Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, novembro 09, 2013
CROCODILO
Este
crocodilo vivia no Rio Cunene que faz fronteira entre Angola e a Namíbia.
Prodígio de tamanho (não serão os 10 metros , como disseram...) mas eles chegam a
viver mais de cem anos e nunca param de crescer. Foi apanhado um na Índia, Bengala, que tinha 10
metros de comprimento e uma circunferência de 4 metros .
De certo, quando
há 50 anos eu estava lá na guerra. já este se banhava, mais pequeno é certo,
nas águas do rio... É uma pena vê-lo morto.
Convém
esclarecer que eles não descendem dos dinossauros, tiveram um ascendente comum
e foram contemporâneos. Uns sobreviveram, talvez como a maior espécie de sucesso, os outros não. As aves, essas sim, descendem directamente dos
dinossauros.
FAGNER
“O Brasil é um país singular onde se misturam vários povos
vivendo em harmonia, possui uma das mais miscigenadas populações do planeta,
uma língua uniforme pese embora a vastidão de seu território e uma diversidade
cultural das mais ricas.
Durante toda nossa história convivemos com essas diferenças e conseguimos manter uma invejável unidade, por outro lado, é de admirar a maneira pela qual o país assimila a sua diversidade cultural respeitando as suas identidades regionais.
Durante toda nossa história convivemos com essas diferenças e conseguimos manter uma invejável unidade, por outro lado, é de admirar a maneira pela qual o país assimila a sua diversidade cultural respeitando as suas identidades regionais.
De norte a sul, passando pelo centro
oeste percebemos a imensidão de ritmos, géneros musicais, festas, folguedos,
enfim todo um cenário que se descortina aos nossos olhos e que nos fazem ficar
admirados como podemos assimilar tantas manifestações e incorporá-las ao nosso
cotidiano.
Da tradição dos pampas gaúchos, passando pelo caipira do interior do estado de São Paulo, pelas manifestações dos imigrantes incorporadas ao nosso calendário e aculturadas em nosso território, a sonoridade das Minas Gerais, a cultura pantaneira, o samba e o choro carioca, o samba de roda na Bahia, o frevo em Pernambuco, o coco no Rio Grande do Norte e em outros estados nordestinos e desaguando na canção amazónica com suas lendas e tradições embaladas também pelo ritmo do carimbó, temos ai demonstrado em linhas gerais a riqueza da cultura brasileira, infelizmente pouco conhecida e divulgada principalmente em nossas escolas." (Luís Américo Lisboa Junior)
Da tradição dos pampas gaúchos, passando pelo caipira do interior do estado de São Paulo, pelas manifestações dos imigrantes incorporadas ao nosso calendário e aculturadas em nosso território, a sonoridade das Minas Gerais, a cultura pantaneira, o samba e o choro carioca, o samba de roda na Bahia, o frevo em Pernambuco, o coco no Rio Grande do Norte e em outros estados nordestinos e desaguando na canção amazónica com suas lendas e tradições embaladas também pelo ritmo do carimbó, temos ai demonstrado em linhas gerais a riqueza da cultura brasileira, infelizmente pouco conhecida e divulgada principalmente em nossas escolas." (Luís Américo Lisboa Junior)
FAGNER - BORBULHAS DE AMOR
Um
casal conversava:
- Posso não ser
rico, não ter dinheiro, apartamentos
de luxo, carros importados ou empresas
como o meu
amigo João Costa , mas amo-te muito, adoro-te, sou
louco por ti.
Ela olhou-o com lágrimas a cair dos
seus olhos,
abraçou-o como se não existisse o amanhã, e disse
bem baixinho ao
seu ouvido:
- Se me amas de verdade, apresenta-me
o João
Costa.
Episódio Nº 158
Onde é que já se viu uma dama, que vem
acompanhada para um baile, dançar com um desconhecido sem falar com o
cavalheiro que a trouxe?
Aqui lo
não está direito. Rosenda está bobeando ele. Ela ficou danada com o negócio do
colar e agora quer irritar o negro. Zefa não foi dançar. Vem para a mesa deles,
aceita cerveja:
-
Tua mulata tá cutuba, Baldo. Olha como tá rindo para o branco. Seu Carlos é um
danado…
Joaqui m
tira Zefa para dançar. Zefa foi rindo, rindo de António Balduíno. Todos pensam
que ele está enrabixado por Rosenda, que ela fez feitiço para prender o negro.
António Balduíno pede cachaça ao garçon,
um capenga que anda com uma perna de pau. Na mesa vizinha um homem quer brigar
com todo o mundo.
As negras dançam na sala. O Jazz se
acaba de tanto entusiasmo. Rosenda está dançando. Carlos fala no seu ouvido.
Isso é proibido. Porque é que seu Juvêncio não reclama? António Balduíno pensa:
-
Será que estou com dor de corno?
Que mulata bonitinha a que ficou sem
dançar junto daquela velha gorda. Tem uma cara que é um primor. Uns peitinhos
pequenos.
Rosenda passa perto da janela e ri.
Porque é que António Balduíno não pode pensar na mulatinha? Pede mais cachaça.
Tudo por causa daquele colar.
Mas ele havia de não dar o dinheiro a
Vicente para a mulher de Clarimundo? Clarimundo morreu debaixo do guindaste. O
colar azul. Ainda se fosse vermelho!
Rosenda passa outra vez se rindo. Ele
acaba desfeiteando o chofer. Querem se rir dele? Parece que não conhecem o
negro António Balduíno. Sente o contacto da navalha que está no cós da calça.
Fica um lapo bonito na cara de um.
Demais o colar azul não ficaria bonito com o vestido verde. Outro copo de
cachaça. Se fosse um colar vermelho…
Amanhã a mulher de Clarimundo começará a
lavar roupa. Trabalho desgraçado. E ela é magra, acaba ficando tuberculosa.
Rosenda merece uma surra. Nunca nenhuma
negra fez aqui lo com ele. A sala
está cheia. As negras de vestido de baile dançam como as mulheres elegantes.
Poucas mulheres se vestem tão bem como a
negra Joana. Mas hoje Rosenda está mais bonita. O chofer está satisfeito,
exibindo o par. O dinheiro do colar ele deu a Clarimundo.
O Jazz pára mas as palmas o obrigam a
recomeçar. Na mesa vizinha um homem quer brigar seja com quem for, Balduíno se
volta.
-
Tou com você, mulato.
-
Obrigado, patrício… Não vê que ninguém se mete comigo…
E reclama contra o garçon, reclama do
companheiro da mesa.
-
Eu hoje faço um frege aqui …
António Balduíno bem que podia pedir a
Jubiabá que fizesse um feitiço para Rosenda ficar caidinha por ele. Um negro
canta no Jazz:
«Mulata, tu me desprezaste…
sexta-feira, novembro 08, 2013
HERMÍNIA SILVA - ROSA ENJEITADA
Para os da minha geração que ainda a recordam, este é o fado
que, quanto a mim, melhor identifica Hermínia Silva como a fadista por
excelência, de voz castiça e linda. Só ela, com os seus requebres e entoações
melódicas: ... "afinal, desventurada, quem és tu???..." inimitável!.
Tive oportunidade de a conhecer
pessoalmente quando, há muitos anos, o meu irmão organizou as Festas de verão
na aldeia dos meus avós e a convidou a cantar, o que aceitou como exemplo da
sua simplicidade e total ausência de vedetismo.
Era uma pessoa alegre e brincalhona,
(ficou célebre a sua "boca" para o guitarrista, antes de iniciar a
actuação: "anda Pacheco..."). Apoiou-se em dois grandes mestres:
maestro Jaime Mendes e o compositor Raúl Ferrão. Cantou quase até ao fim da sua
vida no Solar da Hermínia tendo falecido em 1993, aos 86 anos... uma das
maiores vedetas do Fado e do Teatro de Revista português e que sempre se manteve fiel ao seu reportório de fadista.
Momentos
Numa
noite normal com o passado largado na memória, um homem reencontra o lugar a
que chama casa, lembranças de um tempo que viveu. Fragmentos de pura felicidade
e instantes de sublime partilha surgem com a esperança de um presente que não
voltará a ser o mesmo.
Assunto:
Pequenos
detalhes
:
Pequenos
detalhes
Após um 69 com sua namorada, Arlindo lembra-se que tem uma consulta no dentista naquela tarde.
Terminado o acto, Arlindo teme que o dentista se aperceba do seu bafo de vagina e escova os dentes 57 vezes, passa o fio dental 37 e bebe 2 litros de leite.
Ao chegar ao consultório, chupa 5 rebuçados HALLS, e é atendido pelo Doutor que o orienta a sentar-se na cadeira.
Posicionado e com a boca aberta, Arlindo tranqui liza-se
e deixa o profissional fazer seu trabalho.
O dentista aproxima-se da boca de Arlindo e afirma categoricamente:
- Sr. Arlindo, então você fez um 69 antes de vir ao dentista?
- Ainda estou com hálito a vagina, Sr. Doutor?
- Não, não é isso… a sua testa cheira é a cú!...
Moral da história:
- O excesso de preocupação com o óbvio, faz-nos esquecer os pequenos detalhes!
Episódio Nº 157
Seu Juvêncio deixou as funções de
mestre-sala para vir dizer a António Balduíno:
-
Até que enfim deu essa honra ao clube…
Seu Juvêncio está de roupa azul.
Balduíno apresenta Rosenda que veio de vestido verde de baile. Ficam na entrada
até que a música acaba.
Os pares se soltam na sala e eles
entram. As mulatas apontam para Rosenda Rosedá. O vestido verde faz sucesso. Os
negros estão todos olhando para ela. Rosenda diz a António Balduíno.
-
Parece que nunca viram gente…
Mas em verdade está satisfeita, toda
risonha. Se ela tivesse vindo com o colar é que estaria bonita de facto.
António Balduíno ficou vaidoso com a entrada da negra.
Todos estão olhando para eles e
cochicham. Rosenda Rosedá balança as nádegas quando anda como se dançasse um
samba.
Param no meio da sala, bem debaixo das
luzes. Rosenda vai até à camarinha arranjar o cabelo esticado a ferro. Negros
vêm falar com António Balduíno. Joaqui m
já está meio bêbado:
-
A coisa tá boa, seu mano… Já andei bebendo por aí…
-
Eu estava pensando que você ia para a festa de João Francisco…
-
E vou mesmo… Mas primeiro vim dar um pulo aqui ,
pra ver as coisas. Isso tá bom. A mulata tá cutuba, hein?
-
Rosenda? Quer ela pra você?
-
Não gosto de resto dos outros…
Os negros riem. Um pergunta a António Balduíno
quando arranjou aquele talho no rosto. O negro mente inventando a história de
uma briga com seis homens.
Zefa está no baile e espia António
Balduíno. Ele se aproxima e ela se queixa dizendo que «parece que não conhece mais
os pobres».
Rosenda sai da camarinha e sorri. Os
dentes são alvos. Zefa olha com inveja:
-
Lá vem tua patroa…
Rosenda se senta junto Zefa no lugar
onde estava António Balduíno que foi beber um trago, lá dentro com Joaqui m e seu Juvêncio.
A dança está demorando porque os músicos
estão bebendo um copo de cerveja. Mas de repente explode na sala a música de
uma marcha carnavalesca.
Da mesa, António Balduíno espia. São
muitos os pares. Não vale a pena dançar esta vez. Olha os sapatos vermelhos e
novos. Se se metesse na dança pisariam os seus sapatos novos.
Joaqui m
acha os sapatos muito bonitos. António Balduíno diz que vai buscar Rosenda para
beber uma cerveja. Quando se levanta vê a negra dançando com um branco. Vira-se
para Joaqui m:
-
Quem é aquele cara?
- Qual?
-
Que está dançando com Rosenda.
É Carlos, um chofer. Metido a brigão.
quinta-feira, novembro 07, 2013
O leão do Circo
O dono de um circo
colocou um anúncio procurando um domador de leão.
Apareceram 2 pessoas: um senhor de
boa aparência, aposentado, beirando 70 anos, e uma loura espectacular de 25
anos.
O dono do circo fala com os 2
candidatos e diz:
- Eu vou directo ao assunto. O meu
leão é extremamente feroz e matou os meus dois últimos domadores. Ou vocês são
realmente bons, ou não vão durar 1 minuto! Aqui
está o equi pamento - banqui nho, chicote e pistola. Quem quer entrar
primeiro?
Diz a loura:
- Vou eu!
Ela ignora o banqui nho, o chicote e a pistola e entra rapidamente na
jaula. O leão ruge e começa a correr na direcção da loura. Quando falta um
metro para ser alcançada, a loura abre o vestido e fica toda nua, mostrando
todo o esplendor do seu corpo.
O leão pára como se tivesse sido fulminado por
um raio! Deita-se na frente da loura e começa a lamber-lhe os pés! Pouco a
pouco, vai subindo e lambe o corpo inteiro da loura durante longos minutos!
O dono do circo, com o queixo caído
até ao chão diz:
- Eu nunca vi nada assim na minha
vida!
Vira-se para o velhinho e pergunta:
- Você consegue fazer a mesma coisa?
E o velhinho responde:
- Claro! É só tirar de lá o leão...
irmãs
árvores
Conta-se a história
daquele homem que já muito velhinho, sentindo-se bastante doente, levantou-se
da cama, saiu ao qui ntal e por
momentos abraçou cada uma das suas árvores. Depois, regressou a casa, deitou-se
novamente e morreu tranqui lo.
Era irrelevante que as árvores fossem
diferentes: uma figueira, duas laranjeiras e três oliveiras. A todas, ao longo
de uma vida, tratara de igual modo: regara-as de acordo com as suas
necessidades, tirara-lhes os ramos secos.
Elas, em troca, deram-lhe a sombra à
qual se recolhia nas solarengas tardes de verão e os frutos que colhera com
carinho. Figos pretos de tamanho médio, doces e saborosos, laranjas grandes e
sumarentas e azeitonas que ele retalhava e demolhava para perderem o sabor acre
temperando com sal e orégãos para comer com nacos de pão de trigo caseiro. Como
me dizia a minha avó, quando eu era garoto e resmungava que não gostava da
comida:
- …“então come pão com azeitonas” que era o
menu dos pobres na aldeia.
Naqueles momentos em que percebera
que a vida o ia abandonar não conseguiu evitar vê-las mais uma vez, tocar-lhes
com afecto, no fundo, despedir-se delas. Tinham sido tantos anos de uma relação
sempre presente, de uma amizade em que ambos, homem e árvores, se ajudaram a
sobreviver e, mais importante, foram uma companhia fiel.
De certa forma, é uma falácia
afirmarmos que somos donos das árvores…elas vivem muito mais tempo que nós, a
maioria esmagadora das que nos viram chegar vêm-nos partir, já cá estavam
quando nascemos e cá ficam depois de morrermos.
As suas vidas correspondem à vida de gerações
de pessoas, algumas mantém-se vivas durante centenas de anos para não referir
já o velho pinheiro de “matusálém”, da espécie Pinus Longaeva, da Califórnia,
que sobreviveu 4.800 anos.
Quanto ao seu tamanho, algumas
deveriam ser consideradas monumentos, não da Humanidade mas da Natureza:
- As Sequóias “Sempre Verdes” da
costa norte-americana do Pacífico batem todos os recordes chegando a atingir, a
mais alta, 115,6 metros ;
- A Sequóia “Gigante”, a maior árvore
do mundo, tem 1.489 m3
de volume o que significa que seria necessária uma frota de quase 40 camiões
TIR de 40 toneladas cada para a transportar.
Este conjunto de Sequóias
encontram-se hoje resguardado no Parque Nacional das Sequóias, na Califórnia.
Mas o homem, que se tem permitido
destruir sem dó nem piedade esta herança fabulosa de vida, continua cego por
interesses de “hoje” sacrificando o futuro das gerações que o seguem. No fundo,
prevalece o egoísmo da geração presente numa postura que se traduz no tal:
“quem vier atrás que feche a porta…”. O materialismo, a ganância pelo dinheiro
imediato tornou-o irresponsável, insensível.
Mas nem sempre terá sido assim:
- O homem do paleolítico vivia em
comunhão com a natureza numa época em que predominavam as florestas e, no
silêncio das noites, nos seus locais de dormida, ele ouvia os sons do vento
perpassarem por entre as folhas dos ramos mais altos das árvores que o
rodeavam.
Esses sons pareciam uma conversa em
privado, umas vezes ligeiramente mais acalorada, outras em frases mais longas e
monocórdicas interrompidas por silêncios intermitentes.
O homem do paleolítico ouvia, deitado,
e pareceu-lhe a ele, ser primitivo, que eram os deuses que falavam com as
árvores.
Humilde, frágil, dependente da
natureza, mas muito sagaz e observador, pensou aproveitar aquele relacionamento
entre árvores e deuses a seu favor utilizando aquelas como intermediárias entre
ele e os deuses.
Assim, discretamente, levantava-se,
dirigia-se a uma das árvores mais altas, tocava-lhe com respeito e contava-lhe
as suas angústias, os seus medos e receios e pedia-lhe que solicitasse aos
deuses, nas suas conversas, a protecção para si, para a sua família e para o
seu grupo.
Passaram-se milénios e quase tudo
aconteceu de então para cá: fomos compreendendo melhor as forças da natureza,
domesticámos plantas e animais, construímos cidades, civilizações e, progressivamente,
temos vindo a desenlear o fio do conhecimento científico.
No entanto, apesar de um tão longo caminho
percorrido desde então, eu próprio, que nem sequer sou crente, dou por mim a
bater com os nós dos dedos da minha mão fechada na madeira do tampo da mesa – à
falta de uma árvore - para afastar os maus presságios, tal como o meu
antepassado remoto quando, de noite, se levantava e tocava-lhes respeitosamente
formulando pedidos aos deuses por seu intermédio…
…. Por isso, gostava de lhes pedir
licença para lhes chamar de “minhas irmãs árvores.”
Episódio Nº 156
António Balduíno veste o branco, mas,
como vai passar na casa de Clarimundo, não põe a gravata vermelha. Sai
aborrecido da vida, Rosenda também.
Vão afastados como se não se
conhecessem. Sobem balões para o céu. Acenderam a fogueira na casa de Osvaldo. Estouram
traques e busca-pés.
Clarimundo não verá jamais os balões
deste São João! Na sua porta, nesta data, nunca deixou de arder uma grande
fogueira nem de espoucar foguete.
Os amigos vinham beber vinho de genipapo
e cachaça. António Balduíno veio muitas vezes. Soltavam busca-pés que corriam
atrás dos transeuntes descuidados.
Certa vez fizeram subir um balão
colossal, de seis metros, em forma de zepelin, que tinha três bocas. Fora uma
beleza. Um jornal deu o retrato no dia seguinte. A sala ficava cheia.
Hoje também ela está cheia mas a
fogueira não arde na porta. Estendido no caixão, Clarimundo tem os olhos
fechados. Os balões passam no céu, Clarimundo não os vê.
Não vê a fogueira da casa de Osvaldo.
Nos outros anos eles apostavam para ver quem fazia a fogueira maior. Este ano a
do Osvaldo foi maior porque na casa de Clarimundo só tem vela que arde ao lado
de defunto.
A cara ficou irreconhecível. A bola de
ferro do guindaste amassou a cabeça do estivador, rebentou os ossos, acachapou
tudo aqui lo.
Hoje soltaram um balão em forma de
zepelin também. Todos correm para a janela para verem. Vai cheio de luzes
atravessando o céu azul.
Só Clarimundo não vê porque o guindaste
o matou no trabalho do cais. Os outros estivadores estão ali. O sindicato vai
fazer o enterro. Daqueles que estão ali, muitos vão ao baile do “Liberdade na
Baía”.
Jubiabá é que não irá, pois está
encomendando o morto. Na mão tem folhas que balançam. O Gordo também não irá,
com certeza.
O Gordo vai ficar velando Clarimundo,
ajudando Jubiabá na encomendação. Passam balões na noite. Clarimundo, negro
Clarimundo, esta noite não tem fogueira em frente de tua casa.
Mas o negro António Balduíno tomará um
porre por causa da tua morte. E, de agora em diante olhará os guindastes como
inimigos.
A voz da mulher de Clarimundo é
resignada e como que liberta de uma opressão:
-
Isso tinha de acontecer. Toda a vez que ele saía eu pensava que ele voltava nos
braços, morto pelos guindastes…
A filha mais velha de dez anos chora encostada
na mesa. O menor de três anos espia os balões que passam, no céu.
Jubiabá encomenda o morto. António
Balduíno tomará um porre esta noite. Vem a música de um samba de uma casa
próxima. Invade a casa do defunto.
O “Liberdade na Baía” está com o salão
repleto. Gargalhadas vibram no ar. Um cheiro de suor enche a sala, mas ninguém
o sente. O “Jazz dos 7 Canários” está delirante. Os pares quase não podem se
mexer na sala.
quarta-feira, novembro 06, 2013
Um cão velho...
Um
cão velho e com olhar cansado andava pela rua e entrou no meu jardim. Eu pude
ver, pela coleira e pelo brilho do seu pêlo, que era bem alimentado e bem
cuidado.
Ele aproximou-se calmamente de mim e
devo ter-lhe dado confiança. Então seguiu-me e entrou em minha casa. Passou
pela sala, entrou no corredor, deitou-se num cantinho e dormiu.
Uma hora depois foi para a porta e eu
deixei-o sair.
No dia seguinte voltou. Fez-me uma
festinha no jardim, entrou em minha casa e novamente dormiu cerca de uma hora
no cantinho do corredor. Isso repetiu-se por várias semanas.
Curioso, coloquei um bilhete na sua
coleira: "Gostaria de saber quem é o dono deste lindo e amável animal, e
perguntar se sabe que ele vem até minha casa todas as tardes para dormir uma
soneca."
No dia seguinte ele chegou para a sua habitual
soneca, com um outro bilhete na coleira: "Ele mora numa casa com 6
crianças, 2 das quais têm menos de 3 anos - provavelmente ele está tentando
descansar um pouco.
Posso ir com ele amanhã???
Conto Curto
Quando Carlinhos era pequeno,
queria ser bailarino e seus pais o desencorajaram, porque era coisa de
paneleiro.
Logo depois, qui s
ser cabeleireiro, mas seus pais não deixaram porque era coisa de paneleiro.
Passado algum tempo qui s ser estilista, mas seus pais não permitiram
porque era coisa de paneleiro.
Entretanto Carlinhos cresceu, é
paneleiro e não sabe fazer merda nenhuma.
A EMOÇÃO FAZ - NOS HUMANOS
O vídeo é um trecho do filme "O Concerto", baseado na história que se passou na Rússia, em 1980, quando o maestro Andrei Filipov e alguns músicos da Orquestra de Bolshoi foram despedidos por motivos políticos.
O maestro, para sobreviver
financeiramente, aceitou o cargo de faxineiro do teatro.
Certo dia, ele intercepta um fax do
famoso Teatro Chatelet de Paris que convidava a orquestra para tocar, sem saber
que a mesma estava, provisòriamente, suspensa. O maestro teve a brilhante ideia
de reunir os músicos despedidos e apresentar-se em Paris como se fosse a
Orquestra de Bolshoi.
Antes da apresentação, um grupo de amigos, sem que o
maestro soubesse, substitui seu solista por uma desconhecida violinista que era
sua própria filha que, em razão da perseguição que sofreram do regime
ditatorial russo, sua esposa e seus amigos entregaram, com apenas seis meses, a
uma violoncelista francesa que a levou, para Paris, dentro do estojo do seu
violoncelo.
Vejam a cena final desta obra
cinematográfica.
A música da cena é "Concerto
para Violino" de Tchaikovsk
...o dia do reencontro...
A EMOÇÃO NOS FAZ HUMANOS...
Concerto para Violino de Tchaikovsk