sábado, janeiro 15, 2011

A Aldeia da Roupa Branca (Não confundir com Aldeia da Coelha)


O QUE SERÁ NECESSÁRIO PARA SE PODER QUESTIONAR A HONESTIDADE DE CAVACO SILVA?

Roubar o ouro do Banco de Portugal, fugir para junto de Dias Loureiro em Cabo Verde, mudar as direcções do Sol, do Público, da RTP, da SIC, da TVI e do Correio da Manhã e eleger um novo presidente do sindicato dos magistrados do Ministério Público.

Cavaco tem razão ao dizer que temos de nascer duas vezes para sermos mais honestos do que ele, até diria que o candidato só errou por defeito.

O Jumento

BPN - Cavaco é vizinho de Oliveira e Costa no Algarve


Boas razões para (não) votar Cavaco Silva

VÍDEO
Como é bom ter uma "bibenda" com jardim arrelvado e respectivo cortador de relva para fazer sentir aos amigos e conhecidos o que é qualidade de vida...


Apelo à Direita

Bom povo da direita lusitana,

Sabemos como têm sofrido prejuízos colossais e indignidades atrozes por causa dos bandidos que usurparam a governação, oprimem quem trabalha, perseguem os que criam riqueza e roubam a fazenda pública.
A vós, que guardais as nossas melhores tradições e as mais elevadas aspirações, que estudastes em famosos colégios e reputadas universidades, que possuis estantes repletas de tratados, ensaios e florilégios de moral, que sois os mais viajados e sofisticados, que exibis enciclopédico conhecimento sobre restaurantes sublimes, vinhos raros e perdizes de perder a cabeça, que tendes os pais mais cultos, os tios mais altruístas, os primos mais honestos, os amigos mais inteligentes e as amigas mais giras e liberais, em verdade vos digo: haveis uma vocação inata, um direito natural, para mandar nesta merda toda.

É por isso que nós, os pacóvios e biltres que vos cercam, estamos agora muito apreensivos à pala destas eleições presidenciais. É que corre o zunzum de que a direita vai votar Cavaco, o que seria uma desgraça para os vossos interesses e justas expectativas.
Cavaco tem sido o seguro de vida desse criminoso da licenciatura falsa ao domingo e por fax, das casas escabrosas que destruíram o património arquitectónico da Guarda, dos envelopes castanhos do Freeport, do apartamento oferecido pelos mafiosos russos, da corrupção à má-fila na Cova da Beira, do plano para usar a PT e o Rei de Espanha só para acabar com um programa televisivo que passava às sextas-feiras e ainda, não esquecer, do namorico com o Diogo Infante, o qual em boa hora foi divulgado por um jornalista brasileiro apoiante do Santana e o qual nem sequer chegou à fase de noivado, era só luxúria.
Mas há mais: Sócrates já arruinou Portugal de forma irreparável para os próximos 1750 anos, estando agora apostado em dar cabo da Europa com a ajuda dos venezuelanos, líbios, angolanos, chineses e árabes. É a escumalha mundial que se prepara para a invasão a partir do Cais das Colunas, não tenham qualquer dúvida. E que faz Cavaco perante tudo isto? Alinha na devassa, não dissolvendo a Assembleia da República e assinando todas as leis que a paneleiragem impõe. Calamidade nunca antes vista, Portugal corre o risco de acabar.

Bom povo da direita lusitana, ilustres guardiões do nosso futuro, tendes de votar em qualquer um menos no Cavaco.
Votai Alegre, um destacado líder da oposição a esta gente durante o período de 2007-09, tendo provas dadas no boicote interno à malandragem do Governo.
Votai Nobre, um impoluto, um santo, um iluminado que vai conseguir limpar toda a porcaria dos políticos e da política com uma vacina especial que desenvolveu entre os famélicos.
Votai Defensor de Moura, alguém que também não entende a relutância de Cavaco em acabar com o mal.
Votai Chico Lopes, o qual garante que dissolverá a Assembleia as vezes que forem necessárias até derrotar o capitalismo internacional ou vergar o imperialismo americano, o que acontecer primeiro.
Ou votai José Manuel Coelho, talvez o candidato que melhor vos representa, posto que já chegou a propor uma estátua de 50 metros em homenagem a Jardim, esse paradigmático espécimen do que é o PSD triunfante.

Bom povo da direita lusitana, se quereis dar um chuto no Engenheiro, levai o Professor ao tapete. É a hora!
Que nos resta, senão ironia e boa disposição?

ALCEU VALENÇA - PERFÍDIA

Alceu Paiva Valença, nascido em 1946, no interior de Pernambuco, nos limites do sertão com o agreste, em São Bento de Una, é um cantor e compositor brasileiro. O seu envolvimento com a música começou logo na infância, através dos cantores de feira da sua cidade natal: Jackson do Pandeiro, Luís Gonzaga e Marinês, três dos principais divulgadores da cultura musical nordestina que ele capotou através dos nostálgicos alti-falantes da sua cidade. Hoje, não resisto à conhecida "Perfídia" acompanhada de belos Quadros de Renoir. Voltaremos com outras canções de Alceu Valença mas de influência nordestina.


TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA


Episódio Nº 5


Ia o poeta retomar a dança e o improviso sem conceder maior importância ao acontecido – o que mais dá em cabaret é corno aflito – eis que a bofetada estala tão forte a ponto de cobrir o ruído do jazz. Estanca o passo Tereza, a tempo exacto de assistir à mão espalmada do grandalhão pela segunda vez na cara da rapariga e de escutar-lhe a voz nasal a repisar palavras tão repetidamente ouvidas em tempos distantes: “Aprenda a me respeitar, cadela!”, a frase era outra, mas a frase era idêntica e idêntico também o som da mão do homem na face da mulher.

No mesmo instante desprende-se Tereza Batista dos braços do poeta Saraiva e marcha para o casal:

- Homem que bate em mulher não é um homem é um frouxo…

Está em frente ao galalau, ergue a cabeça e lhe informa:

- … e em frouxo eu não bato, cuspo na cara.

A cusparada parte; Tereza Batista, treinada na infância em brinquedos de cangaço e de guerra com petulantes moleques, possui pontaria certeira, mas dessa vez, devido à altura do indivíduo, erra o alvo, - o olho de remela e velhacaria – o cuspo se aloja no queixo.

- Filha da puta!

- Se é homem venha bater em mim.

- É agora mesmo, siá-puta.

- Pois corra dentro.

Propôs, mas não esperou que ele corresse dentro: manda-lhe um pontapé nos baixios visando os quibas, mas novamente não alcança a meta, o sujeito tinha pernas de varapau. Tereza perde o equilíbrio: aproveita-se um dos acompanhantes e a segura por detrás, prendendo-lhe os braços, expondo-lhe o rosto ao soco do outro. Não contente de dar em mulher, o tal finório usa soqueira de ferro, o murro rompe a boca de Tereza.

Atira-se o poeta Saraiva em cima do ordinário, a sujeitar a estrela cadente do samba, embolam os três pelo chão. Num salto Tereza se põe de pé e cospe de novo na cara do tipo, dessa vez um cuspo de sangue e no meio um pedaço de dente. Os dois bandos recebem reforços: de um lado os restantes sequazes do incómodo chifrudo, do outro o pintor Jenner Augusto mordendo os lábios de tanta raiva e o caixeiro viajante que a prudência levara a abandonar à sua sorte a companheira de dança – a moça desconhecida fizera o que ele deveria ter feito. Perdendo a cabeça e o saldo da comprometida reputação e ganhando de novo a estima dos colegas, partiu para a liça.

O jazz prossegue tocando, mas os pares abandonaram o ringue, deixando-o livre aos contentores. De pé, sobre a mesa, na mão uma nota de vinte cruzeiros, alguém desafia aos berros:

- Aposto vinte cruzeiros na moça, quem topa?

Tereza conseguira agarrar os cabelos ralos do pau-de-sebo, arrancando um punhado. Ele tenta alcança-la, com a mão da soqueira quebrar-lhe outro dente, mas ela ágil e arisca, aos pulos, quase em passo de dança, se esquiva, chuta-lhe as canelas, continua a cuspir-lhe na cara, esperando ocasião propícia para atingi-lo por baixo com o pé.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 77 SOB O TEMA:

"ÉTICA UNIVERSAL" (6)


Jesus: Também Budista, Sufista, Confuciano…


Os estudiosos dos evangelhos gnósticos, afirmam que o Jesus que neles aparece é mais universal do que o Jesus dos quatro Evangelhos, que foram reconhecidas como autênticos pela igreja de Roma e incluídos na Bíblia. Esses estudiosos afirmam que na mensagem de Jesus é descoberto um pensamento gnóstico como o budismo, hinduísmo, confucionismo e do sufismo islâmico. (Os Sufistas procuram desenvolver uma relação íntima, directa e contínua com Deus recorrendo à prática de cânticos, música e dança, práticas estas ilegais para vários países muçulmanos. O pensamento sufi fortaleceu-se no Médio Oriente no Séc. VIII e encontra-se hoje por todo o mundo. A sua origem é atemporal. Foram ordens Sufis que introduziram na Indonésia e em certos países da Ásia e da África o Islamismo.)

Segundo a especialista nos Evangelhos Gnósticos, professora Elaine Pagels, nesses Evangelhos, Jesus é um guia espiritual que visa incutir nos corações de seus ouvintes a compreensão espiritual, falando de iluminação interior e não de pecado e arrependimento como o Jesus dos Evangelhos Canónicos. Ela cita, por exemplo, este fragmento do Evangelho de Tomé:

- "Examina-te e tenta compreender quem és, como vives, e o que será de ti... Não deves permanecer ignorante sobre ti mesmo, pois quem não se conhece a si próprio não pode conhecer nada, mas quem se conhece a si próprio já adquiriu um profundo conhecimento do universo."
Pagels ressalta as semelhanças entre essas mensagens com as da Psicologia Transpessoal Moderna (que é a abordagem do homem como um ser integral, ou seja, um ente complexo que engloba aspectos biológicos, mentais, sociais, ecológicos e, muito especialmente, espirituais, o que vai muito para além do actual campo de pesquisa em psicologia.)

No seu best-seller “Para além da fé: O Evangelho Secreto de Thomas" (2003), Pagels contrasta este evangelho com o evangelho de João e diz que, enquanto João enfatiza que Jesus é a luz do mundo, Tomás ensina que há uma luz dentro de cada um de nós que ilumina o universo inteiro. Se você não brilha, há trevas.

Segundo Pagels, Tomás ensina que Jesus não é Deus, mas um professor que busca descobrir a luz divina que está em todos os seres humanos e defende que o Evangelho de João foi escrito como uma reacção à mensagem do evangelho Thomas.

sexta-feira, janeiro 14, 2011

O Sonso...


«Nem o FMI chega nem a gente almoça. Todo o santo dia, todos os dias da semana, o apelo ensurdecedor: "Sobe, sobe, marujinho/ Àquele mastro real/ Vê se vês falência de Espanha/ O FMI em Portugal."


Nunca um país teve tantas almas penadas com a mão em pala e os olhos no horizonte - a posição favorita dos economistas em Portugal. Excepto, claro, quando se trata daquele professor de Economia que é candidato - embora nunca político, porque isso nunca o foi, credo! - e nessa condição de candidato é o único economista do mundo que se faz fotografar em cima do capô de um automóvel a agradecer aplausos.
Esse, o do capô, é suficientemente cágado para não apelar: "Acima, acima gajeiro/ Acima ao tope real!/ Topa falência de Espanha/ O FMI em Portugal." Não, esse costuma fazer de conta que quer a nau catrineta chegada a bom porto. Mas em dias, como ontem, em que se acalmam mares e ventos, dias em que surge a ténue esperança de a nau chegar a terra, esse, o cágado, retira a máscara e declara:
- "Não podemos excluir a possibilidade de ocorrer uma crise grave em Portugal, não apenas no plano económico e social, mas também no plano político." Se é isto um político responsável vou ali e já venho. Vergonha para os políticos portugueses - e falo dos de todos os partidos que estão dispostos a governar - que não souberam apresentar alternativas a este sonso. » [DN]

CAETANO VELOSO - LUA E ESTRELA
Uma canção de grande sucesso de Caetano Veloso num vídeo com imagens lindas... a cidade é a da Bahia... (a cidade mais portuguesa do Brasil e a mais linda, tirando o Rio, vista do Cristo Rei a cidade mais linda do mundo). A parte mais antiga da Bahia, quando a visitei, parecia, olhando para os prédios, para a frente das suas igrejas, para o pavimento da rua, que estava na minha velha Lisboa.)

TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA


Episódio Nº 4



Na passagem para a pista de dança, o poeta Saraiva, parando junto à mesa para engolir de um trago exibe Tereza ao companheiro:

- Artista, admire o supremo modelo, digna de Rafael e Ticiano.

O pintor Jenner Augusto, pois outro não era o jovem ali sentado, fita a face de Tereza, jamais a esquecerá. Tereza sorri gentil, porém distante; está de coração trancado, vazio, desinteressada de olhares de admiração ou de frete, por fim tranquila, recompondo-se devagar.

Saem dançando, Tereza e o poeta. Na testa macerada do jovem nascem gotas de suor, se bem conduza nos braços o par mais maneiro, a dama mais leve, de ouvido mais fino. Tereza aprendera a assobiar com os pássaros, a dançar com o doutor.

Dança na perfeição e ama fazê-lo, esquecida do mundo na cadência da música, os olhos fechados.

Pena ter de abri-los para melhor escutar o poeta: pobre poeta, por entre as palavras alegres, sai-lhe do peito um silvo longínquo e persistente:

- Então é você a estrela cadente do samba, não é? Sabe que o anúncio de Flori é um poema? Naturalmente não sabe, nem precisa de saber, sua obrigação é ser bela, somente. Pois quando li o prospecto de propaganda de sua estreia, perguntei: José Saraiva, você que sabe tudo me diga o que deu no Pachola capaz de fazer dele um poeta? Agora posso responder, e não só responder, e não só responder. Posso lhe fazer dezenas e dezenas de poemas, não vou ficar na rabeira de Flori.

Ali mesmo quis improvisar versos de lisonja e gabo, em plena dança, no ritmo do jazz e certamente o faria senão houvesse acontecido, bem ao lado, o incidente inicial, ponto de partida para o conflito.

Agarradinho, rosto contra rosto, rodopiava um casal; caixeiro-viajante o cavalheiro, via-se pela roupa na estica, paletó esporte almofadinha, gravata vistosa, sem esquecer o resplandecente cabelo no lustre da brilhantina, e a feição de destilar galanteios e juras nas ouças de rapariga gordota e bisonha, de atraente perfil; embora parecendo degustar com interesse o fraseado de açúcar e admirar a elegância e a delicadeza do cometa, os olhos da moça denunciam-lhe a tensão, inquietos, voltados para a porta de entrada. De repente ela diz:

- É Libório, valha-me Deus – solta-se dos braços do par, quer fugir, não encontra para onde, apalermada começa a chorar.

O tal Libório, cuja entrada na sala, acompanhado de três amigos, provocara o pânico da rapariga, era um indivíduo comprido, todo vestido de negro, como se guardasse luto fechado, olhos empapuçados, ombros curvos, cabelo ralo, boca mole, em matéria de beleza todo o contrário – parecendo saído de um enterro. Dirige-se à pista de dança, parando diante da rapariga, ouve-se-lhe a voz fanhosa:

- É assim, siá – puta, que você foi visitar sua mãe doente em Propriá?

- Libório, não faça escândalo, pelo amor de Deus.

Já escaldado de outras como essa e para não sujar ainda mais a ficha profissional no laboratório farmacêutico para o qual viaja Bahia, Sergipe, Alagoas (excelente vendedor, capaz, empreendedor e sério, dado porém a mulheres e farras, a conflitos em cabarés e prostíbulos, já tendo sido levado preso), o caixeiro viajante vai-se afastando de manso, enquanto seus colegas de mesa e profissão punham-se de pé na intenção de apoiá-lo, se necessário.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 77 SOB O TEMA:
“ETICA UNIVERSAL” (5)


Mahomé - Fundador, no Séc. VII, do Islamismo

Mahomé foi o fundador de uma das três religiões monoteístas, juntamente com o Judaísmo e o Cristianismo, e a segunda religião em número de fiéis no mundo, 1.600 milhões.

Islamismo significa entrega livre à vontade de Deus e está baseada no Corão, “Livro Incriado” que Alá – nome de Deus no Islamismo – enviou a Mahomé, o Profeta que uniu o povo árabe, nas suas várias tribos, em torno da sua fé.

Durante séculos o Corão transmitiu-se oralmente, antes de ser fixado numa versão escrita e definitiva.

Ainda que o seu berço esteja no mundo árabe, estes só representam 1/5 parte dos seguidores de Mahomé em todo o mundo.

Em termos demográficos, a Indonésia, o Paquistão e a Índia são as três primeiras nações muçulmanas. Na actualidade, com as emigrações e conversões, o islamismo cresce no mundo ocidental. No entanto, o islamismo está profundamente ligado ao mundo árabe. Dos três grandes lugares de peregrinação – Meca e Medina – encontram-se em terras árabes e o terceiro em Jerusalém, no território dividido entre árabe e judeus.

A língua árabe, por ser o idioma da revelação divina, é a língua sagrada. Quando traduzido, o Corão perde o seu valor divino. Para os muçulmanos a palavra de Deus não se fez homem mas sim o Livro.

Nos templos muçulmanos, as Mesquitas, não há imagens. Eles adoram as palavras escritas do Corão escritas em grandes caracteres. Também há ornamentos que nunca podem representar a figura humana. Não há coros nem músicas, nem instrumentos, apenas a recitação solene dos textos do Corão.

Na Mesquita, qualquer muçulmano pode actuar como Imã dirigindo as rezas. Ouvindo, memorizando e recitando o Corão, desde que nasce até que morre, o muçulmano faz profissão de fé.

quinta-feira, janeiro 13, 2011

THE BEATLES - HEY JUDE
Nesta interpretação, os beatles estão exactamente como eu os recordo dos meus tempos de jovem, meus e deles, com aquela capacidade criativa e interpretativa que os tornaram marcos da história da música. Esta canção, composta por Paul McCartney, foi creditada à dupla Lennon/McCartney e lançada em 1968. Apesar da sua longa duração (mais de 7 minutos) o que era raro na época, foi este o single mais vendido dos Beatles.
Paul escreveu esta canção em apoio a Cíntya Lennon e seu filho Julian na fase de processo de divórcio de John que, entretanto, se tinha agradado de Yoko On com quem viria a viver o resto dos seus dias até ter sido brutalmente morto a tiro por um demente mental na rua à saída de sua casa. Paul, como amigo do casal, sentiu que precisava de dar um apoio a ela e daí: "Hey Jude..."

TEREZA
BATISTA

CANSADA

DE GUERRA

Episódio Nº 3


Flori Pachola, mameluco de pequena estatura e muita lábia, dera ênfase particular à estreia da rainha do sambo e do maculelê, não medira esforços para fazer da primeira aparição de Tereza na pista do Paris Alegre facto memorável, acontecimento inesquecível. Aliás, memorável e inesquecível não deixou de ser.

3

Para noite de estreia Tereza Batista está até muito do seu, um tiquinho nervosa, mas tratando de não demonstrar. Sentada numa mesa discretamente situada a um lado da sala, aguarda a hora de mudar a roupa, conversando com Lulu Santos, a ouvir comentários maliciosos a propósito dos fregueses. Nova na cidade, não conhece quase ninguém; o rábula conhecia todo o mundo.

Apesar da meia-luz ambiente e da localização da mesa, a formosura de Tereza não passou despercebida. Mestre Lulu chama-lhe a atenção para uma das mesas de pista onde dois jovens pálidos bebem batida: doentia palidez de um deles, palidez de gringo sergipano a do outro, de fundos olhos azuis.

- O poeta não tira os olhos de você, Tereza.

- Que poeta? Aquele moço?

O moço de palidez doentia, pondo-se de pé, o copo levantado, brinda Tereza e o rábula, a mão aberta sobre o coração em largo gesto indicativo de amizade e devotamento. Lulu Santos agita a mão e o charuto em resposta:

- José Saraiva, talento do tamanho do mundo, um poetão. Infelizmente com pouco tempo de vida.

O que é que ele tem?

- Tísico.

- Por que não se trata?

- Tratar-se? Está se matando, isso sim, passa as noites em claro, bebendo, na boémia. É o maior boémio de Sergipe.

- Maior do que você?

- Junto do poeta sou fichinha, bebo minhas cervejas, mas ele não tem medida. Até parece que quer morrer.

- É ruim quando a gente quer morrer.

O Jazz, após uns poucos minutos de pausa, tempo justo dos músicos emborcarem um copo de cerveja, voltou a atacar com fúria. O moço poeta vem andando, apruma-se diante de Tereza e Lulu:

- Lulu, meu irmão, me apresente à deusa da noite.

Minha amiga Tereza, o poeta José Saraiva.

O poeta beija a mão da moça, ligeiramente bêbado, nos olhos uma tristeza a colidir com as maneiras estouvadas e a imposta inconsequência.

Para que tanto desperdício de beleza? Dá para fazer três beldades e ainda sobra graça e formosura. Vamos dançar, minha divina?

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTRVISTA Nº 77 SOB O TEMA:


“ÉTICA UNIVERSAL” (4)




Buda: Um Guia Espiritual


Juntamente com Jesus, Siddharta Gautama, o Buda (o Desperto, o Iluminado), é o guia mais representativo da história da humanidade.

Nasceu 500 anos antes de Jesus na fronteira entre a Índia e o Nepal. Procurou desde muito jovem resposta para quatro perguntas:

- O que é o sofrimento; de onde nasce; como suportá-lo e por que caminhos superá-lo.

Buda achou que a vida é sofrimento, que o sofrimento nasce do apego às coisas, que isso pode superar-se renunciando aos desejos o que exige, por sua vez, renunciar à ânsia do prazer e da mortificação até chegar ao nirvana – estado de calma, paz, pureza de sentimentos, libertação, elevação espiritual e o acordar à realidade).

Seu “caminho interior”, o budismo, é uma religião que recusou a religião do seu tempo e sua cultura, dos vedas, dos brâmanes e os sacrifícios cruéis.

Buda é um “mestre” na mesma acepção que se chamava a Jesus, uma espécie de psicoterapeuta que procura curar as pessoas do apego a si próprias, que proclama um caminho de libertação do egocentrismo para se abrir a uma compaixão universal. A religião que ele indicia, o budismo, é uma ética de vida. O budismo exige ao ser humano viver humanamente, humanizar-se com o exercício do altruísmo, da benevolência, da alegria silenciosa, solidária e serena.

O Budismo não é bem uma religião mas também não é correcto chamá-lo de filosofia, pois aborda muito mais que uma mera absorção intelectual.

O Budismo não tem uma definição: vamos denominá-lo “caminho de crescimento espiritual” através dos ensinamentos de Buda.

quarta-feira, janeiro 12, 2011

LEONID AFREMOV
Pintor Bielo-Russo, moderno. Sua técnica envolve espátula, tinta, óleo, cores vibrantes e a sua contraposição.


PENSANDO

VÍDEO

Que criatividade...

A era das especializações...


Um sujeito foi ao médico de família, com o testículo esquerdo inchado e dormente e o médico disse-lhe que era uma inflamação testicular, que não era nada grave etc., mas que ele procurasse um especialista. E deu-lhe o telefone de um Colega Urologista, mas, na hora, enganou-se e deu o número de telefone do seu Advogado.

O fulano marcou uma consulta, e à hora marcada lá estava ele diante do advogado, julgando que era o médico:


- Em que posso ajudar?


O nosso amigo baixou as calças e mostrou:


- Como o senhor está vendo, doutor, estou com uma inflamação no testículo esquerdo.


O advogado ficou olhando a cena alguns segundos sem entender absolutamente nada.


Pensou... pensou... pensou e disse:


- Meu amigo, a minha especialidade é o Direito...


Diz o sujeito:


- Porra! Agora há especialistas para cada tomate?!!!

UM CANTO A GALIZA - JULIO IGLESIAS
É uma região fascinante e diferente que, por exemplo, não fala espanhol mas sim o Gallego que é quase igual ao português. É também uma região de tradições Celtas como a Irlanda, a Escócia ou o País de Gales. A sua música folclore usa a gaita de foles como os escoceses, irlandeses ou os nossos transmontanos. Julio Iglesias é Galego, como seu pai e gravou esta música em homenagem à sua terra que tive oportunidade de visitar numa pequenas férias, e de comer o seu excelente marisco felizmente antes daquela história muito triste do derrame de petróleo que conspurcou a sua costa. Este vídeo é elucidativo das belezas naturais e monumentais da Galiza (veja em ecrã total). Quem não conhece aproveite, é perto e bom caminho para os portugueses que residem em Portugal. É o prolongamento de país para Norte ou, melhor dizendo, nós somos o prolongamento deles para sul.

TEREZA BATISTA

CANSADA
DE GUERRA




Episódio Nº 2


Difícil para Tereza Batista foi aprender a chorar, pois nasceu para rir e alegre viver. Não quiseram deixar, mas ela teimou, teimosa que nem um jegue essa tal de Tereza Batista. Mal comparando, seu moço, pois de jegue não tinha nada afora da teimosia; nem mulher macho, nem paraíba, nem boca suja – ai, boca mais linda e perfumosa! – nem jararaca, nem desordeira, nem puxa-briga; se alguém assim lhe informou, ou quis lhe enganar ou não conheceu Tereza Batista. Tirana só em tratos de amor; como já disse e reafirmo, nasceu para amar e no amor era estrita.

Por que então a chamaram de Tereza Boa de Briga? Pois, meu compadre, exactamente por ser boa de briga, igual a ela não houve em valentia e altivez, nem coração tão de mel. Tinha aversão a badernas, nuca promoveu arruaças, mas, de certo pelo sucedido em menina, não tolera ver homem bater em mulher.


2


A badalada estreia de Tereza Batista no cabaré Paris Alegre, situado no Vaticano, na área do cais Aracajú, no país de Sergipe del-Rey, teve de ser adiada por alguns dias devido a trabalhos de prótese dentária efectuados na própria estrela do espectáculo, com evidente prejuízo para Floriano Pereira, em geral conhecido por Flori Pachola, o dono do negócio, maranhense de fibra. Flori aguentou firme, não se queixando nem pondo culpa levianamente em Fulano ou Beltrano, como de hábito acontece em tais casos.

A estreia da estrela cadente do samba – o Pachola era um porreta na propaganda, sem rival na invenção de frases e slogans publicitários – despertara evidente interesse, sendo o nome de Tereza Batista já de muitos conhecido, sobretudo em certos meios, na boca dos viajantes, no mercado, no porto, na zona em geral.

Fora o doutor Lulu Santos quem trouxera Tereza Batista à presença de Flori; doutor para os pobres, em verdade rábula celebrado em todo Sergipe, principalmente pela defesa nos júris, pelos epigramas corrosivos e por frases de espírito – seus admiradores atribuíam-lhe a autoria de quanto dito gracioso já existiu – se bem fosse de igual competência no cível e na cerveja: todas as tardes no Café e Bar Egipto despachando clientes, rindo dos fátuos e traçando gramotas, por entre fumaça de permanente charuto. A paralisia infantil aleijara-lhe as pernas e Lulu santos locomovia-se apoiado em duas muletas, fazendo-o no maior contentamento, com inalterável bom humor.

Amizade de longa data o ligava a Tereza Batista: consta ter sido ele quem há vários anos passados viajou ao interior da Bahia, a pedido e por conta do doutor Emiliano Guedes, dono de usina na divisa e de muitas terras nos dois estados, hoje falecido (e de que forma prazenteira!), com o fim de liquidar processo aberto contra Tereza, ilegal por ser ela menor de idade, mas nada disso vem ao caso nem aqui interessa a não ser a amizade da moça e do rábula, cujo rábula sozinho vale por uma turma inteira de bacharéis em Direito, com quadro de formatura, paraninfo, discurso, borla e capelo.

Casa cheia, muita animação, ambiente festivo e rumoroso. O Jazz-Band da Meia-Noite se desdobra, a freguesia gastando na cerveja, na batida, no uísque. No cabaré Paris Alegre a “juventude doirada de Aracajú se diverte a preços razoáveis” segundo os prospectos fartamente distribuídos na cidade, entendendo-se por juventude doirada de Aracaju empregados no comércio e nos escritórios, estudantes, funcionários públicos, caixeiros-viajantes, o poeta José Saraiva, o jovem pintor Jenner Augusto, uns quantos formados, outros tantos vagabundos e múltiplos profissionais do ofício e idade variável, alguns prolongando a juventude doirada além dos sessenta
.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 77 SOB O TEMA:

“ÉTICA UNIVERSAL” (3)


Três Grandes Correntes Religiosas, a mesma Ética.

No mundo actual, depois das guerras de conquista e das guerras coloniais que arrasaram com as religiões originárias da América e da África, predominam 3 grandes sistemas de correntes religiosas:

- As religiões originárias da Índia: Hinduísmo e Budismo;

- As religiões originárias da China: Confucionismo e Taoísmo;

- As religiões originárias do Próximo Oriente: Judaísmo, Cristianismo e Islamismo.

Nas religiões do Extremo Oriente o “sábio” é a figura central, nas religiões da Índia é o “místico” e nas do Próximo Oriente é o “profeta”.

Nestas três grandes correntes religiosas, a ética coincide.


Confúcio: Um mestre da sabedoria chinesa.

A China possui a civilização mais antiga e sábia do planeta. Uns seis séculos A.C iniciou-se uma etapa de maturidade da civilização chinesa que transitou da religiosidade mágica para a filosofia racional. Entre os grandes pensadores daquele momento histórico está Kong Fuzi, o mestre Kong, conhecido no Ocidente por Confúcio (551-497 A.C.).

Como mestre itinerante, Confúcio apelou às decisões éticas dos seres humanos, às suas forças morais. Reclamou “reciprocidade” como norma de conduta, e orientou-se sempre para o passado ancestral da cultura chinesa, os sábios antigos, os vínculos familiares, os antepassados.

O Confucionismo foi a religião oficial da China até ao século VII D.C. e teve grande influência na Coreia, Vietname e Japão.

Hoje é uma das raízes mais profundas da tradição filosófica chinesa, sempre em busca da harmonia entre o céu e a terra.

A National Geographic apresentou recentemente os seguintes dados relativamente à religião seguida pelos chineses.

- 41,5% - Declararam não terem uma religião específica ou seja, seguem um conjunto de crenças desconexas ou não seguem religião alguma embora acreditem num Deus ou em outras divindades;

- 27,5% - Seguem crenças populares chinesas, culto dos antepassados e outros;

- 8,5% - Budistas;

- 8,4% - Cristãos;

- 8,2% - Ateus;

- 4,3% - Animistas;

- 1,5% - Muçulmanos;

- 0,o5% - Outras religiões.

De todas estas a religião que apresenta maior crescimento na China é o cristianismo
.

terça-feira, janeiro 11, 2011

A ASAE foi à igreja...
e encerrou a porta.

Motivos:

- As hóstias não tinham selo de qualidade,

- O vinho não estava engarrafado,

- E, mesmo sendo proibido fumar, havia beatas por todo o lado...

VÍDEO

Grandes momentos musicais!

CAETANO VELOSO - A FELICIDADE FOI EMBORA
Em Janeiro de 1972, Caetano Veloso regressa definitamente ao Brasil. Em 1974, lança, ao lado de Gilberto Gil e Gal Costa o disco Temporada de Verão, gravado no Teatro Castro Alves, em Salvador, com destaque para a regravação desta linda canção de Lupicínio Rodrigues, "Felicidade Foi Embora": ..."Um pensamento parece coisa à toa mas como é que a gente voa quando começa a pensar..."


TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA

Episódio Nº 1

Já que pergunta com tanta delicadeza, eu lhe digo, seu moço: desgraça só carece começar. Começou não quem a segure, se alastra, se desenvolve, produto barato de vasto consumo.

Alegria, ao contrário, meu liga, é planta sestrosa, de manhã difícil, de sombra pequena, de pouco durar, não se dando bem nem ao sol, nem à chuva, nem ao vento geral, exigindo trato diário e terreno adubado, nem seco nem húmido, cultivo caro, para gente rica, montada em dinheiro. Alegria se conserva em champanhe: cachaça só consola desgraça, quando consola. Desgraça é pé de pau resistente: muda enfiada no chão não demanda cuidado, cresce sozinha, frondosa, em todo caminho se encontra.

Em terreno de pobre, compadre, desgraça dá de abastança, não se vê outra planta. Se o cujo não tem a pele curtida e o lombo calejado, calos por fora e por dentro, não adianta se pegar com os encantados, não há ebó que dê jeito. Lhe digo mais uma coisa, meu chapa, e não é para me gabar nem para louvar a força dos pés rapados, mas por ser a pura verdade: só mesmo o povo pobre possui raça e peito para arcar com tanta desgraça e seguir vivendo. Tendo dito e não sendo contestado, agora pergunto eu: que lhe interessa, seu mano, saber das mal-aventuras de Tereza Batista? Por acaso pode remediar acontecidos passados?

Tereza carregou fardo penoso, poucos machos aguentariam com o peso; ela aguentou e foi em frente, ninguém a viu se queixar, pedindo piedade; se houve quem – rara vez – a ajudasse, assim agiu por dever de amizade, jamais por frouxidão da moça atrevida; onde estivesse afugentava a tristeza. Da desgraça fez pouco caso, meu irmão, para Tereza só a alegria tinha valor.

Quer saber se Tereza era de ferro, de aço blindado o coração? Pela cor formosa da pele, era de cobre, não de ferro; o coração de manteiga, melhor dizendo, de mel; o doutor, dono da usina – e quem melhor a conheceu? – dois nomes lhe oferecera, por nenhum outro a solicitando; Tereza Mel de Engenho e Tereza Favo de Mel., Foi toda a herança que lhe deixou.

Na vida de Tereza a desgraça floresceu cedo, seu mano, e eu queria saber quantas valentes resistiriam ao que ela passou e sobreviveu em casa do capitão.

Que capitão? Pois o capitão Justo, ou seja o finado Justiniano Duarte da Rosa. Capitão de que arma? As armas dele eram a taça de couro cru, o punha, a pistola alemã, a chicana, a ruindade; patente de rico, de dono de terra; não tão rico nem de tanta terra que desse para dragonas de coronel, embora bastante para não permanecer reles paisano, para por divisas no nome.

Terras de coronel – léguas e léguas de campo, de verde canavial – possuía Emiliano, o mais velho dos Guedes, o dono da usina; no entanto doutor formado, com anel e canudo, se bem não exercesse, não queria outro título. São os tempos modernos, cunhado, mas não se apoquente: mudam os títulos – coronel é doutor, capataz é gerente, fazenda é empresa – o resto não muda, riqueza é riqueza, pobreza é pobreza, com fartum de desgraça.

Posso lhe afiançar, irmãozinho: para começo de vida o de Tereza Batista foi começo e tanto; as penas que em menina penou bem poucos no inferno penaram; órfã de pai e mãe, sozinha no mundo – sozinha contra Deus e o Diabo, dela nem mesmo Deus teve lástima. Pois a danada da menina assim sozinha atravessou o pior mau pedaço, o mais ruim dos ruins e saiu sã e salva do outro lado, um riso na boca. Um riso na boca em verdade não sei, digo de ouvir dizer. Se o prezado quiser devassar os particulares do caso, dos começos de Tereza Batista, embarque no trem da Leste Brasileira para as bandas do sertão, por lá sucedeu, quem assistiu que lhe conte com todos os ipicilones.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 77 SOB O TEMA:

“ÉTICA UNIVERSAL” (2)


Outros Dez Mandamentos

No seu livro a “A Desilusão de Seus” o cientista britânico, Prémio Nobel em 1973 pelos seus estudos em Etologia, Richard Dawkins, argumenta que acreditar em Deus não é necessário para que os seres humanos tenham um comportamento moral e observa que o “Zeitgeist” (termo alemão que significa espírito da época, moral da humanidade ou sinal dos tempos) é mutável. Para estes tempos pós-modernos, Dawkins apresenta estes novos 10 Mandamentos que recolheu de um site ateu.

O nº 1 destes 10 mandamentos é comum ao das grandes religiões da antiguidade, a “Regra de Ouro”:

1º - Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti;

2ª – Em tudo esforça-te por não causares danos;

3º - Trata os seres humanos, os seres vivos e o mundo em geral com amor, honestidade, fidelidade e respeito;

4º - Não passes por alto sobre a maldade, nem te acobardes a administrar a justiça, mas dispõe-te sempre a perdoar o mal feito se for livremente admitido e honestamente arrependido.

5º - Vive com sentido de alegria e admiração;

6º - Procura aprender sempre algo de novo;

7º - Testa todas as coisas, revê sempre as tuas ideias perante os factos e prepara-te sempre para rejeitar, mesmo que seja uma crença, se ela não estiver de acordo com os teus princípios;

8º - Nunca procures censurar ou interromper uma divergência. Respeita sempre o direito dos outros em divergirem de ti;

9º - Forma opiniões independentes com base na tua própria razão e experiência e não permitas ser manejado às cegas pelos outros;

10º - Questiona tudo.

Pelo seu lado, Dawkins, acrescenta ainda de sua autoria os seguintes mandamentos:

- Desfruta a tua própria vida sexual (no entanto não faças danos a ninguém) e deixa aos outros que desfrutem da sua em privado sejam quais forem as suas inclinações que, em caso algum, não são assunto teu;

- Não descrimines nem oprimas ninguém em função do seu sexo, raça ou espécie;

- Não doutrines os teus filhos. Ensina-os a pensar por eles próprios, como avaliar evidências e como estarem em desacordo contigo;

- Valoriza o futuro numa escala temporal mais longa que a tua própria.

Ainda a propósito de comportamentos morais Richard Dawkins escreve o seguinte:

- “Desconfio que muitas pessoas religiosas acreditam que é a religião que os motiva a serem bons, especialmente se pertencerem a certos credos que sistematicamente exploram a culpa pessoal.

Parece-me ser necessária muito pouca auto-estima para pensar que, se de repente a fé em Deus desaparecesse no mundo, nos tornaríamos todos hedonistas insensíveis e egoístas, desprovidos de amabilidade, caridade, generosidade, enfim, tudo o que merecesse o nome de Bondade.”

segunda-feira, janeiro 10, 2011

POR ISSO… POR ISSO… POR ISSO...



A língua portuguesa é rica de sinónimos, de frases e expressões idiomáticas e até de simples palavras que ditas com entoação diferente significam coisas diferentes.

Na minha juventude, quando estudava em Lisboa, estava hospedado numa casa particular de duas senhoras, mãe e filha, ambas viúvas, ali ao Príncipe Real, a dois passos da Baixa e a um passo do elevador da Glória que nos levava até lá.

Nessa casa, para além de um colega meu já falecido, vivia também um senhor suíço, cabelos brancos e testa larga, Emílio de seu nome, que nos seus oitenta anos sempre bem dispostos repartia as alegrias da vida pelo seu amor à ópera e aos americanos que tinham libertado a europa do jugo nazi e por quem ele ficara reconhecido para o resto da vida.

No Verão, partia regularmente de férias até à sua Suiça para confraternizar com os seus irmãos, todos mais velhos que ele. Trabalhava na Baixa, numa casa comercial e era poliglota pois os seus oitenta anos tinham sido repartidos em partes sensivelmente iguais pelo seu país, cantão alemão, Itália, França, Espanha e finalmente Portugal, mais ou menos sempre a fugir à guerra embora, da sua vida, pouco ou nada soubéssemos porque ele nada contava… (não era linguareiro como nós).

Dominando fluentemente alemão, italiano, francês, espanhol e português, aprendidos no dia a dia da sua vida em cada um destes países, ele era um curioso e divertido pesquisador de palavras que podem dizer isto, mas também aquilo e aquele outro.

A história que ele contava e terminava com sonoras e prolongadas gargalhadas pondo à mostra o seu luzidio dente de ouro era esta:

“Um jovem namorava uma rapariga visitando-a regularmente em casa dos pais dela como era de bom-tom e se usava nessas épocas mas, ao contrário do que se esperaria, sem qualquer espécie de vigilância. Em vez de olhares atentos, os pais da moça pareciam fazer questão em deixá-los o mais à vontade possível. O rapaz estranhava mas apreciava... dentro dos limites daqueles tempos, já se vê, até que chegámos ao dia do casamento, mais concretamente à noite de núpcias que foi passada em casa dos sogros.

Consumado o casamento e não encontrando o que esperava, o rapaz, agora já marido, levantou-se da cama e em fato de pijama, mãos nos bolsos do casaco, pôs-se a andar no corredor da casa, de um lado para o outro, interrompendo regularmente o “passeio” para suspirar alto e bom som: por isso…por isso… por isso… Mais umas passsadas e tornava: por isso...por isso... por isso...

O sogro que não conseguia dormir com tantos por “issos” levantou-se, encarou o genro e desabafou:

- Por isso, por isso, por isso… Quais por isso nem meios por isso, quando eu casei não encontrei isso e nem por isso me pus com isso.”

CAETANO VELOSO - MARINHEIRO SÓ

Desde o princípio da sua carreira Caetano Veloso sempre demonstrou uma posição política de protesto tendo sido confundido com um militante de esquerda e por isso ganhou a inimizade do regime militar instituido no Brasil em 1964 e que perdurou até 1985. Não admira, pois, que Caetano tenha tido canções censuradas, banidas e sido mesmo preso com Gilberto Gil e de seguida ambos exilados em Inglaterra com as respectivas esposas. Deste periodo, a canção"Marinheiro Só"

Este discurso não é de um doutor, é de um metarlúgico, mas poucos doutores, com provas dadas na vida, teriam sido capazes de fazer discurso igual... de improviso, saído do fundo da alma ou seria do coração?

TEREZA BATISTA


Quando souberam que eu ia voltar àquelas bandas, então me pediram para eu trazer notícias de Tereza Batista e tirar a limpo uns tantos acontecidos – o que não falta no mundo é gente curiosa, pois não.

Assim foi que andei assuntando, por aqui e por ali, nas feiras do sertão e na beira do cais e, com o tempo e a confiança, pouco a pouco puseram-me a par de enredos e tramas, uns engraçados outros tristes, cada qual à sua maneira e conforme sua compreensão. Juntei quanto pude ouvir e entender, pedaços de histórias, sons de harmónicas, passos de dança, gritos de desespero, ais de amor, tudo de mistura e atropelo, para os desejosos de informações sobre a moça de cobre, seus afazeres e correrias.

Grande coisa não tenho para narrar, o povo de lá não é de muita conversa e quem mais sabe menos diz para não tirar diploma de mentiroso.

Essas andanças de Tereza Batista se passaram naquele país situado nas margens do rio Real, nos limites da Bahia e do Sergipe adentro um bom pedaço; ali e também na capital. Território habitado por uma nação de caboclos e pardos, cafuzos, gente de pouca pabulagem e de muito agir, menos os da capital, sestrosos mulatos de canto e batuque. Quando me refiro à capital geral desses povos do Norte, todos entendem que falo da cidade da Bahia, por alguns dita Salvador ninguém sabe porquê. Também não importa discutir nem contrariar quando o nome da Bahia já se estende até à corte de França e aos gelos da Alemanha, sem falar na costa de África.

Me desculpem se eu não contar tudo, tintim por tintim, não faço por não saber – e será que existe no mundo quem saiba toda a verdade de Tereza Batista, sua labuta, seu lazer?

Não creio nem muito menos.

domingo, janeiro 09, 2011

SILVIE VAN DER VAART - Tem 32 anos e já foi considerada a mulher mais bonita de um jogador de futebol. Agora, é a sua incrível habilidade com a bola.


VÍDEO

Para já, tudo não passa de uma brincadeira de jovens perfeitamente controlada pela tremenda agilidade do gibão que é o campeão das acrobacias. De todos, o macaco mais rápido e ágil. Com braços duas vezes o tamanho do corpo se tivesse o tamanho do homem seria 15 vezes mais forte.

CAETANO VELOSO/ GAL COSTA - CORAÇÂO VAGABUNDO
Considerado um dos melhores compositores do Séc. XX, foi comparado, em termos de relevância para a música pop internacional, a nomes como: Bob Dylan, Bob Marley e Lennon/ Mcartney. Nasceu na Bahia em 1942 e é o 5º filho dos 8 de José Teles Velloso (Seu Zézinho), empregado dos Correios que morreu em 1983 aos 82 anos e de Claudinor Velloso (dona Canô) nascida em 1907. Se foi ele que escolheu o nome para a irmã, Maria Betânia, foi esta que o lançou no cenário da música nacional brasileira. Numa pareceria com Gal Costa, que também se estreou com ele, Coração Vagabundo foi o seu primeiro êxito. Lindo!

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 77 SOB O TEMA:
“ÉTICA UNIVERSAL” (2)



Regras de Prata, de Bronze…

Num breve e substancial texto intitulado “As Regras do Jogo”, o astrofísico Carl Sagan reflecte com perspicácia e humor, sobre os Códigos Morais da Humanidade.

Depois de os rever recorre à ciência para analisar em que se baseiam as atitudes altruístas e egoístas dos seres humanos, suas tendências vingativas ou cooperativas, que riscos e vantagens têm umas e outras, para concluir com este interessante esquema:

Quatro regras de Comportamento:

- A Regra de Ouro – Tudo quanto quiseres que te façam os demais fazes tu a eles;

- A Regra de Prata – Não faças aos demais o que não queres que eles te façam;

- A Regra de Bronze – Faz aos demais o que eles fizerem a ti;

- A Regra do Tal para Qual – Coopera primeiro com os demais e depois faz a eles o que eles fizerem a ti.

Confúcio. Buda, os Sábios Indianos, Jesus e Mahomé elegeram a primeira como a Regra de Ouro.


A Ética Ancestral dos Povos Andinos

No Império Inca os “Mandamentos” eram três: “Anna Sawa”, “Anna Llulla” e “Anna Khella”. Traduzindo: “Não Sejas Ladrão”, “Não Sejas Frouxo” e “Não Sejas Mentiroso”.

Até hoje sobrevive neste povo esta ética ancestral: respeitar o alheio, respeitar a verdade e trabalhar são as chaves destes povos para construir a ética da convivência.

A educadora chilena Maria Vitória Peralta relata:

- “Cada povo tem a sua cosmovisão ou seja: a maneira como vê o mundo, que interpretação faz do ser humano face ao mundo, com que valores vive.”

Nos povos Aymares, das terras altas da Bolívia, diziam-me: “A solidariedade não é para nós um valor” e explicavam-nos por quê: sentem que tem uma conotação algo paternalista. “Nós falamos de reciprocidade, todos nos ajudamos entre todos.”

Interessante: “não é que eu, numa situação melhor que a tua, vá ser solidário contigo. Não, eu dou um contributo para ti e tu um contributo para mim, é um tratamento recíproco, a relação é mais igualitária”. Parece-me um conceito muito mais rico, uma ética mais rica.


Hoje é Domingo, um dia ajustado para fazermos a apresentação de Tereza Batista Cansada da Guerra pela mão do próprio Jorge Amado num bilhete que escreveu ao seu editor de sempre a enviar-lhe o original para ser editado.


Querido Martins:

A portadora é Tereza Batista, receba-a com amizade. Acusam-na de arruaceira, atrevida e obstinada, de não respeitar autoridade e de se meter onde não é chamada. Mas tendo com ela convivido longo tempo, praticamente juntos dia e noite de Março a Novembro neste ano de 72, sei de suas boas qualidades. Nasceu para a alegria e lutou contra a tristeza, não esconde o pensamento, gosta de aprender e um pouco aprendeu nas cartilhas, muito na vida. De tão doce e terna, o doutor, homem fino, só a tratava de Tereza Favo-de-Mel.

Comeu do lado podre da vida com fartura e não se desesperou. Cansada de tanto guerrear, um dia pensou-se terminada, resolvendo ensarilhar as armas e nas prendas domésticas se enterrar. Bastou porém soprar a viração do golfo, ouvir o som do búzio no apelo do marujo, para erguer-se inteira e partir a velejar.

Moça de cobre usa dente de ouro e um colar de contas roxas, xale florado sobre os cabelos negros. Dizê-la formosa é dizer pouco, louvar-lhe a competência no ofício não basta para explicar-lhe a sedução. Conto algumas de suas peripécias, desenho-lhe o perfil e me pergunto senão restaram traços obscuros. Saí perguntando a meio mundo e a própria Tereza interroguei. Viver paga a pena e o amor compensa, disse-me ela, nos olhos um fulgor de diamante.

Certa vez lhe mandei, caro Martins, a moça Gabriela, feita de cravo e canela, tirada de uma moda do cacau, por onde anda? O personagem só pertence ao romancista enquanto permanecem os dois na labuta da criação, barro amassado com suor e sangue, com ódio e com amor, embebido em sofrimento, salpicado de alegria. Depois é dos outros, de quem dele se aposse nas páginas do livro e lhe dê um pouco de si, enriquecendo-o. A moça Gabriela, de Ilhéus, anda mundo afora, sei lá em quantas línguas. Tantas, já perdi a conta.

De outra feita em prova de amizade lhe enviei dona Flor, solteira, casada, viúva, depois feliz com seus dois maridos, propondo uma adivinha mágica da Bahia, prisioneira que rompeu as grilhetas da moral corrente e libertou o amor dos preconceitos.

Mansa criatura, quem a diria capaz de agir como ela agiu. De repente surpreendeu-me. Pensava conhecê-la e não a conhecia. É outra cujo destino escapou de minha mão, ainda agora neste Novembro, anda de roupa nova nas ruas de Paris, vestida de francesa por Stock. Com esses gringos fanáticos por mulher bonita, seus dois maridos, Vadinho e doutor Teodoro Madureira correm perigo.

Não há dois sem três, dizem por aqui. Assim sendo, receba agora Tereza Batista para formar o trio. Mulherzinha persistente: me perseguiu durante anos, quis escapar-lhe, meter-me em empresa menos braba, não consegui, ela me teve e durante este ano todo fui seu escravo. Agora você é seu senhor.

Despeço-me dela com saudade, me ensinou a creditar ainda mais na vida e na invencibilidade do povo mesmo quando levado às últimas resistências, quando restam apenas solidão e morte. Na final da história me dei conta que nem tudo é ruim no mundo como a princípio imaginei ao me afundar nos atropelos de Tereza. A maldade quase sempre é miséria ou ignorância. Frase digna do conselheiro Acácio, não a coloco na boca de Tereza. O que houver de bom no livro a ela se deve, o resto é meu, desacertos e limitações, trovador de rima pobre.

Há mais de trinta anos trabalhamos juntos, você e eu, escrevendo e fabricando livros. Eu, parindo gente, você, criando com carinho esse meu povo rude e irredutível. Pois cuide de Tereza Batista e a apresente a Edith.

Vai com recomendação de Zélia e o abraço afectuoso de seu amigo

Jorge

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