Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, novembro 15, 2014
Mete medo, não mete? É para isso que ele existe. |
O vale de Gehenna rodeava a cidade de Jerusalém por oeste. Era aqui que
se ofereciam sacrifícios humanos ao deus pagão Moloc fazendo com que os profetas
maldissessem este vale.
Uns 2.000 anos A.C. era crença popular que ali estaria situado um inferno de fogo para os condenados pelas suas más acções e, por ser um lugar desacreditado e maldito, este vale foi destinado a um braseiro público dos lixos da cidade de Jerusalém.
Durante séculos, o povo de Israel não acreditava em nenhum inferno. Em vez dele, acreditava que quando a vida terminava no mundo visível, os mortos desciam ao “sheol”, que era um lugar situado nas profundezas da terra ou debaixo das águas, onde maus e bons se misturavam e desfaziam sem que estivessem sujeitos a prazeres ou a dores… simplesmente desfaziam-se.
Este “sheol” é mencionado 65 vezes no Antigo Testamento como um lugar triste onde não havia esperança de mudança. Os babilónicos também acreditavam num lugar parecido e até mesmo o livro do Apocalipse o refere.
O dogma do inferno deve-se mais a crenças de alguns povos da antiguidade e suas filosofias do que a textos bíblicos.
O fogo de Gehenna que aparece muitas vezes citado por Jesus foi sempre traduzido, e mal, por “fogo do inferno”.
Uns 2.000 anos A.C. era crença popular que ali estaria situado um inferno de fogo para os condenados pelas suas más acções e, por ser um lugar desacreditado e maldito, este vale foi destinado a um braseiro público dos lixos da cidade de Jerusalém.
Durante séculos, o povo de Israel não acreditava em nenhum inferno. Em vez dele, acreditava que quando a vida terminava no mundo visível, os mortos desciam ao “sheol”, que era um lugar situado nas profundezas da terra ou debaixo das águas, onde maus e bons se misturavam e desfaziam sem que estivessem sujeitos a prazeres ou a dores… simplesmente desfaziam-se.
Este “sheol” é mencionado 65 vezes no Antigo Testamento como um lugar triste onde não havia esperança de mudança. Os babilónicos também acreditavam num lugar parecido e até mesmo o livro do Apocalipse o refere.
O dogma do inferno deve-se mais a crenças de alguns povos da antiguidade e suas filosofias do que a textos bíblicos.
O fogo de Gehenna que aparece muitas vezes citado por Jesus foi sempre traduzido, e mal, por “fogo do inferno”.
Ao longo da
Idade Média, a crença no inferno como um lugar de fogo real era geral entre os
teólogos católicos. Em 1123, no Concílio de Latrão, a crença no inferno foi
imposta como um dogma da fé, advertindo o Concílio que quem o negasse seria réu
de prisão, tortura e até de morte.
No Século XIII, Tomás de Aqui no, opôs-se mesmo aos primeiros padres da Igreja
que atribuíam ao fogo do inferno um sentido metafórico e afirmou como uma
certeza Teológica que o fogo era real.
Mais recentemente, o Vaticano falou sobre esse “fogo” advertindo que ele não deveria ser entendido como um fogo real, que queimasse… flexibilidade doutrinal?...
Vejamos o que disse o Cardeal Ratzinger, hoje Papa rezignado, quando em 1979, na qualidade de Presidente da Congregação para a Doutrina e Fé, escrevia:
- “… ainda que a palavra “fogo” seja apenas uma “imagem” ela deve ser tratada com todo o “respeito”.
Que queria dizer, aquele que viria a ser Papa, quando utilizou a palavra “respeito”? – Com muita probabilidade seria sinónimo de “medo”.
Mais recentemente, o Vaticano falou sobre esse “fogo” advertindo que ele não deveria ser entendido como um fogo real, que queimasse… flexibilidade doutrinal?...
Vejamos o que disse o Cardeal Ratzinger, hoje Papa rezignado, quando em 1979, na qualidade de Presidente da Congregação para a Doutrina e Fé, escrevia:
- “… ainda que a palavra “fogo” seja apenas uma “imagem” ela deve ser tratada com todo o “respeito”.
Que queria dizer, aquele que viria a ser Papa, quando utilizou a palavra “respeito”? – Com muita probabilidade seria sinónimo de “medo”.
E não é descabido pensar isso quando, ao longo
da história da Teologia, as “chamas do inferno”, suas “caldeiras fervendo” e os
seus “fogos crematórios” estiveram sempre presentes em prédicas e catequeses
fazendo sofrer desnecessária e inexplicavelmente gerações e gerações de
crianças e adultos dando, com isso, uma imagem horrível de Deus e totalmente
deformada do que Jesus qui s ensinar.
Em Março de 2007,Bento XVI,
preocupado pelo relativismo de uma certa “modernização doutrinal” qui s de novo acentuar a crença no inferno:
- “Jesus veio ao mundo para nos dizer
que queria a todos no Paraíso e que o Inferno, de que pouco se fala no nosso
tempo, existe e é eterno para os que fecham o coração ao seu amor”…
A ideia de um céu e de um inferno – incluindo
o purgatório e até o limbo (para onde vão as crianças que morrem sem serem
baptizadas) - são lugares concretos com uma tradição arreigadíssima na Teologia
Cristã mais tradicional.
Afinal, os verdadeiros “infernos” a que Jesus
baixou foram os calabouços da Torre Antónia de onde foi levado para ser
cruelmente torturado pela tropa romana antes de ser condenado à morte.
Estes “infernos” existiram no seu
tempo e continuam a existir hoje: campos de concentração, câmaras de gás,
prisões clandestinas e celas onde seres humanos são torturados e mortos
desaparecendo para sempre de seus familiares e amigos.
Nota - Como se percebe, a Igreja não desperdiça nenhuma oportunidade para utilizar instrumentos de terror que subjuguem os crentes. De resto, a Igreja de Roma nunca se impôs pelo amor mas sim pelo medo. É uma questão de estratégia. Ela considera que as amarras de medo são mais fortes do que as do amor, porque, no fundo, esta gente vive acossada, ela própria, pelo receio das suas convicções que ofendem a inteligência e o raciocínio.
Vivem sobre o terreno frágil e pantanoso de uma mentira sem consistência que faz deles, seres racionais, uma legião de alegres felizes na esperança irreal de uma protecção que nem sequer dá para pensar.
Jussaca apreciava o sexo masculino em geral... |
TOCAIOA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 99
Escapara a tempo graças ao bom Deus dos
maronitas que para socorrê-lo lançara mão mais uma vez dos bons ofícios de
Zezinha, arvorada à condição de anjo da guarda.
Dado
a enormidade do perigo, a rapariga não se contentara com aparecer-lhe em sonhos como o fizera
na ocasião de Aruza; viera em pessoa salvá-lo da desonra.
Zezinha sabia muito e contou com sobras
de detalhes as andanças da viúva antes e depois de enterrar o morto e
chorar-lhe os chifres. Dando nome aos bois, um ror de afortunados.
A diversos ele conhecia, fácil seria
comprovar a veracidade dos enredos se assim o desejasse, mas Fadul já não tinha
dúvidas a esclarecer.
Depois, no cabaré, Fuad Karan acrescentara
novos dados, referira circunstâncias curiosas, ampliara a lista dos galãs.
Cidadãos os mais diversos se atropelavam
na caudalosa crónica da cabocla. Ninguém poderia acusar Jussara de
preconceituosa em matéria de homem: desde que vestisse calça e levantasse o pau
merecia-lhe atenção e, ocorrendo circunstância propícia, levava-o para a cama.
Fuad Karan, erudito, resumira: Jussara
sofre de furor uterino, meu Fadul, não há jeito a dar. Fogo no rabo, confirmava
Zezinha, não há macho que apague.
Se os amores da moça Aruza e do bacharel
Epitácio do Nascimento dariam para compor narrativa de profundo sentimento e
alguma sacanagem conforme se escreveu, o romance dos derriços de Jussara
exigiria volume alentado, digno da pena de Bocácio, na opinião abalizada de
Fuad Karan, cujo vicio maior era a leitura, seguindo-se as mulheres e o jogo.
Livro chistoso e picante, de sentimentos
fáceis e sacanagem grossa, de enganos e desenganos ao qual não faltariam
contudo episódios emocionantes como a patética tentativa de suicido de Bebeto
Passos, estudante em férias.
Jussara apreciava o sexo masculino em
geral mas revelava preferência pelos jovens rapazolas, adorava adolescentes, não
dispensando junto a si em permanência, sempre à mão, um pajem bem escovado.
Kissimak! - rugiu Fadul recordando o serelepe,
Fuad solidarizou-se com a indignação, subscreveu o xingamento. No seu tempo - dele
Fuad, pois também navegara naquele mar de escolhos - o pajem era um molecão taludo
e atrevido, petulante caga-sebo.
Kissimak! Praguejaram juntos.
Jussara Ramos Rabat, personagem
secundário na história de
Tocaia Grande onde passa a cavalo e se
detém contadas horas - não cabe aqui
o relato de suas incontáveis aventuras: moça solteira, senhora casada, viúva em
busca de novo marido que se ocupasse da Casa Oriental e do jardim de cornos,
ai, pobre de mim!
Jussa Pobre-de-Mim; o furor uterino a
consumi-la, fogo no rabo a daná-la, pajem à disposição - por um triz não foi
dona Jussara Ramos Abdala.
sexta-feira, novembro 14, 2014
O império dos cornudos mansos |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 98
Desmoralizado, Fadul estava lá em baixo, no fundo de um poço, enterrado na merda, cabrão, arkut apontado a dedo.
Abanou a cabeçorra:
-
Não sabia que ela era assim, vivo no mato.
- Eu não devia me importar nem me meter,
não ganho nada com isso. Se fosse sabida me calava. Se tu casar com ela vai ser
um ricaço cheio de dinheiro, pode botar casa pra mim, me tirar da vida.
Fuad até me deu os parabéns, disse que tu vai
ficar podre de rico... - um soluço escapou do peito contra a vontade de
Zezinha:
-
... podre de rico, fedendo, foi o que ele disse, tu tá me ouvindo?
Uma pausa na tentativa de conter o
choro, a voz entrecortada:
-
Se tu casar com ela, nunca mais quero lhe ver. — Pôs-se a chorar.
Não mais tentou conter o pranto, segurar
os soluços no peito, aguentar firme: Zezinha do Butiá cobriu o rosto com as
mãos e deixou-se ir.
Enxergando o brilho das lágrimas na face da
rapariga, ouvindo-a soluçar por sua causa, indignada e triste por pensá-lo noivo
de Jussara, rico e chifrudo, Fadul recobrou o ânimo, liberto do despeito e do
vexame, reergueu-se, retirou-se intacto da raiva e da vergonha.
O bom Deus dos maronitas acudira a
tempo. A Fadul já pouco se lhe dava fosse Jussara viúva honesta ou fosse a mais
falada e fodida madama de Itabuna, não mais pensava em se casar com ela.
Importavam-lhe, isso sim e tão-somente,
as lágrimas de Zezinha, o choro incontrolado, a mágoa, o despeito, a tristeza
da coitada, sinais de bem-querer.
-
Quer dizer que era por isso que tu andava avexada? Não era doença nem morte de
parente?
-
Tu pensa que não tenho sentimento?
A noite caíra inteira, manto de negrume.
Na sala, Xandu acendeu um candeeiro.
8
Fiquei tentado, sim — confessou Fadul ao
narrar a Zezinha
do Butiá as peripécias da breve e maligna alucinação que quase o leva a
amarrar o seu destino ao de Jussara Ramos Rabat, Jussa Pobre-de-Mim, ganhando
ela marido e consideração, ganhando ele a mais bem provida loja de tecidos de
Itabuna e o império dos cornudos mansos: Fadul da Mansidão.
Trio Nordestino - Procurando Tu
Foi iniciado em 1957, quando se separaram de Luís Gonzaga. Em 1970 cantavam assim, procurando tu...
A ORIGEM DOS PORTUGUESES
Somos diferentes mas únicos. O nosso passado "fala por nós", o nosso comportamento tem muitas influencias que nos conferiram tiques que são só nossos. Um antropólogo, estudioso dos portugueses, identificava os emigrantes em Paris só pela forma de andar.
Que diria Fernando Pessoa... |
“Vou chumbar à Língua Portuguesa”
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Eu estou
farto. Farto até de dar erros, porque me põem na frente frases cheias deles,
excepto uma, para eu escolher a que está certa. Mesmo sem querer, às vezes
memorizo com os olhos o que está errado, por exemplo: haviam duas flores no
jardim. Ou: a gente vamos à rua. Puseram-me erros desses na frente tantas vezes
que já quase me parecem certos.
Deve ser por isso que os ministros também os
dizem na televisão. E também já não suporto respostas de cruzinhas, parece o
totoloto. Embora às vezes até se acerte ao calhas. Livros não se lê nenhum, só
nos dão notícias de jornais e reportagens, ou pedaços de novelas. Estou careca
de saber o que é o lead, parem de nos chatear.
Nascemos curiosos e
inteligentes, mas conseguem pôr-nos a detestar ler, detestar livros, detestar
tudo. As redacções também são sempre sobre temas chatos, com um certo formato e
um número certo de palavras. Só agora é que estou a escrever o que me apetece,
porque já sei que de qualquer maneira vou ter zero.
E pronto, que se lixe,
acabei a redacção - agora parece que se escreve redação meu pai diz que é um
disparate, e que o Brasil não tem culpa nenhuma, não nos quer impôr a sua norma
nem tem sentimentos de superioridade em relação a nós, só porque é grande e nós
somos pequenos.
A culpa é toda nossa, diz o meu pai, somos muito burros e
julgamos que se escrevermos ação e redação nos tornamos logo do tamanho do
Brasil, como se nos puséssemos em cima de sapatos altos.
Mas,
como os sapatos não são nossos nem nos servem, andamos por aí aos trambolhões,
a entortar os pés e a manquejar. E é bem feita, para não sermos burros. E agora
é mesmo o fim.
Vou deitar a gramática na retrete, e quando a setôra me
perguntar: Ó João, onde está a tua gramática? Respondo: Está nula e
subentendida na retrete, setôra, enfiei-a no predicativo do sujeito.
João
Abelhudo, 8º ano, setôra, sem ofensa para si, que até é simpática
Este
texto é da autoria de Teolinda Gersão. Escritora, Professora Catedrática
aposentada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Escreveu-o
depois de ajudar os netos a estudar Português.
NOTA - Eu recuso-me a escrever, como já perceberam, segundo a nova ortografia que mais me parece um atentado à minha língua portuguesa, que me ensinaram na escola e mais tarde no liceu pelo meu professor formado em Salamanca, na raiz do latim, de que o português descende.
O Menino da
Sua Mãe
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Que a morna brisa aquece,
De balas trespassado-
Duas, de lado a lado-,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! Que jovem era!
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
(agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino de sua mãe.»
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
A cigarreira breve.
Dera-lhe a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço… deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
“Que volte cedo, e bem!”
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto e apodrece
O menino da sua mãe
Fernando Pessoa
Em Minas Gerais:
Um fazendeiro ia indo a pé prá sua fazenda lá pros cafundó de Joaíma.
No caminho, comprou um balde, um galão de tinta, dois frangos e um ganso, todos os animais vivos.
Quando saiu da loja, parou e ficou matutando sobre como levar as compras para casa. Enquanto coçava a cabeça, apareceu uma mulher que lhe perguntou como chegar até a Fazenda Baluarte, nos encostos de Filisburgo.
- Cê coloca o galão de tinta dentro do barde, carrega o barde numa mão, o ganso na outra mão e um frango debaixo de cada braço.
- Muito obrigado! - disse o homem. É uma boa ideia.
A seguir, partiram os dois pela estrada. No caminho, ele disse :
- Vamos cortá caminho e pegá este ataio pelo mato, que vamo economiza muito tempo.
- Eu tô sozinha e não tenho como me defendê. Como vou sabê se quando a gente entrá no mato ocê não vai avançá em cima de mim e levantá minha saia e abusá de mim?
- Eu tô carregano um barde, um galão de tinta, dois frango e um ganso ... Como eu ia fazê isso cocê com tantas coisa nas mão
Se eu sortá o ganso e os frango, eles foge tudo!
Se eu sortá o ganso e os frango, eles foge tudo!
- Muito simples, uai: Cê coloca o ganso no chão, põe o barde invertido em cima dele, coloca o galão de tinta prá pesá em cima do barde!
- E os dois frango ?
- Eu siguro !
Notícia de 1ª página no jornal de hoje as suspeitas de corrupção de
altos funcionários do Estado, desta vez, a propósito da atribuição dos Vistos Golden.
Fenómenos de corrupção que se juntam a tantos outros, aqui , em Timor, em Espanha, no Brasil, todos eles
também notícia em Portugal, para já não falar nas surpreendentes e enormes
fortunas do petróleo nas mãos de elementos do governo e de generais angolanos.
Na origem o que é que temos?
- Pessoas investidas em funções de Estado, governo ou funcionários,
que aproveitam o poder inerente a essas funções para tirar partido pessoal
fazendo-se pagar por decisões que tomam ou não tomam e deviam tomar.
Há até quem pense que a corrupção é uma característica endémica, não
de um povo ou de uma região, mas do próprio homem, da sua instintiva ambição.
Sem dúvida, é uma questão cultural ligada à história e ao passado de
cada sociedade e por isso muito mais em evidência em determinadas zonas do que
em outras.
Confere-se poder a alguém e esse alguém começa a “ouvir vozes” que lhe
dizem: “ aproveita, não sejas parvo, olha como a tua vida podia melhorar...”
Os religiosos dirão que é o Diabo feito tentação. As pessoas sabem que
não o devem fazer mas não resistem a fazê-lo. É o Diabo o raio da tentação...
Sem dúvida que o Poder e a Corrupção estão ligadas e apenas uma forte
formação moral e cívica de braço dado com sistemas bem pensados de dissuasão podem
evitar o casamento entre um e outro.
O Poder, durante muitos séculos na Europa e na maior parte das
sociedades primitivas, tinha um carácter absolutista, era pessoal, pressupunha pôr
e dispor. Não fôra assim e não era poder, de tal forma que a própria corrupção
representa já um avanço, uma condenação sobre o que sempre tinha sido
considerado normal chegando-se ao ponto de a própria vida de uns estar à mercê
do poder discriminatório de outros.
- Quantos governos não começaram em África, após as descolonizações, com
todas as intenções de respeitarem a lei e os direitos dos outros e acabaram num
Poder absoluto e para toda a vida chamando a si as riquezas dos territórios
como se fossem suas?
O fenómeno da corrupção é anti-civilizacional, é uma marca do passado
e não é fácil de erradicar. Aqui latar
do avanço de uma sociedade consiste em medir o grau de corrupção no seu
interior.
quinta-feira, novembro 13, 2014
Questões
eclesiásticas alimentares...
Num banquete estava um padre católico sentado ao lado de um
rabi judeu.
O
rabi recusa, dizendo:
-
Muito obrigado, mas...não sabe que a minha religião não permite a carne de
porco?
-
Liiiiivra!!! Que religião esqui sita!
Comer leitão é uma delííícia! Comenta o padre com ironia.
À
hora da despedida, o rabi chega e diz ao padre:
-
As minhas recomendações à sua esposa!
E
disse o padre, horrorizado:
- Minha esposa? Não sabe
que a minha religião não permite casamento de sacerdotes?
- Liiiiivra! Que religião esqui sita! Comer mulher é uma delííícia!....mas se
você prefere leitão!...
Será que também vou deixar crescer a barba? |
Não Mais Seres
Humanos,
Mas Melhores Cérebros Humanos
No número da
Primavera de 2007 da Revista Quorum, da Universidade de Alcalá, em Madrid, o
físico espanhol Antonio Ruiz de Elvira reflecte sobre a questão mais importante
do nosso tempo, as alterações climáticas, relacionando as suas preocupações com
os dois mandatos divinos do Genesis: crescer e multiplicar, dominar a terra e
tudo o que há nela.
Diz o cientista:
- “É necessário
combater as alterações climáticas e ao mesmo tempo é extremamente útil lançar
determinados países e a humanidade no seu todo na direcção do desenvolvimento
real. É nosso dever, e será um prazer fazê-lo. As alterações climáticas
resultam da queima selvagem do carvão e petróleo pela sociedade humana.
Como
todos os animais, os seres humanos precisam de energia para viver e ao
encontrar estes dois combustíveis avançaram quase descontroladamente por um
caminho sem regresso.
Ao dispor de uma energia que encontrámos sem esforço,
temos dado rédea livre ao crescimento populacional e à destruição acelerada do
meio ambiente de que precisamos para viver. Ao encontrar essa energia
deveríamos ter sabido usá-la de forma controlada mas a cultura dominante
forçou-nos ao seu uso descontrolado.
O que dá origem a
uma cultura? Richard Dawkins utilizou o termo "mem" como o equi valente social ao gene biológico. A escolha de um
determinado número de alternativas em vez de outras, dá lugar a uma forma de
progresso social. Durante um longo período em que nenhum ser humano tinha uma
energia diferente da que deriva directamente da fotossíntese ou indirectamente
do metabolismo fotossintético de vegetação, a possibilidade de extrair energia
útil resultava do número de animais e pessoas, em que estas funcionavam como
ferramentas ou como soldados para o roubo sistemático da energia.
Em ambos os casos
foi útil e culturalmente valioso o crescimento da população e desenvolveu um
“meme” que foi codificado na Bíblia, um daqueles livros que alguns dos
habitantes do mundo consideraram de sagrado por um prazo de obrigatório
cumprimento, pois se aceitava como exógeno ao sistema social: “ Crescei,
multiplicai-vos e enchei a terra".
Este “meme” cultural
gerou, ao existir uma disponibilidade crescente de energia, uma superlotação
totalmente desnecessária. Ao mesmo tempo, ele desenvolveu outro “meme”
cultural: a ânsia de posse sobre as necessidades básicas.
Posto que para garantir
a sobrevivência dos indivíduos e famílias era necessário ter outras pessoas
como ferramentas, a posse dessa e de outras riquezas equi valentes
tornou-se mais um “meme” cultural adicional.
Novamente, a
disponibilidade de energia tem levado ao desenvolvimento de uma ideia de
consumo e ao acelerar do ritmo de vida totalmente desnecessário, que permanece
e se propaga à população mundial.
Para satisfazer estes dois “memes” culturais,
procura-se mais energia, fácil e rápida mas mais poluente em vez de orientar
esses esforços noutras direcções: a redução da população e o uso de outras
energias limpas.
A sobrevivência
humana depende hoje de considerações diferentes das que se colocavam há
milhares de anos. Em vez de necessitarmos de seres humanos como mão-de-obra
necessitamos dos cérebros desses humanos com ideias criadoras.
Em vez da
riqueza derivada de uma energia imediata, precisamos de energia sofisticada em
formas cada vez mais tecnológicas.
A sobrevivência de
cada um depende agora da sobrevivência de toda a sociedade, da nossa capacidade
de combater as alterações climáticas.
(O dióxido de carbono
que libertamos para a atmosfera é absorvido pelos oceanos e lentamente
acidifica-se. Em 2100 ainda haverá ostras, mexilhões e recifes de coral?)
NOTA
Um meme, termo criado em 1976 por Richard Dawkins no seu bestseller O Gene Egoísta, é para a memória o análogo do gene na genética, a sua unidade mínima. É considerado como uma unidade de informação que se multiplica de cérebro em cérebro ou entre locais onde a informação é armazenada (como livros). No que diz respeito à sua funcionalidade, o meme é considerado uma unidade de evolução cultural que pode de alguma forma autopropagar-se. Os memes podem ser ideias ou partes de ideias, línguas, sons, desenhos, capacidades, valores estéticos e morais, ou qualquer outra coisa que possa ser aprendida facilmente e transmitida como unidade autônoma. O estudo dos modelos evolutivos da transferência de informação é conhecido como memética.
Já repararam como se espalhou em tão pouco tempo o uso da barba nos europeus apesar de tal adorno ser distintivo dos terroristas islamitas? É um exemplo de um meme.