Ainda o nosso Planeta
Ainda o nosso Planeta…
As preocupações são tantas relativamente às esperadas modificações ambientais com repercussões profundas nas nossas vidas, no mínimo já para a geração dos que estão agora a nascer,filhos, netos e bisnetos, que este tema irá ser cada vez mais recorrente.
A propósito do meu último texto em que perguntava se o Planeta Terra estaria doente afirmei, em síntese, que se por “doença”se entendiam as alterações climáticas era óbvio que não porque essas alterações nunca deixaram de acontecer e teriam sempre lugar com o homem ou sem ele.
Outra coisa diferente é o ritmo a que essas alterações estão a acontecer, não à velocidade natural, no sentido literal do termo, mas àquela que o homem lhe está a imprimir e que é muito superior à que ocorreria sem a sua intervenção.
Esta é uma constatação confirmada por Organismos Oficiais que apontam para o fim deste século aumentos de temperatura média globais de 1 a 3,5 graus e um aumento do nível da água dos mares entre 15 e 95cm numa versão que não é a mais pessimista.
O efeito estufa que foi descoberto por Joseph Fourier em 1824 e está na origem destes aumentos, é um processo que ocorre naturalmente e é essencial para a manutenção da vida no planeta sem o qual, seria cerca de 30º mais frio.
Constituído pelos chamados gases de estufa, de entre os quais se destacam o vapor de água, dióxido de carbono (CO2) e o gás metano (CH4) que absorvem uma parcela da radiação infra-vermelha (calor) emitida pela superfície da terra impedindo que ela se perca para o espaço.
Simplesmente, o CO2 e o CH4 aumentaram em 31% e 149% respectivamente, acima dos níveis pré-industriais, desde 1750 sendo considerados os mais altos de há 650.000 anos período em que é possível obter informações confiáveis das calotes polares.
Portanto, o efeito estufa, contido dentro de determinados limites, é essencial para a manutenção da vida tal como a conhecemos, simplesmente a queima desenfreada dos combustíveis fósseis, carvão, petróleo e gás natural e a utilização indevida dos solos com a destruição das florestas nos últimos cem anos, parece estar a romper com esses limites.
Paradoxalmente, o efeito estufa, ao derreter os glaciares do Árctico faz também aumentar a pluviometria no Atlântico Norte e estes dois fenómenos juntos constituem um factor para aumentar a quantidade de água doce nessa região que dilui a água mais quente e salgada vinda dos trópicos a qual, tornando-se menos densa, não afunda rapidamente prejudicando o “funcionamento” da Corrente do Golfo, a mesma que transporta calor para toda a Europa Ocidental.
A Corrente do Golfo é uma das mais importantes correntes provocadas pelo vento. Transporta água tropical muito quente do Mar das Caraíbas e do Golfo do México para a Europa do Norte através do Atlântico Norte. O calor da agua aquece o ar que se situa imediatamente acima desta agua e este movimento do ar representa um processo essencial de transporte de calor para o Norte e é graças a este calor que a Europa do Norte é mais quente que os países que se localizam nas mesmas latitudes na América do Norte ou à volta do Oceano Pacífico.
Temos, pois, em última análise, que um aumento das temperaturas poderá levar a Europa para um período de frio idêntico ao que se verificava durante a última glaciação e por isso, neste momento, encontram-se cientistas no Oceano Atlantico que recorrendo a instrumentos sofisticados que incluem submarinos robot, a obter dados sobre a Corrente do Golfo que à semelhança de uma enorme corrente de transmissão se move a uma velocidade de 3,6 Km/H e desloca 31 milhões de metros cúbicos de agua por segundo numa largura entre cem a duzentos quilómetros.
Sem a Corrente do Golfo a Noruega será tão inóspita como a Gronelândia e a Grã-Bretanha, que está à mesma latitude da Terra Nova, tem uma temperatura, em média, 9 graus superior.
Entre 1400 e 1880 ocorreu já uma diminuição da intensidade da corrente quente do Golfo e há, de resto, relatos históricos do Rio Tamisa gelado durante Invernos seguidos dando lugar ao que se chamou Pequena Era Glaciar.
Os dados recolhidos por uma equipa coordenada pelo oceanógrafo David Lund dos EUA apontam para que o volume da água transportada pela Corrente do Golfo, nesse período, era da ordem dos 3 milhões de metros cúbicos por segundo, ou seja, dez vezes menos que os actuais 31 milhões já referidos.
Entretanto, o Prof. Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge, que é professor de Física dos Oceanos, a partir de observações efectuadas com submarinos da Marinha Real Britânica, concluiu que o “motor” da Corrente do Golfo está a funcionar, nos últimos anos, apenas a ¼ da sua capacidade e isto porque, segundo o mesmo Professor, as colunas de agua descendentes na zona do Árctico estão menos fortes por falta de gelo no mar da Gronelândia o que desacelera o movimento circular das aguas.
Com o “motor” mais fraco e perdendo intensidade a Corrente do Golfo deixaria de equilibrar o clima europeu causando um arrefecimento geral em toda esta região.
Para se ter uma ideia, a Corrente do Golfo leva às costas Britânicas 27.000 vezes mais calor do que poderia ser gerado por todas as fontes de energia do Reino Unido garantindo de 5 a 8 graus centígrados na temperatura média.
Mas não há uma unanimidade total dos cientistas que estudam estes problemas quanto à responsabilidade do efeito de estufa no aquecimento global e daí, talvez, o Protocolo de Quioto não ter ainda sido ratificado pelos EUA.
Efectivamente,há uma corrente de cientistas americanos, entre eles pesquisadores da Universidade de Duke, nos EUA, que são de opinião que os modelos climáticos vigentes superestimam o efeito relativo dos gases de estufa comparados com os efeitos da luz solar, das cinzas vulcânicas e dos aerossóis embora concluam, que mesmo considerando o factor solar, a maior parte do aquecimento global das últimas décadas é atribuível aos gases de estufa.
Mas há outros pesquisadores mais radicais que diminuem fortemente a importância dos factores antropogénicos no aquecimento global e para eles as medidas para os combater através do Protocolo de Quioto são, não só desnecessárias, como danosas para o desenvolvimento humano.
A recessão dos glaciares e da calote polar do Árctico não são fenómenos recentes. Já ocorrem desde 1800 ou mesmo antes disso e data da mesma altura o aumento da temperatura global a uma taxa constante de 0,5 graus por cada 100 anos que já tinha começado antes do rápido aumento do CO2 iniciado por volta de 1940.
Em resumo, do ponto de vista histórico, não há dúvidas de que ao longo da sua existência de 4,5 biliões de anos, a terra já passou por vários processos de aquecimento e arrefecimento extremos com alternância de climas quentes e frios.
O último episódio de arrefecimente ou glaciação iniciado no Pleistoceno há 1,8 milhões de anos terminou há cerca de 18.000 anos quando a Terra começou de novo a aquecer e continua ainda hoje mas não segundo uma curva contínua.
Neste espaço de 18.000 anos houve avanços e retrocessos causando variações às vezes bruscas de temperaturas em períodos variáveis e neste momento é indispensável que haja um consenso sobre a responsabilidade do comportamento do homem sobre as alterações climáticas de forma a acautelar, tanto quanto possível, o futuro das próximas gerações e essa responsabilidade nunca foi tão grande como é agora porque também, nunca como hoje, se dispôs de tanta informação.
É a sobrevivência de milhões de pessoas num futuro relativamente próximo porque hoje habitam a Terra quase 7 biliões de pessoas quando, em 1950, eram 2,5 e isto representa um tremendo esforço em termos de produção agrícola nomeadamente de arroz para a população asiática.
Embora não haja unanimidade a corrente esmagadoramente maioritária é a dos cientistas que atribuem ao homem responsabilidades directas no aquecimento global e o grande dilema é saber se a geração de pessoas que hoje manda no mundo consegue ultrapassar o natural egoísmo sobre os seus próprios interesses a favor de um melhor legado para as gerações que aí vêm a seguir, mesmo que se parta já com algum atraso.
As preocupações são tantas relativamente às esperadas modificações ambientais com repercussões profundas nas nossas vidas, no mínimo já para a geração dos que estão agora a nascer,filhos, netos e bisnetos, que este tema irá ser cada vez mais recorrente.
A propósito do meu último texto em que perguntava se o Planeta Terra estaria doente afirmei, em síntese, que se por “doença”se entendiam as alterações climáticas era óbvio que não porque essas alterações nunca deixaram de acontecer e teriam sempre lugar com o homem ou sem ele.
Outra coisa diferente é o ritmo a que essas alterações estão a acontecer, não à velocidade natural, no sentido literal do termo, mas àquela que o homem lhe está a imprimir e que é muito superior à que ocorreria sem a sua intervenção.
Esta é uma constatação confirmada por Organismos Oficiais que apontam para o fim deste século aumentos de temperatura média globais de 1 a 3,5 graus e um aumento do nível da água dos mares entre 15 e 95cm numa versão que não é a mais pessimista.
O efeito estufa que foi descoberto por Joseph Fourier em 1824 e está na origem destes aumentos, é um processo que ocorre naturalmente e é essencial para a manutenção da vida no planeta sem o qual, seria cerca de 30º mais frio.
Constituído pelos chamados gases de estufa, de entre os quais se destacam o vapor de água, dióxido de carbono (CO2) e o gás metano (CH4) que absorvem uma parcela da radiação infra-vermelha (calor) emitida pela superfície da terra impedindo que ela se perca para o espaço.
Simplesmente, o CO2 e o CH4 aumentaram em 31% e 149% respectivamente, acima dos níveis pré-industriais, desde 1750 sendo considerados os mais altos de há 650.000 anos período em que é possível obter informações confiáveis das calotes polares.
Portanto, o efeito estufa, contido dentro de determinados limites, é essencial para a manutenção da vida tal como a conhecemos, simplesmente a queima desenfreada dos combustíveis fósseis, carvão, petróleo e gás natural e a utilização indevida dos solos com a destruição das florestas nos últimos cem anos, parece estar a romper com esses limites.
Paradoxalmente, o efeito estufa, ao derreter os glaciares do Árctico faz também aumentar a pluviometria no Atlântico Norte e estes dois fenómenos juntos constituem um factor para aumentar a quantidade de água doce nessa região que dilui a água mais quente e salgada vinda dos trópicos a qual, tornando-se menos densa, não afunda rapidamente prejudicando o “funcionamento” da Corrente do Golfo, a mesma que transporta calor para toda a Europa Ocidental.
A Corrente do Golfo é uma das mais importantes correntes provocadas pelo vento. Transporta água tropical muito quente do Mar das Caraíbas e do Golfo do México para a Europa do Norte através do Atlântico Norte. O calor da agua aquece o ar que se situa imediatamente acima desta agua e este movimento do ar representa um processo essencial de transporte de calor para o Norte e é graças a este calor que a Europa do Norte é mais quente que os países que se localizam nas mesmas latitudes na América do Norte ou à volta do Oceano Pacífico.
Temos, pois, em última análise, que um aumento das temperaturas poderá levar a Europa para um período de frio idêntico ao que se verificava durante a última glaciação e por isso, neste momento, encontram-se cientistas no Oceano Atlantico que recorrendo a instrumentos sofisticados que incluem submarinos robot, a obter dados sobre a Corrente do Golfo que à semelhança de uma enorme corrente de transmissão se move a uma velocidade de 3,6 Km/H e desloca 31 milhões de metros cúbicos de agua por segundo numa largura entre cem a duzentos quilómetros.
Sem a Corrente do Golfo a Noruega será tão inóspita como a Gronelândia e a Grã-Bretanha, que está à mesma latitude da Terra Nova, tem uma temperatura, em média, 9 graus superior.
Entre 1400 e 1880 ocorreu já uma diminuição da intensidade da corrente quente do Golfo e há, de resto, relatos históricos do Rio Tamisa gelado durante Invernos seguidos dando lugar ao que se chamou Pequena Era Glaciar.
Os dados recolhidos por uma equipa coordenada pelo oceanógrafo David Lund dos EUA apontam para que o volume da água transportada pela Corrente do Golfo, nesse período, era da ordem dos 3 milhões de metros cúbicos por segundo, ou seja, dez vezes menos que os actuais 31 milhões já referidos.
Entretanto, o Prof. Peter Wadhams, da Universidade de Cambridge, que é professor de Física dos Oceanos, a partir de observações efectuadas com submarinos da Marinha Real Britânica, concluiu que o “motor” da Corrente do Golfo está a funcionar, nos últimos anos, apenas a ¼ da sua capacidade e isto porque, segundo o mesmo Professor, as colunas de agua descendentes na zona do Árctico estão menos fortes por falta de gelo no mar da Gronelândia o que desacelera o movimento circular das aguas.
Com o “motor” mais fraco e perdendo intensidade a Corrente do Golfo deixaria de equilibrar o clima europeu causando um arrefecimento geral em toda esta região.
Para se ter uma ideia, a Corrente do Golfo leva às costas Britânicas 27.000 vezes mais calor do que poderia ser gerado por todas as fontes de energia do Reino Unido garantindo de 5 a 8 graus centígrados na temperatura média.
Mas não há uma unanimidade total dos cientistas que estudam estes problemas quanto à responsabilidade do efeito de estufa no aquecimento global e daí, talvez, o Protocolo de Quioto não ter ainda sido ratificado pelos EUA.
Efectivamente,há uma corrente de cientistas americanos, entre eles pesquisadores da Universidade de Duke, nos EUA, que são de opinião que os modelos climáticos vigentes superestimam o efeito relativo dos gases de estufa comparados com os efeitos da luz solar, das cinzas vulcânicas e dos aerossóis embora concluam, que mesmo considerando o factor solar, a maior parte do aquecimento global das últimas décadas é atribuível aos gases de estufa.
Mas há outros pesquisadores mais radicais que diminuem fortemente a importância dos factores antropogénicos no aquecimento global e para eles as medidas para os combater através do Protocolo de Quioto são, não só desnecessárias, como danosas para o desenvolvimento humano.
A recessão dos glaciares e da calote polar do Árctico não são fenómenos recentes. Já ocorrem desde 1800 ou mesmo antes disso e data da mesma altura o aumento da temperatura global a uma taxa constante de 0,5 graus por cada 100 anos que já tinha começado antes do rápido aumento do CO2 iniciado por volta de 1940.
Em resumo, do ponto de vista histórico, não há dúvidas de que ao longo da sua existência de 4,5 biliões de anos, a terra já passou por vários processos de aquecimento e arrefecimento extremos com alternância de climas quentes e frios.
O último episódio de arrefecimente ou glaciação iniciado no Pleistoceno há 1,8 milhões de anos terminou há cerca de 18.000 anos quando a Terra começou de novo a aquecer e continua ainda hoje mas não segundo uma curva contínua.
Neste espaço de 18.000 anos houve avanços e retrocessos causando variações às vezes bruscas de temperaturas em períodos variáveis e neste momento é indispensável que haja um consenso sobre a responsabilidade do comportamento do homem sobre as alterações climáticas de forma a acautelar, tanto quanto possível, o futuro das próximas gerações e essa responsabilidade nunca foi tão grande como é agora porque também, nunca como hoje, se dispôs de tanta informação.
É a sobrevivência de milhões de pessoas num futuro relativamente próximo porque hoje habitam a Terra quase 7 biliões de pessoas quando, em 1950, eram 2,5 e isto representa um tremendo esforço em termos de produção agrícola nomeadamente de arroz para a população asiática.
Embora não haja unanimidade a corrente esmagadoramente maioritária é a dos cientistas que atribuem ao homem responsabilidades directas no aquecimento global e o grande dilema é saber se a geração de pessoas que hoje manda no mundo consegue ultrapassar o natural egoísmo sobre os seus próprios interesses a favor de um melhor legado para as gerações que aí vêm a seguir, mesmo que se parta já com algum atraso.