Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, agosto 16, 2014
IMAGEM
Deixem - me recuar 60 anos da minha vida e sentar-me na cadeira ao lado do oleiro da aldeia dos meus avós a vê-lo trabalhar. Mãos mágicas, sujas do barro que ele moldava com a ajuda de uma de uma pequena cana afiada de lado. E eu ali ficava vendo crescer as peças saídas das suas mãos a ganharem forma e tamanho...
A DESCULPA
Um tipo do norte comprou um Mercedes e estava a dar uma volta numa estrada nacional à noite.
A capota estava recolhida, a brisa soprava levemente pelo seu cabelo e ele decidiu puxar um bocado pelo carro.
Assim que a agulha chegou aos 130 km , ele de repente reparou nas luzes azuis por trás dele.
- "De maneira alguma conseguem acompanhar um Mercedes" - pensou ele para consigo mesmo, e acelerou ainda mais.
A agulha bateu os 150, 170, 180 e, finalmente, os 200 km/h , sempre com as luzes atrás dele.
Entretanto teve um momento de lucidez e pensou:
'Mas que raio é que eu estou a fazer?!' e logo de seguida encostou.
O polícia chegou ao pé dele, pediu-lhe a carta de condução e sem dizer uma palavra e examinou o carro e disse:
- Eu tive um turno bastante longo e esta é a minha última paragem. Não estou com vontade de tratar de mais papeladas, por isso, se me der uma desculpa pela forma como conduziu que eu ainda não tenha ouvido, deixo-o ir!
- Na semana passada a minha mulher fugiu de casa com um polícia - disse o homem - e eu estava com medo que a qui sesse devolver!
Diz o polícia: - Tenha uma boa noite!
A Bíblia está cheia de alusões ao Diabo e da variedade de nomes com que ele é designado. Como todos os seus conterrâneos, Jesus falou sobre o diabo e acreditou na sua existência mas essa crença não foi, nem de perto nem de longe, o centro da sua mensagem resultando, antes, num “elemento de contraste” para a boa notícia que pregava e que essa, sim, era o essencial da sua mensagem: a existência de um Deus bom no qual se pode ter uma confiança ilimitada e na superação do medo como caminho de “salvação”.
Todos os povos acreditaram e continuam acreditar na existência do Diabo. No cristianismo o diabo foi imposto no Concílio de Letrão em 1215. É uma crença que a igreja católica e as protestantes mantêm até aos dias de hoje.
Em 1974 o Papa Paulo VI afirmou: “ O demónio existe não só como símbolo do mal mas como realidade física”.
No ano seguinte, e perante correntes teológicas que punham esta crença no domínio do simbólico, o Papa Paulo VI afirmava: “quem se negar a reconhecer a sua existência e quem o explica como uma pseudo-realidade, uma personificação conceptual e fantástica das causas desconhecidas das nossas desgraças, coloca-se fora do quadro do ensino bíblico e eclesiástico”.
Outra Teologia: O Diabo é um Mito
Outra Teologia: O Diabo é um Mito
– São mesmo os teólogos católicos que questionam com uma sólida argumentação a existência do Diabo. Entre eles, destaca-se o sacerdote católico e professor universitário alemão, Herbert Hagg, especialista no Antigo Testamento e que procura “construir pontes entre a mensagem bíblica e a gente de hoje”.
Ele é autor de um livro fundamental sobre este tema “O Diabo, Sua Existência como Problema” (editorial Herder, 1978) no qual reduziu a mito o relato do “Anjo Caído” e promove uma visão teológica numa outra perspectiva mais construtiva e transformadora.
Herbert Hagg documenta no seu livro os terríveis resultados históricos que a “fé no diabo” provocou ao longo da história da humanidade e em especial ao longo da história do cristianismo.
O Papa Francisco afirmou que o demónio não é uma fábula; ele existe, e os cristãos não devem ser ingénuos diante de suas estratégias.
Não vale a pena esperar verdadeiras aberturas naquilo que são os pilares da doutrina católica de Roma. Não é o diabo que verdadeiramente interessa à Igreja: é o medo, esse sim é que interessa.
Manter os fieis amedrontados com o inferno e o diabo são estratégias que perturbam as mentes mas servem os desígnios de obediência ao culto e às autoridades que superintendem a esse culto em toda a hierarquia desde o simples padre da aldeia até ao papa de Roma.
A ameaça e o medo foram sempre armas eficazes para qualquer poder seja ele político ou religioso.
Herbert Hagg documenta no seu livro os terríveis resultados históricos que a “fé no diabo” provocou ao longo da história da humanidade e em especial ao longo da história do cristianismo.
O Papa Francisco afirmou que o demónio não é uma fábula; ele existe, e os cristãos não devem ser ingénuos diante de suas estratégias.
Não vale a pena esperar verdadeiras aberturas naquilo que são os pilares da doutrina católica de Roma. Não é o diabo que verdadeiramente interessa à Igreja: é o medo, esse sim é que interessa.
Manter os fieis amedrontados com o inferno e o diabo são estratégias que perturbam as mentes mas servem os desígnios de obediência ao culto e às autoridades que superintendem a esse culto em toda a hierarquia desde o simples padre da aldeia até ao papa de Roma.
A ameaça e o medo foram sempre armas eficazes para qualquer poder seja ele político ou religioso.
Desisto, não apresento mais nenhuma proposta.... |
De Mentira
em Mentira
De Ameaça
em Ameaça
Assim continua a política no nosso país. Quando o governo de de Sócrates se preparava para a maioria absoluta em 2005 e o futuro 1º Ministro se deslocou a Santarém para um comício eleitoral fui até lá para o ouvir.
Esperava eu, ingenuamente, que ele fosse referir-se à necessidade de arregaçarmos as mangas para trabalhar mais e melhor, de forma mais eficiente e conter-mo-nos nos gastos porque se a produção da riqueza não se consegue facilmente de um dia para o outro já a redução das despesas se podem fazer mais rapidamente.
Mas a minha expectativa saiu
completamente lograda pois tudo quanto ouvi foram palavras cor-de-rosa,
promessas de um futuro melhor, sem um apelo à nossa capacidade de sacrifício, ao esforço e ao rigor. Ao contrário, a riqueza iria
aumentar, não haveria necessidade de subir impostos ou fazer despedimentos na
Função Pública.
Estas palavras de esperança são animadoras e bem vindas em épocas de crise, mas Pedro Passos Coelho, no seu discurso de ontem no Pontal, fez um discurso contraditório, de alguém que está mal disposto, ressabiado com os juízes do Palácio Raton, que em vez de prometer ameaça veladamente, impotente para reduzir ainda mais as reformas aos antigos funcionários públicos como ele tanto desejaria e não houvesse mais nada no país para fazer.
Acusa os velhos de não serem solidários nos sacrifícios com os mais novos esquecendo-se que são eles, os velhos, reformados, os avós, que com as suas pensões, privando-se ao máximo de tudo, sustentam filhos e netos desempregados funcionando como uma almofada social que o Estado não consegue fornecer.
Por isto, as palavras de Passos Coelho são injustas e ofensivas. As pensões nas mãos dos reformados ajudam muito mais a sociedade do que nas mãos da Ministra das Finanças para desaparecerem na voragem dos Orçamentos.
Vencido mas não convencido afirma que não irá fazer mais nenhuma proposta para mexer nas pensões, desiste,aguarda pelo PS, por uma questão de respeito para com os reformados e pensionistas... que agradecem que ele esteja quieto, que não se lembre deles e procure o dinheiro onde não seja tão fácil encontrá-lo.
Esta falta de sensibilidade em momentos de sérias dificuldades para a maioria da população, como estes que estamos a viver, revelam Passos Coelho como pessoa inadequada para governar o país. Por isso, no intervalo das suas tiradas oratórias, não se ouviu um aplauso, um apoiado, apenas caras fechadas ao contrário do que era normal em discursos para o partido feitos pelo respectivo líder.
A Democracia é um regime Político
exigente e de responsabilidade para todos. Implica cultura cívica e um razoável
nível geral de informação e isto é impossível de atingir quando em Portugal o
nível de literacia dos nossos alunos em leitura, matemática e ciências é dos
mais baixos da OCDE, de acordo com um estudo relativamente recente de uma
Agência Internacional, É o bê-á-bá e pouco mais.
Se não entendermos o que
lemos, não percebermos o que ouvimos e não compreendermos o que se passa à nossa
volta, no nosso país, no mundo, não conseguiremos integrar-mo-nos num processo
de produção que não ditamos mas que temos de acompanhar para não ficarmos à
margem, excluídos.
E sendo assim, os nossos
políticos vão ter que continuar a mentir e a ofenderem-nos com as suas verdades como é o caso de Passos Coelho.
Passámos definitivamente
aquela fase em que o poder se alcançava pelo recurso à violência e se mantinha
com a ajuda das forças militares ou militarizadas, da censura e privação das
liberdades, e isto constituiu um enorme avanço das nossas sociedades mas ainda não
conseguimos dispensar a mentira, as verdades enviesadas e as subtilezas dos
discursos como estratégia de conquista e manutenção do poder.
Vai ter que passar ainda mais
tempo e investir em força numa educação que nos torne mais aptos para vivermos
num mundo cada vez mais exigente.
Un homme? O Barão desatou a rir. |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 29
Levava na bagagem vestidos chiques, uma batelada de remédios, aflitas recomendações maternas e a excitante informação de Madeleine.
A princípio tudo foi novidade e
animação, motivo de festa e de riso, mas a monotonia não tardou a prevalecer.
Cansada dos bailes provincianos nos
quais, por causa da elegância e dos costumes europeus, provocava inveja e conqui stava aversões entre o mulherio atrasado e
maledicente, cansada sobretudo da presunção e da tolice do Senhor de Itauaçu,
tão cheio de si quanto vazio de interesse, para conter os bocejos e suportar o desterro,
Marie-Claude dedicou-se à equi tação
e à fodilhança.
Ginete petulante, sozinha ou acompanhada pelo
Barão, cruzava os campos nos cavalos de raça, os mais árdegos do Recôncavo.
Consorte atenta, comprovou na prática
que, iguais aos
tenentes-coronéis, todos os barões
nascem com irremissível vocação para corno manso: impossível impedir que a
realizem.
Em sendo assim, uma esposa devotada deve estar
apta a cumprir o seu dever, solidária com o destino do marido. Um dia, quando dissertavam,
sobre a pureza e a beleza das raças equi nas
e similares, andando pelos arredores do banguê, o Barão Adroaldo apontara um
negro adolescente, envolto em fagulhas, na oficina do ferreiro, chamando a
atenção de Madame la Baronne
para aquele magnífico espécime de animal de raça:
— Repare no torso, nas pernas, nos
bíceps, na cabeça, ma chère: um belo animal. Exemplar perfeito. Observe os
dentes.
Reparou, obediente e interessada.
Demorou os olhos molhados no exemplar perfeito, no belo animal. Observou os
dentes brancos, o sorriso vadio. Malheur! Uma faixa de pano escondia lhe a
primazia.
O Barão era deveras autoridade em raças,
herdara a competência do pai, perito na escolha e compra de cavalos e escravos.
Mas Marie-Claude aprendera com as
freiras do Sacré Coeur que os negros também têm alma, adqui rem-na
com o batismo.
Alma colonial, de segunda classe, mas
suficiente para distingui-los dos animais: a bondade de Deus é infinita,
explicava Sóror Dominique dissertando sobre o heroísmo dos missionários no
coração da África selvagem.
- Mais, pas du tout, mon ami, ce n’est pas un
animal. C’est
un homme, il possêde un’ãme immortelle
que te missionaire tal a donné avec le baptême.
Un homme? O Barão desatou a rir.
Quando o Senhor de Itauaçu ria em
francês, posando de aristocrata culto e irónico a se divertir com a tolice
humana, tornava-se intolerável por afectado e arrogante.
Um seu xará, Adroaldo Ribeiro da Costa,
bacharel e literato de Santo Amaro, ao ouvi-lo rinchavelhar massacrando sem
piedade a língua de Beaudelaire, mestre bem-amado, passara a designá-lo por
Monsieur le Franciú para gáudio dos ouvintes e pelas costas do Barão: o poeta.
Consorte atenta, comprovou na prática que, iguais aos tenentes-coronéis, todos os barões nascem com irremissível vocação para corno manso: impossível impedir que a realizem.
Consorte atenta, comprovou na prática que, iguais aos tenentes-coronéis, todos os barões nascem com irremissível vocação para corno manso: impossível impedir que a realizem.
sexta-feira, agosto 15, 2014
Demétrius - O ritmo da chuva
Já não é nenhum jovem, pois nasceu em 1942 mas em boa hora para nos conceder o prazer desta linda música.
Isto vai acabar numa imensa diarreia |
Nós, os portugas...
Nós portugueses somos um povo de gente
simpática, vai fazendo revoluções mas nunca evacuamos, o resultado a é que
ficamos sempre com a caca cá dentro, a cheirar mal e provocar a putrefacção do
país.
A última vez que fizemos uma revolução andámos armados em imbecis,
pusemos um deles à frente da junta, tapámos os canos das armas com cravos e o
resultado foi o que se viu, uns tempos de pois o Cavaco, um famoso político que
parece ter desaparecido, recusou a pensão a Salgueiro Maia para a dar a um
conhecido inspector da PIDE.
O Ricardo Salgado e familiares fizeram um
estágio no estrangeiro e regressaram a tempo de ficar com mais do que tinham e
acabar por dar cabo de tudo.
Os militares fizeram uma revolução sem diarreia e
agora só têm direito à última fila de uma cerimónia anual, enquanto uma imensa
classe política faz fila à porta dos gabinetes dos muitos Salgados oferecendo
os seus serviços a troco de gorjeta, umas vezes compatíveis com os seus
estatutos de deputados, outras nem tanto.
Ao fim de quarenta anos de democracia o país
está à beira de uma imensa diarreia pois está empazinado com tanta corrupção,
incompetência e oportunismo, está farto de fedelhos especialistas em truques de
propaganda política e na destruição de adversários, está enojado com uma
justiça que só condena nas primeiras páginas dos jornais.
Pediram-nos sacrifícios e enchem os ricos,
falam num melhor Estado e mais justo e o BdP trata da vidinha do filho do Durão
Barroso enquanto os nossos jovens são convidados a emigrar, o pais aproxima-se
de uma profunda crise mas ninguém para pensar, é o ver se te avias, o país afunda-se
e o poder desenrasca os seus como pode. Isto vai acabar numa imensa
diarreia.
Cruz Sensual |
As Religiões
e o Sexo
Há
religiões que aceitam o corpo, outras desprezam-no mas nenhuma o ignora. Para
além disso, todas têm tendência para controlarem as principais funções do
corpo: o alimento e a sexualidade. Esta última, por constituir um impulso tão
vital, ocupa um lugar primordial em todas as religiões.
Nas religiões ancestrais da
humanidade abundavam os ritos que exaltavam a fertilidade e o princípio
feminino como símbolo do divino e do sagrado. Com o avanço das religiões
patriarcais – que são todas as actuais religiões – as coisas mudaram.
O mito de Adão e Eva e do pecado
original – mito fundacional da cultura judaica-cristã – expressa já uma visão
profundamente patriarcal.
Este mito foi apresentado pelo
cristianismo, desde muito cedo, como a explicação para a origem de todos os
sofrimentos e males do mundo, como a prova de que nascemos maus e contaminados
pelo pecado, como a raiz da inferioridade do corpo face ao espírito, como base
para a descriminação das mulheres portadoras de um corpo que é tentação, risco e
veículo de pecado.
A mulher é a “porta do diabo” dizia Tertuliano. (Um dos mais
importantes escritores eclesiásticos da antiguidade, nascido por volta de 155
da era cristã e convertido ao cristianismo em 193. Violento, enérgico,
fanático, lutador empedernido, colocou todas estas características e a erudição
ao serviço da sua fé.)
Estas ideias, já presentes no
judaísmo mas alheias à mensagem de Jesus, encontraram eco na doutrina dos
padres da Igreja que tinham uma visão muito negativa da sexualidade, em especial
da feminina.
O sexo e a relação sexual deixaram de
ser expressão de um prazer sagrado, um veículo excelso da comunicação humana,
uma metáfora do amor de Deus, para se converter em algo sujo, negativo e
degradante. Por oposição, a abstinência sexual, a recusa do contacto com o
corpo das mulheres, era uma virtude sublime que aproximava a Deus e levava à
perfeição.
Todas as culturas exerceram, de uma
forma ou de outra, controle sobre a sexualidade, vista com admiração, como
mistério, mas também com temor: uma actividade cheia de contradições.
E Jesus, terá sido casado?
- Não se sabe se Jesus casou ou não, se era viúvo, quantas vezes se
enamorou e de quem, e se teve filhos mas é difícil imaginá-lo solteiro pois,
na cultura de Israel, um homem e uma mulher sós e sem descendência eram seres
estranhos.
Mas não o sabemos e jamais o saberemos. O que sabemos é que em
qualquer uma das hipóteses nada muda na sua mensagem. A quem escreveu os
Evangelhos o “estado civil” de Jesus terá parecido um detalhe não importante
relativamente à importância da sua mensagem e por isso nada aclararam nos seus
relatos.
Os negros, em matéria de cama, são absolutamente insuperáveis |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 28
Também a voz de Rufina se diluía em gozo
ao vê-lo na copa, todo verde-amarelo com toques vermelhos nas mangas bufantes, suspirava:
-
Tição Aceso, ai meu Tição! Corpo digno
do capricho de opulento senhor de engenho ou de cónego reverendo e magnânimo, pernas
nuas, ombros nus, seios túrgidos, cor de melaço, uma opulência,
entremostrando-se no decote da bata de algodão, não como descaro mas a medo.
Rabistel de popa de saveiro, navegava em
maré alta, pavoneando-se nas fuças de Castor, tição de fogo que lhe acendia
labaredas nas entranhas.
Castor sentia-se pouco à vontade na
libré de mucamo, de criado de servir, costurada sob as vistas de Madama que a
copiara de um livro de figuras. Preferia o trapo passado entre as pernas, amarrado
na cintura e o calor da forja na oficina do tio Cristóvão Abduim, seu único
parente.
A
Baronesa o retirara da bigorna para transformar o aprendiz de ferrador em
pajem, em palafreneiro, em favorito: servo não tem vontade nem alvitre.
Ainda assim, apesar da veste burlesca e da
condição doméstica de serviçal, Castor mantinha o porte altivo, o riso perene e
contagiante.
Inconsequente juventude, tição aceso ou
prince noir, fazia Rufina perder a cabeça, disposta a
enfrentar as piores consequências, levava Madama ao frenesi.
2
Da incomparável qualidade dos negros no
exercício de la bagatelle, Marie-Claude soubera por Madeleine Camus, née
Burnet, contemporânea de colégio, sua ainée.
No Sacré-Coeur, pulcras e
frascárias alunas das freiras, amies intimes, trocavam informações, projectos e
sonhos, conversavam religião e putaria, ansiosas à espera do dia da libertação.
Ao regressar de Guadalupe onde o marido,
tenente-coronel de artilharia, comandara a guarnição, Madeleine fizera duas
declarações peremptórias:
a) todos os tenentes-coronéis nascem com irrevogável
vocação para corno manso, nem a mais pateta das esposas pode impedir que
cumpram seu destino;
b) os negros, em matéria de cama, são
absolutamente insuperáveis. Não havia melhor prova da primeira afirmativa do
que o próprio esposo de Madeleine:
-
fora ele quem trouxera para casa, na qualidade de ordenança, o negro Dodum, exactamente
a melhor prova, a mais esplêndida, da segunda revelação.
Proclamada baronesa e senhora de engenho
devido ao feliz matrimónio com nobre mais ou menos
colonial, mais ou menos mestiço e riquíssimo — em relação à fortuna não havia
mais ou menos e, sim, mais e mais - Marie-Claude viajou para os trópicos distantes
e misteriosos onde estava situado seu reino doce e verde de cana-de-açúcar e
servos negros.
quinta-feira, agosto 14, 2014
No tempo em que os reis mandavam, numa noite escura, à
entrada de Dezembro, o rei veio à varanda do seu iluminado palácio e reparou que
a cidade estava escura como breu.
Chamou
o seu primeiro-ministro e ordenou-lhe: - Antes do natal quero ver a cidade toda
iluminada. Toma lá umas cem onças de ouro e trata já de resolver o
problema.
O primeiro-ministro chamou
o presidente da câmara e ordenou-lhe: - O nosso rei quer a cidade toda iluminada
ainda antes do natal. Toma lá 50 onças de ouro e trata imediatamente de resolver
o problema.
O presidente da câmara
chama o chefe da polícia e diz-lhe: - O nosso rei ordenou que puséssemos a
cidade toda iluminada para o natal. Toma lá 20 onças de ouro e trata
imediatamente de resolver o problema.
O chefe da polícia emite um edital a dizer: “Por ordem
do rei em todas as ruas e em todas as casas deve imediatamente ser colocada
iluminação de natal. Quem não cumprir esta ordem será
enforcado”.
Uns dias depois o rei
veio à varanda e, ao ver a cidade profusamente iluminada,
exclamou:
- Que lindo! Abençoado
dinheiro que gastei. Valeu a pena.
Nota - Isto era no tempo em que os reis tinham dinheiro mas, tal como hoje, também não chegava ao povo e ele tinha que fazer milagres... sem ser santo.
Em Jesus não há grego nem judeu, nem servo nem livre... |
Um Relato
Muito
Escandaloso
Eu sou, tal como Richard Dawkins, ateu militante, um dos maiores intelectuais vivo, um admirador de Jesus da Nazaré, um homem 2.000 anos avançado ao seu tempo pelas suas concepções da sociedade de então e de uma coragem e coerência que o tiraram da vida de uma forma violenta e precoce.
Às vezes confundiu e comprometeu os seus oficiais divulgadores como neste caso, na história da adúltera.
A História da Adúltera
– O relato de Jesus e da adúltera só aparece em um dos quatro evangelhos, o de João e, mesmo neste, não em todos os manuscritos que contêm este Evangelho.
Alguns especialistas nesta matéria explicam esta supressão nos restantes Evangelhos porque a posição de Jesus perante a “pecadora”, a sua flexibilidade, o seu desafio à lei religiosa que ordenava o apedrejamento, foi considerada excessiva e até escandalosa para as primeiras comunidades judaico-cristãs, educadas numa cultura discriminadora das mulheres.
Em Cristo, Não Há Homem Nem Mulher
- A violência contra as mulheres tem as suas raízes mais profundas nas religiões patriarcais e o Judaísmo do tempo de Jesus era totalmente patriarcal. Por isso, a atitude de Jesus para com as mulheres resultaram num escândalo. Não esqueçamos que, etimologicamente, a palavra “escândalo” significa a “pedra em que se tropeça”.
No entanto, apesar dos tropeços e dos ensinamentos de Jesus baseados na igualdade entre os seres humanos e, portanto, entre homens e mulheres, essas desigualdades não puderam ser totalmente suprimidas.
Lembremo-nos que a força da tradição judaica era muito forte neste capítulo. Diariamente eles rezavam a seguinte oração: “Bendito sejas, Senhor, por me teres feito judeu e não gentio, por me teres feito livre e não escravo, por me fazeres homem e não mulher”
Mas Paulo, embora de formação judaica tradicional, proferiu a seguinte frase, dentro da linha de pensamento de Jesus e que, igualmente, provocou impacto naquele meio e naquele tempo: “Em Cristo não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há homem nem mulher, porque todos são iguais em Jesus Cristo” (Gálatas 3,26-28).
No entanto, apesar dos tropeços e dos ensinamentos de Jesus baseados na igualdade entre os seres humanos e, portanto, entre homens e mulheres, essas desigualdades não puderam ser totalmente suprimidas.
Lembremo-nos que a força da tradição judaica era muito forte neste capítulo. Diariamente eles rezavam a seguinte oração: “Bendito sejas, Senhor, por me teres feito judeu e não gentio, por me teres feito livre e não escravo, por me fazeres homem e não mulher”
Mas Paulo, embora de formação judaica tradicional, proferiu a seguinte frase, dentro da linha de pensamento de Jesus e que, igualmente, provocou impacto naquele meio e naquele tempo: “Em Cristo não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há homem nem mulher, porque todos são iguais em Jesus Cristo” (Gálatas 3,26-28).
A Lapidação: Uma Tortura
- A lapidação ou apedrejamento é um método de execução muito antigo e constitui uma tortura porque é uma forma de morte lenta, as pedras deveriam ser pequenas, e cheia de sofrimento. O executado é amarrado e enterrado até à cintura para que não possa fugir.
O progressivo avanço da humanidade no que aos direitos humanos diz respeito, fizeram desaparecer das legislações esta tortura cruel. Na Sharia, Direito Islâmico, existem delitos sexuais, como o adultério das mulheres, que ainda hoje se castigam com a lapidação das mulheres como no tempo de Jesus. Segundo a Amnistia Internacional conhecem-se casos na Nigéria (2006) e outros no Afeganistão, no Irão, e Iraque. Leiam, a propósito deste tema, a obra da escritora marroquina Fátima Mernisi “O Harém no Ocidente”.
Actualmente, o cristianismo continua a descriminar as mulheres. Para se perceber essa descriminação na Igreja Católica, o Papa Bento XVI, em 2004, então Cardeal Ratzinger, na qualidade de Perfeito da Doutrina e da Fé, sob o pertencioso título “Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na igreja e no mundo” dizia o seguinte referindo-se à mulher:
- “É ela que, nas situações mais desesperadas, possui uma capacidade única para resistir às adversidades de tornar a vida, todavia, possível, incluindo em situações extremas, conservando um tenaz sentido do futuro e, por último, de recordar com lágrimas o preço de dar a vida humana.”
Como se vê, nem uma palavra ou uma linha de reflexão ou condenação à violência contra as mulheres, um tema que é hoje objecto de preocupação, debate, investigação e acção em todo o mundo. Em vez disso, o actual Papa ressalta o papel da mulher na sociedade actual como suporte do sofrimento à custa da sua própria vida e de aguentar sem desesperar… ou seja, as mulheres devem continuar a suportar em silêncio a violência contra elas. Em vez de denunciar, devem aguentar, em vez de libertarem-se, devem ter paciência.
O progressivo avanço da humanidade no que aos direitos humanos diz respeito, fizeram desaparecer das legislações esta tortura cruel. Na Sharia, Direito Islâmico, existem delitos sexuais, como o adultério das mulheres, que ainda hoje se castigam com a lapidação das mulheres como no tempo de Jesus. Segundo a Amnistia Internacional conhecem-se casos na Nigéria (2006) e outros no Afeganistão, no Irão, e Iraque. Leiam, a propósito deste tema, a obra da escritora marroquina Fátima Mernisi “O Harém no Ocidente”.
Actualmente, o cristianismo continua a descriminar as mulheres. Para se perceber essa descriminação na Igreja Católica, o Papa Bento XVI, em 2004, então Cardeal Ratzinger, na qualidade de Perfeito da Doutrina e da Fé, sob o pertencioso título “Carta aos Bispos da Igreja Católica sobre a colaboração do homem e da mulher na igreja e no mundo” dizia o seguinte referindo-se à mulher:
- “É ela que, nas situações mais desesperadas, possui uma capacidade única para resistir às adversidades de tornar a vida, todavia, possível, incluindo em situações extremas, conservando um tenaz sentido do futuro e, por último, de recordar com lágrimas o preço de dar a vida humana.”
Como se vê, nem uma palavra ou uma linha de reflexão ou condenação à violência contra as mulheres, um tema que é hoje objecto de preocupação, debate, investigação e acção em todo o mundo. Em vez disso, o actual Papa ressalta o papel da mulher na sociedade actual como suporte do sofrimento à custa da sua própria vida e de aguentar sem desesperar… ou seja, as mulheres devem continuar a suportar em silêncio a violência contra elas. Em vez de denunciar, devem aguentar, em vez de libertarem-se, devem ter paciência.
Jesus Filho do Seu Tempo
- Como todos os seres humanos, Jesus foi filho do seu tempo e do seu meio. O seu país estava, então, submerso numa cultura e costumes patriarcais profundamente discriminatórios das mulheres e uma das suas grandes originalidades, de todas a maior, foi a de revoltar-se contra essa cultura que ofendia a sua sensibilidade e sentido de justiça.
Jesus foi filho do seu tempo mas adiantou-se a ele, criou um tempo novo. Ser filho de um tempo é nascer numa sociedade que adoptou comportamentos, forjou leis e costumes que moldam as pessoas e como que as anestesiam.
Jesus foi filho do seu tempo mas adiantou-se a ele, criou um tempo novo. Ser filho de um tempo é nascer numa sociedade que adoptou comportamentos, forjou leis e costumes que moldam as pessoas e como que as anestesiam.
Jesus despertou dessa anestesia quando disse: “a violência contra as mulheres é a violência contra Deus”. Estava, com esta afirmação, a romper com uma cultura, a iniciar a mudança para uma nova cultura, invocando a vontade de Deus, é verdade, mas sem beliscar a sua enorme coragem e coerência para com uma ética e princípios de justiça que lhe custaram a vida.
Pensou melhor e diferente de todos os homens do seu tempo. Por isso foi morto, mas terá dado o maior contributo de todos os contributos para uma humanidade mais justa e humana.
Pensou melhor e diferente de todos os homens do seu tempo. Por isso foi morto, mas terá dado o maior contributo de todos os contributos para uma humanidade mais justa e humana.
Ele sabe, como nós, que acabou uma era. |
A Família...
As pessoas estavam longe de perceber a extensão dos interesses da família Espírito Santo muitas vezes escondidos e disfarçados para não darem nas vistas.
A pouco e pouco, a partir daqui ,
começará a revelar-se, à imagem de quem destapa uma manta, histórias da família
em aproveitar tudo o que estava ao seu alcance para ganhar dinheiro como se tivessem o exclusivo da riqueza.
Hoje, por exemplo, o jornalista André Macedo, Director
do Dinheiro Vivo e que tem um artigo de opinião no DN, conta um caso que me
chamou ainda mais a atenção, por se tratar de um sector de actividade,
prestação de serviços de limpeza, em que o meu falecido sobrinho tinha uma
empresa.
A PT, aquela empresa que era a “menina dos nossos
olhos” e pertencia em 20% ao BES, lançou há anos um concurso para entregar
os serviços de limpeza de todas as suas instalações espalhadas pelo país a uma empresa, o que
significaria, pela dimensão, volume de trabalho e consequente facturação, a
independência dessa empresa e o desafogo financeiro para o respectivo patrão.
Três empresas, sem grande nome no sector, desconhecidas,
aparentemente diferentes umas das outras, apresentaram-se a concurso e uma
delas ficou com o trabalho por um valor aparentemente justo.
O que se percebeu mais tarde é que as três propostas
tinham por detrás companhias de uma forma ou de outra ligadas ao universo
Espírito Santo, fosse alguém da família, uma empresa do grupo, ou simplesmente
alguém daquela área de interesses.
Fosse porque lado fosse, ganhasse quem ganhasse, com
aquelas empresas, sairia sempre jackpot à família.
Que semelhança existe, afinal, entre esta situação e o
que acontecia na Sicília com a família dos mafiosos?
- Nenhuma ou
toda, porque bem vistas as coisas nós também estávamos ao serviço da família,
“capisci?”. Isto, afinal, também era assim em Portugal.
Era... ele sabe, como nós, que acabou uma era, a da família dele, pelo menos, e uma vida nova, com muitas cicatrizes, vai começar para o país.