Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, dezembro 15, 2012
UIUICHIU
Numa famosa noite de Dezembro, lá no Rio Grande do Norte estava um casal de namorados, na areia, olhando o mar, muito românticos quando, de repente, ele diz:
- Amor, deixa-me tocar-te o "uiuichiu"?
- Está louco, meu amor, ainda é muito cedo para isso!
-Anda, amor, não vê que é a ocasião perfeita, deixa-me tocar-te o "uiuichiu"
- Não, não quero!
- Deixa amor, é agora ou nunca, deixa que te toque o "uiuichiu"
- Bem, meu amor, só porque te quero muito...
Então aí vai:
NATAL EM PAZ, CONCÓRDIA E MUITA SAÚDE PARA TODOS VOCÊS.
Poder do Marketing:
Duas crianças de oito anos conversam no jardim e o menino pergunta à menina: - O que vais pedir ao <<<<<<PAI NATAL? - Eu vou pedir uma Barby, e tu? - Eu vou pedir um TAMPAX ou um OB! -responde o menino - TAMPAX?! OB?! que é isso?! - Nem imagino... mas na televisão dizem que com TAMPAX ou OB a gente pode ir à praia todos os dias, andar de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao clube, correr, fazer um montão de coisas, e o melhor... SEM QUE NINGUÉM PERCEBA! |
COM JESUS Nº 92 SOB O TEMA:
“DEBATE COM O PAPA”
RAQUEL - Atenção, muita atenção… Avisam-nos que está,
finalmente, confirmada a entrevista que estávamos solicitando durante todos
estes dias. Em cadeia, de imediato com os colegas da Rádio e Televisão
Vaticana, que será a matriz desta histórica transmissão!
LOCUTOR - O
debate do século! Hoje, ao meio-dia em ponto, face a face, medirão palavras,
nada menos que Sua Santidade, o Papa de Roma, e Jesus Cristo em pessoa, o qual,
segundo alguns jornalistas afirmam, regressou à Terra depois de dois mil anos.
O debate será realizado por videoconferência. Sua Santidade, o Papa, não
aceitou deslocar-se até Jerusalém devido ao clima de insegurança que reina no
Oriente Médio. E Jesus Cristo disse que não conhece Roma e também não tem visto
para a Itália e prefere falar de seu país natal. Agradecemos a Emissoras
Latinas o contacto com ele.
RAQUEL - Bom, pelo menos nos deram os créditos…
LOCUTOR - O
sinal de satélite poderá ser captado em milhões de receptores por todo o
planeta. Telas gigantes foram colocados nas principais cidades para que o
debate seja visto nos cinco continentes, especialmente nos países cristãos.
JESUS - Raquel, fique do meu lado… tantos aparelhos me
assustam um pouco…
RAQUEL - Sim,
não se preocupe. Eu lhe aviso em que momento nos darão a vez e quando o senhor
tem que falar.
LOCUTOR - Senhoras
e senhores, em instantes terá início o encontro mais inesperado da história. Em
Jerusalém, Jesus Cristo. Em Roma, Sua Santidade, o Sumo Pontífice da Igreja
Católica. Representante e representado, cara a cara.
JESUS - E
do que esse homem e eu vamos falar, Raquel?
RAQUEL - Agenda aberta. Segundo me disseram, o Papa quer
lhe perguntar sobre o aborto, os preservativos, os homossexuais… temas sobre os
quais o senhor não fixou uma posição clara nos evangelhos.
LOCUTOR - Neste
momento, faz sua entrada na Capela Sistina Sua Santidade, o Papa, enfeitado com
uma esplêndida casula bordada em
ouro. Sobre sua cabeça, a coroa tripla que simboliza sua
autoridade. Porta um báculo, também de ouro maciço.
JESUS - Esse homem é meu representante, Raquel?
RAQUEL - Bom, sim, ele diz que é o seu vigário nesta
terra.
LOCUTOR - O
Papa senta-se em seu trono. Sobre ele, o famosíssimo fresco de Michelangelo,
onde aparece Jesus Cristo no Juízo Final separando justos de pecadores. Mas
nesta oportunidade temos Jesus Cristo, ao vivo, num lugar ainda não
identificado de Jerusalém. Neste momento, o moderador do debate toma a palavra.
MODERADOR - Lembro que cada um disporá de três minutos
alternadamente para expor suas ideias. Creio que estamos prontos. O primeiro
turno, por ordem de antiguidade, será de Jesus Cristo.
RAQUEL - É a sua vez, Jesus Cristo. Pode dizer ou
perguntar o que qui ser. Tem três
minutos.
JESUS - Creio
que me vai sobrar tempo. Eu só quero lhe quero fazer uma pergunta. Você diz que
me representa. Por que se veste, então, de ouro e põe coroa e se disfarça como
se disfarçava o imperador de Roma? O imperador se achava deus. Você, quem acha
que é?
MODERADOR - Aham… O expositor ainda tem dois minutos e
meio…
RAQUEL - Pode continuar falando, Jesus Cristo…
JESUS - E
agora, escute - me. Se qui ser ser
meu discípulo, vai, vende tudo o que tem, essas jóias, esse palácio, vende tudo
e dê aos pobres. E então, poderá falar em meu nome. Ai de você, cego que guia a
outros cegos, ai de você que fecha a porta do Reino de Deus, nem entra nem
deixa quem luta pela justiça entrar!
MODERADOR - Aham… Agora damos a palavra a Sua Santidade, o
Papa…
LOCUTOR - Um momento... Chega-nos um sinal confuso do
Vaticano… O Sumo Pontífice levantou – se. Está se retirando. Não sabemos exactamente
o que ocorre. Abandona a Capela Sistina. Até aqui
percebemos a batida de porta… Pedimos desculpas à nossa amável audiência e… e
encerramos a transmissão.
Distinção, classe... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 165
Houve um rumor de mesas e
cadeiras arrastadas quando Coriolano apareceu na praça, vestido como um
pobretão, andando para a casa onde antes habitara sua família e onde agora sua
manceba regalava-se com o jovem professor.
Cruzaram-se perguntas:
estará armado, vai bater de chicote, vai fazer escândalo, atirar? Coriolano
metia a chave na porta, a agitação crescia no bar, Nacib andou para a porta do
largo passeio. Ficaram atentos, à espera de gritos, talvez de tiros. Não houve
nada disso. Da casa de Glória não chegava nenhum rumor.
Transcorreram uns minutos
demorados, os fregueses do bar entreolhavam-se. Nhô-Galo, nervoso, segurava-se
no braço de Nacib, o Capitão propunha a ida de um grupo até lá para evitar uma
desgraça. João Fulgêncio discordou da diligência bisbilhoteira:
- Não é necessário. Não vai suceder nada. Aposto.
E não sucedeu. A não ser a saída porta fora, de braço dado, de Glória e Josué,
andando pela avenida da praia para evitar a passagem ante o Vesúvio
movimentado.
Um pouco depois, a
empregada foi trazendo e arrumando no passeio, baús e malas, um violão e um
urinol, único detalhe divertido em toda esta história. Sentou-se por fim em
cima da mala mais alta e ficou à espera.
A porta foi trancada por
dentro. Depois apareceu um carregador para apanhar as malas. Passadas as onze
horas, porém, quando já havia pouca gente no bar.
Sensacional, em
compensação, foi a notícia da visita de Amâncio Leal a Mundinho, dias depois. O
fazendeiro viajara para suas roças em seguida ao enterro de Ramiro. Lá ficara
sem dar sinal de si, durante semanas.
A campanha eleitoral
sofrera brusca solução de continuidade com a morte do velho pajé, como se os oposicionistas
já não tivessem a quem combater e os do governo não soubessem como agir sem o
seu chefe de tantos anos.
Finalmente, Mundinho e
seus amigos voltaram a movimentar-se. Mas o faziam a um ritmo muito lento, sem
aquele entusiasmo, aquele corre-corre do início da campanha.
Amâncio Leal desceu do
trem e marchou directo para o escritório do exportador. Era pouco mais de
quatro horas da tarde, o centro comercial regurgitava de gente.
A notícia correu célere,
chegou aos quatro cantos de cidade, antes mesmo da conferência haver terminado.
Uns quantos basbaques juntaram – se no passeio de fronte da casa exportadora,
as cabeças levantadas, espiando as janelas do escritório de Mundinho.
O coronel apertava a mão
do adversário, sentara na confortável poltrona, recusara o licor, a cachaça, o
charuto:
- Seu Mundinho, todo esse tempo combati o
senhor. Fui eu quem mandou tocar fogo nos jornais. Sua voz macia, seu único
olho e as palavras claramente pronunciadas, como se resultassem de lona reflexão.
– Fui eu também quem mandou atirar em Aristóteles.
Acendeu um cigarro,
continuou:
- Estava preparado para virar Ilhéus pelo
avesso. Pela segunda vez. Quando eu era mais moço, em companhia do compadre
Ramiro, já tinha virado uma vez.
- Parou para recordar.
sexta-feira, dezembro 14, 2012
SEIS
FRASES ABSOLUTAMENTE FAMOSAS
1ª – Quem com ferro
fere, tanto bate até que fura.
2ª – Água mole em pedra, dura até que acaba a água.
3ª – Em terra de cego, quem tem um olho é zarolho.
4ª – Se um dia sentir um enorme vazio dentro de si, vá comer! Pode ser fome.
5ª – O primeiro sentimento de quem está a fazer dieta é o de revolta. Dá vontade de acabar com tudo, a começar com o que está no frigorífico.
6ª – Ninguém jamais ganhará a guerra dos sexos: há demasiada confraternização entre os inimigos.
Será isto que vai acontecer a Glória? |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 164
Alguns achavam natural e
justo fosse a chefia para as mãos do Doutor Alfredo Bastos, seu filho,
ex-intendente e actual deputado estadual.
Pesavam seus defeitos e
qualidades. Não era homem brilhante nem primara pela energia, não nascera para
mandar. Fora Intendente zeloso, honesto, administrador razoável, era deputado
medíocre.
Bom mesmo, só como médico
de crianças, o primeiro a exercer pediatria em Ilhéus. Casado com
mulher enjoada, pedante, com fumaças de nobreza. Concluíam um tanto pessimistas
sobre o futuro do partido governamental e do progresso da zona entregue em mãos
tão débeis.
Eram uns poucos, porém, os
que enxergavam em Alfredo o sucessor de Ramiro. A grande maioria punha-se de acordo
em torno do nome perigoso e inqui etante
do coronel Amâncio Leal. Esse o real herdeiro político de Ramiro.
Para os filhos ficavam a
fortuna, as histórias para contar aos netos, a legenda do coronel desaparecido.
Mas o comando do partido, esse só podia pertencer a Amâncio. Fora ele a segunda
pessoa de Ramiro, indiferente aos postos, mas participando de todas as decisões,
única opinião acatada pelo finada dono da terra.
Murmurava-se ser projecto dos
dois amigos unir as famílias Bastos e Leal através do casamento de Jerusa com
Berto, apenas o rapaz terminasse o curso. A velha empregada de Ramiro contava
ter ouvido o ancião falar nesse plano ainda dias antes de morrer. Sabia-se também
haver o Governador oferecer a Amâncio a vaga aberta no Senado estadual com a
morte do seu compadre.
Nas mãos violentas de Amâncio,
qual o destino da zona de cacau e da força política do Governo? Difícil de
imaginar, tratando-se de homem tão imprevisível, arrebatado, contraditório,
obstinado.
Duas qualidades louvavam –
lhe os amigos: a coragem e a lealdade. Outros censuravam-lhe a teimosia e a
intolerância. Concordavam todos na previsão de um fim agitado para a campanha
eleitoral em curso. Amâncio
comandando violências.
Com assuntos assim
empolgantes como iriam os ilheenses interessar-se pelo caso de Josué e Glória a
prolongar-se há meses sem incidentes? Só mesmo as solteironas, invejosas agora
do constante júbilo estampado no rosto de Glória, ainda lhe dedicavam os seus
comentários.
Era necessário algum
acontecimento dramático ou pitoresco a quebrar a feliz monotonia dos amantes,
para nele novamente atentarem os ilheenses. Se Coreolano viesse a saber e
fizesse uma das suas, aí, sim, valia a pena. Para chamar Josué de gigolô, como
tanto o haviam chamado a princípio, para comentar os poemas onde ele descrevia,
em escabrosos detalhes, as noites no leito, não se abalavam mais.
A Josué e Glória só
voltariam quando Coreolano tomasse conhecimento da traição da rapariga. Iria
ser divertido.
Acontece que não foi
divertido. Deu-se à noite, relativamente cedo, por volta das dez horas, quando,
terminadas as sessões dos cinemas, o bar Vesúvio encontrava-se repleto. Nacib
ia de mesa em mesa anunciando para breve a inauguração do Restaurante do Comércio.
Josué cruzara a porta de
Glória há mais de uma hora. Abandonara as últimas precauções, não ligava para a
opinião moralista das famílias e de certos cidadãos como Dr. Maurício.
Aliás, actualmente quem
ligava a isso?
D. AFONSO II |
D. AFONSO II
Depois do Conqui stador
o Seareiro. A seguir à espada, a charrua. Alonga-se a perspectiva…
Sancho, seu filho, procurou que o arado
sulcasse a terra regada com tanto sangue, sendo que aqui
e ali ainda foi preciso arredondar a herdade, murá-la, e expulsar o serraceno.
Por isso, este rei, não foi apenas arroteador das terras mas também conqui stador.
Quando morreu, estava farto de dar
golpes, mais do que ver ondear as searas ao vento que vinha do mar. Morreu a
bater o dente com o medo dos infernos e esteve quase destruir a obra magnífica
que realizara desbaratando o dinheiro que tinha para os cofres pelo clero.
Depois, foi-se ao território e rasgou-o
às três pancadas. Pega tu, Mafalda, as terras de Alenquer; para ti, Sancha, as
terras de Esgueira e de Montemor com todas as prerrogativas de Estados livres.
Rompia-se, assim, a unidade de tão
frágil textura mas a vontade do Príncipe era absoluta, e acabou-se.
D. Afonso II, seu filho e sucessor,
viu-se perante o dilema: cumprir o testamento do pai, lesando profundamente os seus direitos legítimos de primogénito, ou rasgá-lo arrostando contra ventos e marés.
Optou por esta alternativa.
Chamaram-lhe O Gordo. Alexandre
Herculano na História alude ao seu estado precário de saúde «a quem a
Providência ferira de um mal terrível demasiado vulgar naqueles tempos».
Dizem que morreu de lepra mas a sua
imensa gordura também ajudou a ditar a sua morte precoce e explica porque
andava sempre acompanhado pelos seus seis médicos que gozavam de alto valimento
junto dele.
A gordura do pobre soberano e a sua
inacção militar fizeram com que o soberano suspendesse a obra de conqui sta na linha do que tinham sido feito os seus
predecessores, dilatar as fronteiras do Reino a Norte e a Sul por território de
Leão e de Andaluz. A elefantíase que condenava o soberano à imobilidade,
chumbava a Nação, em virtude do princípio monárqui co
absoluto.
O singular é que Alexandre Herculano,
espírito tão dedutivo, não tivesse entrevisto a estranha psicologia deste rei à
luz da doença que lhe dilacerava as carnes. Era ele, leproso, de um lado, e o
mundo todo do outro.
Que lhe importavam os seres, as coisas,
a alegria, o sol, a carne radiosa, a consciência, se ele era a própria antítese
de tudo o que representava ordenação e beleza?
As doenças criam, ao que parece, um
estado de espírito próprio. Tratando-se da lepra, suscita a misantropia, o ódio
ao semelhante, a irascibilidade, etc…, para além das taras específicas
inerentes ao desenvolvimento fisiológico do doente.
Estamos a ver com que fígados o pobre
Afonso II, de rosto leonino, fétido, asqueroso, podia ver o esbulho que
cometiam as manas no seu património, aquelas senhoras infantas, sãs como peros
e suportava os eclesiásticos, bem comidos e bebidos, senhores do mundo não
menos do que das almas!
Afonso II estava condenado a permanecer
em casa como uma dona. Quem guerreava na fronteira, contra o inimigo e o mouro,
e à volta dos castelos, contra as irmãs, eram os lugar-tenentes.
Excomungou-o o Papa mais de quarenta
vezes … Em seu desespero, dada a situação de lázaro, a maldição Pontifícia
devia fazer-lhe tanto dano como o esconjuro de Santo António aos pardais que se
abatem sobre as searas.
Não sabiam ler na sua natureza
truculenta, endemoninhado, mau irmão, avaro e rancoroso, quando, no fim de
contas todas essas mazelas morais eram a resultante do seu organismo minado
pelo terrível mal.
Segundo o direito monárqui co, escudado no direito divino, aos seus súbitos
não restava nenhum subterfúgio contra o pobre monstro. Ninguém pensou em
destroná-lo.
Os escrivães levaram a peito esconder a
pústula, como se tal circunstância envolvesse desdouro para a Nação. Preferiram
que ficasse o Gordo, aventesma de enxúndia, tema de escárnio, em vez do
leproso, objecto de piedade.
A crítica da História deitou abaixo o fútil
castelo cortesanesco.
quinta-feira, dezembro 13, 2012
FRANK SINATRA - MY WAY
Também nós, chegámos onde chegámos, ao "nosso jeito"... com muitos empurrões dos outros.
Abebe Aemero Selassie
Pela primeira vez o Jumento do Dia é um estrangeiro e também pela primeira vez esta escolha começa com um "vai à merda" com todas as letras, as declarações do senhor Salassié só merecem um comentário: "vai à merda Salassié!" e se esse senhor gosta muito de dar raspanetes a países então que os vá dar ao seu.
O senhor Salassié representa uma organização internacional de que Portugal é membro soberano, é um mero funcionário de segunda linha dessa organização e não pode nem deve comportar-se como um sargento de um exército de ocupação, até porque o hotel de luxo onde se instala, as ajudas de custo que recebe e as mordomias que tem são pagas pelos milhões de comissões que os portugueses estão pagando por um empréstimo. O senhor Salassie parece estar convencido de que está cá numa operação de ajuda alimentar a um país incapaz de se governar, não, está enganado, está num país a que o FMI fez um pequeno empréstimo a jutos muito superiores à média praticada nos mercados e em cima ainda cobra comissões milionárias para pagar aos alarves que para cá manda.
O senhor Salassie não pode pensar que é um senhor da guerra destacado para Lisboa e que pode falar aos portugueses como se fossem atrasados mentais e como se não tivessem direito a gerir aos seus problemas em democracia, com os seus políticos. O dinheiro do FMI não autoriza o senhor da guerra a decidir que modelo social ou que Constituição Portugal pode ter.
O Senhor Salassie até pode ter o nome de um imperador da sua terra, mas esta terra é um república e quando quisermos voltar a ser uma monarquia não vamos pedir um candidato ao FMI.
Por isso se repete: vai à merda ó Salassie!
«"Se quiserem ter um grande estado providência em Portugal, tudo bem, mas têm de saber como pagar por ele", disse Selassie durante uma palestra na Ordem dos Economistas. "É possível ter um Estado baseado no modelo escandinavo, mas para isso é necessário um setor exportador muito dinâmico. Esse é um debate necessário."
Numa palestra intitulada "A crise económica portuguesa: diagnósticos e soluções", o economista etíope disse que há "margem para reduzir as ineficiências no setor público".» [DN]
Do Blog "O JUMENTO"
Nota - Este senhor Selassie chefia um grupo de técnicos que vela pelo cumprimento, por parte de Portugal, do Acordo assinado com a TroiKa (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) para podermos continuar a receber as prestações do empréstimo, como ficou acordado. Faz o trabalho dele, (pelo qual deve ser muito bem pago), e depois vai embora para regressar na próxima verificação. Digamos que é uma espécie de professor examinador que periodicamente avalia o nosso trabalho relativamente aos compromissos que assumimos no Acordo para aquele período. É um trabalho técnico que decorre sobre documentos que lhe são apresentados por técnicos do governo português.
O problema é que convidaram este senhor para fazer uma palestra numa Universidade Portuguesa, palestra essa, cujo tema, tem a ver com a vida dos portugueses e das decisões políticas tomadas ou a tomar, pelos nossos governantes e, porque vivemos numa democracia, decisões e opções do povo português.
Este senhor, dadas as suas funções, está ligado, portanto, aos sacrifícios de que os portugueses estão a ser vítimas, num papel de carrasco que, nos seus tempos, também era um trabalho técnico. Será que alguma vez passou pela cabeça de alguém, nesses tempos, pôr o carrasco em conversa com a família da vítima que ele acabara de executar?
Ele não devia ter aceite fazer a palestra e a Universidade não o devia ter convidado para tal.
Esta situação que vivemos é difícil e dramática mas, para além disso, é humilhante para nós. Para quê pôr o Sr. Selassie a falar para os portugueses? Para nos humilhar?
Quem tem que falar são os portugueses para os portugueses. As decisões são nossas, nem que seja a de nos atirarmos todos ao mar, para além de que sabemos muito bem somar dois e dois sem que o técnico da troyka nos diga quantos são.
Por isso, junto-me ao Jumento e também digo:« Vai à merda ó Selassie»
Este amor ilegal não vai acabar bem... |
GABRIELA
CRAVO
E
E
CANELA
Episódio Nº 163
E também ele tivera a
cabeleira rapada a navalha. Segundo, porque não queria perder, com os cabelos e
a vergonha, o conforto da casa esplêndida, da conta na loja e no armazém, da
empregada para todo o serviço, dos perfumes, do dinheiro guardado à chave na
gaveta.
Assim, Josué, devia entrar
em sua casa após haver-se recolhido o último noctívago e sair antes de se
levantar o primeiro madrugador. Desconhecê-la por completo fora dessas horas
quando, com ardor e voracidade, no leito, vingavam-se, no leito a ranger, de
tais limitações.
É possível manter tão
estrita ilegalidade uma semana, qui nze
dias. Depois começam os descuidos, a falta de vigilância, de atenção. Um pouco
mais cedo ontem, um pouco mais cedo hoje, terminou Josué por entrar na casa
amaldiçoada com o bar Vesúvio ainda cheio de gente, apenas findava a sessão do
Cine-Teatro Ilhéus ou mesmo antes.
Mais cinco minutos de sono
hoje, mais cinco amanhã, terminou saindo directamente do quarto de Glória para
o Colégio. Confidência ontem a Ari Santos, hoje a Nhô - Galo («que mulher! »),
segredo ontem murmurado aos ouvidos de Nacib («Não conte a ninguém, pelo amor
de Deus»), hoje aos de João Fulgêncio («É divinal, seu João!»), a história do
professor e da manceba do coronel logo se espalhou.
E não fora só ele o
indiscreto – como guardar no coração esse amor a explodir de seu peito? – o
único imprudente – como esperar o meio da noite para penetrar no paraíso
proibido?
Não lhe cabia toda a
culpa. Não começara Glória também a passear pela Praça, abandonando sua janela
solitária, para vê-lo mais de perto, sentado no bar, rir para ele? Não comprava
gravatas, meias e camisas de homem, até cuecas, nas lojas? Não levara ao
alfaiate Petrónio, o melhor e mais careiro da cidade, uma roupa de Josué, puída
e cerzida, para que o mestre, de agulha lhe costurasse outra, de casimira azul,
surpresa para o seu aniversário? Não fora aplaudi-lo no salão nobre da
intendência, quando ele apresentara um conferencista?
Não frequentara, única mulher
entre seis gatos-pingados as sessões dominicais do Grémio Rui Barbosa,
atravessando insolente por entre as solteironas saídas da missa das dez?
Com o padre Cecílio
comentavam Quinqui na e Florzinha, a
áspera Doroteia e a furibunda Cremildes aquele devotamento de Glória à
literatura.
- Melhor que viesse confessar seus pecados…
- Um dia desses escreve nos jornais…
Culminou o desvario
quando, um domingo à tarde, com a praça repleta, foi Josué entrevisto, através
de uma veneziana imprudentemente aberta, a andar de cuecas na sala de Glória.
As solteironas clamavam:
assim era demais, uma pessoa decente nem podia passar tranqui la na praça.
No entanto, com tantas
novidades e acontecimentos em Ilhéus, aquela «devassidão» como dizia Doroteia,
já não constituía escândalo. Discutiam-se e comentavam-se coisas mais sérias e
importantes. Por exemplo, após o enterro do coronel Ramiro Bastos, desejava-se
saber quem tomaria o seu lugar, assumiria o posto vago de chefe.
quarta-feira, dezembro 12, 2012
CHICO BUARQUE - CONSTRUÇÃO
Esta canção de protesto a partir de um tema simples só está ao alcance de génios como os Beatles ou Zeca Afonso
NADA COMO A SIMPLICIDADE.
Luis Fernando Veríssimo
(para quem não sabe, é um dos grandes cronistas do Brasil, filho do escritor (Erico Veríssimo)
Luis Fernando Veríssimo
(para quem não sabe, é um dos grandes cronistas do Brasil, filho do escritor (Erico Veríssimo)
Quando tinha 14 anos, esperava ter
uma namorada algum dia.
Quando tinha 16 anos tive uma
namorada, mas não tinha paixão. Então percebi que
precisava de uma mulher apaixonada, com vontade de
viver.
Na faculdade saí com uma mulher apaixonada, mas era
emocional demais. Tudo era terrível, era a rainha dos problemas, chorava o
tempo todo e ameaçava
suicidar-se. Então percebi que precisava de uma
mulher estável.
Quando tinha 25 encontrei uma mulher bem estável,
mas chata. Era totalmente previsível e nada a excitava. A vida tornou-se tão
monótona, que decidi que precisava de uma mulher
excitante.
Aos 28 encontrei uma mulher excitante, mas não consegui acompanhá-la. Ia de um lado para o outro sem se deter em lugar nenhum. Fazia coisas impetuosas, que me fez sentir tão miserável como feliz. No começo foi divertido e electrizante, mas sem futuro. Então decidi buscar uma mulher com alguma ambição.
Quando cheguei nos 31, encontrei
uma mulher inteligente, ambiciosa e com os pés no chão. Decidi casar-me com
ela. Era tão ambiciosa que pediu o divórcio e ficou com tudo o que eu
tinha.
Hoje, com 40 anos, gosto de mulheres com mamas grandes. E só !
ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS Nº 91 SOBRE O TEMA:
"VIEMOS DOS MACACOS?
RAQUEL - Sim, me põe no ar… Já estamos no
ar?... Amigas, amigos, A minhas costas, as douradas muralhas de Jerusalém. E
connosco, nosso convidado especial, Jesus Cristo. Na minha entrevista anterior,
lhe mencionei sobre a teoria da evolução. E agora lhe pergunto: o senhor sabe
algo sobre isso?
JESUS - Não,
Raquel.
RAQUEL - Pois lhe direi que em 1859, um
cientista inglês, Charles Darwin, por certo um homem muito religioso, descobriu
o mistério da vida.
JESUS - E
qual é esse mistério?
RAQUEL - Charles Darwin demonstrou que
todos os seres vivos, animais e plantas, todos, pertencem à mesma família,
nascem de um tronco comum.
JESUS - Explique-me
melhor, Raquel.
RAQUEL Por seleção natural, por
tentativa e erro, os seres vivos vão se adaptando ao ambiente, vão se transformando
e transformando.
JESUS O
livro de Jó fala da águia, do asno selvagem, do cavalo da água, obras primas de
Deus…
RAQUEL Pois todos esses animais, segundo
Darwin, descendem uns dos outros, têm uma mesma origem, evoluíram a partir de
uma primeira semente.
JESUS E
quem plantou essa semente?
RAQUEL Digamos que Deus semeou a árvore
da vida e a árvore cresceu e teve mil ramos diferentes. Em cada ramo e ao longo
de milhões de anos, foram aparecendo as mais diversas formas de vida, as
diferentes espécies.
JESUS - Parece
uma explicação muito bonita.
RAQUEL - Mas a Bíblia diz outra coisa. A
Bíblia diz que Deus criou primeiro as plantas. Depois, as aves. Depois, os
peixes. Depois, o gado. Disse que em só sete dias, Deus criou, um após outro,
todos os seres vivos.
JESUS - Pois
pensando bem, parece-me um prodígio maior tirar mil vidas diferentes de uma só
semente que ter que semear mil sementes, uma para cada vida. O que você disse
proclama com mais força a glória de Deus.
RAQUEL - Pois se não sabe, lhe direi que
há um conflito terrível entre os que defendem a criação, segundo a Bíblia, e os
que defendem a evolução, segundo Darwin. O senhor, o que diz? Fé ou ciência?
JESUS - A
fé não cabe em nenhum livro, Raquel. E o firmamento tampouco cabe em nenhuma
ciência. Quem será tão arrogante para acreditar que sabe tudo?
RAQUEL - Mas, então, com o que ficamos:
criação ou evolução?
JESUS - Raquel, se eu te entendi bem, não
foi Deus quem criou a evolução? Não foi Ele que semeou a primeira semente?
RAQUEL - Tem algo que ainda não comentamos
e que escandaliza a muitos. Segundo a teoria de Darwin, nós seres humanos
também somos um ramo dessa imensa árvore da vida.
JESUS - E
qual é o escândalo?
RAQUEL - O senhor sabe, Jesus Cristo,
quais são nossos primos-irmãos, os parentes mais próximos a nós nessa árvore?
JESUS - Diz-me
quais.
RAQUEL - Os
macacos!
JESUS - Os
macacos?
RAQUEL - E do que o senhor está rindo?
JESUS - Acho
engraçado… Essa sim é uma boa piada de Deus para que não enchamos a cabeça de
vaidade, para que sejamos humildes. Irmãos dos macacos!
RAQUEL - Para muita gente é um insulto
esse parentesco.
JESUS - Não
entendo, pois não é o mesmo Deus o que criou aos macacos e a nós e a tudo o que
respira sobre a terra? Então? Todos nascemos de suas mãos. Na verdade, eu não
conhecia o que você me contou, mas…
RAQUEL - E agora que conhece, qual a sua
opinião sobre a teoria de Charles Darwin?
JESUS - O
rei Salomão foi um grande sábio. Mas, no que disse esse homem há mais
sabedoria que em Salomão.
RAQUEL - E vocês, amigas e amigos, o que
opinam? Ficam com Darwin ou com a Bíblia? Ou com ambas as coisas, como disse
Jesus Cristo? Esperamos seus telefonemas. Raquel Pérez. Emissoras Latinas.
Jerusalém.
No caso em concreto devia ser cacau... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 162
Às cinco horas o enterro saíu. A multidão não cabia na
rua, espalhava-se pela praça. Já começavam os discursos na beira do túmulo –
falaram Dr. Maurício, Dr. Juvenal, advogado de Itabuna, o Doutor, pela oposição,
o Bispo pronunciou umas palavras – e ainda parte do acompanhamento estava
subindo a Ladeira da Vitória para chegar ao cemitério.
À noite os cinemas fechados, os cabarés apagados, os
bares vazios, a cidade parecia deserta como se todos houvessem morrido.
Do fim (oficial) da solidão.
A ilegalidade é perigosa e complicada. Requer paciência,
sagacidade, viveza e um espírito sempre alerta. Não é fácil manter íntegros os
cuidados que ela exige. Difícil é preservá-la do desleixo, natural com o correr
do tempo e o aumento insensível da sensação de segurança.
De começo exageram-se as precauções, mas pouco a
pouco, vão elas sendo abandonadas, uma a uma. A ilegalidade vai perdendo seu carácter,
despe-se do seu manto de mistério e de repente, o segredo de todos ignorado é
notícia na boca do mundo. Foi sem dúvida o que ocorreu com Josué e Glória.
Xodó, rabicho, paixão, amor – dependia da cultura e da
boa vontade do comentarista a classificação do sentimento – era facto conhecido
de todo Ilhéus o vínculo existente entre o professor e a mulata.
Falava-se daqui lo
não só na cidade, mas até em fazendas perdidas para o lado da serra do Baforé. No
entanto, nos dias iniciais todos os cuidados pareciam insuficientes a Josué e,
sobretudo a Glória.
Ela explicara ao amante as duas profundas e
respeitáveis razões porque desejava manter o povo de Ihéus em geral e o coronel
Coriolano Ribeiro, em particular, na ignorância de toda aquela beleza cantada
em prosa e verso por Josué, daquela santa alegria a resplandecer nas faces de
Glória.
Primeiro devido ao pouco recomendável passado de violências
do fazendeiro. Ciumento, não perdoava traição de rapariga. Se lhe pagava luxo
de rainha, exigia direitos exclusivos sobre seus valores.
Glória não desejava arriscar-se a uma surra e a
cabelos rapados como sucedera com Chiqui nha.
Nem arriscar os delicados ossos de Josué pois apanhara também Juca Viana, o
sedutor.
E também ele tivera a cabeleira rapada a navalha. Segundo,
porque não queria perder, com os cabelos e a vergonha o conforto da casa esplêndida,
da conta na loja e no armazém, da empregada para todo o serviço, dos perfumes, do
dinheiro
Guardado a chave no fundo da gaveta.
Assim, Josué devia entrar em sua casa após haver-se
recolhido o último noctívago e sair antes de levantar-se o primeiro madrugador.
Desconhecê-la por completo fora dessas horas quando,
com ardor e voracidade, vingavam-se, no leito a ranger, de tais limitações.
É possível manter tão estrita ilegalidade uma semana, qui nze dias. Depois começam os descuidos, a falta de
vigilância, de atenção.
terça-feira, dezembro 11, 2012
Modelo de Desenvolvimento
Pairam nas conversas das pessoas com responsabilidades na sociedade as palavras comedidas sobre um futuro que se aguarda com um misto de expectativa e receio.
Há um factor psicológico que parece ser decisivo no relançamento de toda a actividade económica, porque depende do comportamento das pessoas, da forma como elas vão gerir dentro de si os medos e os fantasmas de um futuro incerto e desconhecido.
Elas próprias também não sabem, tudo se precipitou de uma forma demasiado rápida, foi uma espécie de derrocada, de avalanche de notícias perfeitamente surpreendentes que a todos deixaram perplexos, mesmo àqueles que estavam no epicentro do mundo das finanças.
Entretanto, os multimilionários aparecem nas primeiras páginas dos jornais por terem visto o valor das suas fortunas diminuir de não sei quantos milhões como se a qualidade das suas vidas e dos seus familiares ficasse afectada pela circunstância de terem ficado “apenas”com 300 quando antes tinham 600... milhões.
Deste ponto de vista, o prejuízo será sempre dos trabalhadores que verão novos investimentos geradores de postos de trabalho adiados e parte dos actuais suprimidos.
A criação de riqueza e do emprego depende sempre do investimento, publico ou privado e uma parte considerável deste é feito, por sua vez, por algumas dessas pessoas muito ricas, que em situações de retracção do mercado adiam investimentos.
E quando falamos de pessoas muito ricas temos que separar as águas e não meter no mesmo saco aqueles que criaram as suas fortunas a partir de empresas bem geridas e que deram lucros produzindo riqueza, criando empregos e pagando impostos e os outros, os especulativos que chegaram a milionários com um sentido apurado para os negócios, (comprar e vender) e para quem só foi difícil arranjar o primeiro milhão… depois teremos ainda os casos de polícia.
O problema da crise está, pois, nos desempregados que mesmo com direito a um subsídio de desemprego alargado por mais seis meses, vêm a solução do problema das suas vidas, mais do que em situações anteriores, passar por eles e isto numa conjuntura em que a crise se generaliza a outros países que na história recente constituíam a reserva de emprego para os portugueses em situações difíceis da vida nacional.
Vai ser necessário reganhar confiança, apelar à imaginação, sair do torpor do pessimismo sem nos deixarmos abater pelos sacrifícios que inevitavelmente vão recair sobre muitas famílias.
Não tenhamos dúvidas, o desafio vai ser lançado à capacidade de sobrevivência das pessoas e, neste aspecto, os portugueses têm uma preparação e um treino ancestral que outros povos da Europa não possuem, a menos que a actual geração tenha perdido qualidades.
É verdade que nas últimas dezenas de anos uma grande percentagem da população portuguesa e, naturalmente, estou a referir-me aos mais jovens, se habituou, felizmente, ao “bem bom” da vida bem preenchida pela possibilidade de satisfazerem uma grande variedade de novas necessidades.
Mas nestas coisas, como em tudo, não há bela sem senão e as facilidades da vida não ajudam a desenvolver mecanismos de sobrevivência, no entanto, as potencialidades estão connosco porque acredito que postas à prova ao longo de tantas gerações se passaram para a nossa herança genética.
Entretanto, os teóricos das problemáticas sociais e políticas aproveitam estes momentos, e bem, para tentarem ir ao fundo das questões e aí vem à baila, entre outras coisas, o Modelo de Desenvolvimento.
Se vamos ter que reiniciar qualquer coisa é perfeitamente lógico que nos debrucemos sobre o que fazíamos e como o fazíamos para “emendar a mão” olhando o longo prazo, porque a nossa vida é breve mas continua nos nossos filhos, netos e bisnetos “and so on" e gostar deles não é satisfazer-lhes, hoje, os caprichos e aumentar dívidas para eles pagarem no amanhã.
Como não tenho dúvidas de que não há alternativa para um sistema de economia de mercado ou capitalismo, como quiserem, desenvolvido no respeito pela livre iniciativa das pessoas e pelas leis oriundas de Assembleias e Governos eleitos democraticamente pelos cidadãos é, neste quadro, que nos temos de nos movimentar e face ao que está a acontecer uma conclusão não pode deixar de ser tirada: o capitalismo financeiro com as suas off-shores e tudo o resto que lhe está associado, provou ser perfeitamente suicida para a sociedade e para o mundo.
Até que ponto vai ser possível a sua eliminação e passagem a um capitalismo de Estado, efectivamente regulador das actividades dos agentes económicos e financeiros tendo como prioridades a satisfação de necessidades de natureza social, ecológica e de uma mais justa repartição da riqueza, irá ser a grande questão e maior ainda se pensarmos que tudo tem de ser feito sem hesitações e de uma forma assumida por todos os que quiserem fazer parte da solução.
Mas não vale a pena advogar, como tive oportunidade de ouvir, que a cooperação deve substituir a competição porque isso é demagogia. O homem é naturalmente competitivo e a competição está instalada na natureza, faz parte dela sem excluir a cooperação. Simplesmente, a competição faz-se nos lugares próprios e com regras. Fora deste quadro a vida transforma-se numa "selvajaria" sem selva. Como dizia o povo num calão já em desuso "é um ver se te avias que é uma pressa".
O “contra vapor” irá inevitavelmente aparecer por parte de todos os que têm interesses ligados à situação que nos trouxe até esta crise e essa gente, embora uma pequena minoria, tem muito poder, influência e uma forte rede de cumplicidades. As cartas estão lançadas… a luta, uma luta global, mais que um jogo, vai começar.
Este texto foi colocado aqui, no Memórias Futuras, em Dezembro de 2008, logo após a crise do "sub - prime" com a falência do banco de Investimento dos E.U. "Lehman Brothers" e de muitos outros por arrastamento num efeito dominó.
Então, países como a Alemanha, a França, a Áustria, a Itália e Países Baixos anunciaram pacotes de 1. 170 triliões de Euros para ajudar os seus sistemas financeiros.
Hoje, passados 4 anos, continuam ainda os apoios à Banca de forma prioritária mas, apoios financeiros a projectos de investimentos públicos que criassem riqueza e emprego salvando da miséria, não tenhamos medo do nome, cerca de 25 milhões de desempregados na Europa, parecem estar proibidos a favor de equilíbrios orçamentais, de montantes de dívidas soberanas, com cortes nas despesas sociais dos Estados para os quais as pessoas descontaram uma vida inteira criando legítimas expectativas. O poder de compra das pessoas inevitavelmente baixa, o consumo diminui, as empresas vendem menos provocando mais despedimentos num processo de círculo vicioso.
Isto numa Europa que delineou políticas que conduziram ao endividamento dos países e que agora os asfixiam com dívidas e juros incomportáveis que não poderão ser pagos por economias em recessão.
Salvam-se os os bancos mas afundam-se as famílias... que raio de critérios estes!
Isto numa Europa que delineou políticas que conduziram ao endividamento dos países e que agora os asfixiam com dívidas e juros incomportáveis que não poderão ser pagos por economias em recessão.
Salvam-se os os bancos mas afundam-se as famílias... que raio de critérios estes!