabilidade no partido para as quais,
eventualmente são os melhores?
Costa ganhou rotundamente, desde os 14 anos no partido,
melhor que ninguém conhece os seus camaradas, porque não é ele livre de fazer
as suas escolhas sem ter que se subordinar a percentagens de algo que já ficou
para trás e ceder a outro, em parte, neste caso Álvaro Beleza, uma decisão que só a ele devia caber?
Como diz Sérgio Sousa Pinto, hoje numa entrevista do
DN, “isto é prejudicial. Vão cristalizar em alguns sectores um espírito de
seita”. A consagração do sectarismo não é bom para o partido nem para a
democracia.
... Mas, isto digo eu que tento raciocinar na base dos “dois
mais dois igual a quatro” quando a política tem meandros que escapam à matemática...
Quem nos diz que estes 30% não facilitam agora a união e pacificação do Partido
e daqui por uns tempos, com as vagas
alterosas que aí vêm, já ninguém lembra os 30% e o Seguro?
O Costa lá sabe...