sábado, maio 28, 2016

Beleza e perfeição corporais


O Jackpot do Euro-Milhões

é a própria vida. 
























Não jogo, falta-me a fé, mas reconheço que a tentação do euro- milhões é enorme porque aquelas importâncias acumuladas em vários Jackpotes atingem dimensões verdadeiramente “pornográficas” e esse é o grande factor aliciante, de tal forma que até  já existe um limite a partir do qual o prémio é redistribuído pelos apostadores que ficam em 2º lugar.

 A oportunidade de uma determinada pessoa ser bafejada por um jackpot é inferior à de ser atingido por um meteorito mas, está provado matemàticamente, que se essa pessoa fosse suficientemente determinada para tentar todas as semanas e vivesse 400 milhões de anos, de certo lhe sairia o prémio. Logo, não é a sorte que é pouca… a vida é que é curta.

Mas, porque desesperamos que nos saia o Jacpot quando, na verdade ele já saíu a cada um de nós?

 - É que eu próprio, e os meus amigos que seguem o Memórias Futuras em Portugal, Brasil, E.U.A., Rússia, Alemanha, Polónia e, eventualmente, em  outros pontos do mundo , todos nós, somos um caso evidente de Jackpot e esse já ninguém nos tira, ganhámo-lo no momento do nosso nascimento.

Ora vejamos:

- Cada um dos nossos pais produziu por dia, no período fértil das suas vidas, entre 300 a 500 milhões de espermatozóides, repito, por dia, e qualquer um deles, combinado com um óvulo de entre os cerca de 250 pertencentes às nossas mães, também ao longo da vida fértil, era um potencial descendente, um irmão nosso.

Repare-se bem, muitos milhares de milhões de uma pequena célula, cada uma diferente de todas as outras, que eram pertença dos nossos pais, escolhida num processo competitivo, (espécie de corrida de 100 metros) até ao local da fecundação com um dos muitos óvulos das nossas mães que estava disponível nesse dia, determinou o nascimento de cada pessoa numa probabilidade que desafia quase o infinito.

Richard Dawkins, grande especialista do genoma humano - (Prémio Nobel em 1973 pelos seus estudos em Etologia e um dos maiores intelectuais do nosso tempo) - afirmou que as pessoas potencialmente permitidas pelo nosso ADN que poderiam estar aqui no nosso lugar mas que na verdade nunca verão a luz do dia, excedem em número os grãos de areia do deserto do Sara. Pensem bem...  os grãos de areia do deserto!

E não é que cada um de nós tem a sensação de que é o filho óbvio dos seus pais? Não é isso que sente qualquer  um de nós?

Agora que penso nisto quase que estremeço ao imaginar a multidão a perder de vista de irmãos meus que ficaram por nascer e me “deram” o seu lugar para que eu possa estar aqui a contactar convosco e, por sua vez, cada um de vós, aí, nesse lugar, a ler o Memórias Futuras, em vez de multidões de irmãos vossos!...

E, no entanto, as pessoas “choram-se” porque quando jogam nunca lhes sai nada e pensam, pensamos todos, que ter sorte é acertar na “chave” do Euromilhões quando, como já devem ter percebido, sorte é ter nascido... para o bem e para o mal!

Chegamos à vida contra todas as probabilidades, oriundos de um mundo de silêncio e de nada e depois de uma existência fugaz, que metaforicamente podemos equiparar a um pestanejar de olhos, regressamos a ele e, no entanto, esse momento fugaz, é tudo quanto nós temos, é a nossa vida, a vida de cada um que muitos desperdiçam em guerras e crimes. - Que atentado! 

Não há crença ou religião que não aponte para outras vidas numa estratégia óbvia de condicionar e influenciar as pessoas pelo medo ou por prémio, a adoptarem determinados comportamentos e atitudes, normalmente de disciplina e submissão, embora tudo à nossa volta nos mostre à evidencia que após a morte a vida continua, é certo, mas através de novos personagens que não os anteriores recauchutados.

A vida é um bem precioso, e é precioso porque é raro, embora os sete mil milhões de semelhantes nossos que habitam o planeta nos possam dar uma ideia contrária, mas o que é este número comparado com o dos grãos de areia do deserto do Sara?

Vamos morrer e por isso somos nós os bafejados pela sorte. A maior parte das pessoas nunca vai morrer porque nunca vai chegar a nascer.

É muito importante pensar a vida, a nossa vida, como aquela oportunidade que nos surgiu de entre muitos milhões de oportunidades que podiam ter acontecido a outros que não a nós.

Se assim conseguirmos pensar, até porque é essa a realidade, olhar-nos-emos e aos nossos companheiros de “viagem” com outros olhos, com mais atenção e mais sentido de responsabilidade.

No fundo, todos buscamos a felicidade que é aquela “coisa” que definimos para nós próprios... nem sempre facilmente.

Sabemos, acima de tudo, que queremos ser felizes mas não sabemos bem “como” , nem “com quem”, e quando o julgamos saber muitas são as vezes em que concluímos que estávamos enganados.

Nascemos condicionados pelos nossos genes e pelo contexto cultural e social em que vivemos e por muito que nos emancipemos através de uma formação científica sólida e diversificada, é na gestão que fazemos daqueles dois grandes factores que as nossas vidas têm que se resolver.

Em última análise, são aspectos emotivos da nossa própria natureza que irão determinar o sucesso das nossas vidas em termos de felicidade e por isso a necessidade de apelar à inteligência para orientarmos a nossa sensibilidade, os nossos afectos.

Só somos seres superiores porque temos a capacidade de sermos bons de uma forma inteligente: nem “máquinas pensantes”, nem “donzelas de lágrima ao canto do olho”.

A razão e o sentimento têm que “casar-se” sem que para isso haja alguma fórmula mágica a não ser, talvez, a que se esconde algures dentro de cada um de nós…

Temos uma dívida para com o meio que nos cerca pois não só o planeta em que vivemos é propício e “amigável” como o próprio Universo também o é.

Segundo os cálculos dos físicos, pequeninas alterações que fossem nas leis e nas constantes da Física e o Universo ter-se-ia desenvolvido de tal modo que a vida teria sido impossível.

Mas a nossa responsabilidade não é perante o Universo que se organizou de forma a permitir a vida, nomeadamente a nossa, pois somos demasiado pequeninos e insignificantes para assumirmos responsabilidades perante o Universo.

A nossa responsabilidade é perante nós próprios, na qualidade de única espécie verdadeiramente inteligente que ao longo de um processo evolutivo de muitos milhões de anos, e com muitos sobressaltos pelo caminho, se conseguiu impor.

Despoletamos forças poderosas, estamos em vésperas de construir estações orbitais com condições para lá podermos viver, transformamos o nosso mundo numa aldeia global, mas continuamos com imensas dificuldades em resolver situações de simples vizinhança e convivência em que alguns conflitos religiosos continuam a ser os de mais difícil resolução.

…Sempre, sempre os deuses a dificultarem a vida dos homens!!!



Richard Dawkins: um dos maiores intelectuais vivos.


O Gajo que tem resposta para tudo....


Oliver Onions - Santa Maria (1979)



Tieta do Agreste
(Jorge Amado)






EPISÓDIO Nº 156























ONDE O COMANDANTE DÁRIO DE QUELUZ RECRUTA VOLUNTÁRIOS





Ao leme da canoa a motor, comandante Dário espera que Tieta conclua a leitura da crónica de Giovanni Guimarães.

Ele e dona Laura passarão em Mangue Seco o Ano-Novo e a festa dos Reis. Tieta e Ricardo aproveitam a condução e a companhia: vão dar o empurrão final nas obras do curral do Bode Inácio, certamente atrasadas devido ao Natal, qualquer pretexto serve aos praieiros para não trabalhar. 

Tieta deseja inaugurar a biboca – assim a designa – antes de voltar para São Paulo, marcada para imediatamente após a instalação da luz da Hidrelétrica; não pensara prolongar por tanto tempo a estada.

Viera por um mês, terminará passando dois; para quem tem negócios a cuidar um absurdo. Para o Curral, mandou fazer em Agreste uma cama larga, colchão de lã de barriguda: nela se despedirá de Ricardo quando chegar a hora de partir.

Por intermédio de Astério encomendou cadeiras e mesas dobradiças, camas de campanha; comprou redes na feira. Para os hóspedes: para o Velho e mãe Tonha, as irmãs, os sobrinhos, os amigos que utilizarão o Curral em sua ausência.

A primeira reacção de Tieta, após a leitura, deixou o Comandante alarmado. Devolvendo-lhe as páginas dactilografadas, ela comentou:

- Há um dinheirão a ganhar, Comandante, nessa história.

- Dinheirão a ganhar?

- Não foi o senhor mesmo quem me disse que essas terras do coqueiral não têm dono, são devolutas?

- Não é bem assim. Donos, elas têm, mas quais são ninguém sabe direito.

Modesto Pires comprou uma parte, a que era do pessoal do povoado. Foi ele que me disse não ter comprado mais devido à confusão, o coqueiral tem não sei quantos donos, o que é o mesmo que não ter nenhum.

- Pois então: a gente compra esses terrenos para vender ao pessoal da Companhia. Compra por um vende por dez, por dez ou vinte. Filipe era um craque nessas operações.

- Deus me livre Tieta. Não quero ganhar dinheiro à custa da desgraça da minha terra.

- Comandante, se a gente não pode impedir, se não tem jeito a dar, pelo menos ganha um dinheirinho. 

Quando Ascânio começou com essa história de turismo, eu pensei em comprar terrenos por aqui.

- Primeiro eu não tenho com que comprar um gato morto; segundo, vai ser a maior dificuldade localizar os donos; terceiro – fez uma pausa antes de enunciar – não vou cruzar os braços, Tieta, vou partir para a briga.

Sou o homem mais pacato do mundo, mas essa gente não vai poluir Agreste sem meu protesto. Isso não.

A canoa pesada, impelida pelo motor de pouca força, desce o rio sem pressa. A voz apaixonada do Comandante conquista a atenção de Ricardo.

A princípio o seminarista seguira a conversa de ouvido distraído, o pensamento vogando na correnteza. Esses dias em Agreste, as festas de Natal, deixaram lembranças e marcas ténues mas persistentes. Ficaram-lhe na cabeça, fazem-se presentes e ele encontra sabor em recordá-las.

Pela primeira vez, dera-se conta do interesse com que, na rua e na igreja, certas mulheres o fitavam. 

As moças, debruçadas nas janelas, seguiam-nos com os olhos, quando passava de batina, indo ajudar padre Mariano na missa ou quando atravessava a praça, shorte e camiseta, a caminho do rio.

Cinira mordia os lábios ao vê-lo, suspirava; dona Edna, essa nem se fala; comia-o com os olhos mesmo na frente do marido.

Na festa dos brindes de Natal, Ricardo sentia o contacto das ancas redondas de dona Edna, abalroando-o na confusão.

A lembrança mais pertinaz e grata, porém é de Carol, semi-escondida atrás da janela, segurando a cortina e sorrindo para ele, os lábios abertos carnudos, os olhos húmidos.

Ao percebê-lo vindo no passeio, Carol retirara-se da janela para melhor poder espiá-lo e para lhe sorrir – coisas defesas ao seu estado de amásia de ricalhaço. Mais moça e mais escura do que a tia, possuía o mesmo busto farto, idênticos quadris, poderosos e maneiros, igual exuberância de carnação, quem sabe a mesma alegria?

Em Agreste, Ricardo não se demora a pensar naqueles meneios e sorrisos, lábios mordiscando-se, ancas em navegação subtil. Desfaziam-se na fumaça do incenso. Retornam na canoa, e no espelho do rio ele enxerga faces e gestos, não lhe desagradam. À noite terá Tieta nos braços, sobre as dunas, como da primeira vez.

Na presença do Comandante e de dona Laura eram tia e sobrinho comportados.

Ela dormia na cama de solteiro, ele na rede. Nas areias, no alto dos cômoros, porém, sumia o parentesco, o vento levava os ais de amor para o outro lado do oceano.

Há pouquíssimos dias começara tudo aquilo, parecia uma enormidade de tempo, pois Ricardo, nesse interim, fizera-se outro.

Quantos dias? Quantos anos? Curioso que jamais se houvesse sentido tão próximo de Deus, tão convicto da vocação sacerdotal. Por quê? Ao dizê-lo a Frei Timóteo, o franciscano não percebera a contradição no caso, ao contrário.

- Você pôs à prova sua vocação. Agora está em paz consigo mesmo.

Ricardo emerge desses pensamentos para escutar a veemente declaração do Comandante, a voz em crescendo:

- Vou brigar e quando eu brigo é de verdade.

A menina, o prior, as cabras e

 o bode...

















Manhã tranquila bem nos confins de Trás-os-Montes.

O velho Prior estava em frente à igreja quando viu passar uma menina de uns nove ou dez anos, pés descalços, franzina, meio subnutrida, ar angelical, conduzindo uma meia dúzia de cabras.

Era com esforço que a garotinha conseguia reunir as cabras e obrigá-las a caminhar.

O padre observava a cena. Começou a imaginar se aquilo não era um caso de exploração de trabalho infantil e foi conversar com a menina.

- Olá, minha querida. Como  te chamas?

- Maria da Luz, Sr. Prior.

- O que vais fazer com essas cabras, Maria da Luz?

- Vou levá-las à quinta do Sr. Alcides para o bode as cobrir.

- Olha lá, Maria da Luz, o teu pai ou os teus irmãos mais velhos não podiam fazer isso?

- Já fizeram Sr. Prior, mas não nasceu nada. Tem mesmo que ser um bode!

Assim Nasceu Portugal

A Vitória do Imperador




Episódio Nº 18

















Depois, como muitas vezes acontece às mulheres, terminado aquele quente e doce combate carnal, emocionou-se e chorou com a cabeça no ombro do seu primeiro amante.

As saudades da mãe eram muitas e, piedoso mas também esperto o dedicado Gonçalo prometeu que a viria visitar todos os dias enquanto estivesse em Coimbra. E logo que pudessem iriam para Córdova.

Filha, vinde ter comigo, ele traz-vos!

Mostrando-se contente, Zaida sorriu em silêncio, cobrindo-o com mais beijos ousados. Após nova ronda de prazeres, ele estava conquistado.

Enamorado, sentiu primeiro paixão e depois, como quase sempre nos homens. Um profundo medo de a perder. O seu coração encheu-se de temor das rivalidades e perguntou:

 - O vosso amigo Mem, o almocreve, não vos visita?

Zaida contou que já não eram tão próximos como antes, enquanto a mãe Zulmira fora viva pois o pobre almocreve ainda se torturava por não ter impedido a morte dela.

- não teve forças para matar o assassin – recordou Zaida.

A sangrenta tragédia ocorrera no casão agrícola do almocreve e as duas princesas mouras só haviam escapado a uma morte horrível devido à súbita aparição de Afonso Henriques, que eliminara o assassin, atirando-lhe um punhal à garganta.

Gonçalo recordou a importância da enigmática arma, em cujo cabo se dizia ter sido gravado, em latim, o nome do local onde estava escondida a relíquia sagrada, trazida pelo conde Henrique da Terra Santa.

Porém, Zaida, limitou-se a suspirar desalentada: nada sabia sobre o punhal do falecido esposo de Chamoa, muito menos sobre Sohba, a sua tia bruxa, que nunca mais reaparecera.

Filha, não é altura para falar disso...

Encolhendo os ombros, Zaida murmurou que aquelas eram irrelevâncias sem sentido.

A minha mãe não vai ressuscitar – acrescentou.

Vendo-a tão triste, o compassivo Gonçalo abraçou-a e renovou a promessa de tomar conta dela e de levá-la para a sua Córdova natal em breve.

Mostrado-se grata a hábil moura ofereceu-se para ele outra vez arqueando para ele as nádegas.

Filha, valerá a pena dar-vos tanto?

Foi grande o contentamento de Gonçalo nos dias seguintes. Feliz e enérgico, desaparecia todas as tardes sem explicar onde ia. Contudo, aquela euforia pouco durou.

Por razões, que não estou certo, não serem as mais nobres, Afonso Henriques anunciou que Gonçalo de Sousa iria ser o alcaide do Castelo de Celmes, cuja construção começaria em breve, tendo de rumar ao norte depressa para dirigir as operações.

Incrédulo, o nomeado protestou, invocou a sua recente e tórrida amizade à princesa moura e chegou mesmo a acusar o príncipe de o querer afastar dela, mas Afonso Henriques negou tal malícia, dizendo que também ele iria para Guimarães, enquanto Zaida permanecia em Coimbra.

O príncipe de Portugal não o autorizou, pois a possibilidade de uma guerra com o Trava era real.

Celmes, não era lugar para uma rapariga, só para destemidos e corajosos cavaleiros!

Dias depois, zangado e contrariado, Gonçalo partiu de Coimbra e, tal como ele, também pensei que a princesa moura se iria entristecer de novo mas não foi isso que se passou.


A bela Zaida era um enigma indecifrável. Seja como for, Afonso Henriques, embora talvez pelos motivos errados, tomara a decisão certa, Celmes era um perigo, ainda bem que Zaida não rumou para lá com Gonçalo.

sexta-feira, maio 27, 2016

A Ministra exibe a vaca a voar....
Cristas

e as vacas que 

voam...
















Numa cerimónia pública, António Costa, entregou à Ministra da Presidência, que tinha apresentado um conjunto de regras simplificadoras da Administração Pública, o Simplex, um boneco de corda feito uma vaca, daquelas leiteiras, pretas e brancas, que tinha a particularidade de possuir asas que batiam quando se puxava o cordel que lhe dava corda.

Era uma metáfora que eu bem compreendo porque tendo sido toda uma vida funcionário público, sei bem quanto a burocracia, transformada em "burocracite", se agarra aos funcionários e eles a ela, às vezes de forma quase desesperada, como se a vida profissional dependesse dela, de tal forma que simplificar a burocracia da Administração Pública é quase tão difícil como fazer voar uma vaca...

Eu percebi o gesto, mas muita gente não terá compreendido o seu significado e terão perguntado a que propósito o Chefe do Governo aparece ali a oferecer uma vaca que voa à Ministra.

A Presidente do CDS, deputada da oposição na Assembleia da República, que luta para ter um protagonismo político superior ao do PSD e a Passos Coelho, que não larga aquela pose de “homem do poder” de pin na lapela, imediatamente se apressou a vir à televisão explorar o óbvio e descansar a população porque, tendo ela sido Ministra da Agricultura, nunca tinha visto uma vaca voar!

Ufa!... que alívio, ficaram os cidadãos descansados, afinal não estávamos perante mais um daqueles fenómenos do Entroncamento que iria fazer falar de nós pelo mundo fora.

O caminho simplista para fazer oposição não será talvez o mais eficaz, recorrer ao óbvio é fazer dos cidadãos ignorantes, negar-lhes a capacidade de perceberem o significado de uma metáfora que, admito, não terá sido compreendida por toda a gente.

Mas, sinceramente, vir para a televisão, com ar sério e convicto, informar a população de que durante o tempo em que foi Ministra da Agricultura nunca viu uma vaca voar, baralha o espírito das pessoas cândidas e ingénuas porque, das duas uma: ou temos um Chefe do Governo que não regula bem da cabeça e pensa que as vacas voam, ou temos uma líder da oposição que teve o bom senso de vir à televisão descansar os telespectadores de que, não senhora, ela nunca viu, ao longo da sua vasta experiência de Ministra da Agricultura, uma vaca a voar.

Outra coisa, é saber mesmo se elas voam ou não... 

Francisco José - Guitarra toca Baixinho




Quantos anos...Iniciou sua carreira no liceu no qual estudava quando se apresentou no Teatro Garcia de Resende e se profissionalizou aos 24 anos de idade, sendo obrigado a interromper o curso de engenharia quando estava no terceiro ano.
Teve seus maiores sucessos na balada romântica Olhos Castanhos, lançada em 1951, e Guitarra Toca Baixinho, em 1973.
Quando começou a cantar, já finalista do curso, foi inscrito num programa da rádio que existia na altura, de Igrejas Caeiro, por colegas de curso.
Foi professor Universitário, cargo que tinha na altura da sua morte. Era irmão do famoso geólogo, o Professor Doutor Galopim de Carvalho, conhecido pela atuação em defesa dos vestígios (icnofósseis) de Dinossáurios.


Gato Fedorento - Bigodes



Curiosidades












Há tempos, num Jornal Diário de grande tiragem dizia-se, entre outras informações sobre as características físicas do nosso Planeta Terra, que o seu peso era de seis milhões e tal de toneladas.


Embora muito mais preocupado com o meu peso do que com o da Terra, saltou-me à evidência que aquilo era uma gaffe quase maior do que a própria Terra.

Efectivamente, o peso da Terra é de seis mas não de milhões, como se está mesmo a perceber.

De acordo com a consulta efectuada na Internet – é só digitar e clicar - o que o jornalista não fez por ter pensado que aquele peso era bem capaz de ser o do nosso planeta, a Terra pesa:

- 6 seis trilhões, 586 quintilhões, 242 quatrilhões e 500 trilhões de toneladas.

- Agora, só em algarismos: 6.586.242. 500. 000.000.000.000 de toneladas.



Sempre acertou no 6.

O que se teria passado, se, em vez de 

três Reis Magos, tivessem sido três 

Rainhas Magas?

                                    











- Teriam perguntado como chegar ao local e teriam chegado a horas.

 - Teriam ajudado no parto e deixado o estábulo a brilhar.

 - Teriam ainda preparado uma panela de comida e teriam trazido ofertas mais práticas.

Mas quais teriam sido os seus comentários ao partirem?

- Viste as sandálias que a Maria usava com aquela túnica?

- O menino não se parece nada com o José!

- Virgem?! Pois está bem! Já a conheço desde o liceu!

 - Como é que é possível que tenha todos esses animais imundos a viver dentro de casa?

 - Disseram-me que o José está desempregado!

- Queres apostar em como não te devolvem a panela?

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

A Vitória do Imperador











Episódio Nº 17











Mal empregado açúcar – rezingou Fátima.

O nosso amigo admirou-a. Continuava magra e tensa, o oposto de Zaida e os seus belos olhos negros não disfarçavam umas olheiras marcadas. A morte da mãe endurecera-a, tornando-a mais fria do que já era., com um timbre de voz mais ácido.

Embora mantivesse o espírito arrogante de uma princesa real e a postura altiva de uma orgulhosa prisioneira, notava-se nela uma ferida na alma, como se tivesse perdido a intensidade absoluta das suas convicções.

- Prefiro a companhia dos cavalos – rosnou Fátima, passando em frente aos outros e dirigindo-se para a porta.

Depois dela sair Zaida contou a Gonçalo que os animais eram a única distracção que os cristãos permitiam a Fátima.

Não é boa ideia, ainda foge num! – protestou Gonçalo.

Enquanto ia e vinha da cozinha, trazendo os alimentos e um jarro de vinho, Zaida explicou que o picadeiro onde Fátima passava as tardes era fechado e os soldados vigiavam-na sempre, pois tratavam-se de cavalos de guerra.

Tendes maravilhosos dotes – apreciou Gonçalo entusiasmado com o cheiro saboroso que emanava dos pratos confeccionados por Zaida.

Os meus melhores truques são secretos! – ripostou ela, marota e sorridente, regressando à cozinha aos saltinhos.

Filha, fui eu que vos ensinei, mas tende cuidado...

Pouco depois com um arremesso típico dos sedutores, Gonçalo agarrou-a pela cintura e sentou-a nas suas pernas, ouvindo-a libertar risinhos de agrado.

Dai-vos, minha bela princesa, é tudo o que desejo! – pediu.

A rapariga moura bateu as pestanas e perguntou:

- Lavais-me para Córdova.

Gonçalo disse que sim mas diria que sim a tudo, tal era o seu intenso desejo.

Agradada Zaida aceitou os seus mimos e, pela primeira vez, cedeu às intenções de um homem.

Filha, ele é amigo do Afonso!

Com gestos lentos mas precisos, o nosso amigo despiu-lhe o alifafe e o vestido e apreciou longamente o seu belo corpo feminino. O peito de Zaida era cheio e Gonçalo não resistiu a cobri-lo de beijos.

Entusiasmada, a moura levantou o saiote dele e ajoelhada a seus pés beijou-o. De seguida, os dois mudaram-se para o quarto e deitaram-se nus no colchão de uma grande cama, amando-se sem pressas nem pausas.

Zaida, bem industriada pela mãe Zulmira, que lhe revelara os famosos e ancestrais truques dos haréns de Sevilha e de Córdova, deixou Gonçalo boquiaberto com sua mestria, a ponto deste lhe ter perguntado se era mesmo virgem.

- Sois o meu primeiro homem – declarou com solenidade a rapariga.

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