sexta-feira, agosto 15, 2008


Richard Dawkins





Tantas vezes citado e transcrito neste blog faz todo o sentido que aqui também fique registado, um pouco mais em pormenor, quem é Richard Dawkins.

Nasceu em Nairobi, capital do Quénia, em 1941. Estudou Zoologia em Oxford, tendo-se doutorado sob a direcção do biólogo Nicolaas Tinbergen, Prémio Nobel em 1973 pelos seus estudos em Etologia (disciplina que estuda o comportamento animal).

Foi professor de Zoologia na Universidade da Califórnia, em Berkeley. Presentemente é catedrático na Universidade de Oxford.

Para lá de cientista e académico, tornou-se conhecido como um dos intelectuais mais influentes da actualidade.

Defensor intransigente da evolução segundo a teoria de Darwin é um divulgador ágil da ciência e do pensamento científico.

Intelectual polémico, defende fervorosa e militantemente o “orgulho de ser ateu”.

As religiões, que tiveram a sua génese na evolução, por causa de alguma vantagem selectiva na moralidade, devem agora, com a explicação científica, serem metidas no caixote das velharias.

Sobre o seu livro, A Desilusão de Deus, disse J. Craig Venter decifrador do genoma humano:


Esta é uma leitura excepcional – chega a ser divertida…Nem é preciso comprar toda a colecção de Dawkins para se orgulharem da sua coragem de expor o mal que as religiões podem fazer. Os zelosos fundamentalistas da Bíblia vão, sem dúvida, afirmar que encontraram Satanás encarnado”


Matt Ridley, Zoólogo, autor da obra “O Que nos faz Humanos”, ainda sobre o livro afirma o seguinte:

Dawkins dá ás compaixões e emoções humanas o seu devido valor, que é uma das coisas que confere força às suas críticas à religião.

Hoje em dia, muitos líderes religiosos são homens que, o que é óbvio para qualquer pessoa excepto para os seus perturbados seguidores, estão dispostos a sancionar a crueldade perversa ao serviço da sua fé.

Dawkins atinge-os com todo o poder que a razão pode exercer, destruindo as suas absurdas tentativas de provar a existência de Deus ou as suas presunçosas reivindicações de que a religião é a única base da moralidade, ou que os seus livros sagrados são literalmente verdadeiros”.


No Prefácio do seu livro, Richard relata um episódio que se passou com a sua mulher quando ainda era criança.

Ela detestava tanto a escola que frequentava que queria deixá-la. Mais tarde, já com mais de 20 anos, revelou aos pais este triste facto, o que deixou a mãe horrorizada: “Mas, minha querida, por que não nos contaste?” ao que ela respondeu: “Mas eu não sabia que podia contar”.

Eu não sabia que podia


Há por aí muitas pessoas que foram educadas de acordo com uma determinada religião, que são infelizes nela, que não acreditam nela ou que se preocupam com os males cometidos em nome dela; são pessoas que sentem uma vaga ânsia de deixar a religião dos pais e gostariam de o fazer, mas que pura e simplesmente não compreendem que isso seja uma opção.

O livro “A Desilusão de Deus” tem como objectivo despertar consciências, dar a perceber a essas pessoas que, afinal, “elas podem”e que é possível ser-se ateu sem deixar de ser uma pessoa feliz, equilibrada, com sentido moral, e intelectualmente realizada.

Richar Dawkins - Fala sobre "A Desilusão de Deus"

Richar Dawkins - E Se Você Estiver Enganado...

Richar Dawkins - Descreve Deus com Textos Bíblicos

quinta-feira, agosto 14, 2008

Louis Armstrong La Vie En Rose

quarta-feira, agosto 13, 2008

De Pé, Cabeçudo, Tagarela e Nu


De pé, cabeçudo, tagarela e nu…


Claro que estou a referir-me ao homem, nosso antepassado, naquilo que de essencial ele se distingue dos outros macacos.

Hoje, continuamos de pé, cada vez mais altos, com tendências para sermos mais cabeçudos, imensamente mais tagarelas e embora vestidinhos, às vezes a preceito, cada vez mais despidos de pêlos que já quase não servem para nada.

Em Pé



A posição erecta foi a primeira grande solução para o nosso sucesso sendo nós os únicos que adoptamos em permanência uma verdadeira posição vertical deslocando-nos com facilidade de maneira bípede.

Se nos quisermos comparar, neste aspecto, com os outros primatas que nos estão mais próximos, gorilas e chimpanzés, concluiremos o seguinte:

- No homem, 95% de bipedismo;

- No gorila, 70% de locomoção quadrúpede, 28% de escalada e 2% de bípede;

- No chimpanzé, 50% de locomoção quadrúpede, 40% de escalada e 10% de bipedismo.

No homem o tronco está direito e o centro de gravidade do corpo, situado ao nível da 5ª vértebra lombar, está a prumo com os pés e a coluna vertebral com grande flexibilidade é favorável à manutenção do equilíbrio geral.

A bacia é baixa, larga e orientada de modo a servir de suporte às vísceras.

Os ossos da coxa e da perna, o fémur e a tíbia formam respectivamente, ao nível da anca e do joelho, ângulos favoráveis ao equilíbrio do corpo sobre os membros posteriores.

Ao nível da estrutura do pé temos um dedo grande que se aproximou dos outros dedos e cuja curvatura fez assentar o peso do corpo sobre o calcanhar correspondendo perfeitamente aos imperativos da posição erecta e da locomoção bípede.

E por quê bípede?


O mundo dos macacos que existia até há cerca de 8 milhões de anos com o planeta coberto de florestas, sofreu alterações geológicas que acarretaram mudanças climáticas e por essa razão, em grandes zonas, as árvores deram lugar aos espaços abertos, as savanas e os animais que até aí viviam nas árvores tiveram que arranjar outras soluções e muito provavelmente, grande parte deles, extinguiram-se porque em termos de evolução esse é o desfecho mais provável quando, perante alterações bruscas, a adaptação por ser difícil, não é coroada de êxito.

As árvores eram um refúgio relativamente seguro e bem provido de alimentos e a sobrevivência na savana não foi tarefa fácil.

A posição erecta melhorou consideràvelmente a visibilidade no meio das ervas e essa terá sido a primeira grande vantagem da posição vertical.

A segunda foi, sem dúvida, a libertação dos membros superiores para outras tarefas que não a locomoção como, por exemplo, transportar os filhos ou alimentos.

Cabeçudo


O crânio humano é especial e distingue-se pelo seu volume considerável e pela sua abóbada sobreerguida que provoca a formação da testa inexistente nos macacos.

O rosto humano é pequeno em relação aos outros hominóides representando no homem moderno menos de 30% do volume craniano contra 120% no orangotango, gorila e chimpanzé e, por isso, o nosso nariz e queixo são salientes e os maxilares são curtos.

A espécie humana tem em média uma capacidade craniana de 1.300 centímetros cúbicos enquanto que, em média, essa capacidade é de 125, 350, 400 e 500 respectivamente para o gibão, orangotango, chimpanzé e gorila.

É certo que não se pode ligar automaticamente o volume e a massa do cérebro às capacidades intelectuais mas, relativamente aos homens comparados com os outros hominóides, o maior desenvolvimento do nosso cérebro foi a primeira grande “chave” que nos entreabriu a porta do sucesso.

O cérebro é um centro de tratamento de informações compreendendo um bilião de células, das quais 1.000 milhões são neurónios equipados com uma rede inextrincável de fibras e ligados entre si por mais de 500 biliões de minúsculas conexões, chamadas de “sinapses”.

Embora pese apenas 2% da massa corporal revela-se, no entanto, especialmente guloso por energia consumindo alegremente 18% de todo o oxigénio fornecido ao organismo.

É aqui, no cérebro que reside a sede do funcionamento do “espírito” o que permite à espécie humana (homo sapiens, sapiens) atribuir a si própria um lugar especial dentro do mundo dos seres vivos.


Tagarela



A utilização de uma linguagem articulada é característica da espécie humana e uma consequência do desenvolvimento cerebral mas depende, também, de uma série de disposições anatómicas particulares da região buco-faríngea.

A laringe, que corresponde à parte superior da traqueia, forma uma caixa vocal composta por várias cartilagens (maçã de Adão).

As paredes laterais, de um lado e doutro, possuem músculos membranosos elásticos que são as cordas vocais que actuam abrindo e fechando a glote permitindo, assim, a passagem de lufadas de ar que provocam vibrações acústicas.

Estes sons produzidos pelo funcionamento das cordas vocais são depois amplificadas ao nível da faringe, das fossas nasais e da cavidade bucal que actuam como se fossem caixas de ressonância ligadas umas às outras e de seguida moduladas pela acção da língua e dos lábios.

A linguagem foi muito importante para acelerar o pensamento e permitir a transmissão dos conhecimentos na passagem das gerações.

A interacção entre os homens aumentou e desenvolveu-se com a linguagem e através dela pudemos não só expressar tudo o que nos vai cá dentro, sentimentos, vontades, medos e dúvidas, como igualmente, assimilar o pensamento dos outros acelerando o processo de aprendizagem.


E Nu


Há toda a razão para descrever o homem como um “macaco nu” se nos lembrarmos dos pêlos espessos e abundantes dos seus primos hominóides. No fundo, talvez não seja tão nu como pode resultar dessa comparação pois, os nossos pêlos, sendo finos e mais curtos também lá estão.

Constituem uma característica sexual secundária e por isso só aparecem na puberdade e nos primórdios da humanidade, quando ainda não éramos homens mas já tínhamos deixado de ser macacos, os pêlos das axilas estavam associados a glândulas que reproduziam odores que tinham como objectivo atrair o sexo oposto.

Os pêlos pubianos na mulher servem como uma primeira barreira para proteger o sensível canal vaginal e nos homens, crê-se, que noutros tempos tenha tido como utilidade manter aquela região mais quente e protegida.

Outros pêlos protegem directamente orifícios do corpo tais como o nariz, ouvidos e olhos.

Contudo, sua função original era de protecção da pele contra as agruras do clima desempenhando também um papel importante na protecção e transporte das crias que, no caso dos nossos primos mais chegados, se agarram às mães através dos pêlos suficientemente fortes para neles se segurarem.


O homem supriu a necessidade destas duas funções começando por cobrir o corpo com as peles de outros animais enquanto que, relativamente ao transporte dos filhos, como já vimos, cedo libertou os braços da função locomoção para poder, entre outras coisas, transportar com eles os filhos.


Mas vamos agora olhar para o homem, considerá-lo com um olhar frio e expor seca e resumidamente o que vemos:

-À primeira vista, um indivíduo da espécie humana que tenha alcançado a idade adulta é antes de mais um bípede cuja estatura pode variar, segundo as regiões entre 1,30 e pouco mais de 2 metros nos homens e 1,20 e 1,85 nas mulheres com pesos que vão dos 35 aos 120 Kg não considerando os casos excepcionais.

- Se o virmos ao microscópio, este conjunto relativamente volumoso surge formado por cerca de 100 biliões de minúsculas unidades, as células, das quais existem cerca de 200 tipos diferentes. Algumas são permanentes e duram tanto tempo quanto o indivíduo do qual fazem parte, outras têm uma vida relativamente breve e são substituídas com regularidade. Todas estas células juntam-se para formar os tecidos e estes edificam órgãos que no seu total constituem o organismo.

- Tudo isto vai “embrulhado” numa embalagem formada por 3 a 4 metros quadrados de pele mais ou menos clara ou escura ou até transparente em alguns sítios como por ex. ao nível da córnea do olho.

- Sob o invólucro dissimula-se um esqueleto que dá ao conjunto um mínimo de firmeza e que é constituído por 206 ossos principais e no conjunto, para um ser humano com 80 kg, representam uma massa de menos de 15 kg.

- Por sua vez, o esqueleto serve de suporte a 600 músculos que no caso do homem representam 46% da massa corporal e na mulher 36%.

- O coração é um músculo que pesa mais ou menos 300 gramas e desempenha um papel muito importante porque controla o fluxo sanguíneo através do sistema vascular o que o obriga a uma média de 70 contracções por minuto.

- Na realidade, o corpo humano, contem apenas 4 a 7 litros de sangue por onde circulam 35.000 milhões de glóbulos brancos e 25 biliões de glóbulos vermelhos mergulhados num plasma proteico.

Ao longo de cada dia o coração bombeia 6.000 litros de sangue através de uma rede de vasos sanguíneos de vários milhares de quilómetros.

- A gordura representa uma reserva energética que na actual fase da vida da humanidade é excessiva tendo em conta as necessidades e representa 28% da massa corporal na mulher e 18% no homem.

- Dois pulmões, um estômago, dois rins, um fígado e um cérebro completam o conjunto mas, no total, o corpo humano é sobretudo água, 60% da massa corporal.

Agora, se quisermos ir ao âmago da questão, isto é, até ao nível atómico, podemos também imaginar um homem médio pesando cerca de 80 Kg como uma soma de 51 Kg de Oxigénio, 15 Kg de carbono, 8 Kg de hidrogénio e 2,5 de azoto tudo isto temperado com 1,5 Kg de cálcio, 950 g de fósforo, 300 g de enxofre, 200 de potássio, 100 de sódio, 50 de cloro e uma dezena de gramas de magnésio, ferro, flúor, zinco e cobre.

Para finalizar polvilha-se tudo com umas pitadas de iodo, cobalto, magnésio, molibdénio, cromo, selénio, vanádio, níquel, alumínio, chumbo, estanho, titânio, silício e até de arsénico…misturam-se muito bem todos estes ingredientes, mexe-se e remexe-se com muita paciência, durante muito tempo e talvez consiga encontrar o homem ou a mulher da sua vida...


Em homenagem a esse prodígio de resistência e teimosia em manter-se vivo ao longo de todas as vicissitudes da sua história de vários milhões de anos, que nos permite agora desfrutar da vida com todas as capacidades proporcionadas por esta maravilhosa máquina que é o corpo humano, dedico ao nosso antepassado a canção que se segue na voz excepcional do “tagarela” Frank Sinatra.

Frank Sinatra My Way

terça-feira, agosto 12, 2008

Louis Armstrong What a Wonderful World

segunda-feira, agosto 11, 2008

Elvis Presley Sweet Caroline

Neil Diamond Love on The Rocks


Jogos Olímpicos




Sempre gostei de desporto, de todo o desporto, porque acima de tudo ele é uma poderosa manifestação de vida e tenha ele sido praticado ao longo dos tempos em honra dos deuses ou dos homens, mortos ou vivos, o fascínio que desperta tem a ver com essa manifestação de força e de vida que representa.

A vida é competição, nós próprios existimos porque competimos e ganhámos, por vezes mesmo à tangente, lutando contra o clima e as suas variações, os cataclismos naturais, os animais ferozes, a escassez de alimentos e contra nós próprios por causa desta nossa tendência para destruir grupos rivais.

Hoje, parece demonstrado que a verdadeira e grande competição é ao nível dos nossos genes e nós, que somos a sua casa e os seus transportadores, geração após geração, nem nos apercebemos dessa competição que se trava dentro de nós.

Os primeiros Jogos Olímpicos que se realizaram na antiga Grécia a partir do ano 776 A.C., julgava-se que fossem uma celebração ao desporto e à beleza estética do homem mas de acordo com o que Homero escreveu na sua Ilíada, a intenção seria mais de carácter místico e fúnebre, uma saudação aos mortos de cada cidade.

Num período de 4 em 4 anos, cada polis ou cidade-estado da Grécia, escolhia um dia para reverenciar os mortos do último quadriénio reunindo num campo os seus pertences e abandonando momentaneamente a cidade para que os espíritos passeassem à vontade entre as suas lembranças da vida terrena.

Antes, porém, as sacerdotisas acendiam uma chama que os rapazes levavam até ao templo do deus patrono da cidade.

Estas cerimónias precediam os Jogos que tinham nomes diferentes conforme a cidade em que ocorriam, assim, em Corinto, eram os Jogos Ístmicos, em Delfos eram os Písticos, em Argos eram os Nemeus e em Olímpia os Olímpicos. No conjunto, denominavam-se Pan–Helénicos.

Foi, no entanto, em Olímpia que eles atingiram a sua maior magnitude porque era aqui que existia um Templo de dimensões magníficas dedicado a Zeus que, na hierarquia dos deuses, era o mais importante, deus dos céus que dominava o monte Olimpo.

De notar que os deuses gregos são familiares, têm aparência humana, com qualidades e defeitos, contudo, são imortais e podem metamorfasear-se.

Era junto desse enorme Templo que tinham lugar os jogos, iguais aos de todas as restantes cidades, mas que aqui reuniam maior número de participantes e desenrolavam-se como competições regulares e de extrema importância para todos os helénicos.

Praticamente sem interrupção mas, naturalmente, com algumas modificações, os Jogos Olímpicos decorreram desde o século VIII A. C. até ao V D.C. logo, durante mais de mil anos, embora na sua parte final estivessem já muito descaracterizados, parecendo mais longas orgias e bacanais até que o Imperador Teodósio, que se tinha convertido ao cristianismo, os proibiu por serem considerados manifestações de paganismo.

As modalidades praticadas nos Jogos Olímpicos da Era Clássica eram os seguintes:

-Boxe;

-Luta Livre (combates brutais sem qualquer espécie de precauções para evitar ferimentos);

- Lançamento de Disco (de pedra ou de metal);

- Pentatlo (que incluía cinco provas: dardo, disco, salto em comprimento, luta e corrida);

- Salto;

- Corrida (os concorrentes corriam nus e com o corpo untado);

- Pankration (luta semelhante ao box no qual eram permitidos todos os golpes incluindo o estrangulamento);

- Corridas equestres (sem obstáculos, o cavaleiro apeava-se e cruzava a meta levando o cavalo à mão);

- Corrida de mensageiros e trompeteiros.

Aqueles que se comprometiam a participar nos Jogos eram obrigados a prepararem-se durante dez meses e deviam chegar a Olímpia com um mês de antecedência para completarem os treinos.

Todas as provas tinham um carácter estritamente individual e conduziam à glorificação do atleta que se tivesse revelado melhor.

O que é curioso, no entanto, é que os Jogos não foram pensados e concebidos como um objectivo em si mesmo, porque aquilo de que se tratava era, como já foi referido acima, de cerimónias de culto aos mortos, simplesmente elas atraíam tantas pessoas oriundas de várias cidades que, inevitavelmente, ocorriam rixas e contendas entre os peregrinos o que perturbava e inviabilizava o ambiente próprio a uma cerimónia de culto religioso.

Então, para distrair os brigões e permitir que as manifestações religiosas se desenrolassem em paz, os organizadores do evento promoveram, em simultâneo, competições desportivas e sabe-se isto porque foi encontrado um disco de pedra nas ruínas do Templo de Hera, em Olímpia, que refere um Acordo de Tréguas e de manutenção de paz durante os Jogos Olímpicos.

Este Acordo foi selado entre os Reis Ifitos de Ilía, Licurgo de Esparta e Clístenes de Pisa e mais tarde muitos outros reinos se juntaram a este Acordo e é a partir daqui que os Jogos se tornam a primeira competição de paz entre os homens e depois entre as nações.

Eles eram tão importantes que as guerras, se as houvesse, eram suspensas e passava-se um salvo-conduto para permitir aos viajantes seguirem em paz para a cidade de Olímpia e no Calendário grego os anos eram contado pelas Olimpíadas.

Eram mais de quarenta mil pessoas que vinham de todo o lado da Grécia não só para ver os Jogos mas também para o festival religioso e conversarem com pessoas de outras cidades como Argos, Esparta, Atenas, Tebas, etc.

Os poetas e oradores aproveitavam-se do grande afluxo de gente para se tornarem mais conhecidos declamando as suas obras e outros para diversificarem os seus negócios.

À entrada de Olímpia estava o ginásio para os atletas se treinarem e mais de cem bois eram sacrificados no altar em frente do Templo (não devia ser agradável o local com os restos dos animais e o cheiro a carne e a sangue...)cujo interior era dominado pela estátua de Zeus coberta de ouro e frente a ela cada atleta tinha de fazer um sacrifício e orar antes do começo da sua prova mas era um comité organizador que decidia se a moral do atleta lhe dava o direito de competir.

A homenagem aos vencedores tinha lugar no último dia sendo-lhes então entregue uma coroa de ramos de oliveira selvagem, segundo a lenda plantadas por Hércules, e transformavam-se em ídolos, especialmente para os habitantes das cidades a que pertenciam.

Toda a gente podia assistir aos jogos com excepção das mulheres casadas sob pena de serem arremessadas do alto de uma rocha.

Apenas uma se sabe que tenha sido perdoada, Calipatira, que atravessou a arena para ir abraçar o filho e deixou cair o disfarce mas porque era mãe, irmã e filha de campeões olímpicos escapou ao castigo.

Os Jogos da Era Moderna foram relançados pelo francês, Barão Pierre de Coubertin, em 1896, numa França que acabara de ser humilhada numa guerra relâmpago com a Alemanha, com o objectivo de celebrar a paz entre as Nações.

O ideal olímpico representado pela velha máxima de que “o importante não é vencer mas participar”, cujo autor não foi Pierre de Coubertain, como muitas vezes se diz mas sim o Bispo da Pensilvânia, em 1908, durante um sermão aos atletas por ocasião das Olimpíadas de Londres, esteve longe, muitas vezes, de ter sido seguido sendo os casos mais notórios os de Ben Johnson e de Marion Jones que ingeriram substâncias dopantes com as quais obtiveram falsas vitórias.

Ambos tiveram que devolver as medalhas e Marion Jones foi mesmo condenada a prisão efectiva de seis meses... nas velhas Olimpíadas teriam sido açoutados.

O espírito olímpico não estava lá e por isso o atleta não resistiu à ambição da glória.

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