sábado, janeiro 29, 2011

O Discurso de Obama


«No discurso sobre o estado da União, Barack Obama disse 18 vezes a palavra "impostos" e uma só "Sputnik". Vai ser sobre esta que se falará daqui a dez anos, caso venha a recorde-se o discurso de Obama de 2011.
Sputnik é uma palavra do passado e, no entanto, foi nela que Obama se apoiou para concluir: "Vamos investir o nosso dinheiro no futuro e não no passado." Que não vai investir no passado ficou a saber-se ao dizer que a América não vai mais subsidiar a indústria petrolífera. Então, como foi que Sputnik, palavra velhinha de 54 anos, ficou relacionada com futuro naquele discurso?
Em 4 de Outubro de 1957, os noticiários mundiais abriram assim: a União Soviética mandou o primeiro satélite artificial para o espaço. A notícia provocou duas reacções extremas. A portuguesa, através de um professor do Instituto Superior Técnico, especialista em Aerodinâmica, que veio explicar na novíssima RTP que tudo não passava de propaganda comunista. A outra atitude foi à americana, que mais tarde Maria Bethânia tão bem cantou: "Levanta, sacode a poeira/ dá a volta por cima..." Foi o que Washington fez em 1957.
Admitiu que estava atrasado, atirou-se ao programa espacial e, em 1969, Armstrong foi o primeiro homem a pôr os pés na Lua. Foi esse exemplo, apostar na ciência, que Obama exigiu à América ("a nação de Edison e dos irmãos Wrigth"). Eis uma hegemonia americana que o mundo agradece.»
DN - Ferreira Fernandes

ROQUE GAMEIRO
Pintor, desenhista português especializado em aguarela (1864-1935). Um dos melhores do seu tempo.

Cena do romance de Júlio Diniz "As Pupilas do Sr. Reitor" na qual se revela o amor de criança entre Margarida e Daniel.

AUREA - OKAY ALRIGHT

Impossível não gostar desta voz. Pegue-se por onde se pegar, é talento puro, não precisa de artifícios, está lá tudo.


Consultas de Sexologia com a DRª. LÚCIA
que responde pela rádio às duvidas das suas
ouvintes:




Ouvinte: - Bom dia Dra Lúcia! Meu nome é Júlia. É verdade que a gente pode engravidar num banheiro público?


Drª Lúcia: - Sim, é verdade! Acho melhor você deixar de fazer lá sexo!



Ouvinte: - Bom dia Dra Lúcia! Aqui é a Geisy e eu queria saber porque é que a fantasia dos homens lhes dá para fazerem sexo com a nossa melhor amiga?


Drª Lúcia: - Nada disso! A fantasia deles é comer sua irmã mais nova, ou a mais velha, ou a do meio, ou a sua prima. A sua melhor amiga também, ou qualquer outra amiga...


Ouvinte: - Bom dia Dra Lúcia! Eu sou a Vera e queria saber porque é que os homens vão embora, logo depois de fazerem sexo com a gente no primeiro encontro?

Drª Lúcia: - Porque o encontro acabou. Caso contrário, seria casamento!


Ouvinte: - Bom dia Dra Lúcia! Chamo-me Luciana e tenho um amigo que quer fazer sexo comigo, mas ele tem um pênis de 24cm. Acho que vai ser doloroso, o que vou fazer?



Drª Lúcia: - Mande-o para cá que eu testo-o para você!!

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA

Episódio Nº 17



De nada adiantara o rábula afirmar que Libório comprara, por umas poucas fichas de roleta, apenas três meses do magro ordenado do servidor municipal. De nada valera ser a vítima exemplar funcionário, homem honrado, bom marido, pai extremoso de cinco filhos – pena o vício do jogo – e Libório conhecido vigário, tantas vezes na barra da justiça, jamais condenado.

Lulu Santos exalta-se na narrativa, o tal Libório fazendo-se humilde e perseguido – ah! que vontade de perder o respeito ao juiz, à sala de audiências e atirar as muletas nas ventas do canalha! Tereza não pode imaginar com que prazer o rábula a viu cuspir na cara do corno filho-de-uma-puta. Corno, corníssimo, habitué desses escândalos públicos, dessas valentias de bater em mulher. Só bate em mulher, não tendo coragem de enfrentar cara a cara nenhum dos muitos camaradas que lhe puseram chifres. Por trás, sim, se tem ocasião os persegue, usando para isso do prestígio e das relações de que goza nos meios policiais, fazendo-lhes a vida difícil. Filho-de-uma-puta completo, escarrado e cuspido.

Pior ainda, o caso presente, a ser julgado em breves dias, na próxima semana. Assunto triste, pleito perdido por antecipação. Só de lembrar, Lulu Santos se enfurece, os olhos relampejantes:

- Vou-lhe contar do que é capaz esse filho-de-uma-puta – destacava as sílabas; em sua boca qualquer outro era filho-da-puta, às vezes com afecto e ternura: Libório era fi-lho-de,-uma-puta, o palavrão completo, as sílabas divididas.

Numa pequena chácara de mangueiras, cajueiros, jaqueiras, cajazeiras, pés de pinha, de graviola, de ata e condessa, vive e trabalha Joana das Folhas, ou Joana França, viúva de um português. O português, seu Manuel França, velho conhecido de Lulu Santos foi quem introduziu em Aracajú o cultivo de alface, de tomates dos grandes, de couve repolho, outras verduras do Sul, cultivadas ao lado dos jilós, dos maxixes, das abóboras, da batata doce, na chácara de terra excelente. Obteve freguesia certa e segura para o negócio pequeno, porém próspero.

Desde madrugada no amanho da terra, ele e a negra Das Folhas; primeiro amigados, depois quando o filho único cresceu e o lusíada sentiu o primeiro baque no coração, casados no juiz e no padre. O filho nem esperou a morte do pai; levando-lhe as economias desapareceu no mundo. O honrado portuga não resistiu, Joana herdou o sítio e uns dinheiros a receber do compadre António Minhoto, herança bem merecida: negra forte, um pé-de-boi, um cão no trabalho, o pensamento no filho. Contratou ajudante para o serviço na chácara e para levar as alfaces, tomates e couves à clientela.

- espere eu voltar para contar o resto – pede a velha Adriana aproveitando a pausa – É só um minuto enquanto trago o mungunzá.

- Puxa! – exclama Tereza – Sujeito mais péssimo esse Libório.

- Ouça o resto do caso e verá que péssimo sou eu.

A brisa da noite vinha do porto, Lulu Santos a falar do português Manuel França, de sua mulher Joana das Folhas e do filho andejo, o pensamento de Tereza em Januário Genebra: onde andará? Prometera aparecer; levá-la a ver a barcaça, a passear na barra onde se abre o mar oceano e
se estendem as dunas de areia. Porque não veio o malvado?

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA Nº69 SOB O TEMA:

“VIOLÊNCIA OU NÃO VIOLÊNCIA”



De Onde Vem a Guerra?


Sem muita reflexão, acreditamos que as guerras são um comportamento exclusivamente humano, esquecendo que têm suas raízes no comportamento animal, e nos nossos parentes mais próximos na escala biológica, os primatas. Assim o afirma a especialista em primatologia, Jane Goodall, no seu livro "Através da Janela” quando descreve a guerra entre populações de chimpanzés aparentados. Os chimpanzés são a espécie com quem partilhamos um ancestral comum há cerca de seis milhões de anos.
O comportamento humano ainda está cheio de inércias e de rastos de comportamentos atávicos dos primatas que nos levam a guerras. Esses comportamentos, que partilhamos com eles são três: a necessidade de estabelecer e defender territórios e fronteiras que separam os grupos, o sentido de propriedade e, finalmente, o ordenamento do grupo com base em hierarquias rígidas.
Os comportamentos agressivos para defender o território, a propriedade e a liderança hierárquica estão na origem de todas as controvérsias, de todos os conflitos, de toda a guerra humana, já que são os mesmos que também estão na raiz de todas as guerras dos primatas.
Portanto, a partilha dos bens, a eliminação das fronteiras, respeitando e celebrando as diferenças, e a eliminação de hierarquias são estratégias da humanidade. Dois mil anos atrás, num mundo muito violento, Jesus de Nazaré propunha já essas estratégias.

sexta-feira, janeiro 28, 2011

MÁRIO LANZA - AVÉ MARIA
Veja se descobre quem é o miúdo que canta ao lado de Mário Lanza... Pois, é esse mesmo: Luciano Pavarotti.

ROQUE GAMEIRO
Estudou na Academia Nacional das Belas Artes, foi aluno de Bordalo Pinheiro, tendo frequentado tambéma Escola de Artes e Ofícios de Leipzig como bolsista do governo português. Regressado a Portugal em 1886, foi nomeado professor da Escola Industrial do Príncipe Real em 1894. Ganhou a Medalha de Ouro da Exposição Universal de Paris em 1910.
Lisboa Velha - Casa no Largo de Menino Deus

AUREA - THE ONLY THING THAT I WANTED
O Album de estreia de Aurea atingiu em Portugal, nos primeiros 3 meses, a marca de Ouro e tem todos os ingredientes para uma carreira internacional. Não obstante, não possui formação musical. Estava a estudar Teatro, em Évora e um amigo, Rui Ribeiro, ouvio-a cantar e gostou da voz. Decidiu compôr um tema, ela cantou, foram a uma editora que de imediato perguntou: "Vamos gravar um disco?"


Rapidinhas


Dois miúdos estão a conversar:
- O que é que o teu pai faz?
- É advogado.
- Sério?
- Não, um dos normais.



Numa estrada, alguns metros antes duma curva, dois frades seguravam um cartaz que dizia: " O Fim Está Próximo! Arrepende-te e Volta Para Trás!" Nisto, passa um carro e eles mostram-lhe o cartaz. O condutor do automóvel dá uma gargalhada, insulta-os e segue em frente. Instantes depois ouve-se um grande estrondo para lá da curva.
Diz um dos frades para o outro:
- Olha lá... Se calhar já devíamos mudar o cartaz e escrever mesmo "A Ponte Caiu" , não?




O avião contacta a torre:
- Torre, aqui Cessna 1325, piloto estudante, estou sem combustível.
Na torre, todos os mecanismos de emergência são accionados, todas as
pessoas ficam atentas e já ninguém tem sequer uma chávena de café na
mão. O suor corre em algumas faces e o controlador responde ao piloto:
- Roger, Cessna 1325. Reduza velocidade para planar. Tem contacto visual com a pista?
- Er... quer dizer... eu estou na pista... estou à espera que me venham atestar o depósito...

TEREZA

BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA





Episódio Nº 16




Os quatro satisfizeram-se com os tapas, não querendo perder mais tempo; tendo exemplado o larápio, contentes, foram-se embora. Libório também considerou o assunto encerrado e com lucro evidente: em troca de uns tabefes ficar isento do pagamento das dívidas: quem disse!... Pé-de-Mula, ao contrário dos outros tinha todo o tempo livre e, estando em representação da velhinha, não lhe cabia dar quitação ao falso banqueiro.

Que Libório apanhasse, ele estava de acordo, mas que apanhasse e pagasse. Ali mesmo Libório pagou um pedaço, pouco mais de metade, ficando o resto para o dia seguinte. A velhinha não abriu mão do resto, muito ofendida – onde já se viu banqueiro de bicho se recusar a pagar? – exigia o seu dinheiro e com a máxima urgência.

Libório sumiu de novo, de novo vemos o bom Pé-de-Mula à sua procura; uma semana após, por acaso o encontrou em plena Rua do Meio, ou seja, no coração da cidade. Vinha bem do seu, como se não devesse nada a ninguém, a cochichar muito animado ao ouvido de um tabaréu – uma vigarice de pedras falsas – quando deu de caras com o Pé-de-Mula; perdeu a animação e dando-se por vencido, pagou o resto da dívida da tia Milú. A velhinha recebeu até ao último real e com isso deve ter Pé-de-Mula ganho o reino dos céus, pois alguns dias mais tarde morreu num desastre de caminhão em que viajavam para Penedo o time titular e alguns reservas para a disputa de uma partida amistosa.

O caminhão virou no caminho, morreram três, um deles foi Pé-de-Mula, nunca mais no futebol de Sergipe surgiu craque de tão potente tiro nem circulou nas ruas de Aracajú vagabundo de tão mole coração.

Esse estouro da banca do bicho foi a estreia de Libório no mundo dos negócios. Meteu-se depois em quanta falcatrua realizou-se por ali nos últimos vinte anos. Por duas vezes, ante juízes togados, Lulu Santos representara clientes a quem Libório furtara. Um dos casos teve a ver com pedras falsas. Por muito tempo Libório comerciou com diamantes, rubis, esmeraldas, uma pedra verdadeira entre cinquenta imitações e cópias. Lulu perdera o caso por falta de provas. Libório fez-se rico, importante no sub-mundo, na zona, relacionado na polícia, dando propinas a secretas e a guardas, agindo sobretudo entre a gente pobre. Principal fonte de renda: agiotagem, emprestando a juros escorchantes, recebendo em pagamento de dívidas não remidas o que a pessoa possuísse.

Além de agiota metia-se em mil negócios suspeitos. Diziam-no sócio de seu Andrade, proprietário do Vaticano, na exploração de quartos alugados às prostitutas por uma noite ou uma hora; do meio para o fim do mês comprava a baixo preço os ordenados dos funcionários públicos em apertos de dinheiro. Num caso desses, novamente em defesa de um pobre-diabo, Lulu Santos fora segunda vez derrotado por Libório.

Financiador de covis de jogo, de trampolinagens com dados truncados, baralhos marcados, roletas viciadas, Libório comprara por ninharia três meses de ordenado de um funcionário da Prefeitura, bom sujeito mas inveterado jogador, de quem recebera procuração para a devida cobrança. Na ânsia do dinheiro para a roleta, o descuidado solicitante, em vez de escrever de próprio punho a procuração, assinou folha de papel em branco, na qual o escroque dactilografou o que bem quis: ou seja, em lugar de três meses escreveu seis. Não houve como provar a vigarice, pois no documento estava, devidamente reconhecida em cartório, a assinatura do fulano.



INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTREVISTA nº 79 SOB O TEMA:

“VIOLÊNCIA OU NÃO VIOLÊNCIA”(4)


Monsenhor Romero, São Romero da América Latina




Já no nosso tempo, na América Latina, o arcebispo de San Salvador, Oscar Romero, sempre se opôs à violência como meio para resolver conflitos, mesmo os mais agudos – assumiu esse compromisso na véspera da guerra civil em El Salvador que durou 12 anos. Em vários momentos ele interveio, não para justificar a guerra ou a violência, mas para estabelecer a diferença entre "violência institucionalizada" e "resposta violenta". Essa linha, essa fronteira, foi uma constante não só nas suas homilias, mas sobretudo no seu desempenho diário.


Na sua homilia de 26 de Junho de 1977 explicou que a violência institucionalizada é aquela que oprime abusando dos seus direitos. A violência que se institucionaliza é a que quer abusar do poder. Perante esta posição fez eco na América Latina: “Há" - dizem os bispos em Medellín - “como um sinal dos tempos, um desejo universal de libertação”. E a Igreja, que considera que esse anseio do povo da América Latina vem do Espírito Santo que inspira a sua dignidade e o faz ver a miséria em que vive, não pode ser surda ao clamor... Perante essa situação de violência que se institucionalizou surgem os movimentos de libertação: a luta de classes, o ódio, a violência armada...


Afirmando que a violência armada "não é tampouco cristã", e rejeitando os métodos violentos para resolver os problemas nacionais do seu tempo, Monsenhor Romero, reflectiu, como Jesus, em dois campos: falou fortemente contra a "violência institucionalizada" e a "violência repressiva" condenando também a "violência de baixa intensidade” que os EUA começaram a ensaiar, já no seu tempo, contra as organizações do povo salvadorenho ( Este novo conceito de guerra particular, que é “eliminar de maneira homicida todos os esforços das organizações de base, sob o pretexto do comunismo ou do terrorismo”, escreveu ele no seu diário.) E tentou entender o que ele chamou de "violência revolucionária", considerando que era uma resposta, um resultado da "repressão violenta".


Como Jesus, Monsenhor Romero, estava ciente de que a violência de um e de outro lado, a multiplicar-se, é sempre convertida numa espiral de violência descontrolada que prejudica principalmente os pobres e indefesos. Ele estava igualmente ciente que a violência repressiva encurralava os que eram forçados a optar pela "violência revolucionária".


Tentar "entender" com a mente e o coração, com palavras e atitudes, a opção revolucionária dos pobres de seu país, a sua "resposta violenta" foi o que lhe custou a vida. (Foi assassinado em 24 de Março de 1980, enquanto celebrava a missa, por um atirador de elite do Exército Salvadorenho, treinado pelo Exército americano.)

quinta-feira, janeiro 27, 2011

Curtas e rapidinhas:



No hospital, diz o médico:

- O senhor é o dador de sangue?

- Não, eu sou o da dor de cabeça!


Uma mulher entra numa loja de roupa e pergunta:

- Vendem camisas de noite?
- Não, de noite estamos fechados...


Vai um velhote na auto-estrada quando a mulher lhe liga.

- Sim?

- Olha, querido, tem cuidado! Deu agora nas notícias que na auto-estrada vai um carro em sentido contrário!
- Um? Eles são às dezenas
!

VÍDEO

O desassombro e a coragem desta senhora num tema considerado tabú é de elogiar. Presto-lhe as minhas homenagens e desejo que tenha podido continuar a dar o contributo da sua esclarecida opinião para ajudar as pessoas neste emaranhado de disparates perigosos à volta das religiões responsáveis, ao longo da história da humanidade, por tantas guerras, violência e sofrimento.

ROQUE GAMEIRO
(Aguarela)


Chegada de Vasco da Gama à Índia, Calecute, 1498.
(clique 2 vezes sobre a imagem para a aumentar)

AUREA - TV ESPECIAL - NO NO NO
Sem ar de vedeta, Aurea, fala de si com simplicidade e se a música já é apelativa o timbre da sua voz é uma maravilha e a interpretação parece ser o de uma artista já consagrada.


TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE

GUERRA


Episódio Nº 15


Aliás, Lulu recebia muita coisa de presente, coisas de comer e beber, regalos variados, muitas outras comprava a crédito, esquecia-se de pagar, e se não fosse assim como poderia viver um advogado de pobres? Em certas causas punha dinheiro seu em vez de receber honorários. Tirando fumaça do charuto, começa a desfiar as peripécias de Libório das Neves.:

- Vamos mexer em bosta, minha filha… – E abriu a tramela, parecia estar na tribuna do júri a defender e a acusar, pois se exaltava erguendo a voz, fechando os punhos, tomado de indignação ou de ternura, misturando palavrões e ditos populares.

Em resumo, contou como Libório começara sendo banqueiro de bicho – mas para bancar bicho, como todos sabem, é fundamental ser honesto; repousando o jogo do bicho exclusivamente na confiança merecida pelo banqueiro, se esse for desonesto não pode manter-se bancando. Ora, sendo Libório organicamente salafrário, está a ver que no primeiro estouro, não pagou as pules premiadas, resultando num bode daqueles. Uns quantos fregueses, inconformados com a safadeza, juntaram-se sob o comando do Pé-de-Mula, jogador de futebol dono de chuto potentíssimo, foram atrás do banqueiro desonesto. Leve-se em conta o facto de Pé-de-Mula não estar pessoalmente interessado no assunto, não jogava no bicho, jamais. Agia em representação de tia Milú, vizinha de rua, anciã quase centenária: todo o santo dia a velhinha arriscava no grupo, na dezena, na centena, no milhar, pule modesta mas complicada, acompanhando um bicho, uma centena, um milhar durante meses seguidos.

De quando em vez acertava e nunca tivera a menor dificuldade no recebimento. Não sabe por que cargas d’água mudou de banqueiro, levada talvez pela lábia do então jovem Libório. Vinha perseguindo o cachorro, dezena 20, centena 920, milhar 7920, e não só ela, muita gente naquele dia jogou no cachorro exactamente porque acontecera na véspera o caso notável do menino salvo da morte no mar da Atalaia por um cão vira-lata apegado à criança, história divulgada nos jornais e na rádio. Deu o cachorro, deu a centena, deu o milhar de tia Milú, Libório virou fumaça.
Principal ganhadora, a velhinha ficou ofendidíssima com a desaparição do banqueiro; curvada em dois, apoiada numa bengala, apelou para deus e os homens: queria receber seu rico dinheiro. Pé-de-Mula, coice feroz, coração de banana, tomou as dores da vizinha e, à frente de outros lesados, saiu à procura do banqueiro e por fim o encontrou.

A cobrança foi na base da discussão e da ameaça. A princípio Libório tentou enrolar, pôr culpa em terceiros, inventando sócios que teriam fugido, mas, na base de uns empurrões de Pé-de-Mula, prometeu liquidação total em quarenta e oito horas.

É grande a credulidade dos homens, mesmo quando populares jogadores de futebol, mesmo possuindo um “canhão em cada pé”, como escreviam os cronistas desportivos a propósito de Pé-de-Mula. Além de jogador de futebol, Pé-de-Mula não sabia fazer mais nada – aliás seu futebol não era lá essas coisas, perna-de-pau mantido no time devido exclusivamente ao canhonaço, não existindo goleiro capaz de agarrar a bola chutada por ele. Afora os treinos, trocava pernas na rua, estagiando nos bares, assistindo disputas de bilhar; vagabundo para usar termo correcto.

Quarenta e oito horas passadas e nem sombra de Libório. Pé-de-Mula pôs-se em campo, conhecia sua cidade de Aracajú e os arredores. Foi desentocar o ladrão escondido numa rua de canto, perto das salinas. Libório disputava uma partida de gamão com o dono da casa, sírio de prestação, quando, sem pedir licença nem bater palmas na porta, Pé-de-Mula, acompanhado de mais quatro credores, abriu passagem casa adentro. O sírio, dando de valente exibiu uma faca;
tomaram-lhe a faca, distribuíram uns tapas pelos dois, cabendo mais a Libório, como devido.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 79 SOB O TEMA:

“VIOLÊNCIA OU NÂO VIOLÊNCIA” (3)


Zelotas - Quantos estão entre "os doze"?

Dadas as suas características, os Zelotas depositaram em Jesus muitas expectativas e o poder de chamamento do Profeta de Nazaré teve que chamar a atenção deles. Jesus, um galileu, tinha que conhecer os Zelotas e concordar com eles em muitas coisas.



Quando Jesus começa o seu movimento proclamando: “O Reino de Deus está próximo” coincidiu com o anúncio da esperança que os Zelotas tinham já espalhado por toda a Galiléia, como bandeira contra os ocupantes romanos.



Além disso, o facto do Movimento de Jesus nascer e crescer na Galiléia torna lógico pensar que os Zelotas tivessem participado no seu Movimento. Entre "os doze" Apóstolos, Judas, certamente foi um deles. Simão, um dos doze, é mesmo apelidado de "o Zelota" (Lc 6, 15). A alcunha que Jesus deu aos irmãos Tiago e João, chamando-lhes os "Boanerges" (filhos do trovão), e o apelido que ele deu a Simão Pedro, chamando-lhe "Barjona”, nome guerreiro, também parece estar associado ao Movimento Zelota.

A "Violência Estrutural" e "Violência Institucional"

Ao falarmos do pecado estrutural - o pecado de viver em sociedades com grandes desigualdades entre os poucos ricos e os muitos pobres, que toleram a injustiça contra a sua vida - a Teologia da Libertação propôs o conceito de" violência estrutural "e de "violência institucionalizada".

Estruturas de violência são as que provocam a fome e o latifúndio, as que atropelam os mais débeis deixando-os indefesos. Essa violência institucionaliza-se, também, através de leis injustas. E assim, pode haver uma ordem jurídica que ameaça violentar os direitos humanos, a "violência institucional"

Ao longo da história da Igreja multiplicaram-se reflexões sobre aquilo que, a partir do século XIII, Tomás de Aquino chamou de "guerra justa", um conceito tão amplo e flexível que tem sido usado para justificar intervenções armadas justas como tambem muitas atrocidades.

quarta-feira, janeiro 26, 2011

TOM and JERRY
Não é uma gracinha... de 1942!


Poder do Marketing:


Duas crianças de oito anos conversam no jardim e o menino pergunta à menina:
- O que vais pedir no DIA DA CRIANÇA?
- Eu vou pedir uma Barby, e tu?
- Eu vou pedir um TAMPAX ou um OB! -responde o menino
- TAMPAX?! OB?! que é isso?!
- Nem imagino... mas na televisão dizem que com TAMPAX ou OB a gente pode ir à praia todos os dias, andar de bicicleta, andar a cavalo, dançar, ir ao clube, correr, fazer um montão de coisas, e
o melhor... SEM QUE NINGUÈM PERCEBA!

ROQUE GAMEIRO
Partida de Vasco da Gama Para a Índia (1497)
(Se Clicar 2 vezes sobre o quadro ele aumenta de tamanho)

Celebração aos Quatro Sentidos


A Propósito da vitória
de Cavaco

pelo Prof. Universitário Soromenho Marques


...Os romanos sempre perceberam que a sua grandeza exigia uma disciplina que poderia ser conseguida durante algum tempo, mesmo séculos, mas que não é possível manter o tempo todo.
Roma era superior aos Bárbaros, mas sucumbiu por isso mesmo, porque a barbárie é mais fácil. A boçalidade custa menos energia do que a civilização, como a brutalidade de Nero o demonstrou.


No rescaldo das eleições presidenciais, o País acordou, com números frios e dolorosos, para a consciência de que a nossa democracia representativa (que é a única possível) também está a ceder terreno no seu "limes". Está a recuar perante as tribos do populismo, do demissionismo, do facilitismo, e do facciosismo.

Ao escutar o sintomático discurso de vitória de Cavaco Silva, exaltado e ressentido, é impossível não pensar que ainda mais bárbaro do que um vencido que não aceita a derrota, é um vencedor mais pequeno do que a sua conquista.

AUREA - BUSY (for me)

É já para muitos a voz revelação de 2010 com a grande vantagem, para nós, de ser portuguesa, alentejana de gema, embora não pareça... É uma moça simples, humilde, ela própria surpreendida com a qualidade da sua voz. Tomei conhecimento dela, ontem, pela 1ª vez, no programa 30 minutos da RTP1. Lançou agora o primeiro disco. Vejam-na, ouçam-na e surpreendam-se.

TEREZA
BATISTA


CANSADA

DE

GUERRA

Episódio Nº 14


Antes de se estabelecer com a quitanda – frutas, legumes, carvão de lenha – a velha Adriana dedicara-se ao ramo. Ali, naquela casa, própria, recebida em herança, facilitara a vida de casais clandestinos em busca de abrigo furtivo – e vez por outra para servir um amigo, ainda facilita, embora actualmente prefira alugar por mês o quarto disponível à moça empregada em escritório ou à rapariga discreta, se possível protegida; assim pelo menos tem companhia. De seu tempo de alcoviteira guarda rancor por Veneranda, distante, superior, cheia de nas pelas costas, de empáfia, tratando as modestas colegas por cima do ombro.

- Essa não-sei que diga esteve aqui, atrás de Tereza, toda metida a caga-sebo. Eu recomendei: menina, tome cuidado com essa fulana, que ela não é boa bisca.

- Não lhe fiz nada – admirou-se Tereza – Me chamou para ir com ela, eu não quis, foi tudo o que houve.

A velha Adriana, curiosa, perguntadeira:

- Quem mais não gosta de Tereza? Me conte.

- Para começar, Libório das Neves. Está uma fera, se dependesse dele, Tereza estaria gramando cadeia; só não deu parte na delegacia de medo, a vida dele é tão suja que, mesmo com toda a protecção da polícia, não se atreve a bulir com gente da minha estima. Sobretudo agora, que sou advogado num caso contra ele.

- Seu Libório… – a velha pronunciava o nome com certo respeito medroso – manda um bocado…

- É um merda – falou o rábula: via-se que trazia Libório atravessado na garganta. – Não há nessa terra sujeito pior do que esse filho-de-uma-puta, um canalha, um patife. O que me dá raiva é que funcionei duas vezes em processos contra ele e perdi todas as duas. Agora estou com um terceiro caso na mão e vou perder de novo.

- Você, Lulu, perder no júri? – estranhou a velha – diz que você não perde nunca.

Não é no júri, é no cível. O crápula sabe armar suas misérias. Mas um dia hei-de pegar esse cabrão pelo pé.

- O que é que ele faz? – interessou-se Tereza.

- Você não sabe? Um dia lhe conto, é preciso tempo e está na hora do cinema, temos que sair em seguida. Amanhã ou depois eu lhe conto quem é Libório das Neves, o gatuno número um de Aracajú, explorador da pobreza. – Tomava das muletas para levantar-se, – Adriana, minha bela, obrigada pelas mangas, é as melhores de todo o Sergipe.

Vinha a brisa dos lados do porto, da ilha dos Coqueiros, adoçando a noite de mormaço, quente e húmida. Uma quietude, uma paz, o céu de estrelas, hora de ouvir histórias, porque meter-se no calor insuportável do cinema? E se Januário ainda aparecesse?

- Não Lulu, vamos deixar o cinema para outra vez. É melhor a gente ficar aqui no fresco, ouvindo suas histórias, do que morrer de calor no cinema.

- Como prefira, princesa. Está bem, fica o cinema para amanhã, vou-lhe dizer quem é o Libório. Mas tape o nariz que o tipo fede.

Lulu Santos encosta de novo as muletas, acende um charuto – não gastava em charutos, recebendo-os de graça, enviados de Estância por seu amigo Raimundo Sousa, da fábrica Walkyria
.


INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 79 SOB O TEMA:
"VIOLÊNCIA OU NÃO VIOLÊNCIA" (2)




Zelotas, Nacionalistas Fervorosos.


A palavra "zelota" vem de "zelo". Os zelotas eram apaixonados na defesa da honra de Deus. Um Deus zeloso, que não tolerava outros deuses - o dinheiro, o imperador romano, as leis injustas – dava-lhes o seu nome: fanáticos zelosos.


Os zelotas actuavam na clandestinidade, alguns como guerrilheiros, especialmente na Galiléia, onde o controle de Israel era mais débil. Tinham um programa de reforma: proclamavam que a propriedade devia ser redistribuída de forma justa. Propunham o fim das dívidas inspirando-se na Lei de Moisés do Ano da Graça. Opunham-se ao pagamento de impostos a Roma. Os camponeses, oprimidos por impostos, simpatizavam com o movimento, escondendo os seus membros e colaborando com eles.


O grupo mais radical dos zelotas foi o dos “sicários” porque usavam sempre punhais de pequeno porte, chamados “sicas”, debaixo do manto e muitas vezes cometiam atentados contra os romanos. Os Zelotas entendiam a sua luta como uma verdadeira “guerra santa” e praticavam o sequestro de pessoas importantes, invadiam as propriedades e as casas de romanos ricos e saqueavam os arsenais romanos. A punição para esses crimes contra o Império Romano foi a morte na cruz.


Os zelotas não eram revolucionários sanguinários, o que hoje chamamos de "terroristas". Também não se podiam identificar como um partido político, como agora entendemos o termo. A sua ideologia estava enraizada numa tradição religiosa profunda: os israelitas olhavam para o seu país como uma "terra santa" que não poderia ser oprimida por estrangeiros. Caracterizava-os um nacionalista apaixonado e uma espiritualidade muito profunda com base nas mensagens dos profetas.
Quanto à sua prática, numa visão de curto prazo, era a libertação imediata de Israel do jugo romano. Ideologicamente, o grupo foi, talvez, o que mais claramente representou a ânsia de liberdade que o povo de Israel tinha sentido nos últimos séculos de sua história.

TOM & JERRY

terça-feira, janeiro 25, 2011

Olha a Crise...

Mulher entra na peixaria:
-Bom dia sr. António ! Tem jaquinzinhos?

António:
-Tenho sim minha senhora!

Mulher:
-Dê-me então duas postinhas do meio por favor!!

ROQUE GAMEIRO



AZENHAS DO MAR

KLUDSKI - ELEPHANT - LE PLUS GRAND CABARET


GIORGIO GABER - LA LIBERTA (1973)

No Portugal de 1973 esta canção teria sido censurada e o seu
autor chamado à PIDE para interrogatório. No entanto,a canção fala de liberdade, democracia, direito de votar, participação..."coisas"
normais e óbvias na Europa de hoje.

Giorgio participou em 4 Festivais de Sanremo (1961; 64; 66 e 67). Em 1974 recebeu o Prémio Tenco e em 2003 recebeu também, a título póstumo, a Placa Tenco pelo Albun "Non mi sento italiano". Era um arguto observador dos costumes, nunca banal e sempre original, com uma visão particularmente voltada para as questões sociais, capaz de combinar a música com uma altsa dose de ironia sem nunca se ter deixado enquadrar politicamente. Já doente, faleceu no dia de Ano Novo de 2003 na sua casa na Toscana.


TEREZA
BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio Nº 13


Depois da cachaça, se despediram. Num táxi, o rábula foi deixar Tereza em casa, esse Libório é um fístula, de cama e mesa com os tiras, e com a polícia não vale a pena facilitar. Da janela do carro ela ainda o viu, mestre Januário Gereba, andando para os lados da ponte onde atracara a barcaça. Era da cor da aurora, na aurora se dissolveu.

Coração em descompasso, o mesmo impacto a deixá-la tímida, sem forças, sem resistência, sentido pela primeira vez há tantos anos no armazém quando enxergou Daniel, anjo saído de um quadro da Anunciação, Dan dos olhos de quebranto. Com quem se parece o caboclo. Parecer não parece mas lembra alguém muito do seu conhecido. Felizmente não recorda anjo saído do quadro, descido do céu; Tereza desde aquele então desconfia de homem com cara de anjo, de voz dolente, a boca súplice, beleza equívoca: podem ser bons de cama, mas são falsos e frouxos.

Sozinha em casa – despediu-se de Lulu Santos, muito obrigada, meu amigo!, sem lhe permitir saltar do automóvel, se ele descesse talvez quisesse ficar – no quarto despido de adornos, na cama estreita de ferro, ao fechar os olhos para chamar o sono, então lembrou-se a quem o mestre de saveiro recorda: recorda-lhe o doutor. Em nada parecidos, sendo um branco fino, rico e letrado, o outro, mulato trigueiro, queimado do vento e do mar, pobre e de pouca leitura, tinham entre si um parentesco, um ar de família, quem sabe, a segurança, a alegria, a bondade? A inteireza de homem.

Mestre Januário Gereba prometera vir buscá-la para lhe mostrar o porto, a barcaça ventania e o começo do mar mais além da cidade. Onde anda ele, que não cumpre a promessa?

6

Lulu Santos aparece a convidá-la para o cinema, doido por filmes de cowboy. Demora-se conversando na varanda aberta à viração do rio, a velha Adriana oferece-lhe mangas ou mungunzá á escolha; ou os dois se assim preferir. Primeiro as mangas sua fruta predilecta, ficando o chá-de-burro para a volta do cinema. Radiante, orgulhosa do quintal atrás da casa, quase um pequeno pomar, Adriana exibe as mangas mais olorosas e belas – espadas, rosas, carlotas, corações-de-boi, corações-magoados.

Quer que eu corte em pedaços?

- Eu mesmo corto, Adriana. Obrigado

Enquanto saboreia a fruta Lulu comenta os recentes acontecimentos:

- Você, Tereza, é um fenómeno. Nem bem chegou a Aracajú e já fez uma porção de apaixonados e de desafectos.

A velha Adriana adora um mexerico:

- Apaixonados, conheço pelo menos um – lança um ar de través ao rábula – mas há alguém que não goste desta menina tão boa?

- Hoje de tarde conversei com uma pessoa que me disse: essa tal de Tereza Batista é um poço de orgulho, metida a besta.

- E quem foi? - quis saber Tereza.

- Veneranda, a nossa ilustre Veneranda, dona do mais afamado açougue de carne fresca da cidade; diz que só fornece file minhon, mas hoje mesmo quis me empurrar um bucho francês já mal cheiroso.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS



À ENTREVISTA Nº 79 SOB O TEMA:


"VIOLÊNCIA OU NÃO VIOLÊNCIA" (1)



Um Mundo Violento


Jesus nasceu e viveu num país ocupado militarmente. No seu tempo, o Império Romano era o mais poderoso do mundo então conhecido. Cerca de 70 anos antes de Jesus nascer, o seu país, a Palestina, foi transformado em mais uma das províncias, colónias de Roma, nas margens do Mar Mediterrâneo. Isso significava: os governos dependentes, ocupação do território pelas tropas romanas e exploração de pessoas, através da cobrança de impostos elevados.
Nos tempos de Jesus, as tropas romanas mantinham a ordem e a "paz" na Galiléia. Eles fizeram isso com a arrogância típica dos exércitos de ocupação, que se sentiam donos das vidas e do bens da população submetida. Com essa prepotência eram frequentes violações, pilhagens dos bens dos camponeses e repressão daqueles que se opunham.
O

Espírito dos Macabeus

Os irmãos Macabeus, heróis da resistência judaica contra a dominação grega da Palestina, viveram cerca de 160 anos antes de Jesus tendo organizado uma luta de guerrilha que lhe permitiram obter vitórias importantes contra o poderoso império helênico. Na memória do povo eram um símbolo de patriotismo, coragem e liberdade

Herdeiro da tradição dos Macabeus, Judas, o Galileu, foi o fundador do movimento zelote que dividiu o grupo dos fariseus. A morte de Herodes, o Grande, após um reinado tirânico de 40 anos, foi um momento crítico na Palestina, dominada pelo Império Romano. Naqueles anos, apareceu na Galileia - à margem da lei e da ordem dominante que imperava no sul, em Jerusalém - os movimentos insurrecionais armados que estavam profundamente enraizadas entre os povos e que inspirou o movimento de Zealot, de origem rural.

Nos anos a seguir ao nascimento de Jesus, Judas, o Galileu, organizou uma oposição ao censo ordenado por Roma. Depois, durante a juventude de Jesus, protagonizou uma grande revolta contra o poder romano. Conquistada a cidade de Séforis, a apenas quatro quilômetros de Nazaré, que era então a capital da Galiléia e do principal centro comercial de têxteis no país.

Aqui, fortaleceu-se um grande grupo de guerrilheiros. Quintilio Varo, Delegado romano da Síria, esmagou de forma sangrenta esta revolta. Séforis foi reduzida a cinzas, e centenas de zelotes foram crucificados na cidade. Herodes Antipas reconstruiu-a anos mais tarde.

Para o Movimento zelota, o golpe foi duro e levou vários anos para se reorganizar. Embora estes acontecimentos não estejam referidos nos Evangelhos, em que nem mesmo o nome da cidade de Séforis aparece, tudo isto teria que ser do conhecimento de Jesus dada a proximidade entre Séforis e Nazaré.

segunda-feira, janeiro 24, 2011


O Maior Cabaret do Mundo - Um deslumbramento


Opinião

Peças do "Puzzle"

Batista-Bastos

Mário Soares foi o vencedor das eleições. A astúcia e a imaginação do velho estadista permitiram que Fernando Nobre, metáfora de uma humanidade sem ressentimento, lhe servisse às maravilhas para ajustar contas. É a maior jogada política dos últimos tempos. Um pouco maquiavélica. Mas nasce da radical satisfação que Mário Soares tem de si mesmo, e de não gostar de levar desaforo para casa.
Removeu Alegre para os fojos e fez com que Cavaco deixasse de ser tema sem se transformar em problema. O algarvio regressa a Belém empurrado pelos acasos da fortuna, pelos equívocos da época, pelo cansaço generalizado dos portugueses e pelos desentendimentos das esquerdas (tomando esta definição com todas as precauções recomendáveis).
Vai, também, um pouco sacudido pelo que do seu carácter foi revelado. Cavaco não possui o estofo de um Presidente, nem um estilo que o dissimulasse. Foi o pior primeiro-ministro e o mais inepto Chefe do Estado da democracia. Baço, desajeitado, inculto sem cura, preconceituoso, assaltado por pequenas vinganças e latentes ódios, ele é o representante típico de um Portugal rançoso, supersticioso e ignorante, que tarda em deixar a indolência preguiçosa.
Nada fez para ser o que tem sido. Já o escrevi, e repito: foi um incidente à espera de acontecer. Na galeria de presidentes com que, até agora, fomos presenteados, apenas encontro um seu equivalente: Américo Tomás. E, como este, perigoso. Pode praticar malfeitorias? Não duvido. Sobre ser portador daqueles adornos é uma criatura desprovida de convicções, de ideologia, de grandeza e de compaixão. Recupero o lamento de Herculano: "Isto dá vontade de morrer!"

Esta "parelha" (lançada pela MGM em 1940) fazia as minhas delícias nos tempos em que era miudo, quando os filmes era sempre precedidos de Desenhos Animados.


Cavaco 2011


Como era de esperar Cavaco recusou-se a dar explicações sobre os seus negócios colocando-se acima dos portugueses e apostando numa vitória eleitoral como prova da sua honestidade. Para Cavaco o português comum é julgado nos tribunais enquanto os políticos são julgados em eleições, como se os eleitores tivessem sido empossados no estatuto de juízes.

Ao apostar na vitória numa primeira volta Cavaco pretendeu retomar o estatuto de presidente no pressuposto de que com a cobertura da dignidade institucional do cargo põe fim ao escrutínio da regularidade dos seus negócios. Vivemos num país em que são os cargos que dignificam as pessoas e não estas que dignificam os cargos, na nossa história não são raros os casos em que a justiça aguarda pelo fim dos mandatos para actuar, até com dirigentes desportivos isso já sucedeu no passado.

O facto é que os negócios de Cavaco Silva suscitaram dúvidas que ele se recusou a esclarecer, dúvidas que são adensadas pelo facto de alguns dos seus parceiros de negócios terem sido os responsáveis pela maior fraude financeira na história de Portugal, e porque alguns dos benefícios financeiros obtidos por Cavaco Silva terem em comum com essa fraude a mesma fonte de dinheiro.

O Cavaco reeleito nestas presidenciais tem menos credibilidade do que o foi eleito há cinco anos, depois de um mandato medíocre manchado por episódios obscuros como o das escutas a Belém recusou-se a prestar os esclarecimentos necessários para dissipar quaisquer dúvidas quanto à sua honorabilidade. Pior, desculpou-se de forma ridícula, chegando ao ponto de se armar em mísero professor ignorante em mercados financeiros ou de um ignorante em negócios onde só assinava os cheques.

A máquina de Belém e as vastas influências do cavaquismo institucional poderão calar uma boa parte da comunicação social o que, aliás, já sucedeu na segunda semana da campanha. Até poderá levar a justiça a fazer vistas largas, a mesma justiça que se deu ao trabalho de investigar coisas tão delituosas como as licenças de construção da autarquia da Covilhã ou um diploma da Independente. Mas dificilmente silenciará toda a comunicação e muito menos este poderoso instrumento de comunicação que é a internet.

Cavaco ganhou as presidenciais mas sofreu pesadas derrotas, não viu o seu mandato legitimado com o voto esmagador que as falsas sondagens previam, a sua honradez foi questionada sem que a tivesse sabido defender, teve menos votos do que nas eleições anteriores, foi o presidente reeleito com menos percentagem e com menos votos, deixou de estar acima de qualquer suspeita.

Cavaco teve uma amarga vitória.
Publicado pelo Jumento

ALFREDO ROQUE GAMEIRO
Pintor português, nascido em Minde em 1864, especializado em aguarela.



Lisboa, Rua de São Pedro

Esposa Desconfiada

Apesar de viverem na abundância, as coisas não corriam bem entre o marido e sua jovem esposa.
Na verdade, ela estava convencida de que ele andava metido com a bonita empregada, Colette.

Então resolveu armar-lhe uma armadilha:

Certo dia, enviou a empregada para casa no fim de semana e não informou o marido.
Nessa noite, quando iam para a cama, o marido contou a velha história:

- "Desculpa-me minha querida ........ o meu estômago" e desapareceu em direcção à casa de banho.
A mulher, de imediato, correu pelo corredor, subiu as escadas, e deitou-se na cama da empregada.

Mal tinha apagado as luzes, veio ele, em silêncio... e não perdendo tempo ou palavras, salta para a cama e faz amor com toda a fogosidade, Quando terminaram, e ainda ofegante, a mulher disse:

- "Não esperavas encontrar-me nesta cama!" e, de súbito, ligou a luz.

- "Não, minha senhora"- diz o jardineiro.

PENSAMENTO DO DIA

Estamos numa época em que o fim do mundo...

já não assusta tanto como o fim do mês..."

GIORGIO GABER - MAI, MAI, MAI, VALENTINA

Uma bela canção apresentada pelo autor no Festival de São Remo de 1967. Giorgio Gaber foi um cantor e compositor italiano (1939 - 2003). Era conhecido pelos seus fãs, afectuosamente, pelo "Senhor G". Juntamente com Sandro Luporini foi o criador do género conhecido como "Teatro Canção"


TEREZA

BATISTA


CANSADA


DE


GUERRA



Episódio Nº 12



Caetano Gunzá, mestre de escuna, era compadre de Januário, na dificuldade apelou para ele; amigo é para isso, senão de que serve? Largou o saveiro na Rampa, a travessia foi boa, vento maneiro, mar de festa. Chegaram na véspera à tarde e passaram no porto o tempo justo de descarregar os rolos de fumo de Cruz das Almas e de obter nova carga para tornar mais rendosa a viagem. Uns poucos dias de férias, por assim dizer. O compadre ficara a bordo, cansado, ele saíra atrás de uma pista de dança, seu fraco. Em vez de dança, uma peleja, das boas.

Iam andando ao deus-dará, sem rumo e sem hora; há-de haver nesta cidade um boteco aberto onde se possa tomar um trago festejando a vitória e o mútuo conhecimento – assim ele disse e por aí se perderam, ele falando, ela ouvindo, ouvindo as ondas do mar, o vento nas velas pandas, o marulho dos búzios.

Tereza nada sabe das águas salgadas do oceano, ali adiante, na barra de Aracajú, mais além da cidade, e sente a seu lado o passo gingado de homem do mar, peito queimado do sol e viração marinha, batido de tempestades. Januário acendera um cachimbo de barro; no mar tem peixes e náufragos, os polvos negros, as arraias de prata, os navios vindos do outro lado do mundo, plantações de sargaços.

- Plantações? Nas águas do mar? Como pode ser?

Não chega a explicar porque desembocam novamente na zona, na Rua da Frente, bem próximo da sombra do Vaticano, onde as luzes multicolores da tabuleta do Paris Alegre servem de ponto de referência aos casais em busca de pouso por uma noite ou por meia hora: de quando em quando, aqui e ali, em alguns dos inúmeros cubículos do imenso casarão, acende-se lâmpada de poucas velas; numa porta de entrada semi escondida, o Rato Alfredo, proxeneta sem idade, recolhe por conta de seu Andrade, o proprietário, o pagamento adiantado. De alguma parte próxima chega a voz do rábula e o ruído das muletas:

- Eh! Vocês aí! Esperem por mim.

Lulu Santos anda à procura de Tereza, com receio que tivesse sido vítima de uma cilada qualquer de Libório ou dos policiais. Conhecedor de todos os botequins de Aracajú, levou-os a tomar a cachaça comemorativa ali pertinho. Tereza apenas pousou os lábios no copo – não aprendera a gostar de cachaça, essa aliás generosa, perfumada de madeira. O provisionado a tomava em pequenos goles, saboreando-a como se bebesse um licor de classe, um porto velho, um xerez, um conhaque da França. Mestre Gereba emborcara de um trago:

- Bebidinha mais ruim é cachaça, quem toma isso não presta. A rir pediu outra dose.

Lulu transmitira as últimas informações do campo de batalha: quando os agentes por fim apareceram, encontraram apenas, ele, Lulu, o poeta Saraiva e Flori, sentados os três a tomar uma cerveja das mais pacíficas. Libório, o rei dos nojentos – aquilo é uma imundície! – se tocara, imagine Tereza, amparado por quem? Pela fulana, causa de tudo, a dos bofetes. Ao ver o corno rugindo, as duas mãos na altura dos bagos, clamando por um médico, dizendo-se para sempre rendido, aleijado, ela, não mais enxergando na sala o caixeiro-viajante (já todos os fregueses estavam a caminho de casa ou dos hotéis), esquecida das bofetadas, carregou com o canalha, lá se foram escada abaixo; os dois se equivalem, ela acostumada a enganar e a apanhar, ele no vício do flagrante e do escândalo. Raça de escrotos, concluiu Lulu Santos.

O poeta Saraiva quis arrastá-lo à pensão de Tidinha, segundo ele o melhor endereço onde terminar a noite em Aracajú, mas o rábula, preocupado com Tereza, recusara o convite. O poeta seguiu
sozinho, a tosse rouquenha e o assobio no peito.

ENTREVISTA FICCIONADA

COM JESUS CRISTO Nº 79 SOB O TEMA:


“VIOLÊNCIA OU NÃO VIOLÊNCIA”



RAQUEL - Regressamos a Jerusalém, quando faltam poucos dias para a Páscoa, e continuamos as nossas entrevistas exclusivas colocando-lhe hoje uma questão de premente actualidade: “aprova ou condena a violência?

JESUS - Por que dizes que é tão actual?

RAQUEL - Venha, venha comigo a este quiosque ... Eu leio-lhe as títulos... 47 mortos em dois ataques... Novas ameaças dos EUA no Oriente Médio... Continuam as guerras tribais na África Central... O nosso mundo está muito violento.

JESUS - – E o meu país ... Nestes dias, vi soldados por todo o lado…

RAQUEL - Soldados israelitas que ocupam o território palestino ...

JESUS - Eu também vivi num mundo de muita violência, Raquel...

RAQUEL – Sem dúvida, mas nos filmes, o seu mundo parece sereno, idílico, flores e pássaros.

JESUS - Não, nada disso. Quando eu nasci, o meu país já estava ocupada pelos romanos.

RAQUEL – E isso que significa?

JESUS - Humilhações, morte. E os impostos. No nosso país o pagamento de impostos para o imperador de Roma era muito elevado, um saque.

RAQUEL - Então está familiarizado com o conceito de imperialismo?

JESUS - Muito familiarizado. Vi soldados romanos desde criança. Eles entravam nas aldeias, roubavam e violavam as mulheres. Desprezavam-nos, pensavam que eram os nossos donos.

RAQUEL – Lembra-se de um acontecimento particularmente sangrento?

JESUS - Era jovem quando em Séforis, capital da Galiléia, os romanos crucificaram centenas de rebeldes. Fui lá, vi com os meus próprios olhos. Houve sempre levantamentos contra os romanos.

RAQUEL - Guerrilha, a violência armada?

JESUS - Os romanos tinham espadas, escudos e cavalos. Como lidar com eles sem armas? Na Galiléia, na minha terra, nasceu o movimento dos zelotes, um grupo armado.

RAQUEL - O principal foco de resistência?

JESUS - Não, tinham antecedentes. Foram inspirados pelos Macabeus, que se levantaram contra o império grego cem anos antes. Minha mãe pôs o nome de Simão a um dos meus irmãos em homenagem a um grande chefe Macabeu.

RAQUEL - E o senhor envolveu-se nessa resistência?

JESUS - Todos nós participámos de uma forma ou de outra. Aninhados na luta ou a encobrir os combatentes. As mulheres levavam comida para os rebeldes que estavam escondidos nas cavernas da Arbel, eu lembro-me…

RAQUEL - E o senhor?

JESUS – Em criança levava mensagens. Avisava onde estavam os soldados... Em jovem, apoiei várias vezes, sim.

RAQUEL - Era um movimento nacionalista?

JESUS - Foi. Nós queríamos um país livre, sem romanos.

RAQUEL - Os zelotes eram um partido político?

JESUS – Estavam muito bem organizados. Faziam atentados. Muito corajosos mas muito fanáticos.

RAQUEL - E no seu grupo ... o senhor admitiu essas pessoas?

JESUS - Eu declarei o Reino de Deus na Galiléia e os primeiros que aderiram foram conterrâneos meus, do norte. Alguns eram fanáticos ou tinham sido. Eu não lhes perguntava sobre isso.

RAQUEL - Voltando ao ponto de partida ... Vocês aprovavam ou condenavam a violência?

JESUS - A ocupação do meu país pela força militar foi a violência. Os impostos recolhidos pelos romanos retirados do suor nosso povo foi também a violência.

RAQUEL - Numa mensagem, um ouvinte lembrou que Oscar Romero, que foi bispo de São Salvador, um santo de verdade, distinguiu entre a violência institucionalizada daqueles que estão no poder e "resposta violenta" daqueles que resistem. O que acha o senhor disto?

JESUS - Que é bem dito. Porque não podem ser medidos pelos mesmos padrões a violência dos que estão por cima com a resposta dos que estão por baixo. No meu tempo, como usar a mesma medida com os romanos e os zelotes?

RAQUEL - Que dirá o presidente dos EUA destas declarações, o que dirão os da União Europeia? Será que abrirão uma pasta especial contra o terrorismo internacional, acusando Jesus Cristo? De Jerusalém, Raquel Pérez, Emissoras Latinas.

domingo, janeiro 23, 2011

Cavaco de novo a Presidente


De acordo com a tradição e as sondagens anunciadas, Cavaco foi reeleito à primeira volta sem surpresa para mim e creio que para ninguém. O povo português é medroso, não corre riscos, se está mal deixa-se estar porque pode ficar pior.

Não esqueçamos que quem derrubou o regime de Salazar foram os capitães de Abril e o povo só apareceu para festejar, tendo-se "salvo" aquela minoria de militantes do partido Comunistas, esses sim, corajosos, que pela força das suas ideias, arriscavam a liberdade e a vida.

Mas o povo, os cidadãos anónimos, têm um instinto de sobrevivência que adopta o receio e a cautela como estratégia da sua maneira de estar na vida que não inclui a opção do desconhecido pelo conhecido, o que é compreensível e normal.

Cavaco é um político habilidoso, também ele, tal como o povo, não corre riscos e por isso não exprime ideias, em vez disso escolhe as palavras, os discursos, as poses que pouco ou nada dizendo tranquilizam as massas passando a imagem de um estereótipo de pessoa em quem se pode e deve confiar.

O próximo mandato de Cavaco vai ser mais agitado porque a situação do país vai agudizar-se e a alternativa ao governo é desejada pela maioria da população de acordo com as sondagens.

No entanto, se os dois partidos de esquerda se aliarem ao PS, uma moção de censura apresentada pelo PSD/CDS contra o governo será chumbada na Assembleia e o Presidente da República, muito ao seu gosto, lavará as mãos e lá iremos até às próximas legislativas.

Se o cenário vier a ser mesmo muito mau, o próprio PS poderá sentir-se demasiado fragilizado, com repercussões na atitude da Assembleia abrindo as portas a eleições legislativas intercalares.

Pessoalmente, não tenho grandes dúvidas nas vantagens para o país de uma alternância política que permita mudar algumas situações que estão bloqueadas pelo “aparelho” do partido Socialista mas será mau sinal se isso acontecer antes do fim da legislatura.

O nosso futuro depende pouco de nós porque a situação de dívida a que chegámos tornou-nos tão dependentes dos credores que fora do quadro de uma solução política europeia não se vê bem como será e, se é verdade que algumas políticas de despesas de investimento foram aventureiristas e houve desperdícios de dinheiros em despesas correntes, da nossa responsabilidade, não é menos verdade que as próprias directrizes (que nós cumprimos) da Comunidade Europeia, também concorreram para a situação a que chegámos (vejam-se as pescas e a agricultura).

Por isso impõe-se, mesmo admitindo mais sacrifícios e controles adicionais, que a Comunidade Europeia esteja também à altura dessa responsabilidade e aceite avançar para um governo europeu que assuma os destinos de todas as suas parcelas.

Terá o novo/antigo Presidente da República algum papel aqui a desempenhar?

Hoje é Domingo de Eleições




Um Domingo que mete eleições é sempre um Domingo diferente. Muitos até se aperaltam com uma roupinha melhor, seja por pensarem que a responsabilidade e solenidade do acto o justifica e exige mesmo, seja para impressionar vizinhos, amigos e conhecidos que, certo e sabido, vão encontrar no local de voto.

A campanha foi fraca, das mais fraquinhas que tenho lembrança exactamente porque oca e vazia de ideias para além daquelas vulgaridades e lugares comuns.

A decisão de cada um dilui-se no total da eleição e aí quem ganha é quem conquista o voto “condicionado” das maiorias.

De acordo com o panorama eleitoral nunca a recandidatura de um Presidente esteve tão facilitada, não por mérito deste, pelo contrário, mas por demérito da concorrência e pela situação muito difícil que o país atravessa e que amedronta os portugueses.

Eu confesso que não votarei Cavaco porque não gosto nem nunca gostei do carácter deste senhor e, para mim, nestas funções, mais do que em quaisquer outras, o carácter é fundamental.

É um mero político calculista, sonso e sem ideias, para quem a grande preocupação foi sempre o seu projecto pessoal de poder.

Mesmo agora, na parte derradeira da campanha, o seu grande argumento para uma vitória à primeira volta, como salienta Ferreira Fernandes, no Jornal de Notícias, é dizer aos portugueses:

- “Não podemos prolongar esta campanha por mais três semanas. Os custos seriam muito elevados para o país e seriam sentidos pelas empresas, pelas famílias, pelos trabalhadores, desde logo, pela contenção do crédito e pela subida da taxa de juros.”
Trocado por miúdos: votem em mim e poupem uns tostões.


Argumento de merceeiro de lápis atrás da orelha que aproveita uma mera lógica contabilística para chantagear o eleitorado como se eu acreditasse na sinceridade desta preocupação, que não tem peso nem valor quando está em causa a qualidade da democracia, e é falsa como Judas (se é que ele foi falso).

E por aqui me fico porque tenho de ir votar... e disso não abdico. Ao fim e ao cabo que alternativa temos nós à democracia?... "Sendo todos os regimes de poder maus, este, é o menos mau de todos"... como disse alguém.

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