Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, dezembro 08, 2012
REFORMAS NA SUIÇA
Isto implica uma outra atitude dos legisladores, uma preocupação genuína com questões de igualdade e equidade. O poder político percebeu que a paz social tem a ver com níveis de vida em que as necessidades básicas estejam asseguradas a todas as pessoas. Só assim se pode viver com dignidade.
As secretárias
de alguns médicos devem pensar que são doutoras...
Isto, porque perguntam, quase sempre, quando se
chega a uma consulta, a razão da visita. E o paciente, por delicadeza, tem que
responder, diante de todos, às perguntas que lhe fazem, o que se torna muito
desagradável.
Não há nada pior que uma recepcionista perguntar o
motivo da consulta, diante de uma sala de espera cheia de pacientes.
Uma vez entrei para uma consulta, aproximei-me da
recepcionista, com um ar de pouco simpática.
- Bom dia, minha senhora!
Ao que a recepcionista respondeu:
- Bom dia, quais são as suas queixas? Porque veio
à consulta?
- Tenho um problema com o meu pénis, respondi.
Como alguns dos presentes riram, a recepcionista
alterou-se e disse-me:
- O senhor não deveria dizer coisas como estas
diante das pessoas.
- Porque não? ... a senhora perguntou-me a razão
da consulta e eu respondi.
A recepcionista disse-me, então:
- Poderia ter sido mais dissimulado e dizer, por
exemplo, que teria uma irritação no ouvido e discutir o real problema com o
Doutor, já dentro do gabinete médico.
Ao
que eu respondi:
- E a senhora não deveria fazer perguntas diante
de estranhos, se a resposta pode incomodar.
Então sorri, saí e voltei a entrar:
- Bom dia, minha senhora!
A recepcionista sorriu, meio sem jeito, e
perguntou:
- Sim???
- Tenho um problema com o meu ouvido.
A recepcionista assentiu e sorriu, vendo que havia
seguido o seu conselho e voltou a perguntar-me:
- E... o que acontece com o seu ouvido?
- Arde-me quando
eu mijo...
As risadas na sala de espera foram incontroláveis...
Rei Fundador (VI)
- Esse que vós dizeis que tendes nunca
mais porá os pés neste claustro. Agora, se não me quereis dar um,
desaparecei-me da vista que eu me encarrego de fazê-lo.
Desvaneceram-se os cónegos nas sombras
do claustro, mais fugitivos uns que outros. Entretanto viu D. Afonso Henriques
avançar para ele um negro de sotaina.
-
Pst, pst, olha cá, és clérigo? Como te chamas?
-
Çuleima.
Sabes celebrar os ofícios? Lês o
latinório?
-
Como água. Não há dois em Espanha que me vençam…
-
Pois serás Bispo, D. Çuleima. Vai-te paramentar para me dizeres missa!...
-
Falta-me a coroa, senhor, isto é, ordens de presbítero…
-
Eu dou-tas. Eu te ordeno padre, e pois que padre estás, eu te ordeno bispo. Agora
anda-me depressinha se não queres que te arranque a pele. De hoje em diante, és
o prelado desta diocese.
E assim foi. Encolhidos como láparos que
sentem o podengo, os frades, cónegos e mais eclesiásticos seculares dobraram a
cerviz ao jugo do preto, produto híbrido mosárabe, provavelmente.
Há que estranhar? Não há. Naqueles
tempos, do homem leigo ao ordinando não havia mais que um escalão. Subia-se com
um pé. Não era precisa nenhuma preparação especial. Bastava a ciência infundida
por Deus. Se cortava letra redonda, então improvisava-se um padre, um
arcipreste, um príncipe da Igreja em três tempos. Çuleima, pois, não significa
nenhum atentado à lógica e muito menos ao bom senso.
Quando em Roma se soube do expediente
fantástico de D. Afonso Henriques, rompeu um coro de invectivas: - Que bárbaro!
Que hereje! Que alarve!
Despacharam-lhe um cardeal, entendido na
catequese, com imunidades de legado e
grande plenipotenciário, a ensinar ao ignorantão os artigos fundamentais da fé
cristã. Junto com a cartilha levava o temeroso azorrague do interdito.
Soube-se em Coimbra da missão evangélica
do cardeal-legado, porquanto vinha pela corte dos reis cristãos e notícias
destas correm como o vento. Foram dizê-lo a D. Afonso Henriques.
-
Senhor, por toda a parte onde passa, dá beija-mão e enchem-no de honras…
-
Que venha. O que fiz, fiz. Não me arrependo. Lá quanto a eu beijar-lhe a mão em
minha casa, seja ele cardeal ou papa, que tente, e nem Deus nem Santa Maria o
livram de apanhar uma espadeirada que lhe corto o braço pelo cotovelo.
Advertido das intenções de el-rei quando
chegou a Coimbra, e tanto mais que ele não viera recebê-lo, o cardeal-legado
cobrou grande susto.
Recalcando suas apreensões, dirigiu-se a
Alcáçova onde o rei pousava.
-
Então a que vindes, cardeal amigo? Trazeis-me dinheiro para custear a guerra
que, noite e dia, ando há tantos anos ando a fazer aos mouros? Se trazeis,
desatai a bolsa, se não tratai de rodar e volver por onde viestes.
-
Venho de mando do Santo Padre ensinar-vos a fé de Cristo…
-
Ensinar-me a mim a fé de Cristo…? Então o Credo que cá se usa não é o mesmo que
em Roma? Ouvide lá…
E D. Afonso Henriques recitou-lhe
tim-tim por tim-tim o símbolo dos apóstolos tal como vigorava por toda a cristandade.
(continua)
Jóias de ferro, cinzentas e frias... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 159
Até o Dr. Victor Melo,
apavorado com as notícias chegadas do Rio apontando a sua reeleição como
improvável, embarcara num Ita para Ilhéus, a renegar essa insubmissa gente do
cacau.
Abandonando o consultório
ele, elegante, onde tratava dos nervos das senhoras blasés, deixando saudosas
as francesas do Assírio, as coristas da companhia de revista, não sem antes
reclamar, na Câmara, a Emílio Mendes Falcão, seu colega de Partido Republicano,
deputado por São Paulo:
- Quem é esse seu parente
que resolveu disputar minha cadeira em Ilhéus? Um tal de Mundinho, você
conhece?
- É meu irmão, o mais moço. Também já soube.
Alarmou-se então o
deputado pela zona do cacau. Se era irmão de Emílio e Lourival, sua eleição e –
pior! – seu reconhecimento corriam realmente perigo. Emílio informava:
- É um maluco, largou tudo aqui , foi-se meter naquele fim do mundo. De repente,
aparece candidato. Anda dizendo que virá para a Câmara com o único fim de
apartear meus discursos… - Riu e perguntou: - Porque você não muda de Distrito
Eleitoral? Mundinho é um menino terrível. Capaz de se eleger.
Como ia mudar? Era
protegido de um senador, seu tio por parte da mãe, abocanhara aquela vaga no 7º
distrito eleitoral da Baía. As outras estavam todas ocupadas. E quem queria ir
trocar com ele, concorrer com um irmão de Lourival Mendes Falcão, grão – senhor
do Café a mandar no Presidente da República? Embarcou às pressas para Ilhéus.
João Fulgêncio concordava
com Nhô –Galo: o maior benefício que o deputado Victor Melo poderia fazer à sua
candidatura era não ter vindo a Ilhéus. Tratava-se do tipo mais antipático do
mundo.
É um vomitório… - dizia
Nhô Galo.
Falando difícil, discursos
pontilhados de termos médicos (os discursos dele fedem a formol) explicava João
Fulgêncio, com uma voz de enjoo, adamado, uns paletós esqui sitos,
com cintura, teria gozado fama de invertido não fosse tão atirado às mulheres.
É Tonico Bastos elevado ao
cubo – definia Nhô-Galo.
Tonico andava com a esposa
pela Baía, a passeio. Esperando que a cidade esquecesse por completo sua triste
aventura. Não queria envolver-se na campanha eleitoral. Os adversários podiam
explorar o seu caso com Nacib.
Não haviam pregado na
parede da sua casa em desenho a lápis de cor onde ele era visto a correr em
cuecas – infâmia, saíra de calças! - a gritar socorro? Com versos sujos, de pé
quebrado, em baixo:
... ... ... ... ... ... ...
… … … … … …
- Tu és bem casada?
- Eu sou é amigada
E levou bofetada
O Tonico Pinico
Quem esteve também para
levar bofetadas, se não um tiro, foi o deputado Dr. Victor Melo. Com seu ar de
galã, seu torcido nariz, sua experiência das senhoras do Rio, nervosas clientes
curadas no divã do consultório, apenas via mulher bonita começava a fazer-lhe
propostas.
sexta-feira, dezembro 07, 2012
Frases Muito…
O amor é como a gripe…
Apanha-se na rua e cura-se na cama.
Os autarcas são as pessoas mais católicas do mundo…
Nunca assinam nada sem levarem um terço.
Os mamilos das mulheres são como o Playstations II…
São feitos para crianças e quem brinca são os pais.
Pior que não ter nada para vestir…
É não ter ninguém para despir.
Não procures o Príncipe Encantado…
Procura antes o Lobo Mau…
Ele ouve-te melhor e ainda te pode comer.
As vegetarianas não gemem nem gritam
Quando atingem um orgasmo…
Porque não querem admitir que um bocado de carne lhes possa dar prazer.
Os homens têm a consciência limpa…porque nunca a usam.
O membro mais leve do corpo é o pénis…
Basta um pensamento para o levantar.
O beijo é uma forma de cultura…através dele conhecemos várias línguas.
Uma mulher feia é como uma pantufa…em casa ainda vai, mas não se pode levar para a rua.
Os ex-namorados são como os hambúrgueres…sabemos que não devemos, mas sempre acabamos por comer de vez em quando.
Depois de fazerem amor:
10% dos homens viram-se para a esquerda.
10% dos homens viram-se para a direita.
80% dos homens vão para casa.
As mulheres são como o Circo…
Debaixo dos panos é que está o espectáculo.
A diferença entre uma pilha e um homem…
É que a pilha tem sempre um lado positivo.
O homem é como a vassoura…
Sem o pau não serve para nada.
Vale mais ser um alcoólico anónimo…
Do que um bêbado conhecido.
A educação sexual…consiste em dizer obrigado no fim.
Nunca alguém vencerá a guerra dos sexos…
Há demasiada confraternização entre os inimigos.
O melhor negócio do mundo é abrir um bordel…
Em caso de falência ainda se pode comer o stock.
Quando um homem abre a porta do carro a uma mulher…
Um ou outro são novos.
Se os homens são todos iguais…
Por que é que as mulheres escolhem tanto?
Enquanto o meu Chefe disser que me paga muito…
Eu faço de conta que trabalho muito.
O corno é como a árvore das patacas…
Quando menos se espera somos contemplados.
Se o porco tem 4 pernas…
De onde vem o “Fiambre da Perna Extra”?
Apanha-se na rua e cura-se na cama.
Os autarcas são as pessoas mais católicas do mundo…
Nunca assinam nada sem levarem um terço.
Os mamilos das mulheres são como o Playstations II…
São feitos para crianças e quem brinca são os pais.
Pior que não ter nada para vestir…
É não ter ninguém para despir.
Não procures o Príncipe Encantado…
Procura antes o Lobo Mau…
Ele ouve-te melhor e ainda te pode comer.
As vegetarianas não gemem nem gritam
Quando atingem um orgasmo…
Porque não querem admitir que um bocado de carne lhes possa dar prazer.
Os homens têm a consciência limpa…porque nunca a usam.
O membro mais leve do corpo é o pénis…
Basta um pensamento para o levantar.
O beijo é uma forma de cultura…através dele conhecemos várias línguas.
Uma mulher feia é como uma pantufa…em casa ainda vai, mas não se pode levar para a rua.
Os ex-namorados são como os hambúrgueres…sabemos que não devemos, mas sempre acabamos por comer de vez em quando.
Depois de fazerem amor:
10% dos homens viram-se para a esquerda.
10% dos homens viram-se para a direita.
80% dos homens vão para casa.
As mulheres são como o Circo…
Debaixo dos panos é que está o espectáculo.
A diferença entre uma pilha e um homem…
É que a pilha tem sempre um lado positivo.
O homem é como a vassoura…
Sem o pau não serve para nada.
Vale mais ser um alcoólico anónimo…
Do que um bêbado conhecido.
A educação sexual…consiste em dizer obrigado no fim.
Nunca alguém vencerá a guerra dos sexos…
Há demasiada confraternização entre os inimigos.
O melhor negócio do mundo é abrir um bordel…
Em caso de falência ainda se pode comer o stock.
Quando um homem abre a porta do carro a uma mulher…
Um ou outro são novos.
Se os homens são todos iguais…
Por que é que as mulheres escolhem tanto?
Enquanto o meu Chefe disser que me paga muito…
Eu faço de conta que trabalho muito.
O corno é como a árvore das patacas…
Quando menos se espera somos contemplados.
Se o porco tem 4 pernas…
De onde vem o “Fiambre da Perna Extra”?
O AZARADO
Um sujeito encontra um amigo que não via há muito tempo e inicia a conversa:
- Fonseca!!! Há quanto tempo! Tudo bem?
- Péssimo... - responde o outro.
- Mas como péssimo? Com aquele Ferrari que tu tens?
- Virou sucata num acidente... E o pior é que o seguro tinha acabado de vencer.
- Bem, vão-se os anéis, mas ficam os dedos. E o teu filho? Inteligente, o rapaz! Já está formado?
- Estava ao volante do Ferrari... Morreu.
O amigo tenta fugir daquele assunto tão trágico.
- E a tua filha, que mais parecia um modelo?
- Pois é! Estava junto com o irmão. Só a minha mulher não estava no carro.
- Graças a Deus! Como vai ela?
- Fugiu com o meu sócio.
- Bem... Pelo menos a empresa ficou só para ti.
- Ela fugiu com ele porque me roubaram tudo. Deixaram a firma falida. Estou devendo milhões!
- Puuuxa! Então vamos mudar de assunto. A tua equipa?
- Oh, não! Tu não me perguntes pelo Sporting!
- Pelo amor de Deus, Fonseca! Não tens nada de positivo???
- Sim, tenho... HIV.
Há que distinguir entre o Jesus da
Nazaré e Jesus Cristo, ou seja, entre o Jesus histórico, judeu, nascido em
Nazaré, na Galileia, já então debaixo do poder do Império Romano, ao qual tinha
sido anexado pelo general Pompeu, 63 anos antes de Jesus nascer, e Jesus Cristo
encarnado pelo Espírito Santo no seio da Virgem Maria e se fez homem.
Por este mês, milhões de pessoas em todo
o mundo vão celebrar, no dia de Natal, o nascimento daquele que teve tanto impacto
na vida da humanidade que até a história foi dividida em duas: Antes, e Depois
de Cristo. (a.C. e d.C).
Coordenado pelo Padre Anselmo Borges foi
agora publicado mais um livro:
“JESUS CRISTO – Quem Foi e Quem É?”
Este livro, que reúne textos de
historiadores e biblistas, entre outros, procura recuperar o Jesus da Nazaré, o
homem normal, figura histórica, numa linha de tendência do mundo neste último
século.
Ed Parish Sanders, escritor
norte-americano, foi considerado, com o seu livro “A
Verdadeira História”, um dos mais importantes autores a fazer esta abordagem
sobre Jesus.
A Igreja, essa, tem-se preocupado sempre
com o Jesus Cristo, filho de Deus, que morreu na cruz para nos salvar. A
própria oração do Credo, declaração de fé dos católicos, diz que ele encarnou
pelo Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, se fez homem, padeceu e por nós
foi crucificado.
E, entretanto? – Não cresceu? - Não
aprendeu? - Não trabalhou? - O que disse? - Porque é que outros homens o
seguiram? - Qual foi a sua relação com Deus? - E com o dinheiro? - E com as
mulheres? - E com a política?
Como foi o percurso de Jesus de Nazaré
até ao Cristo Messias?
Embora Jesus seja, de longe, a figura
histórica mais investigada - há bibliotecas
só com livros onde ele é o tema - o que
nós recebemos, por força da doutrina da igreja católica, foi a tradição de que
Jesus é divino e, por isso, esta necessidade de recuperar agora a sua humanidade
superando clichés que toldam a visão.
O Memórias Futuras, insistindo nas "Entrevistas Ficcionadas com Jesus na sua segunda vinda à Terra", conduzidas pela
jornalista Raquel Perez, que questiona Jesus por temas diferentes em cada entrvista procura,
exactamente, o Jesus histórico, o judeu, o homem que viveu e morreu num período
muito difícil, numa Palestina ocupada e dominada pelas forças do Império
Romano.
Os autores destas entrevistas são os irmãos
Lopez Vigil que se tornaram muito conhecidos nos países da América do Sul através
de um programa radiofónico denominado: “Um Tal Jesus”.
Ela, Maria Lopez Vigil, é jornalista,
escritora, vive em Manágua e o seu sonho era, um dia, entrevistar Jesus.
Ele, José Inácio Lopez Vigil, é
comunicador radiofónico, ex- sacerdote Jesuíta e estudante de Teologia Bíblica.
Nessas entrevistas, é desmistificada a
versão do Jesus Cristo da doutrina oficial da Igreja, quando, entre muitas
outras declarações, Jesus afirma que não queria morrer e que a sua morte não foi
nenhuma congeminação para salvar os homens. Apenas mais uma vítima do poder
tirânico e cruel das forças que ocuparam e oprimiram o seu povo ou seja, dos Romanos,
com a cumplicidade de elementos do topo da estrutura da Igreja do seu tempo da
qual foi um severo crítico.
Para os crentes, Jesus não pode ser
apenas o herói, o homem bom, que se bateu pela liberdade e pela justiça, tem
que ser também santo, filho de Deus, sentado no céu à sua direita.
Para os não crentes, entre os quais me
incluo, basta-me, como se isso fosse pouco, ainda para mais considerando que as
coisas se passaram há dois mil anos, o homem portador de uma mensagem de amor e
de respeito por todos os outros homens, seus irmãos no seio da humanidade, e que,
por coerência com as suas ideias, foi sentenciado à morte.
Oxalá não caia... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 158
Nos bares, na papelaria,
na Papelaria Modelo, Nas conversas na banca do peixe, dividiam-se as posições.
Alguns afirmavam que o governo continuaria a prestigiar Ramiro Bastos, só
reconheceria os seus candidatos, mesmo se eles fossem derrotados.
Não era o velho coronel um
dos sustentáculos da situação estadual, não a apoiara em momentos difíceis?
Outros achavam que o Governo ficaria com quem vencesse na boca das urnas.
Estava o governador no fim do período. O novo mandatário precisaria de apoio
para administrar.
Se Mundinho ganhasse,
diziam eles, o novo Governador os reconheceria, assim contaria com Ilhéus e
Itabuna. Os Bastos já não valiam mais nada, eram um bagaço, só serviam para
jogar fora.
Terceiros pensavam que o
Governo trataria de agradar às duas partes. Não reconheceria Mundinho, deixando
que o médico do Rio continuasse a mamar o subsídio de deputado federal. Na
Câmara Estadual manteria Alfredo Bastos. Em troca reconheceria o Capitão, de
cuja vitória ninguém duvidava.
O Intendente de Itabuna
seria, é claro, o candidato de Aristóteles, um seu compadre, pra que ele
continuasse a administrar. Por outro lado, previam, o Governo ofereceria a
Mundinho a vaga de senador estadual a abrir-se quando Ramiro morresse. Afinal,
o velho, já festejara oitenta anos e três anos.
- Esse vai aos cem…
- Vai mesmo. Essa vaga de senador, Mundinho
vai ter de esperar muito tempo…
Assim, o Governo ficaria
bem com uns e com outros, reforçaria no Sul do Estado.
- Vai é ficar mal com os dois lados…
Enquanto a população
conjecturava e discutia, os candidatos das duas facções se desdobravam.
Visitas, viagens, baptizados em profusão, presentes, comícios, discursos. Não
se passava Domingo sem comício em Ilhéus, em Ilhéus, em Itabuna, aos povoados.
O Capitão já pronunciara
mais de cinquenta discursos. Andava de garganta rebentada, afónico, a repetir
tiradas retumbantes. A prometer mundos e fundos, grandes reformas em Ilhéus,
estradas, melhoramentos, para completar a obra iniciada por seu pai, o
inesquecível Cazuza de Oliveira.
O Dr. Maurício não o fazia
por menos. Enquanto o Capitão falava na Praça Seabra, ele citava a Bíblia na
Praça Rui Barbosa. João Fulgêncio afirmava:
- Já sei todo o Velho Testamento de cor. De
tanto ouvir discursos de Maurício. Se ele ganhar, filhos meus, tornará a
leitura da Bíblia obrigatória, em coro, diariamente em Praça Pública ,
puxada pelo padre Cecílio.
Quem vai sofrer mais é o
padre Basílio. Tudo o que ele sabe da Bíblia é que o Senhor disse: «Crescei e
multiplicai-vos»
Mas enquanto o Capitão e o
Dr. Maurício Caíres, rediziam-se à cidade e aos povoados e vilas do município,
Mundinho, Alfredo e Ezequi el
viajavam para Itabuna, Ferradas, Macuco, correndo a zona do cacau, pois
dependiam dos votos de toda a região.
quinta-feira, dezembro 06, 2012
Espírito, MER-A (Mars Exploration Rover - A), é um veículo robótico em Marte, ativo de 2004 a 2010. Foi uma das duas sondas de Marte da NASA Exploration Rover Mission em curso. Ele aterrissou com sucesso em Marte em 04:35 UTC Terra em 4 de janeiro de 2004, três semanas antes de seu Opportunity, twin (MER-B), aterrissou no outro lado do planeta. Seu nome foi escolhido através de um concurso de redação patrocinada pela NASA estudante. O rover ficou preso no final de 2009, e sua última comunicação com a Terra foi enviado em 22 de março de 2010.
O rover completou a sua missão de 90 sol planejada. Ajudado por limpeza eventos que resultaram em maior poder de seus painéis solares, Espírito passou a funcionar efetivamente mais de vinte vezes mais do que os planejadores da NASA espera após a conclusão da missão. Espírito também logado 7,73 km (4,8 milhas) de dirigir em vez do planejado 600 m (0,4 milhas), permitindo mais extensa análise geológica de rochas marcianas e as características de superfície planetárias. Científica inicial dos resultados da primeira fase da missão (o 90-sol nobre missão) foram publicados em uma edição especial da revista Science.
1 de maio de 2009 (5 anos, 3 meses, 27 dias após o desembarque da Terra; 21,6 vezes os duração missão planejada), Espírito Santo ficou preso no solo macio. Este não foi o primeiro de "eventos" de incorporação da missão e para os oito meses seguintes NASA analisou cuidadosamente a situação, correndo baseados na Terra simulações teóricas e práticas, e, finalmente, a programação do robô para fazer discos de desencarceramento em uma tentativa de libertar-se. Estes esforços continuaram até 26 de janeiro de 2010, quando os oficiais da NASA anunciou que o robô foi provavelmente irremediavelmente obstruída por sua localização em solo macio, apesar de continuar a realizar pesquisas científicas a partir de sua localização atual.
O rover continuou em um papel fixo ciência plataforma até a comunicação com Espírito parou no sol 2210 (22 de março de 2010). JPL continuou a tentar recuperar o contato até 24 de maio de 2011, quando a Nasa anunciou que os esforços para se comunicar com o veículo sem resposta tinha terminado. Uma despedida formal foi planejado na sede da NASA, após o feriado do Memorial Day e foi televisionado pela NASA TV. O clipe é retirado do filme IMAX "Roving Mars" de 2006. Esta é uma versão editada curto.Obrigado por assistir e por favor tomar o seu tempo para avaliar.
Como Chegar a Marte
O QUE PODE OBRIGAR UM
HOMEM A USAR BRINCO?
Um dia, no escritório de advocacia, um dos advogados reparou que um seu colega, homem muito conservador, reconhecidamente muito sério, usava um brinco.
- Não sabia que você gostava desse tipo de coisas - comentou.
- Não é nada de especial, é só um brinco.
- Há quanto tempo você o usa?
- Desde que a minha mulher o encontrou, no meu carro, e eu disse que era meu...
Um dia, no escritório de advocacia, um dos advogados reparou que um seu colega, homem muito conservador, reconhecidamente muito sério, usava um brinco.
- Não sabia que você gostava desse tipo de coisas - comentou.
- Não é nada de especial, é só um brinco.
- Há quanto tempo você o usa?
- Desde que a minha mulher o encontrou, no meu carro, e eu disse que era meu...
Zeca Afonso - Adeus ó Serra da Lapa
Um génio musical no delicioso Reino da Utopia. Por tudo, será sempre o "nosso" Zeca.
- REI FUNDADOR (V)
Não havia língua que melhor soubesse
prometer, cantar uma fábula que a musicalíssima língua de Petrarca. Todavia era
a filha primogénita da latina, que não contava no seu léxico, aliás sóbrio no
essencial, o termo sim.
Pois D. Afonso Henriques não ligava
grande importância ao prometer e ao faltar frente a frente a outros príncipes,
no que provou ter em si o germe do prefeito homem das chancelarias.
Desmentindo-se, e não há que apontar no
rol das prendas do primeiro rei faculdade tão lucilante como essa do ludíbrio
verbal.
De resto, não está provado que não fosse
João Peculiar ou o chanceler Julião que por ele fizessem esse jogo com pau de
dois bicos em que os políticos modernos atingiram a subtileza máxima, aprendida
nos mistifórios de Aristóteles e no ilusionismo dos prestidigitadores. Mas se
não fosse assim – com papas e bolos se apanham os tolos – era possível que ele,
apenas pelo vigor do braço, virasse amanhasse tão grande geira?
D. Afonso Henriques era religioso, tão
maciçamente religioso como o exigia a política de resistência ao muçulmano, que
ameaçava subverter o mundo ocidental, e com a Roma pontifícia a cabeça da liga
neo-visigótica.
Para ele, e de modo geral, para todo o
europeu, a religião tinha-se tornado uma espécie de epitélio da natureza da
natureza humana.
Fazia assim parte da vida fisiológica
dos indivíduos. Todos os actos vinham tocados de determinação eclesiástica. Daí
a estreita e prosaica inteligência que tinha de haver, e de facto havia tanto entre
o espírito e Deus, ou entre o homem e o sacerdote, como entre o Príncipe e a
santa Sé.
Por isso mesmo o desrespeito ficava na
mesma escala da familiaridade. A cada passo os reinantes infringiam pactos e
concordatas celebradas com Roma, e o Papa, a cada passo, erguia o látego
excomunicatório e fustigava os relapsos e perjuros.
Mas o Santo Padre tanto excomungava como
desexcomungava. Da mesma maneira, os príncipes sabiam que a todo o tempo era
hora de comprar o indulto, ou mesmo a salvação a poder de dinheiro.
O braço pontifício levantava-se como
batuta e acudiam solícitas as pragas do Egipto, os gafanhotos, as lagartas, os
ventos ruins e os ares pestilenciais.
Em Portugal, durante a primeira dinastia
não houve monarca que não tivesse os seus problemas com a Cúria. Roma era
susceptível e ciosa das suas prerrogativas. Compreendia-se. Roma fora a mãe
chocadeira da pintainhada latina. Furtarem-se ao cumprimento das obrigações
contraídas era negra e intolerável ingratidão. Mas pagavam-no com língua de palmo,
bastava o Sumo Pontífice alçar o breve da maldição.
D. Afonso Henriques sentiu várias vezes
sobre si o pesado braço do pescador. Por ventura as circunstâncias em que o
facto se deu, cobertas hoje com o leve verdete do mito, mas sem que por isso
tenham perdido a verdade local, constituem o episódio mais pitoresco e
porventura shakspereano da sua existência agitada.
Lá porque as vozes de Dª Teresa, entre
ferros, chegassem a Roma, ou o que é mais verosímil, os maravadis de oiro, que
o infante ficara de contar para a burra de S. Pedro na qualidade de vassalo e
obsequi oso cristão, deixassem de
tilintar a caminho da Cidade Eterna, o facto é que o bispo de Coimbra, de
regresso a Portugal, recebeu o encargo de admoestar o rei. Admoestar e, se
tanto se impusesse, lançar o interdito sobre o Reino.
D. Afonso Henriques recebeu com ânimo
insofrido a reprimenda – que tinha o Santo Padre que meter o nariz onde não era
chamado? – e o prelado tratou de cumprir o mandato que trazia, pelo que
excomungou toda a terra, abalando para Roma como uma seta.
Sentiu-se muito o rei quando foi
informado e, indo-se logo nessa manhã à Sé e mandado tocar para o Capítulo,
disse aos cónegos:
-
Dai-me um Bispo…
-
Bispo temos, como havemos de vos dar outro? Respondeu um menos cobarde.
(continua)
Um momento de descontracção... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 157
O silêncio de Clemente era
uma resposta. As sombras cresciam não iria tardar, e a mula-de-padre, vinda do
inferno, solta na mata, passaria a correr, os cascos batendo nas pedras, em
lugar da cabeça um fogo saindo do pescoço cortado.
- Que tu vai ganhar, que serventia vai ter tu
ver ela outra vez? Tá uma dona casada, mais bonita que nunca, não mudou a
natureza com o casório, fala com a gente da mesma maneira. Pra que tu quer ver?
Num adianta.
- Só pra ver. Pra ver uma vez, espiar a cara
dela, sentir seu cheiro. Pra ver ela rir, aprender outra vez.
- Tu tem ela plantada no teu pensar. Tu só
pensa nela. Eu já arreparei, tu agora só fala em pedaço de terra por falar.
Depois que tu veio saber do casamento. Pra que tu quer ver?
Uma cobra-de-vidro saíu do
mato, correu na estrada. Na sombra difusa seu corpo brilhava, era bela de
ver-se, parecia um milagre na noite da roça.
Avançou Clemente, baixou a
enxada, em três pedaços partiu-se a cobra-de-vidro. Com outra pancada
esmagou-lhe a cabeça.
- Porque tu fez isso? Não é venenosa… Não faz
mal a ninguém.
É bonita de mais, só com isso faz mal. Andaram
em silêncio um pedaço da estrada. O negro Fagundes disse:
- Mulher a gente não deve matar. Mesmo que a
desgraçada desgrace a vida da gente.
- Quem falou em matar?
Jamais o faria, não tinha
coragem, forças não tinha. Mas era capaz de dar dez anos de vida, a esperança
de um pedaço de terra, para vê-la mais uma vez, uma só, seu riso escutar. Era
uma cobra-de-vidro, não tinha veneno mas semeava aflições, só de passar entre
os homens como um mistério, um milagre. Nos tocos de pau, no fundo da mata, o
pio das corujas a chamar Gabriela.
Dos Sinos a Dobrar Finados
Os jagunços não chegaram a
descer das roças. Nem os de Melk, de Jesuíno, de Coriolano, de Amâncio Leal.
Não foi necessário.
Também aquela campanha
eleitoral tomara aspectos novos, inéditos para Ihéus, Itabuna, Pirangi, Água
Preta, para a região cacaueira. Antes, os candidatos, certos da vitória, nem
apareciam. Quando muito visitavam os coronéis mais poderosos, donos de maior
extensão de terra e de maior número de pés de cacau.
Desta vez era diferente.
Ninguém tinha a certeza de ser eleito, era preciso disputar os votos. Antes os
coronéis decidiam, sob as ordens de Ramiro Bastos. Agora estava tudo
atrapalhado, se Ramiro ainda mandava em Ilhéus, dava ordens ao Intendente, em
Itabuna mandava Aristóteles, seu inimigo.
Um e outro apoiavam o
Governo do Estado. E o Governo a quem apoiaria depois das eleições? Mundinho
não permitia que Aristóteles rompesse com o Governador.
quarta-feira, dezembro 05, 2012
Na Tailândia, a jovem cantora Bell Nuntrita surpreendeu espectadores e jurados de um reality show durante uma apresentação, ao mudar o tom da voz com muita naturalidade durante a música, passando de um tom feminino a um masculino.
Era um homem violento... |
AFONSO HENRIQUES
- Rei Fundador –
(IV)
Era um homem violento, feito do mesmo
pau de todos os guerreiros da Idade-Média, egoísta, sensualão e déspota. Se não
fosse assim não teria fundado um reino.
Com o poder dos visigodos em ascensão,
eles, que tinham desmantelado o Império Romano e dominado toda a Europa de
Leste a Oeste com excepção de uma faixa a norte da Península ibérica dominada
pelos Suevos, não era com escrúpulos, problemas de consciência e rijezas de
carácter que alguém faria obra de tomo, perdurável.
Mas não tinha cabelos no coração, não
era insensível e a palavra justiça para ele não era totalmente destituída de
sentido. Isto viu-se na cena trágico-cómica com D. Gonçalo de Sousa:
-
Foi o caso que, sendo hóspede do bom fidalgo, seu apoiante político e leal
vassalo, apanhando-o de costas a tratar com os criados das tarefas do comer,
virou a mulher, Dª. Sancha Álvares em cima de uma pele de urso e satisfez a sua
lascívia.
Entretanto, D. Gonçalo, entrou no salão
e surpreendeu-o no acto tendo conseguido ainda articular estas misérrimas
vozes:
-
Levantai-vos senhor, que a comida está na mesa…
Enquanto el-rei se banqueteava, foi-se o
marido ultrajado à mulher e, tosqui ando-lhe
os cabelos e ajoujando-lhe às costas uma pele de cabra, com o esfolado para
fora, pô-la em cima de um jerico, aparelhado de cilha e albarda e sentada ao
contrário no animal.
E foi nesta pose que a mandou para casa
do pai dela, não sem antes desse uma volta por onde el-rei se encontrava com os
seus cavaleiros.
D. Afonso Henriques ficou em grande
cólera e a soprar, jurando-lhe pela vida. Doía-lhe ter abusado da confiança do
nobre servidor, mas o desforço dele tivera um repique que muito o confundia e
envergonhava aos olhos dos seus.
Hesitante, porém, entre enviá-lo de presente
ao diabo ou passar adiante chamou-o à sua presença e disse-lhe:
-
Por muito menos, cegou um adiantado de meu pai a sete condes…
- Cegou-os à traição, senhor, mas disso
morreu.
-
E seu te mandar cortar a cabeça…?
-
Senhor, mais vale. Homem borrado, morto é.
D. Afonso Henriques ficou a meditar
naquela palavra. Teria, depois de comer bem e beber melhor, filosofado com
Herádio que “…se havia de correr a atalhar a ira como se fosse a apagar um
incêndio…” e, montando a cavalo, despediu da Quinta do Unhão, vencido o
instinto sanguinário.
Que faltou algumas vezes à palavra dada,
pelo que os puritanos, ao tempo que os havia, muito o censuravam, muito o
censuravam…! Sim, faltou, mas é demasiado rigor com o homem, abalizado na
guerra e na conqui sta, relevar tal
pecadilho.
O que ele quebrava com certo desembaraço
era a palavra política, a de rei, que não a de homem. Há a sua diferença.
Naquelas épocas recuadas, o verbo estava na infância da arte. Não se sabia
falar diplomaticamente. O ditado árabe: «Alá deu ao homem a palavra para
esconder o seu pensamento» passou primeiro dos filtros da Renascença para os
lábios italianos, que o souberam transmitir aos ministros e homens públicos do
Universo.
(continua) - Extraído da Obra de Aquilino Ribeiro: "Príncipes de Portufal - Suas Grandezas e Misérias".
Este, não tem nada a ver com o mundo de Gabriela... |
GABRIELA
CRAVO
E
CANELA
Episódio Nº 156
Tinham depois de roçar com cuidado, por
entre as moitas escondiam-se as cabeças traiçoeiras das serpentes, com o bote
armado para picar. Era morte certa.
Quando estavam a começar a plantar as
frágeis mudas de cacau, o coronel o mandara chamar. Batia o rebenque na bota,
na varanda da casa. Com aquele rebenque a filha surrara, animando-a a partir.
Olhou o negro Fagundes com seus olhos
pensativos e tristes desde a fuga de Malvina, falou com sua voz de raiva
concentrada:
-
Vai te preparando, negro! Um dia desses te levo de novo para Ilhéus. Vai ser
preciso homem disposto na cidade.
Seria para matar o tipo que carregara
sua filha? Para atirar nele e, quem sabe, na moça? Era orgulhosa, parecia
imagem de santo. Mas ele, Fagundes, não matava mulher. Ou seriam os barulhos de
novo a começar? Perguntou:
-É briga outra vez? – Riu – Dessa vez não vou
errar.
-
Prós dias das eleições. Estão se aproximando. Precisamos ganhar. Nem que seja
na boca da repetição.
Boa notícia depois de tanto tempo de
calmaria. Retornou a plantar com novo ardor. O sol implacável era um chicote no
lombo. Finalmente haviam terminado, quatro mil mudas de cacau cobriam a terra
onde fora a floresta virgem, assustadora.
Voltando para casa, as enxadas ao ombro,
conversavam Clemente e o negro Fagundes. O crepúsculo morria, a noite entrava
por dentro das roças, trazendo consigo os lobisomens, as mulas-de-padre, a alma
dos mortos nas tocaias antigas. Passavam sombras nos cacauais, as corujas
abriam os olhos nocturnos.
Um dia destes estou voltando para
Ilhéus. Lá vale a pena. Tem tanta mulher no Bate-Fundo, cada uma mais linda de
ver. Vou tomar um fartão – batia na barriga negra de umbigo saltado. – essa
barriga vai clarear de tanto roçar barriga de branca.
-
Tu vai para Ilhéus?
-
Falei para tu outro dia. Que o coronel me avisou. Vai ter eleição, nós vamos
ganhar à custa de bala. Já tou avisado, só falta a ordem para embarcar.
Clemente ia meditativo, como a ruminar
uma ideia. Fagundes dizia:
-
Dessa vez vou voltar com dinheiro. Não há negócio melhor do que garantir
eleição. Tem comes e bebes, festa para festejar ter ganhado. E corre dinheiro
prós bolsos da gente. Tu pode contar. Dessa vez vou trazer os mil-réis pra
gente meter no pedaço de terra.
Parando na sombra, o rosto no escuro,
Clemente pedia:
-
Tu podia falar com o coronel para levar eu também.
-
Porque tu quer ir? Tu não é homem de briga… O que tu saber fazer é lavrar
terra, é plantar, é colher. Tu quer ir pra quê?
Voltou a andar Clemente, não respondeu.
Fagundes repetiu:
-
Pra quê? – E se lembrou – Pra ver Gabriela?
terça-feira, dezembro 04, 2012
COM JESUS Nº 89 SOBRE O TEMA:
"JUÍZO FINAL"
RAQUEL - Continuamos no vale do Cedrom falando com
Jesus Cristo sobre temas que os especialistas qualificam de “escatológicos”.
Nosso entrevistado disse-nos ontem que não sabia a data do juízo final, mas sim
as perguntas do juiz. Hoje queremos indagar sobre o que acontecerá depois desse
juízo.
JESUS - E
o que esperas tu que ocorra, Raquel?
RAQUEL - O senhor o sabe melhor que ninguém. Depois do
juízo final, soa a última trombeta, se fecha a cortina e…
JESUS – E…?
RAQUEL - E apaga e vamos. Falemos claramente. Quando
acabará o mundo, Jesus Cristo?
JESUS - Eu pensei que acabaria logo. Que a minha geração
veria o fim dos tempos, que eu mesmo o veria. E equi voquei-me.
A chama ainda estava acesa e eu achei que se apagava.
RAQUEL - Senhor Jesus Cristo, se o senhor se equi vocou há mais de dois mil anos, agora já deve ter
mais informação, novas datas, já deve saber.
JESUS - Pois sim, agora sim, e acho que agora não me equi voco.
RAQUEL - E nos revelará a data do cataclismo final?
Apocalipse now?
JESUS - Sim, dir-te-ei quando será o fim do mundo.
Agora mesmo vou te dizer.
RAQUEL - Espere, espere! Cabine… cabine… Põe uma música
especial que Jesus Cristo vai nos anunciar a data do fim do mundo. Temos a
exclusiva… Sim, um fundo de impacto… Não, homem, essa não, fica melhor com a
Guerra nas Estrelas… Sim, essa está boa… Prontos? Diga-nos, Senhor Jesus
Cristo, o ouvimos. Audiência das Emissoras Latinas, atenção. Neste momento,
Jesus Cristo nos revelará quando acabará o mundo.
JESUS - Em verdade, em verdade lhes
digo que o fim vem logo.
RAQUEL
- Logo, logo… Poderia nos dizer a data exacta ou quer só nos assustar?
JESUS -
Depois do que vi nestes dias, quem está assustado sou eu. Tantos rios mortos,
secas no tempo e a destempo, tantas colinas sem árvores, a terra coberta de
cinzas, e as criaturas de Deus morrendo por falta de alimento. E o que tu mesma
me tens contado: o céu abrindo por onde o sol queima, as geleiras derretendo,
furacões que devoram como feras, doenças sem cura, guerras por água…
RAQUEL - Sim, sim, continue com esse fundo musical…
Esse fica bom…
JESUS -
A avareza acabará com as árvores da terra e o mar tragará as cidades, as águas
ficarão amargas como absinto e ninguém poderá bebê-las e a fumaceira fará o dia
perder seu brilho. E a cobiça que envenenou o ar roubará como um ladrão a vida
de todas as criaturas de Deus…E então, será o fim…
RAQUEL - Mas… quando, quando será? Nossa audiência está
apreensiva, aguardando suas palavras. Diga-nos a data que Deus colocou para o
fim.
JESUS - Deus não vai colocar, Raquel. São vocês que
estão acabando com o mundo. Se não mudarem, se por servir ao deus dinheiro
continuarem arrancando uma a uma as páginas do Livro da Vida, o fim chegará
logo. E serão vocês que colocarão a data.
RAQUEL -
Com esta advertência apocalíptica… ou ecológica, nos despedimos hoje do
programa. Raquel Pérez, de Jerusalém.