sábado, maio 07, 2016

Parece não haverem...
Não há alternativas...





















Mais três ou quatro meses e desfazem-se as dúvidas sobre a necessidade, ou não, de medidas adicionais de austeridade para conseguirmos cumprir o Deficit Orçamental imposto por Bruxelas.

Infelizmente, não temos vida própria. Isto, na Europa é um encadeado de dependências e a nossa, pequeninos e frágeis como somos, ainda mais do que qualquer outra.

Mário Centeno, Ministro das Finanças, e Costa, apostaram na hipótese mais favorável, de que iria acontecer uma ligeira melhoria na economia europeia, na alemã, propriamente dito, da qual o nosso país pudesse beneficiar... isto, no domínio dos palpites.

E, de facto, inicialmente, com a chegada dos refugiados que Merkel acolheu, houve um ligeiro despertar da economia, comprovando-se o velho provérbio de que “há males que vêem por bem”, mas agora parece que as coisas voltaram a “serenar”.

Eu ainda não percebi bem porque é que uma palavra de “esperança” que não se concretiza, tem que significar derrota ou insucesso.

No mundo globalizado, com uma China cada vez mais interveniente nas relações económicas mundiais mas que não pode, indefinidamente, crescer a 10 e 8% porque só se renasce uma vez, é quase impossível saber quem, concretamente, é capaz de impulsionar ou travar o mundo sabendo-se que pouco há esperar do continente africano, com o norte em guerra e falência civilizacional e a Sul, com o atraso, a fome e a corrupção conhecidas.

Da Índia nem novas nem mandatos, como se costuma dizer e o Brasil e restantes países da América Sul, mergulhados nos problemas políticos e sociais que lhe são peculiares.

A América do Norte diverte-se com um candidato Republicano que em Novembro vai disputar as eleições com a democrata Hillary Clinton, mas que, para o descanso desta, não passa de uma anedota, no sentido literal do termo.

Há um Acordo Comercial com a Europa que está em negociação, na fase das audições, e que, a realizar-se, incrementará a economia de ambos os blocos mas, daqui até lá, com os interesses que há pelo meio, não me doa a cabeça.

Internamente, Passos Coelho, não é alternativa a ninguém.

Político ressabiado, de pin na lapela do casaco, que ganha as eleições e é corrido do poder, democraticamente, por uma esquerda unida, não representa a social democracia de Balsemão e do falecido Sá Carneiro, que não se revêm nele de forma alguma mas, dadas as dificuldades da situação presente, não se sentem atraídos para a luta política porque, na realidade, não há alternativas à “geringonça” de António Costa.

Parece que estamos todos, no país, na Europa e no mundo, a viver uma situação de impasse de futuro indefinido à espera de que qualquer coisa aconteça.

Estamos tolhidos. Há gente que corta cabeças a pessoas e mostra essas imagens na televisão como um sinal político, vêem a Paris e assassinam, a frio, dezenas de inocentes, em reforço do sinal político de um hipotético Estado Islâmico que, desta forma, quer dominar o mundo, mas não vejo nenhum exército a mobilizar-se, pela simples razão de que ele nem sequer existe numa Europa desarmada.

Em tempos, o “pacifista” Mário Soares, falou nisso e referiu-se até a um imposto que seria pago por todos os europeus para suportar a criação e manutenção desse exército mas, pelos vistos, a Europa não tem Princípios nem Valores que valham a pena defender.

Estão todos acomodados...


Os Religiosos



Cabocla Jurema



Tieta do Agreste

(Jorge Amado)



Episódio Nº 139





















Deixando a cargo de Papai Noel o transbordo de coloridas sacolas do bojo do aparelho para a prefeitura, gratificante tarefa que o capenga Leôncio executa com surpreendente rapidez, o Magnífico Doutor acompanha o jovem funcionário para dois dedos de conversa. Apenas para lhe dizer que o resultado dos estudos realizados até o momento pelos técnicos e peritos em Mangue Seco são extremamente satisfatórios e positivos.

Apesar de regiões mais ricas, mais bem servidas de vias de comunicação e de conforto, mais bem aparelhadas materialmente como Valença no recôncavo, Ilhéus e Itabuna, no sul do Estado, e até mesmo Arembepe, junto à capital, se encontrarem empenhadas na disputa, oferecendo facilidades de toda a ordem para a instalação nos seus limites da magna indústria, as preferências dos empresários tendem a inclinar-se para Agreste. O Magnífico Doutor influi nesse sentido, cativo da beleza e do clima, da gentileza da população.

Impressionado, quase comovido, Ascânio bebe-lhe as palavras de bom presságio e pergunta-lhe se ainda é necessário manter o assunto em reserva. Após a descida do helicóptero com a carga de brindes, vai ser difícil, praticamente impossível, esconder a verdade.

Em dia de francês, o Magnífico concorda:

- Alors, mon cher ami… Pode adiantar que existe a perspectiva de instalar no município, nas vizinhanças da praia de Mangue Seco, das duas fábricas integradas da Brastânio – Indústria Brasileira de Titânio S.A. Mais do que perspectivas, possibilidades concretas.

Explica que todavia a decisão final se encontra na dependência de conclusões e acertos:

- Estamos em fase de estudos, com mais de um local à vista, como já lhe disse. As chances de Agreste, porém, são muito grandes. Personnellement, je suis pour… mas a solução não depende somente de votre serviteur.

Eleva os braços num gesto oratório que lhe enfatiza as palavras grandiloquentes:

- A presença da Brastânio em Agreste transformará o município em poderoso centro industrial, fervilhante de vida, magnifique!

Ascânio reforça a candidatura com a notícia de que daí a alguns dias, um mês no máximo, a electricidade e a força de Paulo Afonso serão inauguradas, postas a serviço da Brastânio. A Prefeitura tinha intenções de organizar uma festa de arromba, para comemorar os novos tempos, mas a pobreza franciscana do município…

O Magnífico Doutor não o deixou terminar, quis detalhes da festa e concretamente o montante da nota de despesas. Naquela mesma manhã, Ascânio fizera e refizera cálculos, traduziu-os timidamente em contos de réis. Para ele alta soma, ninharia desprezível para doutor Mirko Stefano, cujas verbas de relações-públicas para contactos e providências iniciais, em moeda forte, eram praticamente inesgotáveis. Com um gesto liquidou a preocupação principal de Ascânio: o calçamento da rua, despesa maior e indispensável.

- Deixe comigo, mande calçar a rua. A Brastânio se sentirá honrada em colaborar para o maior brilho dos festejos. Passadas as festas do Natal, estarei aqui de novo. Para uma conversa definitiva, para acertarmos nossos relógios e dar o sinal de partida. Assim espero.

Ascânio não sabe se ele fala da instalação da fábrica ou dos preparativos da festa da luz de Tieta:

- De qual partida?

- Da partida para o progresso e a riqueza de Agreste! – A voz cálida, afirmativa, inspira confiança – Quanto à inauguração da luz, a Brastânio se responsabiliza pelo calçamento e concorrerá para as demais despesas, participando da alegria do povo do município e eu farei o possível para estar presente. Servir é o supremo objectivo da Brastânio; servir a pátria. Brasil ubber alles – tratando-se de dinheiro, o Magnífico abandona o diplomático idioma francês por línguas mais concretas: o alemão e o inglês. – Auf Widersehen. Merry Christmas, my dear.

Viagem ao Sol














Três mulheres encontraram-se: Uma russa, uma americana e uma loira (as loiras não têm nacionalidade, são universais e falam todas as línguas). 

A russa diz: 

- Nós as russas, fomos as primeiras mulheres a ir ao espaço! 

A americana: 

- E nós, fomos as primeiras a ir à Lua! 

A loira que não queria ficar atrás disse: 

- E nós, as loiras, não somos, mas seremos no futuro, as primeiras a ir ao Sol! 

Diz a russa: 

- Ao Sol?!!! Mas se forem até ao Sol morrem esturricadas! 

Prontamente a loira responde: 

-Aloooouuu!!!!! Nós vamos de noiteeeeee!!... 

Era assim a Península, em 1130.
A Vitória do 

Imperador


(Domingos Amaral)










Episódio Nº 1



                    










A Profecia da Normanda (1130 - 1131)








Guimarães, Novembro de 1130




O dia acabara de nascer e na lareira do quarto do Castelo de Guimarães crepitavam ainda as brasas quando Chamoa Gomes acordou, ligeiramente incomodada.

Uma sensação de alarme interior agitou-a mas rapidamente a afastou. O corpo quente de Afonso Henriques encontrava-se à sua esquerda, tudo estava bem.

Emocionada, Chamoa, aninhou-se no seu amado que ainda dormia. Haviam sido sete noites fogosas desde que chegara do Mosteiro de Vairão, donde fugira a cavalo, mas finalmente estavam juntos.

Amo-o tanto...

Fechou os olhos e tentou dormir de novo. Não se ouvia vivalma na torre de menagem, a não ser lá em baixo nas cozinhas do castelo, onde a padeira já cirandava junto do forno.

O cheiro do pão fresco chegava-lhe às narinas, mas não lhe deu fome, pelo contrário, estava enjoada. Revirou-se na cama tentando não acordar o príncipe de Portugal, enquanto o olhava demoradamente.

Tal como muitos outros portucalenses, ele adoptara os costumes de Bizâncio, apresentava uma barba e um cabelo longos, que quase o faziam bonito, e ela suspirou.

O meu gigante...

Tinham sofrido tanto... As permanentes desavenças só há uma semana se haviam extinguido. Chamoa deixara finalmente o mosteiro onde se fechara durante mais de um ano, Afonso Henriques perdoar-lhe as falhas e o reencontro dera-se em Guimarães, naquela cama onde celebraram, por fim, a consumação de um amor sempre tórrido, mas tanto tempo massacrado pelas determinações do orgulho e da política.

Só o perdão genuíno e a crença num futuro conjunto os podia unir. Ainda angustiada com o estranho pressentimento de que o podia perder de novo, abraçou-o mais, abraçou-o tanto que ele acordou, estremunhado.

O príncipe sorriu e ergueu o braço, passando-o sobre a sua cabeça, pousando-o por fim nas suas costas. Chamoa entrelaçou as suas pernas nas dele, entusiasmada. Queria-o sempre mais.

Amavam-se duas, três vezes por dia, para recuperar o tempo perdido.

Vinde para dentro de mim.

sexta-feira, maio 06, 2016

Num imenso Brasil...
Tudo Passa...

num imenso 

Brasil













O Brasil, é um assunto para brasileiros, Angola, assunto para angolanos, e Portugal para portugueses.

Cada um revolve-se nas suas próprias tripas, suporta as suas cólicas, amanha-se com os seus problemas, sofre-lhes as consequências, vive com elas, mas o mundo é pequeno e, no fundo, todos somos vizinhos e... bisbilhoteiros.

As minhas fraquezas cruzam-se com as dos outros homens porque eles são, em si, uma inesgotável fonte de fraquezas.

Diariamente leio no meu jornal a sucessão de peripécias da política brasileira, onde Dilma Rousseff, para além da sua falta de jeito para governar, é das poucas pessoas da área do poder que ainda não tem nenhuma acusação quer seja do âmbito do “mensalão” ou do “petrolão” , o que, realmente, é notável.

Não gosto do seu “ar de Marechala” mas admiro-a por ser uma “velha” lutadora de pareceria com o seu colega de lutas, Lula da Silva.

Suspeitas e demissões sucedem-se a um ritmo alucinante e creio que os brasileiros ou já não ligam nada àquilo ou divertem-se muito...

Uma empresa Pública que explorava petrólio no Rio de Janeiro quando ele estava a cem dólares o barril, era uma tentação demasiado grande como o foram os Fundos Comunitários a entrarem em Portugal há uns atrás.

Por isso, o dinheiro circulou pela área do poder para que todos pudessem ser um pouco felizes.

O povo, verdadeiro destinatário destas riquezas, já se sabe, passa ao largo. As desigualdades são mais que muitas, o país, quase do tamanho do continente, muito grande: o Sul, Centro, Norte, Interior e Litoral, mas, maravilha das maravilhas, todos se sentem apaixonadamente brasileiros, unidos pelo sentimento e por aquela bandeira de fundo verde, amarela e azul, à qual se abraçam nos alegres e tristes momentos.

Tudo se vai resolver, provavelmente com novas eleições, tudo menos coronéis, porque o povo é sereno, como dizia o nosso Almirante Pinheiro de Azevedo, no “Verão Quente” de 1975, e a liberdade um bem precioso.

Os Jogos Olímpicos vêm já aí em Agosto para mobilizarem  as atenções e tudo vai acabar em festejos e abraços!

Arca de Noé e os Dinossauros



O Corretor de Orgãos...



Tieta do Agreste
(Jorge Amado)


EPISÓDIO Nº 138






















Para a declaração, Ascânio espera contar com a boa vontade da madrasta, de coração abrandado pelas homenagens que lhe serão prestadas nas festas. Um dos itens do projecto elaborado por Ascânio manda baptizar com o nome da filha pródiga a via da entrada da cidade pela qual chega e parte a marinete de Jairo e por onde ingressarão igualmente os fios do progresso, a Luz de Tieta, na consagração do povo. Denominado Caminho da Lama, desde tempo imemoráveis, será rua Dona Antonieta Esteves Cantarelli (cidadã benemérita).

A placa já encomendada na Bahia, antes mesmo dos vereadores tomarem conhecimento do plano: existirá alguém tão ingrato a ponto de opor-se? Desta vez, Ascânio não esqueceu o Esteves, exigido por dona Perpétua e pelo Velho, insolente e cheio de si. Mas o dinheiro para o banquete, o baile, a música, as bandeirolas nas ruas, as faixas, os fogos?

Para as pedras do calçamento? Quem poderia ajudar o financiamento da festa, concorrendo com os gastos, se por ali aparecesse, seria o doutor Mirko Stefano, empresário interessado em erguer uma grande indústria nas imediações de Mangue Seco, representante legítimo do progresso.

Após a conferência expôs planos e exibiu plantas, o ilustre paredro ficara de voltar em breves dias. A esperança de Ascânio reside naquela empolgante figura: para o doutor Mirko nada parece difícil, lembra um génio das histórias de mil e uma noites, saído da lâmpada de Aladim. Ah! se ele se manifestasse de repente…

E eis que de repente ele se manifesta, génio risonho e todo -poderoso, baixando dos céus em companhia de papai Noel. A imponente nave sobrevoa a Prefeitura, a Matiz, o jardim: visão alucinante, espantoso barulho, até então desconhecidos aos olhos e ouvidos tacanhos do povo do Agreste.

Sol forte e brisa amena, vinda do mar atlântico, um dia aprazível, típico do verão sertanejo. A cidade parece adormecida quando, pelo meio da manhã, o ruído surge e cresce, insólito, e Peto atravessa a rua, os olhos postos no alto, reconhecendo e proclamando o helicóptero, máquina nunca enxergada antes em Agreste mas numerosas vezes admirada por Peto nas revistas que dona Carmosina lhe permite folhear na Agência dos Correios. Comerciantes aparecem nas portas das lojas.

No bar deserto, seu Manuel suspende a desagradável tarefa da lavagem dos copos, espia e exclama: que os pariu! Ascânio surpreendido pelo barulho assustador, abandona papel, lápis e devaneio, chega à janela e assiste ao pouso do aparelho no centro da praça, entre a Prefeitura e a Matriz. Padre Mariano acolitado por beatas que se benzem apavoradas, mostra-se no alto da escada que conduz ao adro.

Do helicóptero, cujos motores continuam a trabalhar, as hélices rodando lentamente para admiração dos primeiros curiosos abobados, desembarcam o Magnífico Doutor, desportivamente vestido de calça jean e colorida camisa da praia do Havai, com mulheres sensuais e flores exóticas, e o próprio Papai Noel, o mais belo de quantos existiram pois quem porta as barbas brancas e enverga roupa vermelha não é outra senão a figura eficiente, executiva e excitante da nossa conhecida e apreciada Elizabeth Valadares, Bety para os colegas, bebé para os íntimos.

Uma secretária realmente competente é para toda a obra e em vésperas de Natal se transforma, se necessário, em Papai Noel, sob a direcção do inventivo génio da lâmpada de titânio, o Magnífico Doutor.

Ascânio, ao enxergar o helicóptero, Papai Noel e o doutor Mirko indicando ao embasbacado Leôncio a carga no interior do aparelho, não contem um grito de entusiasmo, um sonoro viva! O Magnífico Doutor suspende a vista, acena com as mãos para o Secretário da Prefeitura.

Fiz questão de trazer pessoalmente os brindes de Natal para as crianças pobres – explica o mago, apertando calorosamente as mãos de Ascânio que desceu a escada de quatro em quatro para receber e saudar os visitantes.

 VÁRIOS TIPOS

 DE CORNO ...










CORNO DESCONFIADO  

Um sujeito chega a casa, abre a porta e encontra a mulher de rabo pró ar a limpar o chão... e ela está vestida apenas com um avental !
O traseiro nu e balançado deixa-o excitado e ele nem hesita : baixa as calças e pimba ali mesmo ! De seguida, dá uma surra na mulher.
Ela fica revoltada :
- Tás maluco ou quê ? Deixo-te comer sem dizer nada e ainda me bates ? Posso saber ao menos porquê ?
Ele olha-a com ar zangado e responde :
- Nem te viraste para ver quem era !

CORNO INGÉNUO 

Ao chegar mais cedo a casa, o marido encontrou a mulher na cama, nua e ofegante.
- O que foi, querida ? Não estás bem ?
- É um ataque do coração !
Ao ouvir isso, o marido correu feito louco ao telefone para chamar a ambulância. Enquanto tentava ligar, o filho chegou perto e disse :
- Pai, está um homem nu na casa de banho.
Ele foi até lá, abriu a porta e deu de cara com o melhor amigo ! Ficou indignado :
- Pelo amor de Deus, Ricardo. A Fátima a ter um enfarte e tu aí em pelota a assustar as crianças !

CORNO PRAGMÁTICO 

Ele chega de surpresa e encontra a mulher na cama com outro ! O marido nem quis saber de nada, sacou logo do revólver.
- Por amor de Deus ! - Interrompeu a mulher. - Então não sabes quem pagou aquela dívida do banco ? E o apartamento na praia ? E o carro novo ?
- Por acaso foi você ? - Perguntou o marido dirigindo-se ao outro.
- Fui eu mesmo ! - Concordou o amante.
- Então, faça o favor de se tapar, que eu não quero ninguém constipado na minha cama !

CORNO INVISÍVEL 

Ele chega mais cedo do trabalho e encontra a mulher na cama com o seu melhor amigo :
- Sandra ! Ricardo ! Como foram capazes de me fazer uma coisa dessas ? Tu, Sandra, a quem sempre fui fiel durante todos estes anos. E tu, Ricardo, a quem ajudei nos momentos mais difíceis e... VOCÊS NÃO SE IMPORTAM DE PARAR E PRESTAR ATENÇÃO AO QUE ESTOU A DIZER ???

Só falta
O CORNO CHURRASCO... 
– é aquele que põe as mãos no lume pela mulher…


Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)


Último episódio Nº 258




















Príncipe – devíamos ir para Sul, partir já, antes que eles nos roubem a relíquia!

Ao olhar para o meu amigo, reparei que ele estava fascinado com Chamoa. Admirava-a em silêncio, como se ela fosse o seu ídolo e estivesse novamente enamorado pela sua formosura, pela sua graciosidade, pelos seus olhos de corça.

Já desinteressado das minhas palavras, ouvi-o declarar:

 - Vós sois o meu tesouro, Chamoa.

Reaproximando-se dela, o príncipe abraçou-a e disse:

- Finalmente, sois minha.

Minha esposa Maria fez-me um sinal com o olhar, e depois a Gonçalo, sugerindo que nos retirássemos, e assim fizemos, deixando Chamoa e Afonso Henriques sozinhos. Nesse momento ela olhou-o e perguntou:

 - Perdoais-me?

O príncipe beijou-lhe as mãos e retorquiu:

 - E vós, estais disposta a esquecer o mal que eu vos fiz?

Mais serena, Chamoa encostou a cabeça ao peito dele, dizendo:

- Já sofremos demais, agora é tempo de ficarmos juntos.

Então, Afonso Henriques beijou-a na boca, enamorado e assim ficaram algum tempo, sorrindo um ao outro, até que Chamoa franziu a testa e o interrogou:

 - E a outra está por cá?

O príncipe esclareceu-a: Elvira estava em Lanhoso, com as irmãs dele, e prometeu que não voltaria a chamar.

Quero amar-vos só a vós e a mais ninguém.

Chamoa sorriu, agradada, e depois o príncipe pegou nela ao colo, e carregou-a pelas escadas da torre de menagem até aos seus aposentos.

Nessa noite, os dois amaram-se pela primeira vez com fervor e sem pressas, apaixonados e felizes.



Lembro-me de que, para mim e para minha esposa Maria, a merecida felicidade que finalmente existia entre Chamoa e Afonso Henriques, parecia ser a única coisa que nos interessava naquele dia, fazendo-nos esquecer que, à nossa volta, se estava a formar uma tempestade colossal.

A aliança entre o Trava, o arcebispo Gelmires e o rei Afonso VII iria fustigar-nos a Norte; enquanto, no Sul o talento bélico de Abu Zakaria, e a sua permanente vontade de resgatar Fátima e Zaida se juntaria às maldições da bruxa Sohba para nos causar violentos estragos.

Além disso, era óbvio que em Coimbra, alguém se tinha apoderado do punhal de Paio Soares, podendo já saber o local do esconderijo da relíquia da Terra Santa.

Mas, ali em Guimarães, estávamos tão felizes com a harmonia daqueles dois, que tanto amávamos, que nem nos demos conta de que as Portas do Inferno se estavam a abrir, e de o reino de Portugal iria entrar por elas nos anos seguintes.


                    FIM DA 1ª PARTE




Continua em:

A VITÓRIA DO IMPERADOR








quarta-feira, maio 04, 2016

O Presidente dos afectos 
A Felicidade

 do 

Presidente...














Marcelo e Passos nunca gostaram um do outro, embora da mesma área política. Marcelo é feliz como Presidente da República, Passos não aprecia essa felicidade.

À simpatia espontânea de um, há muito instalada nas nossas casas a quando dos seus comentários aos Domingos à noite, durante anos, contrapõe-se a antipatia de Passos.

Talvez eu seja injusto, mas não está na minha mão! Não posso com este político e ainda hoje estou para perceber, não fora a conhecida costela masoquista dos portugueses, como é que eles lhe deram tantos votos... só podem ter sido os truques dos brasileiros que o assessoraram nas eleições que ganhou...

A sua pose sobranceira, o sorriso cínico, o pretensioso “pin” na lapela do casaco, ele é, para mim, o oposto de Marcelo, uma espécie de “comunidade dos desafectos”.

Não se trata, propriamente, de profundas e graves divergências políticas. Maiores eram as que eu tinha com Salazar e, pessoalmente, nunca antipatizei com o senhor.

Quando, em 2011, assume a liderança do país, depois daquela espécie de banca-rota do Sócrates, eu não tinha dúvidas nenhumas de que nos esperavam sacrifícios mas, o que nunca lhe perdoarei, foi ter culpado os portugueses da situação a que tínhamos chegado, e aplicasse as medidas políticas que entendeu dever tomar, com o prazer sádico de um merecido castigo.

Este homem não merece nem estima nem consideração porque se apresenta à sociedade como se nós, cidadãos, não estivéssemos à altura dele, sem que percebamos de onde lhe vem essa superioridade...

Há ali um misto de sublime  desprezo no seu pessimismo a tudo quanto sejam metas do governo de António Costa.

Consciente e senhor do seu estilo, “troça” da felicidade do Presidente Marcelo porque percebe, que ao“fel” que destila, aquele oferece “mel” à população na forma de um sorriso aberto e de uma palavra de esperança.

Os políticos que não conseguem, ou não querem, fazer-se amar estão condenados a agradar apenas a um sector da sociedade que nasceu zangada com a vida (dos outros), e para quem um chefe que não usa o chicote não presta para liderar.

Lembram-se do Guterres, acusado de não usar chicote, um dos portugueses mais inteligentes da sua geração que ameaça agora vir a ser, por mérito próprio, “só”, Secretário Geral da ONU, motivo de orgulho nosso, mas que não mereceu a confiança do país que lhe abriu as portas para o mundo, depois o terem colocado, cá dentro, num pântano político.

Ficámos com o Sócrates e o Passos, brilhantes alternativas, muito mais ao nosso gosto, um por trafulha, outro porque nos ameaça com as reguadas da antiga escola primária...

O Passos, que nunca gostou do Marcelo, detesta que ele seja um Presidente feliz... porque, no fundo, ele sabe que nunca será um político querido e consensual como ele... mas não perde a esperança, talvez tudo corra mal ao Costa e ao país e o tragam ainda outra vez em ombros... lagarto lagarto, lagarto!

Gennady Tkachenko-Papizh (Ucraniano)


Um recital de sons maravilhosos, sem truques, apenas o seu aparelho bocal e o nariz. Ele é o mais recente sucesso do You Tube. Já experimentou de tudo: ópera, comediante, mimo e actor. Será agora que ele vai conseguir ser famoso? No ano passado foi ao Got Talent da Georgia e, quando chegou ao palco disse: -  "Vamos tentar sentir o que a mãe natureza nos diz"´, mas não ganhou... Hoje, com 70 milhões de visualizações no You Tube já é, finalmente, famoso com direito a um artigo no The New York Times. Vai agora gravar um disco em Londres. 



Tieta do Agreste
(Jorge Amado)




EPISÓDIO Nº 137
























DE COMO PELA PRIMEIRA VEZ PAPAI NOEL DESCEU EM AGRESTE


Sentado à mesa de despachos do prefeito, Ascânio Trindade estuda o programa de festejos da inauguração da luz da Hidrelétrica, a ser apresentada à Câmara Municipal para a devida aprovação, em sessão próxima. Cabos e fios devem chegar a Agreste dentro de um mês, mais ou menos, segundo o cálculo dos engenheiros.

Ascânio pretende celebração à altura do evento – os postes de Paulo Afonso representam o primeiro, histórico passo do município no caminho de volta à prosperidade. Quem sabe, além dos engenheiros, comparecerá algum director da Companhia do Vale de São Francisco, um bam-bam-bam da política, do governo federal?

Primeiro passo também na afirmação pública do jovem administrador, futuro prefeito, subindo o degrau inicial de uma carreira fulgurante. Festa similar àquelas antigas, quando se deslocavam para agreste caravanas de ricaços e de políticos, vinham autoridades da Capital: discursos, banquetes, bailes, foguetórios, o povo dançando na rua.

Onde buscar dinheiro para tamanha despesa? Vazios, como sempre, os cofres da Prefeitura, Ascânio deve sair mais uma vez rua afora, de lista em punho, a solicitar contribuições. Fazendeiro, criador de cabras, plantador de mandioca e milho, Presidente da Câmara Municipal, indiscutível dono da terra há mais de cinquenta anos, o coronel Artur de Figueiredo encabeça todas as listas, seguido por Modesto Pires, cidadão ricaço e praça pública. Únicos donativos dignos de consideração, os demais revelam apenas a pobreza do comércio, a decadência da comuna.

Ascânio, porém, deseja e há-de marcar com inesquecíveis comemorações a noite em que a luz ofuscante da Hidrelétrica de Paulo Afonso substituir a mortiça electricidade do fatigado motor inaugurado por seu avô quando Intendente. Talvez possa, finalmente, em meio à alegria e entusiasmo, declarar-se à bela Leonora Cantarelli, pedindo-lhe a mão em casamento, noivo oficial.

Desde o regresso de Rocinha, quando, no lombo do cavalo, amargou a notícia comunicada por dona Carmosina e digeriu o hímen da paulista, Ascânio vive em permanente exaltação. Calcado o preconceito, reduzido a dormente espinho, a mau pensamento afastado de imediato todas as vezes em que nele reincide, a paixão crescera em incontornável ternura pela inocente vítima do monstruoso sedutor.

Crescera também a intimidade dos namorados, em repetidos e prolongados beijos, na chegada e na despedida. Acendendo o desejo, dando ao amor dimensão nova e maior.

O que deve fazer um

homem casado depois da missa?













O esposo regressa da missa, entra em casa a correr e dirige-se à esposa com invulgar alegria.

 Abraça-a, levanta-a ternamente nos braços e vai dançando com ela suspensa no ar, à volta de cada móvel de casa.

Pergunta a esposa, bastante admirada com o gesto:

- O que foi que disse hoje o padre no sermão? Será que disse que os maridos devem ser mais carinhosos com as suas esposas?

Responde o marido, radiante:

- Não, amor. O padre disse que temos que carregar a nossa cruz com alegria redobrada...

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)

Episódio Nº 257




















Enervado, perguntei à minha cunhada:

- Paio Soares não vos revelou o nome do tal padre?

- Ele garantiu-nos que nunca o marido lhe dissera quem era o terceiro homem, o que levou Gonçalo à questão seguinte:

 - E como se chama a povoação romana em ruínas?

Chamoa que não dominava o latim, hesitou:

- Selltidum... julgo que era essa a palavra. Nunca vi o punhal onde meu marido o gravou, foi-lhe roubado em Viseu, na Páscoa que todos lá passámos.

Afonso Henriques sorriu ao recordar aqueles dias, e depois contou-lhe que o punhal reaparecera nas mãos de um templário chamado Rato, que o roubara a Paio Soares em Viseu, e com ele ficara até à tarde fatídica em que Zulmira fora degolada pelo assassin.

Tinha sido o príncipe que arrancara o punhal da mão do Rato e o atirara à garganta do assassin, matando-o.

Suspirando, Afonso Henriques, relembrou que a arma de Paio Soares desaparecera novamente, na confusão do barracão de Mem, no meio daquele banho de sangue terrível.

Não mais fora encontrado, apesar das aturadas buscas realizadas por Ramiro.

- Meu Deus... Quem tiver o punhal do meu marido pode descobrir a relíquia! – afligiu-se Chamoa.

Sentia-se fortemente culpada. Por causa da sua inconfidência ao primo Mem Tougues, Fernão Peres, o arcebispo Gelmires e mesmo Afonso VII podiam encontrar aquele poderoso símbolo religioso e vencer a guerra contra Afonso Henriques e os portucalenses.

Amargurada Chamoa escondeu a cara com as mãos, choramingando, mas o príncipe aproximou-se dela, fez-lhe uma festa carinhosa e disse:

 - É bom ter-vos a meu lado. O resto não interessa.

Olhando para a rapariga acrescentou:

 - Temos tempo para procurar o punhal em Coimbra. Ou para descer o Nabão e descobrir essas ruínas onde meu pai foi antes de morrer.

Contudo, nem eu nem Gonçalo, estávamos tão certos disso.

O Trava levava-nos vantagem, e o arcebispo Gelmires, que sempre fora um arrebatador de relíquias, não iria perder a oportunidade para deitar a mão a mais um tesouro, ainda por cima, podendo satisfazer os caprichos imperiais de Afonso VII.

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