sábado, abril 16, 2011

VÍDEO


Não deixa de ter a sua margem de risco...há quem se possa despistar.



QUARTETO 1111 - A LENDA D'EL REI D. SEBASTIÃO


Deu brado esta balada, lembro-me bem, corria o ano de 1967. O som da cítara dava-lhe o indispensável e convincente "ar" medieval e as indirectas aos saudosistas e a uma lenda tão querida da nossa cultura também não agradaram a muita gente; mas foi um sucesso, uma pedrada no charco da música portuguesa de então que projectou o José Cid. Já agora, o 1111 era o nº do telefone do quarto onde eles ensaiavam. Não deixe de reparar nas imagens do interior "velhinho" do nosso querido e antigo país com mais de oito séculos de história, o mais antigo da Europa e talvez do mundo nas suas actuais fronteiras. (utilize a totalidade do ecrã)


TEREZA


BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA


Episódio Nº 83


20

Os sentimentos de Justiniano Duarte da Rosa em relação à Tereza, tão longe de manter tão longo favoritismo e crescente interesse permanecem ainda hoje à espera de justa definição por falta de acordo entre os letrados. Já os sentimentos de Tereza Batista não exigiam – nem mereceram debates e análises, reduzidos exclusivamente ao medo.
De início enquanto resistiu e se opôs com desespero, viveu e se fez forte no ódio ao capitão. Depois apenas medo, mais nada. Durante o tempo em que habitou com Justiniano, Tereza Batista foi escrava submissa, no trabalho e na cama, atenta e diligente. Para o trabalho não aguardava ordens: activa, rápida, cuidadosa, incansável; encarregada dos serviços mais sujos e pesados, a limpeza da casa, a roupa a lavar, a engomar, na labuta o dia inteiro. No duro trabalho fizera-se forte e resistente; admirando-lhe o corpo esguio, ninguém a julgaria capaz de carregar sacos de feijão de quatro arrobas, fardos de jabá.
Propusera-se a ajudar dona Brígida no trato da neta, mas a viúva não lhe permitia sequer aproximação, menos ainda intimidades com a criança. Tereza era a traiçoeira inimiga a ocupar a cama de Dóris, a usar suas roupas (os vestidos apertados marcavam-lhe as formas nascentes, excitantes), a fazer-se passar por ela para roubar-lhe filha e herança.
Mergulhada na alucinação, num universo de monstros, dona Brígida mantinha-se lúcida, quanto à condição da neta, herdeira única e universal dos bens do capitão. Um dia quando descesse dos Céus o Anjo Vingador, a criança rica e a avó resgatada do Inferno iriam viver na opulência e na graça de Deus. A neta é seu trunfo, sua carta de alforria, sua chave de salvação. Cadela trazida das profundas do Inferno pela Mula-Sem-Cabeça ou pelo Lobisomem para a matilha do Porco, mascarada de Dóris, a intrujona deseja-lhe fechar-lhe a última porta de saída, roubar-lhe a neta, os bens e a esperança. Quando a enxergava por perto, dona Brígida sumia com a pequena.
Quem lhe dera poder cuidar da criança! Não era pela boneca, não era somente pela boneca; Tereza gosta de crianças e bichos e nunca brincou com bonecas. A esposa do juiz, dona Beatriz, madrinha escolhida por Dóris ainda no começo da gravidez, trouxera a boneca da Bahia, presente de aniversário. Abria e fechava os olhos, dizia mamãe, loiros cabelos anelados, vestido branco de noiva. Em geral trancada no armário, aos domingos entregue à criança durante limitadas horas. Apenas uma vez Tereza a teve nas mãos, logo dona Brígida a arrebatou praguejando.
Não reclamava do trabalho – limpeza dos penicos, asseio da latrina, tratamento da chaga exposta de Guga, a trouxa da roupa – mas era-lhe penosa a má vontade da viúva, a proibição de tocar na criança. De longe enxergava-a a andar em seu passo vacilante; devia ser bom ter um filho ou mesmo uma boneca. Ainda mais penosas as obrigações de cama.
Servir de montaria ao capitão, satisfazer-lhe os caprichos, entregar-se dócil a qualquer momento, noite e dia. Após o jantar, estando ele presente, trazia-lhe a bacia com água morna para os pés e os lavava com sabonete. Para passar por Dóris, na opinião de dona Brígida, mas Dóris era feliz ao fazê-lo, pés adorados, beijava-lhe os dedos, frenética à espera de cama e da função. Para Tereza era tarefa insegura e arriscada; mil vezes preferível tratar da chaga fétida de Guga.

INFORMAÇÔES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 90 SOB O TEMA:


“VIEMOS DOS MACACOS?” (1)




Charles Darwin

Charles Darwin (1809-1882), biólogo britânico, descobriu e explicou a teoria da evolução, apresentando-o à comunidade científica em 1859 no livro "A Origem das Espécies". A sua descoberta revolucionou as ideias e explicações sobre todo o conhecimento humano e sobre a Vida.
A ideia central de Darwin é que todos os organismos vivos têm uma origem comum e evoluíram através de um lento processo de selecção natural. Neste processo estão envolvidas condições ambientais externas: abundância ou escassez de recursos, clima, mudanças geológicas, a chegada a uma nova espécie...
Estas condições estão conduzindo as mudanças que resultam em traços cada vez mais diferentes nos organismos vivos. Estas alterações hereditárias são feitas ao longo do tempo. Em 1871, Darwin publicou "A Origem do Homem", incluindo também os seres humanos no processo único de evolução da vida.
Darwin alegou que o ancestral do homem era um animal semelhante ao macaco. Isso provocou uma controvérsia religiosa que tem continuado até hoje e da qual Raquel falou a Jesus.
Os Tentilhões de Darwin
A expedição científica que durante cinco anos Darwin empreendeu em 1831 pelo Oceano Atlântico no navio HMS Beagle, colocou-o na pista da Teoria da Evolução. Darwin olhou para a diversidade da fauna e da flora em áreas muito variadas, percebendo que as distâncias geográficas e diferentes ambientes, criaram condições para que as espécies variassem.
Concretamente, os comentários que fez aos tentilhões das Ilhas Galápagos, pássaros com características comuns e diferenças essenciais consoante as ilhas onde viviam, deram-lhe a chave: a mesma espécie, o pintassilgo ancestral, havia "evoluído" para seis novas espécies
consoante o ambiente a que teve de se adaptar.

sexta-feira, abril 15, 2011

VÍDEO


O 1º Ministro Checo enerva-se e dá uma chapada ao ministro da Saúde por causa dos maus resultados... e são eles que presidem à União Europeia!



ANGELA MARIA - FALHASTE CORAÇÃO

Um êxito de 1965 desta voz quente e melodiosa que recordamos com saudade no Brasil e em Portugal.


TEREZA

BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA


Episódio Nº 82

Se era… Nem é bom falar, mas que fazer? A educação dos filhos exige sacrifícios, capitão. Agora, veja o amigo: na posição de juiz de direito, não lhe fica bem frequentar casa de mulheres, ruas suspeitas, enfim… o capitão compreende a situação delicada. Pensa estabelecer criatura direita e que lhe fale aos sentidos. Ao saber Maria Romão livre, o capitão desinteressado…


- Não lhe aconselho, doutor. Muita estampa, muita figura, podre por dentro.


- Podre por dentro?


- Lepra, doutor.


- Lepra? Meu Deus! Tem certeza?


- Conheço pela sombra, mas a dela já começou a dar flor.


No correr dos dias, o meritíssimo juiz muito aprendeu sobre os costumes locais e sobre o capitão. Fizeram-se amigos, trocaram favores, unidos por interesses diversos, na voz do povo sócios em bandalheiras, a quadrilha do capitão, do juiz, do delegado e do prefeito. Vangloria-se de conhecer como ninguém os sentimentos de Justiniano Duarte da Rosa. Na roda dos intelectuais, nos debates eruditos e frascários – também nas tardes mansas ao calor do seio de Belinha – o doutor Eustáquio discorre sobre a vida sentimental e sexual do respeitado prócer.


Amor digno dessa palavra sublime, capaz de levar homem adulto e de princípios estabelecidos a cometer desatinos, amor realmente, Justiniano só uma vez o sentira e dele padecera; o objecto desse puro sentimento fora Dóris. Que desatinos cometera o capitão, provas de cegueira e de demência, provas de um sublime amor?


Pois. Meus caros colegas, minha doce amiga, o de casar-se com criatura tão sem graça, pobre e tísica, loucura das loucuras. Amor sublime ou sórdido, como preferiram, verdadeiro, porém. O capitão jamais professara amor antes de Dóris, jamais voltara a senti-lo depois – todo o resto não passava de xodós, rabichos, simples assuntos de cama, de maior ou menos duração, quase sempre menor.


Tereza não teve conta aberta na loja de Enock, nem a viram de braço com o capitão, na hora de sessão de cinema; em troca foi a única a atravessar mais de dois anos no favor de Justiniano Duarte da Rosa, deitada na cama de casal.


Dois anos e três meses completos – e quanto tempo ainda senão acontecesse o que aconteceu? O senhor Juiz, profundo psicólogo e vate contumaz (dedicara à Belinha todo um ciclo de lúbricos sonetos camonianos), recusou-se não só a colocar Tereza ao lado de Dóris na escala de sentimentos de Justiniano Duarte da Rosa como também a designá-la, como fazia o povo, por amásia ou amiga do capitão.


Amiga? Quem? Tereza Batista? Certamente o facto do meritíssimo encontrar-se de certa maneira envolvido nos acontecimentos finais dificultaram-lhe a imparcialidade, apoucaram-lhe a musa, não lhe permitindo enxergar amor e ódio, medo e destemor. Viu apenas vítimas e culpado. Vítimas, todos os personagens da história, a começar pelo capitão; culpado apenas um, Tereza Batista, tão jovem e tão perversa, coração de pedra e vício.


Houve quem pensasse exactamente o contrário, algumas pessoas sem maior classificação, não eram juristas, nem literatos como o doutor Eustáquio Fialho Gomes Neto, para as musas Fialho Neto, não sabiam de leis nem de métrica.


No fim, como se verá, nada ficou apurado devido à indébita e decisiva intervenção do doutor Emiliano Guedes, o irmão mais velho dos Guedes.

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ENTREVISTAS FICCIONADAS

COM JESUS CRISTO Nº 90 SOB O TEMA:
“NÓS VIEMOS DOS MACACOS?"



RAQUEL - Já estamos no ar? ... Amigas e amigos, atrás de mim, as muralhas douradas de Jerusalém. E connosco um convidado especial, Jesus Cristo. Na minha última entrevista mencionei a teoria da evolução. E agora eu pergunto-lhe, Jesus, sabe alguma coisa sobre isso?


JESUS - Não, Raquel.


RAQUEL - Bem, então eu vou dizer-lhe que em 1859, um cientista Inglês, Charles Darwin, um homem muito religioso, descobriu o mistério da vida.


JESUS - E qual é esse mistério?


RAQUEL - Charles Darwin mostrou que todos os seres vivos, animais e plantas, todos, pertencem à mesma família, nascidos de um núcleo comum.


JESUS – Raquel, explica melhor…


RAQUEL - Pela selecção natural, por tentativas e erros, em mudanças sucessivas, os seres vivos vão se adaptando ao meio ambiente.


JESUS - O Livro de Jó fala da águia, do burro selvagem, do cavalo de água, obra-prima de Deus...


RAQUEL - Bem, todos esses animais, segundo Darwin, descendem uns de outros, têm a mesma origem, evoluíram a partir de uma primeira semente.


JESUS - Quem plantou essa semente?


RAQUEL - Digamos que Deus plantou a árvore da vida e a árvore cresceu e começou a dar mil ramos diferentes. Em cada ramo e durante milhões de anos, surgiram as mais diversas formas de vida, diferentes espécies.


JESUS - Parece uma explicação muito bonita ...


RAQUEL - Mas a Bíblia diz o contrário. A Bíblia diz que Deus criou primeiro as plantas, depois os pássaros, em seguida os peixes e finalmente os animais. Ela diz que em apenas sete dias, Deus criou um após outro, todos os seres vivos.


JESUS - Pois, pensando bem, parece-me um prodígio maior tirar milhares de vidas diferentes de uma única semente do que plantar milhares de sementes, uma para cada vida. O que tu dizes proclama com mais força a glória de Deus.


RAQUEL – O senhor não o sabe mas eu vou-lhe dizer que há um terrível conflito entre aqueles que defendem a criação, de acordo com a Bíblia, e os que defendem a evolução, como Darwin. O senhor que diz?: "Fé ou Ciência?


JESUS - A fé, Raquel, não se cabe em nenhum livro e o céu não se encaixa em qualquer ciência. Quem é tão arrogante que acha que sabe tudo?


RACHEL - Mas então, em que ficamos: criação ou evolução?


JESUS – Raquel, se eu entendi bem, não foi Deus quem criou a evolução? Não foi ele que semeou a primeira semente?


RAQUEL – Há algo que eu não comentei consigo e que chocou muitas pessoas.Na teoria de Darwin, os seres humanos também são um ramo dessa grande árvore da vida.


JESUS - E qual é a confusão?


RAQUEL - O senhor, Jesus Cristo, sabe quais são nossos primos irmãos, os parentes mais próximos de nós nessa árvore?


JESUS – Diz-me quais são.


RAQUEL - Macacos!


JESUS – Os macacos?


RAQUEL - E... de que se ri o senhor?


JESUS - O que me faz rir ... essa, sim, é uma boa piada de Deus para que não nos suba o fumo à cabeça, para sermos humildes... irmãos dos macacos!


RAQUEL - Muitos acham que essa relação é um insulto.


JESUS - Não entendo por quê ... não foi o mesmo Deus que nos criou a nós, aos macacos e a tudo o que respira sobre a terra?... Então...? Todos nascidos de suas mãos ... Na verdade, eu não sabia o que tu me contaste, mas…


RAQUEL - E agora que a conhece que pensa o senhor sobre a teoria de Charles Darwin?


JESUS - O rei Salomão foi um grande sábio. Mas, naquilo que esse homem disse há mais sabedoria do que em Salomão.


RAQUEL - E vocês, meus amigos e amigas o que você acham? Ficam com Darwin ou a Bíblia? Ou com ambas as coisas, como disse Jesus Cristo? Agradecemos as vossas chamadas, Raquel Perez
.

quinta-feira, abril 14, 2011


LOIRAS...



Uma loura está no carro com o namorado num namoro desenfreado. Beijo puxa beijo e às tantas...
- Não queres ir para o banco de trás? (diz ele em visível sofreguidão) -
Para o banco de trás? Não.
Bom, o namoro lá continua, mais beijo, mais festa, mais aperto, mais amasso e...
- Não queres mesmo ir para o banco de trás? (diz ele ainda com mais vontade)
- Não, não quero. O pobre rapaz já meio desnorteado, lá continua no beija-beija, esfrega-esfrega até que...
- Vá lá! Tens a certeza de que não queres ir para o banco de trás? (já desesperado).
- Mas que coisa! Já te disse que não! Claro que não! - Então, mas porquê? (já desesperadíssimo)
- Porque prefiro ficar aqui ao pé de ti!

VÍDEO


Reparem na expressão de "gozo" do miúdo... notável numa idade tão tenra.


OTIS REDDING - I´VE BEEN LOVING YOU TOO LONG


A mais tocante canção de amor na expressão e voz mais impressionante que ouvi. Repito-a aqui para aqueles que gostam tanto dela como eu. (ele estava mesmo sofrendo de amor porque a namorada o tinha deixado)



"Eu amei-te demasiado tempo para parar agora. Meu amor ficou poderoso e você tornou-se para mim um paraíso...Eu amei-te demais, não quero parar agora. Com você a minha vida é maravilhosa... Eu não posso parar agora..."


TEREZA


BATISTA



CANSADA


DE


GUERRA



Episódio Nº 81




Tal veemência de desejo não o impedia de dormir com outras. Houve ocasião de duas hóspedes, ao mesmo tempo, contemporâneas na roça e na cidade, além de Tereza, e de procurá-las a todas no mesmo dia. Um garanhão retado, um pai-d’égua, e Aírton Amorim, incorrigível farsante, a acusá-lo de impotente; nem a confirmação do meritíssimo juiz convence o promotor, esse tal de Marañon não passa de uma besta.

Quando Tereza Batista veio do casarão da roça para a casa do armazém, posta ante uma pequena mesa a fazer contas, curiosos circularam na rua para lobrigar “a nova amiga do capitão, vale a pena!” Na cidade, as raparigas de Justiniano Duarte da Rosa eram debatidas no parlamento das comadres, na tertúlia dos letrados. Uma delas, Maria Romão, causou intenso rebuliço ao ser vista de braço dado com o capitão na calçada do cinema, rolando ancas fartas e busto soberbo; logo se soube da conta aberta para a mulata na loja de Enock, acontecimento inédito, digno de notícia nos jornais da capital.

Alta, trigueira, de cabelos lisos, uma estátua. Estranhamente não era menina nova, já completara dezanove anos quando o capitão Justo a adquiriu numa leva de paus-de-arara trazidos do alto sertão, destinados às fazendas do sul. Um colega de patente de Justiniano Duarte da Rosa, o capitão Neco Sobrinho, mercadejava sertanejos, arrebanhando-os na seca para vendê-los em Goiás, negócio seguro, lucro certo. De passagem e necessitando de mantimentos, trocou Maria Romão por carne seca, feijão, farinha e rapadura. De conta aberta em loja, Maria Romão foi a primeira e a derradeira. Xodó poderoso, atirado despudoradamente às fuças da população, durou pouquíssimo, não dobrou a semana.

Não era o capitão dado a confidências, ao contrário, de natural reservado, inimigo de fuxicos e fuxiqueiros. No entanto, ao despedir Maria Romão, tendo sido interrogado pelo amigo doutor Eustáquio Fialho Gomes Neto sobre a veracidade da notícia a circular nas ruas, não se negou a prestar-lhe sincera informação. O juiz, novo na comarca, a família na capital, impossibilitado pelo cargo de frequentar mulher dama, buscava rapariga para quem montar casa e Maria Romão parecera-lhe talhada a dedo para a emergência.

- É verdade o que falam, capitão? Que aquela moça Romão já não está em sua companhia?

- É facto, sim. Troquei toda aquela fachada por uma pequerrucha raquítica que Gabi recebeu de Estância, da fábrica de tecidos – fez pausa, completou: - Gabi pensa que me enrolou. Ainda está para nascer quem engane capitão Justo seu doutor!

- Trocou, capitão? Trocou, como? – O Juiz instruía-se sobre costumes da terra e do capitão.

- Faço uma barganhas com Gabi, seu doutor. Quando ela tem novidade me avisa; se gosto, troco, compro, alugo, faço qualquer transacção. Quando enjoo da bichinha a gente negocia de novo.

- Entendo – Ainda não entendia direito, ia aprender com o tempo: - Quer dizer que a moça está livre, quem quiser…

- É só falar com Gabi. Mas, se mal lhe pergunto, o doutor está interessado nela para quê?

O juiz explicou seu problema; com o capitão a quem viera recomendado por amigos poderosos poderia se abrir. Com os filhos estudando na Bahia, a esposa demorava-se mais pela capital do que mesmo em companhia do marido. Ia e vinha, ele também quando possível…

- Despesa danada! – disse o capitão, e assobiou entre os dentes.

(Clik na imagem e aumente)

INFORAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 89 SOB O TEMA:




“A BÍBLIA E A ECOLOGIA”. (7)


Natureza: Nossa Mãe ou Nossa Filha?


O conhecimento da ciência pode fazer-nos mais humanos. Nos últimos cinquenta anos os conhecimentos científicos foram tantos, tão rápidos e revolucionário que não podemos ignorá-los. O cientista da Pré-História, o catalão Eudald Carbonell, e apela desta maneira para a nossa responsabilidade:

“A possibilidade de nos tornarmos deuses é agora uma realidade. A substituição definitiva da selecção natural pela selecção técnica pode ser viável no decurso do terceiro milénio. O processo que nos afasta progressivamente da Mãe Natureza – convertendo-a em Filha – e leva à perda da sua tutela pode transformar-nos em órfãos ou em criadores, dependendo de nossa abordagem e da capacidade das pessoas de assumir a responsabilidade pelo nosso destino .

Não podemos esquecer: o acaso nos fez hominídeos e a lógica nos há-de fazer humanos. A selecção natural foi o que permitiu a evolução das espécies, criando diferenças genéticas. Selecção técnica é a competência que a técnica produz entre os diferentes hominídeos até que nós, os Homo Sapiens, ficámos sós no planeta com esse “poder”.

Hoje, ainda como indivíduos da mesma espécie não temos diferenças genéticas mas as diferenças técnicas na humanidade são abismais. Socializar a técnica, compartilhá-la, cooperar para que os seus benefícios cheguem a todos, será a única forma de nos humanizar e de sobreviver.

quarta-feira, abril 13, 2011

O Primeiro Contacto Técnico Com o FMI


Hotel Tivoli? Daqui, ao aeroporto, é um tiro... Então o amigo é o camone que vem mandar nisto? A gente bem precisa. Uma cambada de gatunos, sabe? E não é só estes que caíram agora. É tudo igual, querem é tacho. Tá a ver o que é? Tacho, pilim, dólares.


Ainda bem que vossemecê vem cá dizer alto e pára o baile... O nome da ponte? Vasco da Gama. A gente chega ao outro lado, vira à direita, outra ponte, e estamos no hotel.


Mas, como eu tava a dizer, isto precisa é de um gajo com pulso. Já tivemos um FMI, sabe? Chamava-se Salazar. Nessa altura não era esta pouca-vergonha, todos a mamar. E havia respeito... Ouvi na rádio que amanhã o amigo já está no Ministério a bombar. Se chega cedo, arrisca-se a não encontrar ninguém. É uma corja que não quer fazer nenhum.


Se fosse comigo era tudo prà rua. Gente nova é qu'a gente precisa. O meu filho, por exemplo, não é por ser meu filho, mas ele andou em Relações Internacionais e eu gostava de o encaixar. A si dava-lhe um jeitaço, ele sabe inglês e tudo, passa os dias a ver filmes. A minha mais velha também precisa de emprego, tirou Psicologia, mas vou ser sincero consigo: em Junho ela tem as férias marcadas em Punta Cana, com o namorado. Se me deixar o contacto depois ela fala consigo, ai fala, fala, que sou eu que lhe pago as prestações do carro...


Bom, cá estamos. Um tirinho, como lhe disse. O quê, factura? Oh diabo, esgotaram-se-me há bocadinho.


Ferreira Fernandes

VÍDEO


Primeiro, a indiferença, o não querer saber... depois, vejam.



DONGA, PINXIGUINHA, HEBE e CHICO BUARQUE - PELO TELEFONE

Um pouco de história: Entre os séculos XVIII e XIX, nas cidades, desenvolveram-se dois ritmos musicais que marcaram a história da MPB (Música Popular Brasileira): o LUNDU e a MODINHA. O LUNDU, de origem africana, sensual, batida rítmica, dançante. A MODINHA, de origem portuguesa que trazia a melancolia, falava de amor, com uma batida calma e erudita. No início do séc.XX começam a surgir as bases do samba: dos morros e dos cortiços do Rio de Janeiro misturam-se batuques e rodas de capeira com os pagodes e as batidas em homenagem aos orixás e o Carnaval começa a tomar forma com a participação, principalmente dos sons de origem africana de mulatos e negros ex-escravos.

1917 é um marco pois Ernesto dos Santos, O Donga, compôe aquele que é considerado o 1º Samba: Pelo Telefone aqui cantado pelo próprio, já velhote, com a intervenção do então jovem Chico Buarque.


D



TEREZA


BATISTA



CANSADA


DE

GUERRA




Episódio Nº 80



Na opinião do colector Aírton Amorim, em linguagem científica traduz-se essa mania de variar em impotência: Impotência?

O promotor público Epaminondas Trigo protesta, farto das mistificações de Aírton, cuja diversão preferida era abusar da boa-fé dos amigos, engendrando absurdos:

- Lá vem você com as suas invenções. Para tanta mulher ele precisa de ter uma tesão de jegue, isso sim.

- Não me diga, meu ilustre bacharel, que nunca leu Marañon?

O colector gostava de botar banca, de exibir erudição; Gregório Marañon, sábio espanhol, da Universidade de Madrid; é ele quem afirma e prova, meu emérito – quanto maior o número de mulheres, a variedade de fêmeas, mais frouxo o indivíduo.

- Marañon? – admirou-se Marcos Lemos, o guarda livros da usina – eu conhecia a teoria mas pensava que o autor era Freud. Marañon, tem certeza?

- Tenho o livro na minha estante, se quiser comprovar.

- Broxa assim, comendo e variando, variando e comendo, até eu queria ser. O cara não faz outra coisa se não tirar cabaços e você a classificá-lo de broxa, onde já se viu um absurdo igual? – O promotor não se convence.

Aírton eleva os braços aos céus: santa ignorância! Exactamente por isso, meu caro bacharel com cinco anos de faculdade, exactamente por isso; o indivíduo precisa de trocar de mulher a cada passo para excitar-se, manter-se potente. Sabe você, caríssimo representante da acusação pública quem foi o maior brocha da história? Don Juan, o amante por excelência, o das mil mulheres. Outro frouxo, frouxíssimo: Casanova.

- Essa não, Aírton, nem como paradoxo…

Mas o juiz, não querendo passar por menos culto, afirmou a existência de Marañon e da tese estrambótica; verdadeira ou não, a teoria fora proclamada e discutida. Discutidíssima.

Quanto a Freud o assunto era outro: a teoria dos sonhos e dos complexos e aquela história de Leonardo da Vinci…

- Leonardo da Vinci, o pintor – Doutor Epaminondas o conhecia das palavras cruzadas – Era broxa também?

- Broxa, não, chibungo.

Tema de discussões, impotente ou mestre jegue, á escolha dos contricantes, na fartura de tanta rapariga, o capitão vez por outra pegava-se a uma delas, quase sempre menina nova, ainda nos cueiros – para novamente citar a sábia Veneranda, em assuntos de sexo autoridade tão competente quanto Freud ou Marañon e muito menos controvertida. Ao direito à cama de casal, prova do favor do capitão, privilégio e honra, junte-se a oferta de um vestidinho barato, um par de alpercatas, um brinco, um pedaço de fita, e com isso termina a relação das regalias das preferidas; o capitão não costuma jogar dinheiro fora; desperdícios, prodigalidades, ficavam bem ao meritíssimo juiz, é fácil ser perdulário com o dinheiro alheio.

Nem uma palavra de carinho, uma sombra de ternura, um agrado, uma carícia – apenas maior assiduidade, furor de posse. Acontecia-lhe, nas horas mais extravagantes, fazer um sinal a Tereza – para a cama depressa! – suspender-lhe a saia, despejar-se, inadiável necessidade, mandá-la de volta ao trabalho. (clik na imagem)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS




À ENTREVISTA Nº 89 SOB O TEMA:



“A BÍBLIA E A ECOLOGIA” (6)



De acordo com a teóloga ecofeminista brasileira Ivone Gebara, até a crença na ressurreição é um pensamento antropocêntrico, sentimo-nos "eleitos". Ela defende que devemos repensar a crença na ressurreição dos mortos: “Por que pensar que só os humanos é que hão-de ressuscitar? Se pensarmos assim, cultivamos uma crença que estabelece uma hierarquia em que aparecemos como uma espécie priveligiada.”


Direitos dos Animais

Em 15 de Outubro de 1978, a Liga Internacional dos Direitos dos Animais e as ligas nacionais filiadas, proclamaram em Paris, na sede da UNESCO, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais. O texto foi revisto e melhorado pela Liga Internacional, em 1990.

O preâmbulo é uma jóia de sensibilidade, magnanimidade e precisão científica. Diz:

- Considerando que a vida é única e irrepetível, com todos os seres vivos têm uma origem comum e diferenciada no curso da evolução das espécies, considerando que cada ser vivo tem um direito natural e que qualquer animal com um sistema nervoso, tronco e cérebro, possui direitos próprios, considerando que apenas o desprezo e o desrespeito pelos direitos naturais, causa sérios danos à natureza e leva o homem a cometer crimes contra os animais, e que a coexistência de diferentes espécies no mundo faz exigir o reconhecimento pela espécie humana do direito à existência de outros animais, considerando que o respeito pelos seres humanos para os animais é inseparável do respeito pelos seres humanos entre si...

Declaração dos Direitos dos Animais:

Artigo 1º - Todos os animais têm os mesmos direitos à existência, no âmbito dos equilíbrios biológicos. Esta igualdade não oculta a diversidade de espécies e indivíduos.

Artigo 2º - Toda a vida animal tem o direito de ser respeitada.

Artigo 3º - Nenhum animal deve ser submetido a maus tratos nem a actos cruéis. Se for necessária a morte de um animal, deve ser instantânea, sem dor nem angústia. O corpo de um animal morto deve ser tratado com respeito.

Artigo 4º - Todo animal selvagem tem o direito de viver livre no seu habitat natural para se reproduzir. A privação continuada da liberdade de caça e pesca como lazer, bem como qualquer uso de animais selvagens para fins que não são vitais, é contrária a este direito.

Artigo 5º - Qualquer animal que o homem tenha sob a sua autoridade tem o direito de manutenção e alguns cuidados atentos. Em nenhum caso devem ser abandonados ou mortos sem justificação. Todas as formas de criação e utilização dos animais devem respeitar a fisiologia e o comportamento de cada espécie. Todas as formas de exposições, publicidade, entretenimento, filmes ou vídeos fazendo uso de animais deve respeitar a sua dignidade e não envolverem qualquer tipo de violência.

Artigo 6º - A experiência com animais envolvendo sofrimento físico ou psicológico violam os direitos dos animais. Devem ser utilizados e desenvolvidos métodos alternativos.

Artigo 7º – Todo o acto que implique a morte desnecessária de um animal ou de decisão que levem a tais actos constituem crime contra a vida.

Artigo 8º - Todo o acto ou decisão que ameaça a sobrevivência de espécies selvagens é um genocídio e um crime contra a espécie. O abate de animais selvagens e a poluição e destruição dos biótipos são genocídio.

Artigo 9º - O estatuto jurídico dos animais e seus direitos devem ser reconhecidos por lei através das instituições que os defendem. A defesa e a protecção dos animais deve ser reconhecida e estar representado no seio de agências governamentais.

Artigo 10º - Através de instituições de ensino, público ou privado, devem-se educar os seres humanos, desde a infância, a observar, compreender e respeitar os animais.


terça-feira, abril 12, 2011

É assim que se estragam os planos de Deus...


Uma senhora de meia-idade teve um ataque de coração e foi parar ao hospital.

Na mesa de operações, quase às portas da morte, vê Deus e pergunta:
- Já está na minha altura? Deus responde:
- Ainda não. Tens mais 43 anos, 2 meses e 8 dias de vida.
Depois de recuperar, a senhora decide ficar no Hospital e fazer uma lipoaspiração, algumas cirurgias plásticas, um facelift,...
Como tinha ainda alguns anos de vida, achou que poderia ficar ainda bonita e gozar o resto dos seus dias.
Quando saiu do Hospital, ao atravessar a rua, foi atropelada por uma ambulância e morreu.
A senhora, furiosa, ao encontrar-se com Deus, pergunta-lhe:
- Então eu não tinha mais 40 anos de vida? Porque que é que não me desviastes do caminho da ambulância?
Deus responde:
- Porra! Eras tu? Nem te conheci!!!!

VÍDEO


Mas que azar...



MARISA MONTE - A MENINA DANÇA

Nasceu em 1967 no Rio de Janeiro, cantora, compositora, instrumentista e produtora musical com mais de 10 milhões de albuns vendidos e inúmeros prémios, nacionais e internacionais.

TEREZA


BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio Nº 79
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Entre a roça e o armazém, Tereza Batista residiu por mais de dois anos em companhia do capitão Justo, na condição – como dizer? – digamos, de favorita. A nova amásia de capitão, na voz geral; mas o seria realmente? A condição de amásia – concubina, rapariga de casa posta, moça, amiga, manceba – implica na existência de subentendido acordo entre a escolhida e o protector; um corpo de obrigações mútuas, direitos, regalias, vantagens. Para resultar perfeita, a mancebia exige gastos de dinheiro e esforços de compreensão.
Amásia na mais completa e justa acepção da palavra era Belinda, a do meritíssimo juiz. O magistrado montara-lhe casa em beco discreto, quintal de mangueiras e cajueiros com brisa e rede, mobília singela mas decente, cortina, tapetes, e lhe oferecia, além do necessário ao passadio e ao vestuário, um dinheirinho extra para pequenas despesas. Belinha causava inveja até a senhoras casadas quando toda nos trinques e de olhos baixos, seguida pela empregada, dirigia-se à costureira. Tinha empregada para os serviços domésticos e para acompanhá-la á costureira, ao dentista, às lojas, ao cinema, pois frágil é a honra das amásias, necessita permanente cobertura.
Em troca de tais vantagens, obriga-se Belinha a oferecer ao amásio ilustre a completa intimidade de sua graciosa pessoa, a desdobrar-se em carinho e atenções, ser-lhe amável companhia, além de fiel – exigência primeira e essencial. A violação de uma outra cláusula nesses tácitos acordos de bom viver resulta da imperfeita condição humana. Veja-se Belinha: paradigma da amásia ideal, no entanto incapaz de fidelidade, inaptidão congénita em sua gentil pessoa.
Compreensivo e calejado, o meritíssimo fechava os olhos às visitas do primo da moça, em dias de audiência, em respeito aos laços familiares; sua esposa na Bahia possuía ponderável e alegre parentela masculina, como negar um primo único e furtivo à comedida Belinha, solitária durante as longas horas em que ele distribuía justiça na comarca? Corno veterano, cabrão convencido; condição de mansuetude indispensável em certos casos ao completo sucesso da perfeita amigação.
Amásia propriamente não era Tereza, se bem dormisse no leito de casal, tanto no amplo leito conjugal da casa da roça como na velha cama da casa da cidade, regalia a elevá-la acima das demais, a lhe dar categoria especial no rol das inúmeras crias, protegidas, xodós a se sucederem na vida de Justiniano Duarte da Rosa. Regalia significativa, sem dúvida, mas única – fora de uns vestidos usados do enxoval de Dóris, um par de sapatos, um pente, um espelho, berloques de mascate.
No mais, uma criada igual ás outras, no trabalho de manhã à noite; primeiro, na casa da roça; depois no balcão do armazém, quando Justiniano descobriu suas habilidades nas quatro operações e a letra legível. Criada e favorita, manteve Tereza durante dois anos e três meses o privilégio da cama de casal. Teve concorrentes e rivais, todas permaneceram nos quartinhos dos fundos, nenhuma ascendeu dos colchões de capim aos leitos de limpos lençóis.
Mulher alguma demorou-se tanto nas preferências do capitão, amigo de variar. Legiões de raparigas – meninas, moças, maduras – habitaram nas duas casa de Justiniano Duarte da Rosa, à sua disposição; o interesse do capitão, de princípio muito intenso esgotava-se em dias, semanas, raramente durava alguns meses. Lá se iam as infelizes mundo afora; a maioria para a Cuia Dágua, reduto local das mulheres da vida; umas poucas, fisicamente mais dotadas, embarcavam no trem para Aracajú ou para a Bahia, mercados maiores; há mais de vinte anos fornecia o capitão material numeroso e de qualidade variável para os centros consumidores. (clike na imagem)

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 89 SOB O TEMA:

“A BÍBLIA E A ECOLOGIA”(5) Einstein: Um Crente Não-Religioso O grande cientista Albert Einstein foi definido como "um descrente profundamente religioso" um admirador permanente e humilde da "magnífica estrutura da Natureza" dizia ele próprio no seu livro "Minha visão do mundo": O mistério é a coisa mais bonita que podemos sentir. A sensação fundamental, o berço da arte e da ciência. Esta experiência do “misterioso” ainda que misturada de medo também gerou a religião. Mas a verdadeira religiosidade é a de saber dessa “Existência” impenetrável para nós, saber que há manifestações da “Razão” mais profunda e da “Beleza” mais resplandecente... E neste sentido, eu estou aí, pertenço aos homens profundamente religiosos... A mim basta-me o mistério da eternidade da Vida, com o pressentimento e a consciência da construção prodigiosa do existente, com a honesta aspiração a compreender a obra da Natureza. Einstein queria retirar à tradição judaico-cristã o seu carácter antropomorfo. Para ele não se tratava de um Deus semelhante, mas sim da humanidade. Einstein interessava-se não pelos dogmas na sua forma transcendente, mas sim na sua repercussão na sociedade. "Reis da Criação? Em alguns mitos do antigo Egipto é-nos contado que os animais, no Julgamento Final, nos pedem contas daquilo que fizemos com eles, do bom ou mau trato que lhes demos. O cristianismo, tal como o judaísmo, não conseguiu desenvolver uma ética capaz de limitar as pretensões dos seres humanos de dominar os outros seres vivos. Separou o ser humano da natureza, fez do homem um apátrida no meio da natureza que é sua mãe.
A ideia, tão difundida, de que somos "a espécie eleita”, os "reis da criação"separou-nos dos animais e plantas, dos outros seres vivos, outorgando-nos o direito de dominá-los, utilizá-los em nosso benefício sem reflectir sobre o interesse deles. E só quando esse domínio e exploração começam hoje a doer-nos é que reflectimos sobre o erro que foi a nossa posição de "reis" e "rainhas". E não fosse o desastre ambiental que causámos com o nosso “reinado” e o prejuízo que isso nos trás, e continuaríamos a esgotar os recursos naturais e eliminar as espécies vegetais e animais sem nenhum respeito ou compaixão por eles.

segunda-feira, abril 11, 2011

VÍDEO


Verdadeiras mulheres de fazerem parar o trânsito...



ZECA BALEEIRO - TELEGRAMA


Cantor, compositor e músico da MPB. A sua música deriva de muitos ritmos tradicionais brasileiros: samba, pagode, baião, pop, elementos de rock e um jeito muito particular de tocar violão.

TEREZA


BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA


Episódio Nº 78


Até que as forças de Tereza faltassem e ela consentisse ou executasse. A fedentina de mijo, o sangue coalhado, os urros de dor, assim Tereza Batista se iniciou no ofício da cama. Vira de costas, mandava o capitão, fica de quatro. Para consegui-la de quatro e de costas, Justiniano Duarte da Rosa quase gasta o couro cru da taca dos sete chicotes, cada chicote dez nozes.
O capitão Justo era tenaz, tinha feito uma aposta consigo mesmo. Tereza haveria de aprender o medo e o respeito, a santa obediência. Terminou aprendendo, que jeito.
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Antes, porém, tentou fugir uma segunda vez. Descobriu ter sido suspensa a vigilância do cabra durante as idas e vindas de Guga. Na certa, o capitão ao fim de dois meses de intenso tratamento, considerava-a suficientemente dobrada, submissa à sua vontade. Constatada a ausência do capanga, Tereza outra vez investiu, metida na camisola de Dóris, ligeira como um bicho-do-mato.
Não foi longe: aos gritos de Guga acorreram o capitão e dois cabras, cercaram-na nas aforas da casa, trouxeram-na de volta. Dessa vez o capitão mandou amarrá-la com cordas; fardo sem movimentos, de novo atirada no quarto. Meia hora depois, Justiniano Duarte da Rosa apareceu à porta, riu seu riso curto, sentença fatal. Trazia na mão um ferro de engomar cheio de brasas. Levantou-o à altura da boca, soprou por detrás, voaram faíscas pelo bico, brilharam lá dentro os carvões acendidos. Passou o dedo na língua, depois no fundo do ferro, o cuspo chiou.
Arregalaram-se os olhos de Tereza, o coração encolheu e então a coragem lhe faltou, soube a cor e o gosto do medo. Tremeu-lhe a voz e mentiu.
- Juro que não ia fugir, só queria tomar banho, “tou grossa de sujo. Apanhara sem pedir piedade, calada apenas o choro e os gritos: não rogara pragas, não xingara, enquanto tinha forças reagia e não se entregava.
Chorou e consentiu, é certo, jamais porém, implorara perdão. Agora, acabou-se: - Não me queime, não faça isso pelo amor de Deus. Nunca mais vou fugir, peço perdão. Pelo amor de sua mãe não faça isso, me perdoe, ai, me perdoe!
Sorriu o capitão ao constatar o medo nos olhos, na voz Tereza; finalmente! Tudo no mundo tem o seu tempo e o seu preço. A menina estava atada de cordas, deitada de barriga para cima. Justiniano Duarte da Rosa sentou-se no colchão diante das plantas nuas dos pés de Tereza.
Aplicou o ferro de engomar primeiro num pé, depois no outro. O cheiro de carne queimada, o chiado da pele, os uivos e o silêncio de morte. Depois de fazê-lo a capitão a desamarrou; já não eram necessárias cordas e vigilância, cabra no corredor, fechadura na porta.
Curso completo de medo e respeito, Tereza por fim obediente. Chupa, ela chupou. Depressa, de quatro e de costas. Depressa se pôs. Sozinha no mundo e com medo, Tereza Batista, argola no
colar do capitão.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº 89 SOB O TEMA:


“A BÍBLIA E A ECOLOGIA” (4)



Falam os Cientistas


A Ciência e não a Bíblia, a Espiritualidade e não as Religiões monoteístas, nos falam da interligação de nossa espécie humana com tudo o que é vivo e nos explicam as maravilhas da Vida que nos rodeia. Procurar a dignidade da vida, não é apenas a dignidade da vida humana. Superar o antropocentrismo em que fomos educados é indispensável para proteger a vida.


Assim reflecte o astrofísico Carl Sagan no seu livro "Um Pálido Ponto Azul”. Como é possível que quase nenhuma das grandes religiões tenha olhado para a ciência e concluído: "Isto é muito melhor do que nós pensamos! O Universo é muito mais importante do que os nossos profetas haviam dito, mais grandioso, mais subtil, mais elegante "


Em vez disso, dizem: "Não, não, não! O meu deus é um deus pequeno e eu quero mantê-lo assim”. Uma religião, antiga ou nova, que faz finca-pé da grandiosidade do universo, ou como o revela a ciência moderna deveria ser capaz de perder em definitivo essas ideias de reverência e temor apenas exploradas pela sabedoria convencional.


Diz o psicólogo e historiador da ciência Michael Shermer: O que poderá ser mais comovente do que examinar uma galáxia distante com um telescópio de 100 polegadas; segurar nas mãos um fóssil com uma centena de milhões de anos ou uma ferramenta de pedra com 500 mil anos; ou parar em frente do imenso abismo do espaço e do tempo que é o Grand Canyon; ou escutar um cientista que investiga a criação do universo, sem pestanejar?


Isso é a ciência profunda e sagrada. Mas a ciência não se opõe à Espiritualidade, pelo contrário, reforça-a com mil e uma evidências sobre a complexidade, beleza, diversidade e a maravilha da vida. Há grandes cientistas que encontraram nessas maravilhas um sentido transcendente, um Mistério – chamarem-lhe Deus ou darem-lhe outro nome não relevante.

domingo, abril 10, 2011

HOJE É

DOMINGO


(Da minha cidade de Santarém)


Na passada sexta-feira fiz setenta e dois anos o que significa que a minha vida está repartida, em anos, entre ditadura e democracia. Dois períodos, dois países: o primeiro, dos “pobres”, o outro dos “ricos”, se considerarmos que a riqueza e a pobreza se diferenciam pela quantidade de coisas que consumimos e não me refiro apenas a bens, a objectos, estou também a pensar em educação, saúde e anos de vida.
No meio, ficou um pequeno período em que nos embebedámos de tanta felicidade…
Mas este “ser rico” pode ser perigoso e o consumo um engodo se por detrás dele não houver a riqueza produzida pelo nosso trabalho e pelas nossas poupanças numa estratégia de desenvolvimento. Um consumo desenfreado baseado na capacidade de endividamento leva inevitavelmente à falência de pessoas e países.
Mas vivemos em liberdade que é o bem mais valioso, liberdade que não foi comprada mas conquistada ao longo de muito tempo de saturação da mordaça e de uma guerra de treze anos em África que a breve trecho deixou de fazer sentido, tornando-se absurda e cansativa.
Liberdade que tivemos para nos endividar, para nos vingarmos de um passado de privações, de cometermos excessos, sermos egoístas com as novas gerações, liberdade para cometermos erros de avaliação, para libertar e deixar correr ambições, vaidades e orgulhos com dimensão nacional.
Esta outra faceta da liberdade não está presente quando se luta porque ela, a liberdade, é um fim em si mesmo, é superior e mais importante do que todos os erros que se possam cometer quando se é livre.
Tínhamos dúvidas sobre as nossas capacidades, qualidades e defeitos colectivos? - Pois bem, neste momento em que a sociedade portuguesa vai ter que pedir ajuda à europa para poder viver em sacrifícios e tentar recuperar dos excessos e erros cometidos, é a altura indicada para perceber que a liberdade é isto mesmo: um permanente ajuste de contas connosco próprios, vítimas do que livremente fazemos, de bem e de mal, um processo ininterrupto que conduzimos sem a interferência de um qualquer tirano ou ditador que nos tenha caído em sorte.
Bom Domingo a todos, e para pensarmos que o mundo é belo ouçamos a Nana Mouskury nessa belíssima canção: “Um Lugar no Meu Coração.

NNA MOUSKURY - A PLACE IN MY HEART


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