sábado, outubro 18, 2008

Entrevista com Richard Dawkins (legendado)

Richard Dawkins- Fala sobre "Deus um Delírio"

Richar Dawkins - Ateus saiam do armário

Obama andou a ler "Deus um Delírio"

quinta-feira, outubro 16, 2008


Quando me tornei Invisível...






Já não sei em que data estamos, lá em casa não há calendários e na minha memória as datas estão todas misturadas.

Recordo-me daquelas folhinhas grandes, um primor, ilustradas com imagens dos Santos que colocávamos ao lado do penteador.

Já não há nada disso. Todas as coisas antigas foram desaparecendo e, sem que dessem conta, eu fui-me apagando também.

Primeiro, trocaram-me de quarto pois a família cresceu, depois passaram-me para outro, ainda na companhia das minhas bisnetas e agora ocupo um pequeno espaço numa despensa que está no pátio atrás da casa.

Prometeram-me trocar o vidro quebrado da janela, mas esqueceram-se, e de noite corre por ali um ar frio que aumenta as minhas dores reumáticas.

Mas, tudo bem…

Desde há muito tempo que tinha intenção de escrever porém, passei semanas a procurar um lápis e quando o encontrava, de novo me esquecia onde o tinha posto… na minha idade as coisas perdem-se facilmente.

Claro que não é uma enfermidade delas, das coisas, porque julgo estar segura de tê-las, mas sempre desaparecem.

Há dias dei-me conta que a minha voz também tinha desaparecido porque quando falo com os meus netos ou os meus filhos não me respondem.

Todos falam sem me olharem, como se não estivesse com eles, escutando atenta tudo o que me dizem.

Ás vezes intervenho na conversação, segura de que o que tenho para lhes dizer não ocorreu a nenhum deles e que lhes vai ser de grande utilidade.

Porém, não me ouvem, não me olham, não me respondem e então, cheia de tristeza, retiro-me para o meu quarto e vou beber a minha chávena de café.

E faço assim de propósito, para que compreendam que estou aborrecida, para que se dêem conta que me entristecem, me venham buscar e me peçam perdão…mas ninguém vem.

Quando o meu genro ficou doente, pensei que teria oportunidade de lhe ser útil e levei-lhe um chá especial que eu mesma preparei.

Coloquei-o na mesinha de cabeceira e sentei-me esperando que o tomasse, só que ele estava a ver televisão e nem um só movimento me indicou que se dera conta da minha presença.

O chá, pouco a pouco, foi esfriando e com ele o meu coração.

Então, no outro dia, disse-lhes que quando eu morresse todos se iriam arrepender e o meu neto mais pequeno respondeu: “Ainda estás viva avó” e acharam tanta graça que não pararam de rir.

Estive três dias a chorar no meu quarto, até que numa manhã entrou um dos rapazes para tirar umas rodas e nem o bom dia me deu.

Foi então quando me convenci de que sou invisível…

Parei no meio da sala para ver se tornando-me num estorvo me olhavam, porém a minha filha continuou a varrer sem me tocar e os meninos correram à minha volta, de um lado para o outro, sem tropeçarem em mim.

Um dia, os meninos agitaram-se e vieram dizer-me dizer que no fim-de-semana iríamos todos passar um dia ao campo.

No sábado fui a primeira a levantar-me. Quis arrumar as coisas com calma porque nós, os velhos, levamos muito tempo a fazer as coisas e assim adiantei o meu tempo para não os atrasar.

Rápidos, entravam e saíam da casa a correr levando os sacos e brinquedos para o carro.

Eu já estava pronta e muito alegre e permaneci no meu quarto à espera que me chamassem mas, quando dei conta, já tinham partido e o carro desapareceu envolto em algazarra.

Compreendi que não estava convidada, talvez porque não coubesse no carro, ou porque os meus passos, de tão lentos, impediriam que caminhassem a seu gosto pelo bosque.

Senti, claro, como o meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar.

Eu entendo-os, eles vivem no mundo deles, riem, gritam, sonham, choram, abraçam-se, beijam-se…eu nem sinto mais o gosto de um beijo.

Antes beijava os pequeninos, era um prazer enorme tê-los nos meus braços como se fossem meus.

Sentia a sua pele tenrinha e a sua respiração doce bem perto de mim.

A vida nova produzia-me alento e até me dava vontade de cantar canções que já não acreditava lembrar-me delas.

Mas um dia, a minha neta Laura, que acabava de ter um bebé disse-me que não era bom que os velhos beijassem os bebés, por questões de saúde…

Desde então já não me aproximo deles, não quero passar-lhes algum mal por imprudência minha.

Tenho tanto medo de contagiá-los!

Eu os bendigo a todos e lhes perdoo porque:


“ Que culpa tenho eu de me ter tornado invisível?”


(Hamilton Slide)




A Velhice


A velhice não tem que ser, necessariamente, só por ser velhice, algo de dramático mas é verdade que ela, tal como a infância, constitui um período frágil da nossa vida.

Na primeira, porque tudo está ainda em formação, na última porque tudo aquilo que se formou está a chegar ao fim, não que se tenha perdido, ou que tenha sido inútil, ou ainda que não tenha tido proveito para muitos outros mas, de qualquer forma, está a chegar ao fim.

Há que ter consciência de que o facto de termos nascido constituiu um acontecimento raro e extraordinário, uma oportunidade única e irrepetível mas acontecendo, abriu um ciclo e a velhice aponta, irremediavelmente, para o seu fecho.

De todos os seres que já viveram na Terra fomos os únicos privilegiados a terem a consciência de si próprios e da sua própria existência.

Só a nós nos foi facultado o acesso a esse mundo complexo mas maravilhoso dos sentimentos através dos quais conhecemos o amor, o ódio, a paixão, o ciúme, a amizade, o companheirismo e talvez, alguns de nós, tenham sentido, em algum momento, a felicidade.

Viemos do anonimato onde estivemos até nascer e a ele vamos ter que regressar, sem dramas, agradecidos que devíamos estar pela oportunidade da vida que aconteceu connosco.

Com a velhice diminuem as nossas faculdades físicas e intelectuais como se tratasse de um alijar de carga, por desnecessária para a viagem, ou melhor, para o fim da viagem.

Nada se encerra com alegria e daí a nossa fragilidade na fase final do ciclo da nossa vida, compreende-se…

…o que não se compreende é que os nossos “companheiros” que começaram a viagem mais tarde, de inebriados e entusiasmados com a sua própria existência, se permitam ignorar os velhos, “matá-los” em vida, como se a velhice fosse um monopólio exclusivo dos velhos…e todos os que não morrerem antes, não venham, de certeza, a serem velhos também.

A qualidade da relação que se estabelece com eles, quer dentro da família, quer com a sociedade, é um dos factores importantes que define o nosso avanço civilizacional.

Infelizmente, pelo menos entre nós, as famílias parecem ter especiais dificuldades em enquadrar no seu seio os velhos que hoje se amontoam em lares com melhores ou piores condições mas, afastados dos seus familiares, a solidão é um sentimento inevitável.

Depois, temos igualmente, o fosso que se estabeleceu entre as últimas gerações, as dificuldades de compreensão entre os velhos e os jovens de hoje agravada pela crise da autoridade e a perda de respeito pelos mais velhos.

As novas tecnologias que nasceram e se expandiram com os jovens de agora deram lugar a uma nova linguagem que os velhos têm dificuldade de entender e, em geral, já não se sentem com forças para aprenderem.

A indiferença e o ostracismo para com os velhos é um dado cultural relativamente recente e traduz-se, não só numa enorme falta de sensibilidade como, igualmente, numa tremenda injustiça que remete para a consciência de cada um de nós.

Este texto da velhinha que desabafa relativamente às injustiças de que é vítima por parte de todas as pessoas da sua própria família, é bem revelador de que a velhice pode ser, em demasiadas situações, um autêntico drama.


…”Senti, claro, como o meu coração se encolheu e a minha face ficou tremendo como quando a gente tem que engolir a vontade de chorar”…

quarta-feira, outubro 15, 2008

Otis Redding -- That's How Strong My Love Is

Otis Redding -- I ' ve got I Dreams To Remember

Elvis Presley I Want you,I need you

terça-feira, outubro 14, 2008


A Guerra dos Sexos




Se existem conflitos entre pais e filhos quando ambos dispõem de 50% dos genes, muito mais natural será que esses conflitos aconteçam entre parceiros sexuais.

O que eles têm em comum é um investimento de 50% de acções genéticas dos mesmos filhos e deste ponto de vista estão interessados no bem-estar de metades diferentes dos mesmos filhos razão suficiente para cooperarem na sua criação.

Mas supondo que a um dos pais é permitido investir menos em cada filho do que o quinhão que lhe competia, isso representaria uma vantagem dado que ficaria com mais recursos para investir em mais filhos de outros parceiros sexuais e, assim, propagar mais os seus genes.

Teoricamente, aquilo que um “indivíduo” gostaria de fazer seria copular com o maior número de membros do sexo oposto deixando o parceiro, em cada caso, criar os filhos sozinho.

Em certas espécies há machos que o conseguem fazer mas noutras são obrigados a partilhar o fardo de criar os filhos.

Mas, afinal, qual é a essência da masculinidade? O que é que define uma fêmea?

Nos mamíferos vemos os sexos claramente definidos: a existência de um pénis, a gestação dos filhos, a amamentação, certas características cromossomáticas, etc., mas para muitos outros animais e plantas estas diferenças valem tanto como o uso das calças para distinguir os homens das mulheres.

Nas rãs, por exemplo, nenhum dos sexos tem um pénis.

Aquilo que em toda a natureza é comum na distinção entre o sexo masculino e feminino são os “gâmetas” (células sexuais que na reprodução se fundem no momento da fecundação) e que nos machos são muito mais pequenos e numerosos do que nas fêmeas.

Mesmo nos seres humanos, em que o óvulo é microscópico, ele é muito maior que o espermatozóide e como estes são muito pequenos um macho pode permitir-se produzir muitos milhões deles por dia.

Isto significa, que o macho é capaz de produzir uma grande quantidade de filhos num período muito curto de tempo utilizando fêmeas diferentes.

Ela fica “envolvida” com cada embrião concedendo-lhe a parte adequada de alimento e, portanto, a sua possibilidade de ter filhos fica muito limitada enquanto que o macho, potencialmente, poderá ter um número de filhos quase ilimitado e aqui começa a “exploração” das fêmeas.

No princípio, a reprodução seria isogâmica, quando os gâmetas eram morfologicamente iguais, mas a selecção natural foi, progressivamente, favorecendo os indivíduos que produziam gâmetas mais pequenos e rápidos capazes de procurarem activamente os maiores para se fundirem com eles e terem, potencialmente, mais filhos.

E, desta forma, em termos de evolução, abriram-se duas estratégias sexuais diferentes:

- A “estratégia honesta” que consistia num grande investimento em gâmetas cada vez maiores para corresponderem ao interesse dos mais pequenos e velozes, “a estratégia astuta”.

Os gâmetas cada vez maiores ter-se-iam tornado imóveis porque, de qualquer forma, seriam sempre procurados activamente pelos “astutos”, e os gâmetas de tamanho intermédio ficaram condenados.

- A “estratégia astuta” com a aposta em gâmetas cada vez mais pequenos e velozes venceu a batalha e os gâmetas maiores tornaram-se óvulos e os mais pequenos espermatozóides.

Como um macho, teoricamente, pode produzir espermatozóides suficientes para servir um harém de 100 fêmeas poderíamos supor que o número de fêmeas deveria exceder o dos machos nas populações animais na proporção de 100 para 1.

Isto significa reconhecer que para a espécie, o macho é mais “dispensável” e a fêmea mais “valiosa”.

Para dar um exemplo extremo, entre as populações de leões marinhos, 4% dos machos são responsáveis por 88% das cópulas observadas, o que significa, neste caso e em muitos outros, um excesso evidente de machos solitários que nunca terão oportunidade de copular durante toda a sua vida.

Em tudo o resto estes machos excedentes levam vidas normais e comem os recursos alimentares da população com o mesmo apetite que os outros.

Do ponto de vista do “bem da espécie” regista-se um desperdício terrível e estes machos celibatários bem poderiam ser considerados parasitas sociais.

A teoria de “selecção de grupo” tem dificuldade em explicar porque se chegou a esta situação mas a teoria do “gene egoísta” não tem qualquer dificuldade em explicar a existência de uma percentagem tão grande de machos que não se reproduzem, e essa explicação foi formulada, pela primeira vez, por Ronald Fisher, apontado por Richard Dawkins o maior dos sucessores de Darwin:

- O problema de quantos machos e fêmeas nascem é um caso particular de um problema de “estratégia parental”.

- Será melhor confiar os genes preciosos a filhos ou a filhas?

- Aquilo que Fisher mostrou é que, em circunstâncias normais, a proporção óptima entre os sexos é 50:50 e para vermos porquê é preciso começar primeiro pela mecânica da determinação dos sexos a qual, nos mamíferos, é da seguinte forma:

1º - Todos os óvulos são capazes de se desenvolverem em machos ou fêmeas;

2º- São os espermatozóides que transportam os cromossomas que irão determinar o sexo do indivíduo;

3º- Metade dos espermatozóides produzidos poderá originar mulheres – os espermatozóides X – e a outra metade – espermatozóides Y - .

4º X e Y apenas diferem um do outro em relação a um cromossoma.

Um indivíduo não pode, literalmente, escolher o sexo dos seus filhos mas é possível haver genes com tendência para ter filhos de um sexo ou de outro, e se os houver, terão eles probabilidade de se tornarem mais numerosos na pool de genes do que os seus alelos que favorecem uma proporção igual entre os sexos?

Suponhamos, que entre a tal população de leões marinhos, surge um gene “mutante” que tende para fazer com que os pais tenham principalmente filhas.

Como não há falta de machos na população, as filhas não teriam problemas para encontrarem parceiros sexuais e o gene, o tal que era “mutante”, tem condições para se expandir e, a partir daqui, estava aberto o caminho para que a proporção entre os sexos naquela população começasse a desviar-se na direcção de um maior número de fêmeas.

Do ponto de vista do bem da espécie, isso seria bom, pois, como já vimos, só 4% da população dos machos fornece a totalidade dos espermatozóides necessários e, assim, o gene produtor das filhas continuar-se-ia a espalhar até que a proporção entre os sexos estaria tão desequilibrada que os pouco machos restantes, esgotados completamente, não pudessem já dar conta do recado.


(continuaremos, no próximo texto, esta Guerra dos Sexos que nos é apresentada por Richar Dawkins)

domingo, outubro 12, 2008

The Great Pretender -- The Platters

Adamo -- Incha Allah

Rui Veloso -- Perfume


Será Possível?






Este texto foi-me enviado por mail com a indicação de que é verídico e retirado de uma Prova de Língua Portuguesa realizada por um aluno do 9º Ano da Escola Secundária das Caldas da Rainha.



Redaxão



Eu axo q os alunos n devem d xumbar qd n vam á escola. Pq o aluno tb tem Direitos e se n vai á escola latrá os seus motivos pq isto tb é preciso ver q á razões qd um aluno não vai á escola.

Primeiros a peçoa n se sente motivada pq axa que a escola e a iducação estam uma beca sobre alurizadas.

Valáver, o q é q intereça a um bacano se o quelima de trásosmontes é munto Montanhoso? Ou se a ecuação é exdruxula ou alcalina? Ou cuantas estrofes tem Um cuadrado? Ou se um ângulo é paleolítico ou espongiforme? Hâ?

E ópois os stores ainda xutam perguntas parvas tipo cantos cantos tem “os Lesiades” q é um livro xato e q não foi escrevido c/ palavras normais mas q no Aspequeto é como outro qq e só pode ter4 cantos comos outros, daaaah.

Ás vezes o pipol ainda tenta tar com os abanos em on, mas os bitaites dos profes até dam gomitos e q a Malta re-sentesse, outro dia um arrotou q os jovens n tem Habitos de leitura e q a Malta n sabemos ler nem escrever e a sorte do gimbras

Foi q ele h-xoce bué de rápido e só o ‘garra de lin-chau’ é q conceguiu

Assertar lhe com um sapato. Atão agora aviamos de ler qt é livro desde o Camões até á idade média e por aí fora, quês ver???

O pipol tem é q aprender cenas q interessam como na minha escola q á um curço

De otelaria e a Malta aprendemos a faser lã pereiras e ovos móis e piças de Xicolate q são assim tipo as pecialidades da rejião e ópois pudemos ganhar um Gravetame do camandro. Ah poisé.

Tarei a inzangerar?


(Sem comentários)

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