Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, maio 12, 2012
IMAGEM
Rua principal da cidade de Tomar. No meio, lá em cima, o castelo. Ao fundo da rua, do lado esquerdo, o Café Paraíso (espero que ainda lá esteja...) onde eu passava algumas das poucas horas das minhas saídas a ver jogar bilhar. Claro que, nesse tempo, ainda não havia as floreiras ao longo da rua.
Tango
É sem duvida um primor de elegância Vale a
pena ver até ao fim. No início do século XX, o Tango era dançado entre homens, como é o Sirtaki, dança tradicional grega.Era vergonhoso para uma mulher ter essa oportunidade.Levou mais de 20 anos até que o TANGO fosse dançado com uma mulher.
Este vídeo é uma obra de arte. O estilo é uma pequena jóia...
Miltinho (continuação)
O certo é que não há
mídea para os nossos astros de ontem mesmo aqueles que ainda de certo modo
procuram manter uma certa actividade apesar da idade já avançada. Essa triste
realidade de um país cuja população esta a procura de algo que satisfaça de
imediato seus anseios de consumo e são estimulados a isso todo dia e toda hora
realmente tende a desconhecer seu passado, mesmo aquele considerado recente, e
o que é pior, verifica-se então um profundo desconhecimento da verdadeira
história do país, ou seja, uma população alienada e alheia a sua própria
definição de identidade, é muito triste se constatar tais fatos, mas não
adianta O certo é que não há mídia para nossos astros de ontem, mesmo aqueles
que ainda mascarar a realidade, ela existe e esta aí sendo comprovada a cada
dia.
Luiz Américo Lisboa Junior ( 2005 - Continua)
MILTINHO - PALHAÇADA (1961)
A importancia de um zero à esquerda ...
Uma
mulher, executiva de uma grande empresa, fez a sua primeira viagem de
negócios ao Rio de Janeiro.
À
noite, sentiu-se sozinha e com uma sensação de liberdade que nunca havia
sentido antes...
Decidiu chamar uma dessas "empresas de acompanhantes", cujos
folders de propaganda estão nas mesas dos quartos de todos os hotéis nas
grandes cidades.
Localizou, sem dificuldade, um que oferecia serviço masculino, denominado
"ferótico". Com o folheto nas mãos molhadas de suor pela
expectativa, discou o número marcado.
- Alô! - atendeu uma voz masculina marcadamente sensual.
- Alô. Eu preciso de uma massagem... Não, espere! Na realidade o que eu quero
é SEXO!!! Uma grande e duradoura sessão de sexo, mas tem de ser agora! Estou
falando sério! Quero que dure a noite inteira! Estou disposta a fazer de
tudo, participar de todas as fantasias que vocês inventarem. Traga tudo o que
tiver à mão de acessórios, algemas, chicotes, consolos, pomadas, vibradores
e, quero ficar a noite inteira fazendo de tudo! Vamos começar passando geléia
no corpo um do outro, depois quero que você me grude na parede... Estou
disposta a fazer de tudo e topo todas as posições: frango assado, rã com
câimbra, canguru perneta, folhinha-verde, vaca atolada, sa
- Bem, na verdade me parece fantástico. Mas a
|
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 96
O enterro de Osmundo despontava na
praça, vindo da avenida na praia.
-
Não tem gente nem para pegar nas alças do caixão… - comentou alguém.
Pura verdade. Era difícil adivinhar-se
enterro mais magro de acompanhamento. Só mesmo as pessoas mais chegadas a
Osmundo tiveram a coragem de acompanhá-lo nesse seu último passeio pelas ruas
de Ihéus.
Levar o dentista ao cemitério era quase
uma afronta ao coronel Jesuíno e à sociedade. Ari Santos, o Capitão, Nhô-Galo,
um redactor do Diário de Ilhéus, uns poucos mais revezavam-se nas alças do
caixão.
O morto não tinha família em Ihéus, mas
nos meses que ali passara fizera muitas relações, homem dado, amável,
frequentador dos bailes do Clube Progresso, das reuniões do Grémio Rui Barbosa,
das danças familiares, dos bares e cabarés. No entanto, ia para o cemitério
como um pobre diabo, sem coroas e sem lágrimas.
Um comerciante recebera um telegrama do
pai de Osmundo, com quem mantinha negócios, pedindo-lhe que tomasse todas as providências
para o enterro do filho e anunciando que chegaria pelo primeiro navio.
O comerciante encomendara caixão e cova,
contratara alguns homens no porto para levar o esqui fe
no caso de não aparecer nenhum amigo, não achara necessário gastar dinheiro com
coroas e flores.
Nacib não mantivera relações estreitas
com Osmundo. Uma ou outra vez o dentista parava no bar, seu ponto era o Café
Chic. Tomava um trago quase sempre com Ari Santos ou com o professor Josué.
Declamavam-se sonetos, liam-se pedaços de prosa, discutiam literatura.
Por vezes acontecia o árabe sentar-se
com eles: ouvia trechos de crónicas, versos falando em mulher. Como todo o
mundo achava o dentista um bom rapaz, diziam-no competente profissional, sua
clientela aumentava. Vendo agora o enterro mesqui nho,
aquela ausência de gente e de flores, aquele caixão pelado, sentia-se triste.
Era, afinal uma injustiça, uma coisa
desairosa para a própria cidade. Onde estavam os que lhe louvavam o talento de
versejador, os clientes a elogiar a sua mão tão leve na extracção de molares,
seus colegas do grémio Rui Barbosa, os amigos do Clube Progresso, os parceiros
do bar?
Medo do coronel Jesuíno saber, das
solteironas comentarem, que a cidade os pensasse solidários com Osmundo.
Um moleque atravessou o enterro
distribuindo anúncios do cinema, da estreia naquela mesma noite do “famoso
mágico hindu Príncipe Sandra, o maior ilusionista do século, faqui r e hipnotizador, aclamado pelas plateias da
Europa, e de sua bela ajudante, Madame Anabela, médio vidente e assombro de
telepatia”.
Levado pelo vento, um dos anúncios voava
sobre o caixão. Osmundo não conheceria Anabela, não se juntaria ao seu séqui to de admiradores, não participaria, não
participaria da concorrência em torno do seu corpo.
O enterro passava perto do átrio da
igreja. Nacib se incorporou ao acompanhamento. Não iria até ao cemitério, não
podia deixar o bar, naquela noite era o jantar da Empresa de Ónibus. Mas o
acompanharia pelo menos uns dois quarteirões, sentia-se obrigado a fazê-lo.
(Click na imagem e aumente)
(Click na imagem e aumente)
À ENTREVISTA Nº 49 SOBRE O TEMA:
“AS APARIÇÕES DA VIRGEM (1)
Uma Crença Oficial
O aparecimento de Maria, Mãe de Jesus,
aos povos da Terra é uma crença que a Igreja Católica oficialmente tem
certificado e activamente divulgado. A
primeira dessas aparições que o catolicismo oficial acredita firmemente foi
antes um episódio de bilocação: Maria ainda viva, teria aparecido no ano de 39 a Santiago - apóstolo de Jesus,
e na realidade, seu filho, já que os Evangelhos afirmam que Santiago era
"irmão de Jesus" – que, segundo a tradição, estava naquele tempo a
pregar o evangelho em Saragoça, Espanha.
Desde então, as aparições contabilizadas pela a Igreja
Católica em 20 séculos são mais de 500 e vão aumentando. Nas duas últimas décadas do Século XX
chegou ao Vaticano o relato de 1 000 500 aparições em mais de 30 países do
mundo. Formalmente aprovadas
pelo Papa ou por um Bispo são apenas 20, incluindo, entre as mais famosas e
populares a de Guadalupe, no México, Lourdes em França e Fátima em Portugal.
sexta-feira, maio 11, 2012
MILTINHO
A safra de cantores que se notabilizaram na década de 50 e início dos anos 60
foi muito grande, eles formaram um time de primeira na música popular brasileira
e construíram um património musical para o nosso país dos mais notáveis. Os mais
jovens por certo não conhecem esses artistas, ou quando muito ouviram falar seja
por seus país ou avós ou por outras pessoas de mais idade, talvez até em raros
momentos em que puderam assistir algo de mais útil nas televisões abertas quando
elas se prestam a realmente divulgar a nossa cultura, hoje em dia cada vez mais
difícil de ser veiculada, ou então em canais específicos de difusão cultural,
mas que sabemos tem um público restrito. (continua)
Luiz Américo Lisboa (Nov. 2005)
MILTINHO - POEMA DO AMOR (1960)
Episódio Nº 95
- Se você sabe mesmo cozinhar, lhe faço
um ordenadão. Cinquenta mil reis por mês. Aqui
pagam a vinte, trinta é o máximo. Se o serviço lhe parecer pesado, pode
arranjar uma menina para ajudar. A velha Filomena não queria nenhuma, nunca
aceitou. Dizia que não estava morrendo para precisar de ajudante.
-
Também não preciso.
-
E o ordenado? Que me diz?
-
O que o moço qui ser pagar tá bom
para mim…
-
Vamos ver a comida amanhã. Na hora do almoço mando o moleque buscar… Como mesmo
no bar. Agora…
Ela estava esperando, o sorriso nos
lábios, a réstia de luar nos seus cabelos e aquele cheiro de cravo.
-
… agora vá dormir, que já é tarde.
Ela foi saindo, ele espiou-lhe as
pernas, o balanço do corpo no andar, o pedaço de coxa cor de canela. Ela voltou
o rosto.
-
Pois boa noite, seu moço…
Desaparecia no escuro do corredor, Nacib
pareceu ouvi-la acrescentar, mastigando as palavras: “moço bonito…”.
Levantou-se quase a chamá-la. Não, fora à tarde na feira que ela dissera. Se a
chamasse poderia assustá-la, ela tinha um ar ingénuo talvez até fosse moça
donzela… Havia tempo para tudo. Nacib tirou o paletó, pendurou na cadeira,
arrancou a camisa. O perfume ficara na sala, um perfume de cravo. No dia
seguinte compraria um vestido para ela de chita, umas chinelas também. Daria de
presente, sem descontar no ordenado. Sentou-se na cama desabotoando os sapatos.
Dia complicado aquele. Muita coisa acontecera. Vestiu o camisolão.
Morena e
tanto essa sua empregada. Uns olhos, meu
Deus … E da cor queimada que ele gostava. Deitou-se, apagou a luz. O
sono o venceu, um sono agitado; sonhou inqui eto
com Sinhàzinha, o corpo nu, calçada com meias pretas, estendida morta no convés
de um navio estrangeiro entrando na barra. Osmundo fugia de marinete, Jesuíno
atirava em Tonico, Mundinho Falcão aparecia com D. Sinhàzinha, outra vez viva,
sorrindo para Nacib, estendendo os braços, mas era D. Sinhàzinha com a cara
morena da nova empregada. Só que Nacib não podia alcançá-la, ela saía dançando
no cabaré.
De enterros e banquetes com parêntesis
para contar uma história exemplar.
Ia alto o sol reconqui stado na véspera quando, aos gritos de D.
Arminda, Nacib acordou:
-
Vamos espiar os enterros, menina. Vale a pena!
-
Inhôra, não. O moço ainda não levantou.
Pulou da cama: Como perder os enterros?
Saiu do banheiro já vestido. Gabriela acabava de pôr na mesa os bules
fumegantes de café e leite. Sobre a alva toalha, cuscuz de milho com leite de
coco, banana-da-terra frita, inhame, aipim.
Ela ficara parada na porta da cozinha,
interrogativa:
-
O moço precisa de me dizer o que é que gosta. Engolia pedaços de cuscuz, os
olhos enternecidos, a gula a prendê-lo à mesa, a curiosidade a dar-lhe pressa,
era hora de enterros.
Divino aquele cuscuz, sublimes as
talhadas de banana-frita. Arrancou-se da mesa com esforço. Gabriela amarrara
uma fita nos cabelos, devia ser bom morder-lhe o cangote moreno.
Nacib saíu quase correndo para o bar. A
voz de Gabriela acompanhava-o no caminho a cantar:
Não vá lá, meu bem
que lá tem ladeira,
escorrega e cai,
quebra o galho da roseira
(Click na imagem: "... devia ser bom morder-lhe o cangote moreno.")
Nº 49 SOBRE O TEMA:
“AS
APARIÇÔES DA VIRGEM”
RAQUEL - Para levantar o ânimo de nossos ouvintes, talvez impressionados
pelo nosso último programa, a unidade móvel das Emissoras Latinas decidiu
retornar a Nazaré, uma cidade pacífica e começar a entrevista de hoje com Jesus
contando uma graça.
JESUS - Uma graça?
RAQUEL - Sim,
trata-se de sua mãe.
JESUS - Diz-me, Raquel.
RAQUEL - Então, aí vai: - Um sacerdote vai para o céu e ouve uma
criança a chorar. Quem é? - Pergunta ele. É o menino Jesus, respondem-lhe. E por que chora ele tanto? Explicaram-lhe: - é que a sua mãe, Maria, baixa
à Terra todos os dias e não tem tempo para cuidar dele.
JESUS – Ou eu ainda estou meio a dormir... ou
então não entendo a tua graça.
RAQUEL - Veja, senhor Jesus
Cristo, a sua mãe desce do céu à terra contínuamente. Nos últimos anos, suas aparições têm
aumentado em todo mundo. É
realmente uma corrida: Lourdes,
Fátima, Garabandal, Medjugorje, Cuapa, Ostina, Manduria, Arizona, a Rosa
Mística... a lista é
interminável.
JESUS - Sério?
RAQUEL - Imagens de
Maria que choram, sangram, estampas, silhuetas de Maria em árvores... até num pedaço de pizza, recentemente,
apareceu sua mãe.
JESUS - O que faz a minha mãe quando aparece?
RAQUEL - Pede a
construção de um templo para rezar o terço. Um
dos mais comentados foram as aparições de Fátima.
JESUS – Conta-me, porque eu não sabia de nada…
RAQUEL - A 13 de Maio de 1917, em Fátima, Portugal, três pastorinhos
viram uma senhora descendo do céu. Alta,
loira, vestido de branco…
JESUS - Acho que não foi a minha mãe porque ela era morena, pequena, com uma túnica cor de terra ... e que língua falava?
RAQUEL - Em português.
JESUS – Ela a falar em português?
RAQUEL - Poucos meses depois ocorreu o milagre do sol. Um
prodígio a que assistiram 70 mil pessoas.
JESUS - O que aconteceu, Raquel, conta-me.
RAQUEL - Ao meio-dia, depois de horas e horas de espera, as
três crianças viram a sua mãe, Maria. Apontando para o sol, em seguida, o sol
começou a girar, a girar, a ficar vermelho, e pôs a multidão a gritar...
JESUS - Isso foi uma coisa terrível…
RAQUEL – Quando aquela bola de sol ia a cair sobre as
pessoas, o milagre acabou e o sol voltou ao seu lugar no céu.
JESUS – E porque chamas milagre a essa calamidade?
RAQUEL - Eu, não. Os
representantes do senhor no Vaticano que reconheceram oficialmente como um
milagre portentoso. O senhor Jesus
Cristo, que é filho dela e o representado deles, o que acha disto?
JESUS – Só há um sol no céu, não é verdade Raquel? O sol que essas pessoas
viram era o mesmo em todo o mundo porque não há outro. Se o sol tivesse saído
do seu caminho todos os filhos de Deus se teriam dado conta. O milagre não foi
que uma minoria viu mas sim que uma maioria não tenha visto.
RAQUEL – Sim, mas o que aconteceu depois, em Fátima? Tantas pessoas não podem ter
alucinações ao mesmo tempo.
JESUS - Tinham comido? Não seria
fraqueza depois de tantas horas esperando sem saberem o quê?
RAQUEL – O senhor não acredita no milagre de Fátima?
JESUS - Eu lembro-me das histórias que o meu avô Joaqui m à noite me contava para meter medo ...
RAQUEL – E as outras aparições de sua mãe, Maria?
JESUS - Minha mãe não precisa de templos ou rosários. Minha mãe não brinca às escondidas. Para
com isso, Raquel, e conta-me piadas mais engraçadas.
RAQUEL - Não sem antes
terminar o programa e despedir-me dos ouvintes das Emissoras Latinas, que uma vez mais, penso eu, podem estar se
perguntando até onde iremos chegar.
quinta-feira, maio 10, 2012
IMAGEM
Esta é a cidade de Tomar atravessada pelo rio Nabão. Na parte mais alta da cidade fica O Colégio Nuno Álvares onde estudei na minha juventude em regime de internato. Esta não será a mais conhecida imagem de Tomar mas em homenagem ao passado que a ela me liga apresentarei outras fotografias mais emblemáticas desta linda cidade.
NILO AMARO E SEUS CANTORES DE ÉBANO
Os pesquisadores de nossa musica popular não dimensionaram ainda a verdadeira
importância que teve Nilo Amaro e seu grupo, talvez, o único em seu tempo que
sofrendo influencias de conjuntos e cantores americanos como os The Platters,
Nat King Cole, Ray Charles e outros soube incorporar e reinterpretar o estilo
yankee ao mais puro sentimento, lamento e alegria de nossa raiz negra mais
profunda.
Luiz Américo Lisboa Junior
Itabuna, 1 de novembro de 2005
NILO AMARO - ABAETÉ
OS GRANDES AUTORES
DO SÉ: XX E O QUE APRENDEMOS
OU "DEVERÍAMOS TER APRENDIDO"
COM ELES
T. S. ELIOT (1888 - 1965)
Thomas Stearns Eliot, norte-americano que se tornou inglês aos 39 anos, depois de se converter ao anglicanismo, foi um dos mais respeitados críticos literários da sua geração, mas sobre tudo um extraordinário poeta, embora com uma obra relativamente curta. Livros como Prufrock e outras Observações, A Terra semVida (TheWaste Land), Quarta-Feira de Cinzas ou QuatroQuartetos são obras maiores da poesia de língua inglesa.
O que nos ensinou: a arte de rimar “come and go" com Miguel Ângelo
DIZERES
"Lágrimas de Crocodilo"
Significado:
- Choro fingido, falsa tristeza.
Origem:
- O crocodilo quando ingere um alimento exerce forte pressão contra o céu da boca porque, não mastigando, tem de abrir muito a boca comprimindo as glândulas lacrimais o que faz com que o animal chore enquanto come as suas vítimas.
SEXO NA ARCA
FRIGORÍFICA
Dois amigos encontram-se num bar. Um deles está com um olho negro.
- O que foi que te aconteceu? - Pergunta o outro.
- Olha, levei com um frango congelado na cara, só isso! - Responde o
amigo.
- Um frango? Mas como é que foi que aconteceu isso?
- É que ontem a minha mulher estava de mini-saia e baixou-se para
dentro da arca frigorífica para pegar nalguma coisa. Eu estava atrás dela
e não resisti, agarrei-a por trás ali mesmo.
- Sério?
- Claro! E ela não queria, remexia-se, e eu fiquei com mais vontade
ainda, ela começou a gritar e eu ainda ficava mais vidrado...
- Porra!
- Ela debatia-se como uma louca, e eu cada vez mais esganado...
- Só estou a imaginar a cena! - diz o outro excitado.
- E nessa altura, ela conseguiu pegar num frango congelado e espetou
com o dito cujo nas minhas ventas!
- Mas que coisa estranha! A tua mulher não gosta de sexo?
- Em casa, delira ! No Pingo Doce é que não...*
Episódio Nº 94
Sinhàzinha e Osmundo não veriam os
rebocadores e dragas no porto, cavando a barra. Não veriam esses dias de tanto
progresso sobre os quais Mundinho falava. Esse mundo é assim, feito de alegrias
e tristezas.
Contornou a Igreja, continuou a subir
vagarosamente a ladeira. Será mesmo que Tonico Bastos havia dormido com
Sinhàzinha? Ou era conversa para impressionar?
Nhô-Galo afirmava que ele mentia
descaradamente. Em geral ele não se metia com mulher casada. Rapariga, isso
sim, não respeitava dono. Sujeito de sorte. Também com aquela elegância, cabelo
prateado, a voz sussurrante. Bem que Nacib gostava de ser como ele, olhado com
desejo pelas mulheres, merecendo ciúmes violentos. Ser amado com loucura assim
como Lídia, rapariga do coronel Nicodemos, amava Tonico.
Mandava-lhe recados, atravessava ruas
para vê-lo, suspirava por ele que nem mais a ligava, farto de tanta devoção. Por
ele, Lídia arriscava todos os dias a sua situação, por um olhar, uma palavra
sua.
Rapariga, Tonico não respeitava de
ninguém, a não ser Glória, todos sabiam porquê. Mas com mulher casada não sabia
que ele se metesse.
Enfiou a chave na fechadura, arfando da
subida, a sala estava iluminada. Seria ladrão? Ou bem a nova empregada
esquecera de fechar a luz?
Entrou de mansinho e a viu dormida numa
cadeira, os cabelos longos espalhados nos ombros. Depois de lavados e
penteados, tinham-se transformado em cabeleira solta, negra, encaracolada.
Vestia trapos, mas limpos, certamente os da trouxa. Um rasgão na saia mostrava
um pedaço da coxa cor de canela, os seios desciam ou subiam lentamente ao ritmo
do sono, o rosto sorridente.
-
Meu Deus! – Nacib ficou parado sem acreditar. A espiá-la num espanto sem
limites, como tanta boniteza se escondera sob a poeira dos caminhos?
Caído o braço roliço, o rosto moreno
sorrindo no sono, ali, adormecida na cadeira, parecia um quadro. Quantos anos
teria? Corpo de mulher jovem, feições de menina.
-
Meu Deus, que coisa! – murmurou o árabe quase devotamente.
Ao som de sua voz, ela despertou,
amedrontada, mas logo sorriu e toda a sala pareceu sorrir com ela. Pôs-se de
pé, as mãos ajeitando os trapos que vestia, humilde e clara como um pouco de
luar.
-
Porque não deitou, não foi dormir? – tudo o Nacib acertou dizer.
-
O moço não disse nada…
-
Que moço?
-
O senhor… Já lavei roupa, arrumei a casa. Depois fiquei esperando, peguei no
sono – uma voz cantada de nordestina.
Dela vinha um perfume de cravo, dos
cabelos, talvez, quem sabe do cangote.
-
Você sabe mesmo cozinhar?
Luz e sombra em seu cabelo, os olhos
baixos, o pé direito alisando o soalho como se fosse sair a dançar.
-
Sei, sim senhor Trabalhei em casa de gente rica, me ensinaram. Até gosto de
cozinhar… - Sorriu e tudo sorriu com ela, até o árabe Nacib deixando-se cair
numa cadeira.
( Click na Imagem do Nacib que parece não acreditar na sorte que lhe saiu)
( Click na Imagem do Nacib que parece não acreditar na sorte que lhe saiu)
CONSIDERAÇÕES PESSOAISSOBRE O TEMA DA INQUISIÇÃO
Se alguma dúvida existisse sobre o que
é, na verdade, a igreja católica de Roma, teria ficado desfeita com a sua
actuação ao longo de três séculos, em todo o mundo debaixo da sua influência, como instrumento de poder através da Inqui sição.
Não passou para a sociedade de fiéis,
como teria sido da sua obrigação, a mensagem de amor, justiça, igualdade entre
os homens e tolerância tal como foi o testemunho e o exemplo de vida do homem
que a inspirou.
Ciosa
dos seus interesses, das suas influências, do seu poder, da sua riqueza, recorreu a todas os
processos, dos mais insidiosos aos mais cruéis, para se impor pela força, pelo
medo, pelas ameaças, transformando a vida das pessoas, geração após geração,
durante séculos, num mundo de sobressaltos, de receios, pesadelos, em estímulos
à vassalagem, subserviência, delação entre vizinhos, traições e ódios.
Mergulhou a humanidade num quarto escuro
– a Idade das Trevas – impondo dogmas, impedindo e condenando a difusão de
qualquer conteúdo que os beliscasse numa atitude arrogante de “senhor absoluto”.
Como curiosidade desse passado de
vergonha, que não é sentida pelo actual Papa, alcunhado pelo “Grande Inqui sidor”, ficámos a saber, pelos documentos legados
pelos Tribunais do Santo Ofício, que o número de pessoas sacrificadas (as
mulheres, as grandes vítimas) foi consideravelmente mais pequeno entre as
comunidades da Península ibérica e Sul do Mediterrâneo, comparadas com as da Europa
central… o céu azul, o clima benigno, o calor do sol, temperam os espíritos.
quarta-feira, maio 09, 2012
Bocheche, Bocheche, sempre!!!!
Anda-se sempre a aprender......
Mulher:
- Doutor, não sei o que fazer, sempre que o meu marido chega bêbedo, enche-me de porrada! Médico: - Eu tenho um remédio muito bom para isso. Quando o seu marido chegar a casa embriagado, basta que você pegue numa chávena de chá de camomila e comece a bochechar. Não faça mais nada, apenas bocheche, bocheche e bocheche... Duas semanas depois, ela volta ao médico e parece ter renascido. Mulher: - Doutor, a sua ideia foi brilhante! Sempre que o meu marido chegou a casa bêbedo, eu bochechei muitas vezes com chá de camomila e ele não me bateu. Médico: - Boa! Está a ver como calar a boca funciona? |
Texto de José Mário Silva
SAMUEL
BEKETT – (1906 – 1989)
“Tentar outra vez. Falhar outra vez. Falhar melhor”(Pioravante
Marche). Eis uma citação do autor de Dias Felizes que se tornou um lema para muita
gente e que resume uma ética transversal a toda a obra do escritor irlandês,
vencedor do Prémio Nobel em 1969. Tanto nas peças de teatro como nas narrativas
(romances e novelas), Beckett questionou, desmontou e eliminou as convenções
realistas, abdicando de elementos como o enredo ou as
noções precisas de tempo e espaço. À medida que
envelhecia, as suas obras, escritas quer em inglês quer em francês, foram tendendo
para uma rarefacção cada vez maior, até ao ponto de se transformarem em abstractos
exercícios de linguagem. O seu experimentalismo antecipou várias correntes pós-modernas
e são muitos os autores que reconhecem a sua herança, dos poetas da Beat Generation
a John Banville ou Harold Pinter.
O Que Nos Ensinou:
a capacidade de fazer dos excluídos
(vagabundos, mulheres presas na areia, velhos decrépitos) arautos
dos abismos da condição humana.
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 93
- Porcaria… A
gente pensa que está vendo carne, é fazenda cor-de-rosa… comentou Nhô-Galo.
Sob aplausos, ela retirou-se para voltar minutos
depois num segundo número mais sensacional ainda. Coberta de véus multicolores
que iam caindo um a um, como anunciara Mundinho. E durante um breve minuto,
quando caiu o último véu e as luzes novamente se acenderam, puderam ver o corpo
magro e bem feito, quase nu, apenas uma tanga mínima e um trapo vermelho sobre
os seios pequenos.
A sala gritava em coro, reclamava bis, Anabela passava
correndo entre as mesas. O coronel Ribeirinho mandava descer champanhe.
Agora valeu a pena… Até Nhô-Galo estava entusiasmado.
Anabela e o Príncipe foram para a mesa de Mundinho
Falcão.
“É tudo por minha conta” dizia Ribeirinho. A orquestra
voltava a tocar, Dr. Ezequi el
arrastava Risoleta, tombando sobre as cadeiras.
Nacib resolveu ir embora. Tónico Bastos, os olhos em
Anabela, mudara-se para a mesa de Mundinho. Nhô-Galo desapareceu. A dançarina sorria,
levantava a taça de champanhe:
- À saúde de
todos! Ao progresso de Ilhéus!
Batiam palmas, aplaudindo. Nas mesas vizinhas olhavam
com inveja. Muitos iam para a outra sala jogar. Nacib desceu as escadas.
Atravessou as ruas silenciosas. Na casa do Dr.
Maurício Caíres filtrava-se a luz pela janela. Devia estar começando a estudar
o caso de Jesuíno, a preparar dados para a defesa, pensou Nacib, recordando os
indignados propósitos do advogado no bar. Mas um riso de mulher saíu pelas
frinchas da janela, morreu na rua.
Diziam que o viúvo levava, à noite, negrinhas do morro
para sua casa. Ainda assim não podia Nacib adivinhar que àquela hora, talvez
por interesse puramente profissional, exigia de uma cabrocha do Unhão,
mulatinha banguela e espantada, deitar-se com umas meias pretas de algodão,
vestida apenas com elas.
- Se vê cada
coisa nesse mundo… - A cabrocha ria por entre os dentes falhos e podres.
Nacib sentia o cansaço do dia trabalhoso. Tinha
conseguido saber, finalmente, o motivo daquelas idas e vindas de Mundinho, dos
segredos do Capitão com o Doutor, da entrevista secreta com Clóvis.
Relacionavam-se com o caso da barra.
Surpreendera pedaços de conversas. Pelo que diziam,
iriam chegar engenheiros, dragas, rebocadores. Doesse a quem doesse, grandes
navios estrangeiros entrariam no porto, viriam buscar cacau, começaria a
exportação directa. A quem podia doer? Não era, por acaso, a luta aberta com os
Bastos, com o coronel Ramiro?
O Capitão sempre desejara mandar na política local.
Mas não era fazendeiro, não tinha dinheiro para gastar. Estava explicada sua
amizade com Mundinho Falcão, acontecimentos sérios se anunciavam.
O coronel Ramiro não era homem, apesar da idade, para
cruzar os braços, entregar-se sem luta. Nacib não queria meter-se nessa história.
Era amigo de uns e de outros, de Mundinho e do coronel, do Capitão e do Tonico
Bastos. Dono de bar não pode envolver-se em política. Só traz
prejuízo. Mais perigoso ainda que meter-se com mulher casada.
(Click na imagem e aumente)