sábado, março 19, 2016

Escutas telefónicas














As escutas telefónicas em crimes especialmente graves e difíceis de averiguar dada a sua sofisticação, como os de terrorismo e os chamados de “colarinho branco”, são, sem dúvida, um poderoso e eficaz instrumento de esclarecimento da verdade e de uma eventual acusação.

No entanto, constituem um grave atentado à nossa liberdade e, por isso, entre nós, precisam de ser autorizadas por um juiz e os seus resultados são peças de um processo da justiça reservadas a esse processo, de acesso vedado ao público.

Contudo, viu-se o que aconteceu aqui, em Portugal, com as escutas a Sócrates que, na prática, foi julgado e sentenciado na praça pública pela sua divulgação.

Volta agora a acontecer no Brasil com as escutas a conversas telefónicas entre Lula e Dilma, Presidente e Ex-Presidente, dadas ao conhecimento público e, pasme-se, pelo próprio juiz do processo que devia zelar pelo seu segredo.

Dito isto, divulgada a escuta, o seu conteúdo passa a ser um facto político, assunto de conversa e influência das pessoas que, no caso concreto, das escutas de Lula e Dilma levaram a uma manifestação numa avenida de São Paulo.

O Brasil está a viver um momento de grave agitação social que perturba e afecta a vida das empresas, provoca aumento do desemprego e fome porque o esquema da segurança social está  à beira do desastre dado o aumento de beneficiários e a diminuição dos contribuintes.

Neste momento, está estabelecida a confusão e a desconfiança entre as próprias instituições do Estado cujos representantes e responsáveis se comportam de forma politizada e partidarizada.

A sociedade em si manifesta sinais de ruptura dividindo-se em duas grandes classes: a dos ricos e remediados e a dos pobres.

Aos primeiros, chamam os “coxinhas”, que aqui em Portugal seriam os “queques ou betinhos”. Os outros, são os “petralhas”, fusão entre os petistas, do PT, partido dos trabalhadores de Lula da Silva, e os “irmãos metralha”.

Esta divisão está mergulhar com intensidade na vida das pessoas, a separá-las, dando lugar à intolerância.

Há vizinhos que se deixaram de falar, outros que trocaram de emprego ou do bairro em que viviam.

Parece, para já, uma situação irreconciliável para a qual não se vê alternativa política pois quase todas as pessoas proeminentes estão mergulhados no processo Lava Jacto.

Lula da Silva está descredibilizado mas acredita na sua base social de apoio, em todos aqueles a quem o seu governo, em 2003, atribuiu “Bolsas Família”, apoios sociais que vinham já do tempo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, e que constavam da transferência de Rendas do Estado para as famílias pobres, e foi considerado o maior programa do mundo de combate à pobreza.

Entretanto, foi investida um Comissão que vai julgar Dilma para, eventualmente, a destituir, e que é constituída por 65 deputados dos quais, 37 estão a ser investigados, um está na lista da Interpol, outro é réu em 6 processos e há até, desse grupo, quem já tenha sido condenado três vezes.

Sobre Dilma, não pesa nenhuma acusação...


Apetece citar Luís Fernando Veríssimo:


- A diferença entre o Brasil e a República Checa é que a República Checa tem o governo em Praga e o Brasil tem essa praga no governo”.

Révellion em Rabona...



Documentário sobre prostituição


Tieta e o sobrinho que é seminarista.
Tieta do Agreste
(Jorge Amado)



EPISÓDIO Nº 105










ONDE O LEITOR ENCONTRA O SEMINARISTA RICARDO, ANJO DECAÍDO, SOBRE O QUAL HÁ BASTANTE TEMPO SÃO FEITAS APENAS VAGAS REFERÊNCIAS (QUASE SEMPRE ELOGIOS NA BOCA LASCIVA DA TIA) E DE COMO ELE SE ATIRA AO MAR


Do alto dos cômoros, Ricardo observa o rio na impaciência de assinalar a lancha de Elieser ou o barco de Pirica, talvez a canoa a motor do Comandante, e vislumbrar o vulto de Tieta.


Como prosseguir ali sem ela, tendo o pecado por única companhia? Assim os viu desembarcar de uma canoa que eles próprios manobravam. Não estavam todos os que haviam acampado nas proximidades do arraial do Saco, apenas dois casais e uma criança pequena, de dois anos quando muito.

Curioso, Ricardo acompanha cada movimento. O rapaz escuro, de cabelo esgrouvinhado, levanta a improvisada âncora, pedra disforme amarrada a uma corda, atira-a ao mar prendendo a canoa. Toma a criança ao colo. O outro, alto e magro, segura um violão.

Das duas moças, uma exibe longos cabelos doirados escorridos sobre as costas, provavelmente a mãe da menina pois desce junto com o rapaz que leva a criança; a outra, com flores nos cabelos, é miúda e ágil, atravessa correndo por entre a casa dos pescadores, perseguida pelo moço do violão. O som do riso sobe os cômoros e chega até Ricardo.

Estão descalços os cinco e andam para a parte mais bela da praia, a que fica exactamente em baixo da duna mais elevada, de onde Ricardo espia. A mais bela e a mais perigosa, a arrebentação violenta impedindo o banho do mar.

Somente quem nasceu e se criou em Mangue Seco atreve-se a nadar naquele trecho do mar erguido em fúria contra as montanhas de areia.

Nas férias anuais em Mangue Seco, quando o Major era vivo, Ricardo acompanhara algumas vezes os filhos de pescadores, aventurando-se entre os vagalhões, mas o pai, tendo-o pegado em flagrante, proibira tal loucura, sob ameaça de castigo severo.

Mais de um banhista ali deixara a vida por ignorância ou desejo de exibir-se, derrubado e arrastado pela violência das ondas, massacrado de encontro aos cômoros.

Bravio mar de tubarões, sombras cor de chumbo em meio à água revolta.

Inesperados e soberbos, alçam-se em meio às vagas, rondam a praia, esfomeados, multiplicando o perigo. Pouco antes, Ricardo enxergara os vultos de um bando ameaçador, saltando na tormenta. Foram-se mar fora, já não se dis tinguem as manchas de chumbo e morte.

Do alto, Ricardo vê os dois casais e a menina correndo pela praia, brincando. Sentam-se depois na areia e logo ressoa o som do violão, trazido pelo vento.

Trechos rotos de melodia, parece música religiosa, lembra cantochão ouvido no convento dos franciscanos em São Cristóvão.

Na véspera, tendo ido ao arraial do Saco tratar de compra e transporte de material para a construção, Ricardo soubera do acampamento dos hipies. Um grupo de mais de vinte moças, rapazes e crianças, novidade recente e provocante.

Os dois filhos do dono da cerâmica onde adquirira os tijolos – o pedreiro errara no cálculo, levando a tia a comprar a quantidade bem menor que a necessária – rapazolas mais ou menos da sua idade, convidaram-no a ir espiar, ele aceitou.




Vantagem do Islão




TRADUÇÃO:





ELE: Deus ama-nos, Rabia! Alá é grande!

ELA: Abdullah, meu amor eterno, Alá ama-nos e protege-nos!

O meu marido acabou de passar à nossa frente e nem me reconheceu!!! 




Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)


Episódio Nº 217


















Atrapalhado, o Trava berrava, ordenando que alguém chamasse depressa Peres Cativo, para os reforçar.

A decisão não só foi tardia como inútil, pois Peres Cativo ignorou-a, decidindo não socorrer o meio-irmão que o apelidara de traidor.

A perícia e coragem do Lidador desbarataram as primeiras linhas do Trava, que em pouco tempo se viu cercado. A grande maioria dos seus homens, que havia recuado de mais, nem sequer chegou a lutar, pois rapidamente se espalhou a notícia de que o Trava mais novo, tal como o mais velho antes, fora feito prisioneiro.

Entretanto, do outro lado do campo da Ataca a carga entusiástica de Afonso Henriques e Gonçalo de Sousa, bem como a superioridade numérica, devastou as tropas de Paio Soares, também elas surpreendidas pela investida.

Os seiscentos homens que ainda restavam ao marido de Chamoa foram impotentes para suster os novecentos portucalenses, e começaram a debandar, deixando o seu chefe vulnerável e apenas cercado por trinta cavaleiros.

Foi aqui que se deu a maior matança, pois os homens do príncipe foram implacáveis, aniquilando a maioria dos adversários em combates desiguais.

Paio Soares cedo percebeu que o seu destino estava traçado, mas nem por um momento cedeu. À sua volta vários adversários caíram, atingidos pela sua espada, até que estando ele a gladiar com dois deles, ouviu-se um tropel furioso.

Era Afonso Henriques que carregava, com a arma do pai erguida na mão direita. Vergastou furiosamente Paio Soares nas pernas, na cara e na barriga, dando-lhe várias estocadas que o atiraram ao chão.

Mal o Mordomo – Mor tombou do cavalo ouviu-se um brado geral, e os portucalenses festejaram a sua derrota, excepto Gonçalo porque aquele era um homem que admirava, apesar de tudo.

Afonso Henriques, já desmontado, acercou-se de Paio Soares. Este estava ferido, o sangue escorria-lhe da perna, da cara e da barriga e contorcia-se de dores, já sem o capacete.

Em sofrimento, balbuciou:

 - Sel... sel... um.

Ninguém o percebeu pois a sua cara encontrava-se totalmente desfigurada pelos golpes e já não conseguia falar.

Gonçalo fechou os olhos, desolado. No início da batalha, Paio Soares tivera o príncipe na ponta da espada, mas poupara-lhe a vida. Porém, Afonso Henriques não retribuíra esse gesto misericordioso e ferira gravemente o mordomo de sua mãe. Só alguns de nós sabíamos qual era a razão.



Ao final da tarde , o príncipe recebera Peres Cativo, que veio apresentar a rendição oficial dos galegos. Olhou-o curioso e comentou:

 - Pelo que vejo não haveis combatido.

Peres Cativo disse que aquela não era a sua guerra, e Afonso Henriques franzindo a testa perguntou-lhe se ele não era um Trava.

O seu interlocutor encolheu os ombros:

- Na Galiza, sou um bastardo.

Então. Afonso Henriques disse-lhe:

 - Podeis ser um dos meus homens. Sei bem da vossa mestria como guerreiro, e ainda bem para nós que hoje não a haveis usado.

Peres Cativo torceu o nariz, alegando que a família jamais lhe perdoaria a afronta, o que levou o príncipe a acrescentar, sorrindo:

 - Nem a mim.

sexta-feira, março 18, 2016

E agora, Brasil?












Uma tomada de posse do cargo de Ministro, logo suspensa, produz efeitos de imunidade perante a justiça para aquele que foi empossado?

Se o verdadeiro objectivo da atribuição do cargo de Ministro por Dilma a Lula da Silva foi o de protegê-lo perante o juiz Moro, como ficamos agora?...

Na origem de toda esta confusão está a Petrobrás com todos os milhões do petróleo, especialmente quando, ainda não há muito tempo, o crude estava a 100 dólares o barril, naquele período áureo de 2011 a 2013, e que permitiu o desencadear de um fenómeno de corrupção que alastrou e generalizou a tudo quanto era político, num montante total de vários milhares de milhões.

A corrupção é uma espécie de vírus que ataca todos, mas mais uns países do que outros. Os latinos são especialmente vulneráveis e mais ainda na extensão sul americana.

Trata-se de uma “doença” que mina a sociedade, destrói a confiança, desmoraliza os cidadãos, afecta a esperança, provoca o desânimo.

É difícil fazer a contabilidade dos prejuízos materiais numa sociedade para todos os casos de corrupção, mas não é impossível.

Difícil mesmo, senão impossível, será avaliar os danos psicológicos e morais que ficarão sempre de fora da contabilidade dos números.

O povo brasileiro está a reagir fortemente. Vai para as ruas, agita bandeiras nacionais, bate em panelas, desfila pelas avenidas inconformado, numa prova de grande maturidade cívica e sério aviso para as elites governantes.

Lula tinha um crédito enorme junto do povo. Distribuiu muito dinheiro aos mais pobres através das “bolsas família”, num período favorável  de crescimento económico.

Poder-se-ia pensar que foi uma acção demagógica, que teria sido preferível levar essas camadas da população a integrarem-se no mundo do trabalho remunerado em vez de os fazer perder tempo infinito em incontáveis filas aguardando a entrega dos apoios.

Deslocaram-se empresas para o nordeste mas as suas estruturas vieram do sul e pouco mais fizeram que aproveitar a mão-de-obra barata da região.

As coisas são o que são e quando as pessoas passam mesmo mal, sem preparação profissional nem habilitações,  o “negócio” é mesmo dar, e Lula da Silva, que vinha dessas origens sociais, foi mesmo isso que fez, melhorou as condições de vida das pessoas que passavam mal.

Apresentou-se ao povo como uma pessoa diferente, e até pelo seu estilo e imagem, pouco ou nada tinha a ver com os seus pares da classe política.

Acabou em beleza o seu mandato e, com o seu prestígio, “disse” aos brasileiros quem lhe devia suceder e Dilma foi para o poder.

Entre ambos, criou-se uma relação de amizade e cumplicidade política que está agora a vir ao de cima, patente nos últimos acontecimentos e revelada, especialmente, nas escutas telefónicas que o juiz Moro deu a conhecer ao povo.

No entanto, das escutas, direi alguma coisa amanhã.

História do sexo na antiguidade


Nunca estudei esta disciplina no meu curso. No entanto, percebemos, como este tema foi importante na história da humanidade, mas o pudor de uma educação determinado pela pecado que a religião católica fez cair sobre o sexo, tornaram-no tabu. Aqui têm, meus amigos, uma lição sobre a história do sexo na antiguidade contada por um especialista sobre o assunto. Se tiverem curiosidade é só ouvirem.


Amália Rodrigues - Espelho Quebrado


Perguntaram a Amália se ela era fadista ao que respondeu- "Não sei o que é isso de ser fadista. Se sou fadista é porque nasci em Lisboa. Sempre que actuo no estrangeiro apresentam-me como Mezzo-Superano, que é o que eu sou."

Categoria de voz a que pertencem Witney Huston, Barbara Striesand, Angela Maria, entre outras.


O Espermograma do avô




















O médico pede uma amostra de esperma de um homem de 85 anos como parte de seu exame de saúde anual dá um pequeno frasco e disse:

- "Pegue este frasco e deve trazê-lo amanhã, com a amostra de esperma "

No dia seguinte o homem de 85 anos  regressa ao escritório do doutor e lhe entrega o frasco. Estava tão vazio e limpo como no dia anterior.

O médico pergunta o que aconteceu e o homem explica:

- "Primeiro eu tentei realizar a tarefa com a mão direita e nada.

Então eu tentei com a mão esquerda e ainda nada.

Então pedi ajuda a minha esposa.

Ela tentou com a mão direita, depois com a mão esquerda e ainda nada.

Ela disse, eu já sei como. Ela tentou com a boca, primeiro com os dentes presentes, depois sem dentes e ainda nada.

Minha sogra veio e disse, será que eu vou ter que ensinar? Revelou-se um bom tempo em posições diferentes e cada vez mais bizarras e não houve nenhum caso.

Inclusive chamamos a Susie, a vizinha do lado, e ela também tentou, primeiro com as duas mãos, debaixo do braço e pressionando entre os joelhos para cima, mas ainda nada. "

O médico estava em choque: "Você pediu para sua sogra e sua vizinha?".

E o paciente de idade, respondeu:

- "Sim, Dr., nenhum de nós conseguiu abrir o  raio do frasco...




Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

Episódio Nº 216


















Guimarães, 24 de Junho de 1128





Durante uma batalha os intervenientes raramente percebem o que se está a passar noutros locais, tomando por isso decisões imperfeitas, que mais tarde se podem revelar dramáticas.

Paio Soares, por exemplo, confiou que o príncipe se ia render e deixou-o partir, mas não soube que os nobres portucalenses o tinham convencido a regressar à luta.

Por isso, decidiu ficar no local onde estava, esperando que os seus homens tresmalhados, ainda a guerrear com o Lidador e com Gonçalo de Sousa, se viessem reunir a ele.

Contudo, tal não aconteceu. A maioria deles, cerca de quatrocentos, dispersara. Muitos estavam moribundos, feridos e incapacitados, e os outros fugiram, recuando desordenadamente na direcção do acampamento de Dona Teresa.

Os que rodeavam Paio Soares, ainda cerca de seiscentos, esperavam pela nossa rendição, sem saber que, entretanto, Afonso Henriques reorganizara as suas tropas e se juntara ao meu contingente.

Aos meus quinhentos homens iniciais, praticamente intactos, somavam-se agora quase novecentos do príncipe de Portugal, o que nos deu uma supremacia gigantesca sobre Bermudo de Trava.

Carregámos sobre os galegos, e em meia hora derrotámo-los totalmente, fazendo prisioneiro Bermudo e vários ricos-homens da Galiza. Depois dirigimo-nos para o centro do campo de Ataca.

O estandarte de Afonso Henrique voltou a esvoaçar, e reparei que trazia na mão direita a espada de seu pai, enorme e brilhando ao sol.

Um pouco antes, o Trava cometera também um erro grave. Olhara para a sua direita e não vira Paio Soares que avançara de mais e estava parado.

À esquerda, não vira o irmão Bermudo, que estava cercado e em frente não vira igualmente ninguém, pois as tropas de Afonso Henriques haviam-se deslocado.

Tendo-lhe chegado a informação de que a rendição de Afonso Henriques estava próxima, o Trava mandara então recuar os seus arqueiros e cavaleiros, o que os distraiu fatalmente.

Ao mesmo tempo que esse movimento se dava, o Lidador e Gonçalo de Sousa, depois da confusão inicial, tinham reagrupado os seus homens. De seguida haviam tomado decisão igual à de Afonso Henriques, marchando para o centro do campo de Ataca a fim de enfrentar o Trava.

Os dois grupos de portucalenses encontraram-se, juntando-se em redor do meu melhor amigo. Eu e o Lidador, rapidamente avaliámos a situação.

Os portucalenses contavam ainda com cerca de mil e oitocentos homens e estavam precisamente no meio dos adversários, tendo Paio Soares na retaguarda, com apenas seiscentos homens, e Fernão Peres de Trava na frente, com os seus mil e quinhentos claramente desinteressados da batalha.

- O Trava pensa que nos vamos render – concluí.

Da mesma opinião o Lidador propôs de imediato:

 - Temos de atacar já! Para a frente e para trás ao mesmo tempo!

A sua ideia podia parecer descabida, pois encontrávamo-os entre dois exércitos inimigos, mas aprovei-a, acrescentando que tanto o Trava como Paio Soares seriam surpreendidos.

Sugeri uma divisão de forças: Afonso Henriques e Gonçalo de Sousa com metade dos homens, atacariam Paio Soares, virando-se para trás; eu e Gonçalo Mendes da Maia cavalgaríamos para a frente, contra o Trava.

Eles são mais mas não estão à espera disto! exclamou o Lidador.

Mal as ordens foram dadas, gerou-se uma certa confusão entre os homens, pois não sabiam quais deles iam para a frente e quais iam para trás. Mas passada a barafunda os dois grupos partiram à desfilada, os cavaleiros com as suas lanças em riste, os peões ao lado a correrem, e os arqueiros na retaguarda, preparando as suas flechas.

A cerca de duzentos metros das tropas do Trava, os arqueiros puseram os joelhos no chão e dispararam várias salvas, causando muitos danos aos seus adversários, sobretudo porque estes não os esperavam.

quinta-feira, março 17, 2016

Está tudo dito...
Lula da Silva

















Lula da Silva volta ao poder, não pelo voto dos brasileiros mas a convite da sua amiga Dilma Rousseff, para se resguardar de uma eventual prisão no âmbito de averiguações relacionadas com a operação Lava-Jato.

O Juiz Moro, responsável pela investigação e ordens de prisão preventiva a inúmeras figuras políticas denunciadas por terem recebido dinheiro da Petrobrás – já li mais de dois mil milhões de euros – vê-se, assim, impedido de tomar uma eventual decisão de prisão preventiva ao suspeito Lula da Silva porque o cargo de Ministro lhe dá imunidade.

A responsabilidade de uma tal decisão passa para o Supremo Tribunal cujos juízes parecem ser pessoas da confiança de Lula...

No entanto, para que tudo ficasse em “pratos mais limpos” o juiz Moro, da 1ª Instância, que tem o processo, decidiu mostrar aos brasileiros as escutas telefónicas em que Dilma e Lula, há semanas atrás, combinavam entre si o recurso a este artifício legal para proteger Lula.

O Brasil, aproxima-se assim de uma vulgar “República das Bananas”, e um homem destinado a ficar na história política do país pelas melhores razões, acaba, desacreditado, por ficar pelas piores.

Seixas da Costa, nosso diplomata, embaixador no Brasil de 2005 a 2009, emitiu a opinião de que ele terá gasto a “bala de prata” reservada para as situações desesperadas, e Bagão Félix, sempre comedido nas palavras, chamou-lhe “uma vergonha”.

Há sempre um momento na vida de certos político em que a verdadeira dimensão do seu carácter se revela.

Aconteceu, agora, com Lula da Silva e está a acontecer, igualmente, com José Sócrates.

Ambos terão tomado decisões acertadas à frente dos seus governos, ganharam crédito e admiração, parece que tinham já o lugar assegurado no altar das figuras públicas dos respectivos países e depois...

- Lula caiu agora desse altar e Sócrates balança, balança e, se vier a ser condenado, estatela-se a todo o comprimento no chão da sua reputação de homem político.

O pior juiz de um político será ele próprio pelas suas palavras e afirmações:

-“Um ladrão pobre quando apanhado vai para a prisão mas se for rico vai para ministro.”

Palavras terríveis, estas, saídas há anos da boca de Lula da Silva e que agora se lhe ajustam como fato feito à medida.

O povo brasileiro, com tudo isto que se está a passar, sente-se triste e desiludido.

Lá, como cá, as elites das nossas sociedades não nos prestigiam. Eles, que deviam ser a nata, em vez de darem o exemplo, envergonham-nos.

Tudo o que acontece em sociedades democráticas em que os principais políticos são eleitos é da responsabilidade de quem vota e, por isso, também a nossa consciência nos pesa um pouco, mas... quem iria adivinhar? 

E  mesmo que a justiça venha a actuar, e espera-se que sim, a mancha fica sempre.

Mixórdia de Temáticas - Hotelaria Popular


Amália Rodrigues - Lágrima

... até a nossa alma por dentro estremece...



Vou falar com ela, não vai ser fácil.
Tieta do Agreste
(Jorge Amado)
EPISÓDIO Nº104















- Vou falar com ela, não vai ser fácil. Mas você tem toda a razão, não se pode arriscar. Já pensou? Ai, meu Deus!


- A vida é uma confusão, não dá para se entender. Elisa só pensa em ir para São Paulo. Leonora agora deu para falar que quer viver em Agreste, não quer sair daqui, nunca mais.

Um sorriso aparece, clareando o rosto anuviado de dona Carmosina, aquele era um tema exaltante. Aproximou-se do rio, cresce o rumor da correnteza sobre as pedras, rolam estrelas do céu, desfazem-se nas sombras.

- É verdade, ela me disse que decidiu não ir mais embora. 

Conversamos muito, Nora e eu, nesses dias que você passou em Mangue Seco. Ela está gamada, morta de paixão. Coisa mais linda, Tieta.

Dois desiludidos, dois… – busca na memória a palavra moderna, lida há poucos dias no artigo da revista … - carentes que se encontram, dão-se as mãos e se completam. Está disposta a ficar aqui.

- E você pensa que ela vai se acostumar nestes confins? Por ora, está feliz porque no namoro com Ascânio esquece o que sofreu e ela sofreu como cabrito desmamado.

 Mas, depois? 

Eu nasci aqui e aqui quero terminar meus dias mas só voltarei de vez quando estiver velha, coroca. Antes, só a passeio. Para quem chega da cidade grande, acostumar em Agreste não é fácil.

Mesmo quem nunca arredou os pés daqui se queixa da pasmaceira, veja Elisa. Se eu imaginasse o que ia acontecer, não teria trazido Nora. É uma tolona, sentimental, acaba perdendo a cabeça, afeiçoando-se a Ascânio, vai dar problema.

- Eu sei. – Dona Carmosina suspira, dramática que nem autor de folhetim em cena de culminante, de novela de rádio em fim de capítulo. – Ela é milionária e ele é pobre! Mas…

- Não é por isso, Carmô, todos os dias a gente assiste a casamento de rico com pobre. Você pensa que eu ia me preocupar se o problema fosse esse? Já estaria cuidando do enxoval.

- Qual é então?

Tieta detém-se na beira do caminho para dar maior ênfase à confidência, persiste o clima de melodrama, o suspense. Dona Carmosina espera, tensa, incapaz de esconder a impaciência:

- O quê?

- Você sabe que ela foi noiva de um vigarista que só queria o dinheiro dela. Botou máscara de engenheiro, fachada não lhe faltava mas era tudo.

Ela, cega de paixão, querendo financiar uns projectos do tipo, só não largou o dinheiro porque eu manjei a coisa e manerei. 

Foi quando a polícia apareceu atrás dele e se ficou sabendo da ficha completa do patife. A pobre caiu de cama, quase morreu. A mim não me surpreenderam as revelações da polícia, não me engano com as pessoas, bato os olhos num fulano e já sei o que vale, a qualidade do carácter e o tamanho do cacete…

Dona Carmosina, descontraindo-se, explode numa gargalhada:

- Mulher mais maluca, nem depois de morta vai tomar jeito. Inventa cada uma: a qualidade do carácter, o tamanho do cacete… Essa é boa! – perdida em riso, refaz-se aos poucos, volta ao amor de Nora e Ascânio. 

– Disso tudo eu já sabia, você mesma tinha me contado. E é por isso que eu digo: dois feridos que convalescem, dois carentes – Dona Carmosina aproveita para repetir a palavra recém-aprendida – que se completam. Se o problema da diferença de fortuna não atrapalha, então…

- Acontece que ela foi noiva desse tipo uns bons seis meses, Carmô. Noivado em São Paulo não é como em Agreste. Lá, namorados e noivos têm muita liberdade, saem sozinhos para festas, para boates, fazem passeios que duram dias e dias… noites e noites… As moças andam com a pílula na bolsa, junto do batom.

- Estou entendendo…

- Pois é. Esse negócio de noiva casar virgem, já era, como dizem os cabeludos. Só vigora em Agreste. O facto dele ser pobre não tem nenhuma importância, Nora não dá a mínima para isso. Nem ela nem eu. Mas você acha que nosso amigo Ascânio… - uma pausa. . – É por isso que estou preocupada, Carmô.

- Agora, quem fica preocupada, sou eu. Preocupadíssima. Por que a vida é tão complicada, Tieta?

- Sei lá! E podia ser tudo tão fácil, não é? Porca miséria!, como dizem meus patrícios, os italianos de São Paulo.

Voltam a andar, dona Carmosina digerindo a incómoda revelação, ai, meu Deus, o que fazer? Tieta completa antes que alcancem as margens do rio:

- Agora que comprei a casa, mandei arrumar e pintar, instalo os velhos, deixo dinheiro com Ricardo para acabar de construir o barraco em Mangue Seco, pego Leonora e vou embora.

_ Você não pode ir embora antes da inauguração de luz, já lhe disse. De jeito nenhum.

- Tinha pensado em ficar mas não posso. Não é tanto por mim, se bem não deva me retardar demais, deixei em São Paulo tudo o que é meu na mão dos outros…

- Na mão de gente de confiança…

- Mesmo assim. Quem engorda o porco é o olho do dono. Eu ficaria para a festa se não fosse por Nora. Preciso tirar ela daqui enquanto é tempo. Ela não aguenta outro baque, pode até morrer…

- Não se precipite. Espere uns dias, quando você voltar de Mangue seco eu lhe direi alguma coisa.

- Sobre? - Ascânio e Leonora…

- A vida pode ser tão fácil, a gente mesmo é que complica tudo.

Atingem a beira do rio, as canoas descansam no ancoradouro. 

Um pouco além, na Bacia de Catarina, os pés de chorão debruçam-se sobre os penedos, aumentam a escuridão. A brisa traz um leve gemido, vem daquelas bandas.

As amigas avançam uns passos com pés de lã. Vultos nos esconsos; sussurros, ais, sob os chorões. A vida pode ser tão fácil, repete Tieta. Sorriem as duas comadres, a bonita e a feia, a que conhece o gosto e a carente (para usar a palavra da moda, tão do agrado de dona Carmosina) Tieta anuncia:

- Já escolhi o nome para a minha cabana em Mangue Seco:

- E qual é?

- Curral do Bode Inácio. Era o garanhão do rebanho do Velho, um bode que mais parecia um jegue de tão grande.

O saco arrastava no chão. Com ele aprendi a querer e a conseguir.

Multiplicam-se os ais de amor na ribanceira. Apressadas as duas amigas retomam o caminho da casa cheia em cuja sala de visitas o vate Barbozinha, em encarnação anterior, à frente do povo de Paris, assalta e conquista a Bastilha, liberta milhares de patriotas aprisionados.

Magnífico episódio, com espadas e arcabuzes, fidalgos, tribunos, a carmanhola e sem perigo de cadeia.


A Filha pródiga...











A filha volta a casa muitos anos depois de se ter ido embora. O seu pai, furioso, quando a vê descarrega:

- Onde estiveste todos estes anos, desgraçada? - Porque nem sequer escreveste uma carta ou um telefonema a dizer como estavas? - Vagabunda! Não sabes como a tua mãe sofreu por tua causa!


A rapariga a chorar:  - Snif. Snif. Tornei-me prostituta... buaaaaaaa.

- O quê? Fora daqui, sua desavergonhada, má filha, pecadora!

- Está bem, papá, como queira. Eu somente voltei para dar este casaco
de pele de crocodilo e as escrituras da minha mansão para a mãe; uma 
conta poupança de 5 milhões para o meu irmãozinho e para ti, paizinho, 
este Rolex, o BMW que está na porta e 3 meses por ano de férias 
vitalícias no Club Med...

- Filhinha, anda cá, disseste que te tinhas tornado o quê, mesmo?

 - Prostituta. Snif, snif....

Ahhh, f***-se... que susto! Eu tinha percebido Por-tis-ta.




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