Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, abril 04, 2015
FADO PORTUGUÊS - DULCE PONTES
Acreditam que em certas situações algumas músicas e imagens têm o dom de ajudar a curar males do espírito ou reforçarem as nossas defesas? Seráo efeito placebo?
Não disse que um dia vinha, turco de uma figa. |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 215
Em Lagarto, as velhas, as malucas, os
meninos, não sabiam o que fazer, precisavam dela para traçar rumo na orfandade:
reclamavam sua presença, não bastava o dinheirinho mandado todo fim de mês,
religiosamente.
Antes de embarcar, ela tinha vindo
despedir-se, aproveitando a tropa de Zé Raimundo para fazer a viagem repimpada
num burro de pisada macia. Chegou sem aviso, Fadul estava ocupado no armazém
quando ouviu gritos do tropeiro, anunciando:
- Seu Fadu! Seu Fadu! Venha correndo ver
o presente que tou trazendo pra vancê!
Lépida e risonha, Zezinha saltou-lhe ao
pescoço:
- Não disse que um dia eu vinha, turco
de uma figa?
Depois chorou lágrimas deveras sentidas
ao contar a morte
do pai, um homem bom que não tivera
sorte. Enquanto forte lavrara a terra de terceiros, terminara na cachaça quando
o impaludismo montara em seu cangote. A família trabalhava a dia em plantações
alheias, os homens cortavam cana nos campos do banguê.
Não fosse a ajuda de Zezinha, passariam
fome. Das filhas mulheres, Zezinha tinha sido a única a subir na vida, a
prosperar, graças a Deus que a protegera. Fora ser puta em Itabuna.
A hora não era própria para boas-vindas,
os comboios arribavam, os tropeiros e ajudantes invadiam o cacete armado para
comprar o que comer, as raparigas apareciam em busca de frete e de um gole de
cachaça. Zezinha, tendo levado para o quarto o baú de flandre, veio ajudar o
turco no balcão e, assim fazendo, aumentou o consumo de aguardente, todos
queriam brindar com ela e com o ladrão do turco, quem não sabia do rabicho
antigo e persistente?
Sentado no Martinho da Arcada |
Fernando Pessoa
Posso ter defeitos,
viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo.
E que posso evitar que ela vá a
falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a
pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e
se tornar um autor da própria história.
se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas
ser capaz de encontrar
um oásis no recôndito da sua alma.
um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo
milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
É ter coragem para ouvir um 'não'.
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um
castelo...
(Fernando Pessoa)
P.S.
- A profundidade do pensamento deste homem é desconcertante. Não é poesia, não
é prosa, está para lá de tudo isso.
Quando
fui a Lisboa, há tempos, para os almoços mensais com os meus colegas, sentei-me
numa mesa de café, no Martinho da Arcada que ele frequentava, exactamente por
baixo das arcadas do Terreiro do Paço, a caminho da Baixa, e gostei de pensar
que ali, naquele mesmo sítio, havia um génio, fraca figura de gente, que também
se sentava a uma daquelas mesas e produzia textos como aquele que acima reproduzo, quem sabe senão
mesmo aquele, que não são verso nem prosa que estão para além da prosa e da
poesia para se situarem no campo do pensamento puro.
Aquele
homem, ao que se sabe da sua vida, simples guarda-livros de profissão, com
Ofélia, eterna namorada, que não passou do 1º ano de um curso superior de
Letras, empresário falido de uma pequena tipografia, tinha algum motivo
especial para ser feliz, daqueles motivos que costumam fazer a felicidade das
pessoas?...
E
no entanto carregava dentro de si um mundo inesgotável de riqueza que abarcava
toda a humanidade: um pensamento, uma intelectualidade que nos fazem sentir
pequeninos ao pé dele.
Será
que ele tinha verdadeira consciência do que era e de quem era, do seu valor, em
suma, vivendo num país que o escondia e ocultava deixando-o morrer numa mísera
cama de um hospital levando consigo Ricardo Reis, Álvaro Campos e Alberto
Caeiro, seus heterónimos, com uma chapa, um número e um diagnóstico apressado
de cirrose hepática que afinal não passaria de uma inflamação aguda do
pâncreas, aos 47 anos de vida?
O regime de Salazar, talvez suspeitando do seu
valor, preferiu despachá-lo como bêbado não lhe perdoando o facto de sendo ele,
de início, apoiante de uma ditadura que restabelecesse a paz na vida social
portuguesa que vivia numa latente guerra civil - ficou célebre a frase de que “hoje, por ser Domingo,
não houve revolução em Portugal” - em 1933 admitia já que o novo regime de
Salazar não era a solução para o país que ele desejara em 1926 e que Salazar eternizou para se manter no poder.
De
herança deixou para além da obra publicada, quatro livros, três deles em língua
inglesa, a sua primeira língua que dominou melhor que a portuguesa no início da sua vida por ter nascido e vivido na África do Sul onde estudou num Colégio Inglês, e um livro em português, O Livro
do Desassossego, o seu melhor, e uma arca com 25.000 papéis lá dentro.
Repousa,
desde 1988, no Mosteiro dos Jerónimos para vergonha de quantos em vida o
ignoraram a ele que foi considerado o mais universal poeta, filósofo e escritor
português, o expoente máximo da nossa língua ainda que na hora da morte, na
cama do hospital, tenha preferido a língua inglesa para escrever as suas ultimas frases.
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
Fernando Pessoa
Charlie Chaplin |
A Quem pertence
o Mundo
o Mundo
Afinal, a quem pertence o mundo, pergunta Maria Filomena Mónica traduzindo uma interrogação geral sentida de forma cada vez mais declarada e por razões que se percebem perfeitamente relacionadas com a crise europeia e a portuguesa em particular.
Vejam bem que em 1990 a China produzia menos
de 3% da indústria mundial. Pois bem, presentemente, atinge um quarto dessa
produção. De menos de 3% passaram para 25% em 25 anos.
Não sei se alguma economia do mundo, a inglesa ou
americana, por ventura, terão dado um salto tão grande em tão pouco tempo.
A China fabrica 80% de todos os ares condicionados do
mundo, 70% dos telemóveis e 60% dos sapatos e ultrapassou já a economia dos EUA,
17,47% para 16% em termos de previsão para 2015 - 2016.
E nós aqui ,
na Europa, o que vamos fazer? No que respeita aos portugueses fomos avisados com uma
antecedência de alguns anos, penso que uns 10, que iria ser aberto o comércio
aos produtos chineses mas 10 anos para nós, portugueses, que vivemos com base
no dia a dia, máximo mês a mês e entregamos o futuro a Deus ou à Srª de Fátima,
10 anos é uma eternidade.
Eu acompanhei de perto essa situação nesta zona aqui do Ribatejo e fui testemunha da quantidade de
trabalho que vinha parar a pequenas e pequeninas empresas aproveitando o baixo
salário que os empresários, melhor dizendo, patrões pagavam aos trabalhadores, quase todos do género feminino, debruçadas sobre as suas máqui nas, quais outras máqui nas,
montando peças de vestuário que ninguém na Europa conseguia fazer mais barato.
Baixos salários que, de qualquer maneira, constituíram
outra fonte de receita para as famílias que permitiu ter filhos a estudar e
ajudou a pagar ao Banco a prestação da casa.
Em alguns casos era até toda a família que à noite, ao
serão, contribuía com o seu trabalho para aumentar as margens do patrão e ela própria aumentar um pouco mais o seu rendimento ao fim do mês.
Quando chegaram os contentores com os produtos
chineses foi um choque brutal no mundo do emprego que se situava então ao nível
dos 4% no que ao desemprego dizia respeito.
Feirantes por todo esse Portugal que vendiam em feiras
e mercados esses produtos de vestuário e se abasteciam junto desses pequenos
produtores particulares, muitos deles, situados no Norte do país, logo se
aperceberam que ninguém conseguiria concorrer com esses contentores.
Para os países da Europa estava fora de questão voltar
a produzir o que os chineses faziam muito mais barato mesmo que a qualidade não
fosse bem a mesma.
Com preços mais baixos ao nível de impostos, salários,
energia e uma autêntica rebaldaria relativamente às condições de trabalho, a economia
chinesa tinha fatalmente que disparar e milhões de chineses do campo povoaram
as cidades.
Este sim, foi o verdadeiro Salto em Frente que Mao Tse
Tung tinha anunciado e que viria a transformar-se no maior desastre da História
Moderna. Deng Xiaoping, ao promover o liberalismo económico, libertou a força
dessa imensa população de perto de 1.400.000.000 de pessoas, mais de 4 vezes o
número de europeus e que até aí estavam fora do mundo.
Pela nossa parte, as dificuldades acabaram por
representar um desafio ao nosso engenho e arte e estamos hoje a vender na
Europa e no mundo os sapatos mais caros... a seguir aos italianos.
No Têxtil e no Vestuário temos hoje 35.000 postos de
trabalho e quase 3.000 milhões de euros da facturação dois terços dos quais
para exportação.
No país das hortas e hortinhas que éramos, estamos a crescer 10% nas exportações das
agroalimentares e legumes no tabuleiro das exportações apostando, tal como nos
sapatos, no vestuário e no têxtil, na qualidade dos produtos tirando partido de
microclimas únicos na Europa.
Houve leviandade e precipitação na abertura total do
nosso mercado aos produtos chineses, arrastados pela Europa. Foi um choque
abrupto e pôs os ventos a correr definitivamente a favor dos chineses mas a
vida é um processo dinâmico permanente e o que é confortável hoje não o será
amanhã e vice-versa.
As crises foram sempre ao longo da história factores
de progresso no futuro e se alguma coisa nos ensina são os erros, mesmo quando
os repetimos. Mal seja mal será que algum dia uma dessas crises não seja superável ou nos
leve de rastos até ao passado como está acontecendo agora em grande parte do
norte de África em que se regressou ao mais negro da Idade Média.
Voltando à China e para acabar, será bom que se venha
a fazer com eles um bom Tratado Comercial para o qual devemos ir de olhos
firmes e frios... à chinesa.
sexta-feira, abril 03, 2015
A Cor do Som - Semente do Amor
Em dia de feriado, véspera de sábado, antevéspera de Domingo para os que têm a sorte de ter um trabalho, escolhi este mail pelas suas belas imagens cheias de cor e, como todos sabemos, cor é vida... A música é de um Grupo, A Côr do Som" que fez êxito no começo da década de 80 no Rio de Janeiro.
A fé move montanhas |
"A Fé Move Montanhas"
Dizia Jesus que “a fé move montanhas” mas o que Jesus não sabia é que a fé movia uma substância chamada “endorfinas”, descobertas em 1975, e que funcionam como morfina natural que acalma a dor e faz sentir melhoras. Uma descarga de “endorfinas” pode fazer com que um doente se levante, recobre a vista, se cure. O Dr. Nicanor Arriola, ortopedista muito conhecido em Iqui ros, Perú, relata a seguinte experiência:
- "Um dia um ancião, em cadeira de rodas, entrou no meu copnsultório com a sua família. Examinei-lhe os músculos e concluí que não tinha nada, sofria de uma "parelesia histérica". Então, recordando o que fazia Jesus, levantei-me, pus-me diante dele e com uma voz de autoridade e ternura disse-lhe: levanta-te e anda! e o ancião pôs-se de pé e cambaleante, caminhou até mim. A família considerou um milagre."
O nosso corpo é a melhor farmácia que temos, reage às doenças e produz as substâncias curativas que necessitamos. O milagre somos nós próprios que os fazemos.
Se me der satisfação, não vai-se arrepender |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 214
Se qui sesse
de facto ganhar dinheiro não podia descuidar-se, pôr-se a dormir de pança cheia
- tinha muito trabalho pela frente para encher a pança.
Assim acolheu Durvalino com visível
benevolência e secreto entusiasmo: Zezinha do Butiá - divina providência – ainda
uma vez resolvia-lhe um problema. Mas não deixou que o varapau percebesse seu
regozijo, pois não somente no comércio com os ciganos o cidadão precisa ser
prudente: também no trato com o povo de Sergipe, Fuad Karan não se cansava de
dizer que os sergipanos são os árabes do Brasil e Fuad não tinha o hábito de falar
em vão.
- Precisar não estou precisando, dou
conta sozinho do trabalho. Mas sendo um pedido de Zezinha não posso deixar de
atender.
Tirou a limpo as habilitações do rapaz:
sabia ler, escrever e fazer as quatro operações, dizia-se disposto a enfrentar
qualquer serviço, pior do que cortar cana de sol a sol não podia ser.
- Pois vamos ver. Guarde seus trens no
quarto das mercadorias, tire uma esteira pra dormir e pode começar. Sobre
ordenado, se conversa depois. Vai depender de você, não é de mim. Se me der
satisfação, não vai se arrepender.
Por fim deixou escapar a pergunta que
prendia no peito:
- E Zezinha, como é que vai?
Como Deus permitia, respondeu o
sobrinho. Não estava vivendo em Butiá nem em Lagarto, morava em Aracaju de casa
posta pelo doutor Pânfilo Freire: médico formado, não exercia a medicina,
produzia açúcar mascavo e refinado no banguê do Funil, destilava cachaça, fazia
rapadura, era podre de rico e passara dos setenta.
Amigada com um ricaço, muito bem. Fadul
não qui s saber outros detalhes:
fogosa como era, Zezinha não havia de se contentar com rola de velho broxa,
setentão.
10
Fadul mandara cavar a cacimba atrás da
casa a conselho de Zezinha do Butiá. Dado de graça na
ocasião feliz e igualmente melancólica da visita da rapariga a Tocaia Grande
para pagar promessa feita e repetida e para vibrar facada funda, de sangrar.
Um dia desses, quando você menos
esperar, eu apareço – jurava ela na pensão de Xandu, em Itabuna. O turco não se
deixava iludir: no dia de São Nunca.
Mas o pai de Zezinha descalçara as botas em
Lagarto, vítima de sezão ou cachaça, para que tirar a limpo?
Ressuscitado pelas mulheres que o amaram. |
A Propósito da Páscoa
A Igreja é uma estrutura hierar
A morte de Jesus da Nazaré, messias e profeta na
sua terra, estaria destinada ao esquecimento, como outras antes dele, senão
fosse a sua anunciada ressuscitação a que chamaram de ressurreição, três dias
depois de ter sido morto e enterrado, tendo então voltado à fala com alguns dos
seus apóstolos.
Não era inédito nesse tempo de
desesperança, homens dotados de grande poder de persuasão apresentarem-se
perante os outros como guias e, acima de tudo, como elementos de esperança no
futuro e numa vida melhor.
Como era difícil acreditar que essa
melhoria de vida resultasse na realidade pela força da palavra dado o poder invencível das tropas do exército romano que esmagava os povos -principalmente com os seus impostos - as promessas tinham que atirar para um
outro mundo no qual, finalmente, as pessoas poderiam ser felizes se seguissem
as palavras orientadoras dos guias e profetas.
Jesus ressuscitou, melhor dizendo, foi
ressuscitado pelas mulheres que o amavam e não aceitaram a sua morte o que, de
resto, não era inédito naquela sociedade, dois mil anos atrás.
As mães recusavam-se a aceitar a morte
dos seus filhos, jovens, na força da vida, que morriam lutando por causas
nobres como a liberdade e a dignidade do seu povo submetido às injustiças dos
invasores.
A mãe de Jesus não terá sido a primeira
a ressuscitar o seu filho como forma de retemperar a dor e a injustiça que a
sua morte representava para ela e para quantos o amavam.
“Ele está vivo, continua aqui , ao nosso lado, o nosso amor e a nossa dor
gritam por ele. Ele ouviu-nos, não quer que soframos. Por isso regressou
para nos dizer que devemos ter força e não chorar mais”.
- Não fossem pensamentos destes como
teria sido possível lutar contra a dor provocada pela morte de um jovem, heróico
e sedutor e resistir sem soçobrar quando a injustiça continuava presente nas
pessoas dos soldados romanos invasores?
- Que alternativa havia, então, dois mil
anos atrás, que não fosse acreditar que Jesus tinha ressuscitado?
- Como seria possível, de outra maneira,
travar dentro daqueles corações a força do desejo que não fosse transformando-o em
realidade?
Este comportamento humano perante a
morte, sofrida, pungente, feita de sentimentos comuns a todas as mães, parentes
e amigos, não só compreendo como acredito.
Há quem veja nele, obcecado pele ideia
de Deus e da religião, a história de perdedores, humilhados, ofendidos,
colonizados, das mulheres...
Quando se pretende criar um movimento
religioso, alimentar uma religião, dar força a uma igreja, animar uma fé, então,
muita coisa se pode ver na dor e no sofrimento de uma mãe que retira o corpo do
seu filho morto numa cruz.
quinta-feira, abril 02, 2015
António Zambujo - Pica dos 7
Talvez o amigo não goste tanto quanto eu do Pica dos 7. Tem a ver com a minha infância e os eléctricos nos quais nunca mais andei mas que nunca sairam da minha memória. Partiam do Poço do Bispo, onde tinha nascido e morava e que era começo da linha levando-nos-nos até à Baixa. Foi neles que a minha mãe me ensinou que devia levantar-me para dar lugar a uma senhora que fosse de pé. No eléctrico do 7 conta-se uma história de amor pela sedução de uma canção cantada no cangote da moça que a leva ao delírio interrompido pelo alicate do pica e acaba com a banda da Carris a tocar dentro eléctrico.
Era então ainda muito jovem e o eléctrico do Poço do Bispo era mais frequentado por operários que tinham um bilhete de 2 tostões só para eles. Para nós eram de 7... coincidência o pica do 7. Talvez não pareça mas como tenho uma recordação sentimental dos eléctricos parece-me o cenário ideal para um romance de amor...
Um dia vou voltar se Deus quiser... |
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)
Episódio Nº 213
Tinha visgo que nem cacau: o rosto um
brinco, o corpo uma estátua, a xoxota um abismo, o coração sentimental.
Novamente suspirou, desconsolado. Deu-se
conta de que pensava nela em termos de passado, como se a rapariga houvesse
batido a caçoleta, estivesse morta e enterrada no cemitério de Lagarto, o que
felizmente não era certo.
Na prática fazia pouca diferença:
enterrada no cemitério ou vegetando em casa, só mesmo em sonho ou em pensamento
podia reencontrá-la, ouvir-lhe a fala cantada e mansa convidando-o para o regalo
da cama: vem, turco, me mostrar a rola, já esqueci como ela é.
Punha-lhe nomes, tomava-lhe dinheiro,
embrulhava-o de todo jeito, um anjo do céu, uma mercê de Deus. Cantava modinhas
de ninar: rola, rolinha, rola de amor. Quanta saudade!
Dela Fadul recebera uma única notícia
depois que agoniada se tocara para Sergipe: carta enviada em mão por portador,
o sobrinho Durvalino, varapau adolescente, calça no meio da perna, cara coberta
de cravos e berrugas. Carta de garranchos e borrões, sem pontuação, a letra
graúda e irregular subindo e descendo no papel ao sabor da mão inábil,
Fadul a decifrou e tantas vezes a leu que
quase a decorou. Podia recitá-la como se fosse poesia ou versículo da Bíblia:
“... essas mal traçadas linhas é pra lhe dizer Fadul meu bem que não se esqueço
de você nem nunca vou poder se esquecer porque de noite sonho que tou na cama
abraçada com você e quando dou de mim tou com os olhos molhados e lá embaixo também
onde tu sabe mas um dia vou voltar se Deus qui ser.”
No fim da página, sob a assinatura: “sua
para sempre Maria José Batista”, ela pusera uma quantidade
de vírgulas, pontos finais, pontos de exclamação e de interrogação para ele
espalhar na carta onde conveniente fosse.
Referia-se à breve estada em Tocaia Grande , antes
de viajar: “quando tive aí vi que tu vive muito sacrificado trabalhando que nem
burro de carga.” Por isso lhe enviava o sobrinho Durvalino, filho de sua irmã
mais velha, viúva e tísica, “mais pra lá do que pra cá”, para ser seu
empregado. Qualquer paga que lhe desse, menor que fosse, seria uma caridade:
“mais melhor do que morrer de fome aqui .”
Não deixava porém de fazê-lo de bobo, de
levá-lo no bico, para não perder o mau costume: “fico descansada, sei que tu
não é canguinha e pelo menino boto a mão no fogo.” Anjo do céu, mercê de Deus!
Já vinha pensando em contratar caixeiro
que o ajudasse na balcão, mas onde encontrar alguém de confiança? Nos anos das vacas
magras, ao menos sobrava-lhe o dia inteiro para dormir; se assim qui sesse.
Os tropeiros e as putas constituíam o grosso
da freguesia, de raro em raro alguns passantes. A lida maior acontecia a partir
do fim da tarde e pela manhã bem cedo, sendo essa a parte mais pesada da
labuta.
O movimento, porém, com o plantio das roças, crescera muito. Além de acordar
antes do raiar da aurora e de deitar-se noite alta, durante o decorrer do dia
tinha de manter abertas as portas do armazém, a toda hora aparecia gente.
ALENTEJANO
Um alentejano chega a um bordel e
pergunta:
- Quanto custa uma menina?
- Depende do tempo.
- Bom..., suponhamos que chove.
CONFISSÃO
Vai um monge confessar-se e diz para o
padre:
- Padre, fiz amor com uma preta num
quarto escuro... É pecado?
- Não, meu filho. É muita pontaria!
NO DEPARTAMENTO DE IMIGRAÇÃO
- Sexo?
- Três vezes por semana.
- Não... eu quero dizer masculino ou
feminino?
- Não importa.
ALFÂNDEGA
Joaqui m
chega ao aeroporto todo carregado de malas.
Quando já ia a embarcar, viu o seu
amigo brasileiro, que era fiscal da alfândega. Este, gritou-lhe de longe:
- E aí, Joaqui m?
Tudo jóia?
- Tudo não! Metade é cocaína.
A JOVEM
Um camionista pára a sua viatura à
beira da estrada e dá boleia a uma bela jovem. Depois de conversarem um pouco,
ambos decidiram parar para comer qualquer coisa e acabam por ir para o quarto
de um motel. Enquanto a escultural jovem se despe, o homem pergunta-lhe:
- Diz-me lá: que idade é que tens?
- Treze.
- Por amor de Deus! Veste-te imediatamente
e vai-te embora daqui !
- Olha, mais um supersticioso!
A OVELHA E O CARNEIRO
Diz a ovelha para o carneiro:
- Tens tão pouca lã...
E diz ele:
- Então, mas viemos para aqui para dar uma queca, ou para fazer tricô?!
COMO UM TOURO
Uma mulher, toda boazona, vai ao
médico:
- Sr.Doutor: queria que fizesse algo
pelo meu marido... Algo que o fizesse ficar como um touro!
- Muito bem senhora, dispa-se que
vamos começar pela parte dos cornos!
AO TELEFONE
- Alô! A minha sogra quer atirar-se
pela janela!
- Enganou-se no número... aqui é duma carpintaria!
- Sim, eu sei,.. mas é que a janela
não se abre!