sábado, junho 05, 2010

VÍDEOS

Um grande momento de ilusionismo...

CANÇÕES ITALIANAS

BOBY SOLO - QUESTA VOLTA (1966)
(..."eu sei, não acreditas em mim mas verás, tu verás , eu sei desta vez não terminará"...) parece que as raparigas não tinham grande confiança nele...

CANÇÕES FRANCESAS

SALVATORE ADAMO - VIENS MA BRUNE (1965)
sejamos sinceros... Adamo foi o nosso cantor romântico dos anos sessenta... "viens ma brune" é apenas mais uma de um reportório de canções concebidas para nos fazer sonhar... o que não era difícil naqueles anos...

CANÇÕES BRASILEIRAS

MARIA BETÂNIA/GAL COSTA - SONHO MEU
(uma linda melodia nas vozes das grandes Maria Betânia e Gal Costa.)

CANÇÔES PORTUGUESAS
PAULO CARVALHO - SÁBADO À TARDE
...coisa mais bonita ... já nem me lembrava... música, poema, voz...)

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

THE RIGHTEOUS BROTHERS - UNCHAINED MELODY
(uma estação de rádio terá dito que esta era a maior canção dos "velhos tempos", anos 70.
... por mim, tem o meu voto)

DONA
FLOR
E SEUS
DOIS

MARIDOS


EPISÓDIO Nº 138



Quanto a dona Flor, nem parecia a mesma; ria sem controle nem piedade do velho gaiteiro aos tropeços pela roda da ciranda, tentando ainda assim roubar-lhe, do véu de noiva, as flores virginais da laranjeira. Bela morena no maior deboche, dona flor, com outra umbigada terminou de vez e para sempre as pretensões do professor ao seu cabaço.

Pois retornara dona Flor à virgindade, perdendo, porém, ao mesmo tempo, o recato e a pudicícia. Toda em branco e em rendas, filos e tafetás, na pureza do véu e da grinalda – com a saia longa e esvoaçante do vestido nupcial envolvia a ciranda inteira a prender os candidatos em seu rastro de ofertante, em seu odor de donzelice.

Com ânsia e pressa, dona Flor se propunha em casamento, a todos eles e a cada um se exibindo, como se fosse donzela já nas vascas da agonia, sem esperança de casório. Ia de marmanjo em marmanjo, convidando-os a dançar com ela na roda da ciranda, na cirandinha a cirandar em desafio e repto; qual deles capaz de lhe arrebatar as flores de laranja e a virgindade, desfolhando a grinalda e dona Flor? Com papéis de casamento, é claro, moça donzela não vai dando os três vinténs assim, sem mais nem menos.

Reptava-os com seu canto de convite e os retava com sua dança de frete, a rebolar as ancas, os quadris e o busto, em meneios lascivos de rameira, trazendo-os um a um ao centro da roda com umbigadas, como a mais oferecida das mulheres fáceis. Cínica, debochada, oferecida, tão oferecida e puta de dar nojo e pena.

Na pança de Mamede esfregando umbigo e bunda, ela a conduziu de par e cavalheiro e ele dançava no saracoteio muito do saído e inesperado em senhor tão sério. Numa das mãos um velho candelabro, na outra um penico de louça de Macau com paisagem azul de campo inglês e apenas uma invisível rachadura, peça perfeita, assim como de prata o candelabro. Barganhava as duas pela virgindade à venda, exigindo pequena volta tão-somente, alguns mil-réis, uns quatro centos e cinquenta. Como alcançar, porém, as flores se tinha as mãos ocupadas com seus bens antigos? Dona Flor dançava em torno dele, se achegando, roçando-lhe a barriga de antiquário, levantando-lhe a poeira secular dona Flor perdida em riso e zombaria.

Seu Raimundo de Oliveira até era maneiro e jeitoso para a dança. Seu dote: um cortejo de profetas, a Bíblia, santos velhos e modernos, além de animais sagrados, o jumento e os peixes; e como bonificação, as onze mil virgens com o desfalque apenas de umas três ou quatro dadas de presente a seu Alfredo, santeiro no Cabeça, e seu patrão. As demais todas intactas e perfeitas, seu Raimundo recusara por elas altas ofertas em metal sonante, de Mário Cravo, do arquitecto Lev, do engenheiro Adauto Lima, todos em busca de boas secretárias. Se possuía seu Raimundo tantas virgens, por que diabo mais uma procurava? Apetite desmedido ou interesse escuso? É assim tão grande seu castelo com tamanha freguesia? “Meu castelo é o céu, oh! dona Flor, e só quero um ósculo depositar em vossa boca de pitanga, sou um pecador antigo, venho do Velho Testamento e vou direito para o Apocalipse”. Pois vá correndo lhe disse dona Flor.

Chocolate Tobblerone


O padre Dinis era novo na freguesia, tendo substituído o velho padre Eustácio.

Estava o padre Dinis uma bela tarde no confessionário, quando surge um jovem para se confessar:

- Senhor padre, vinha-me confessar...

- Diz lá, rapaz, que pecado cometeste?

- Ai, senhor padre, ontem à noite estive a sós com a minha namorada e...

- Sim, vá lá. E...

- E depois, tive relações sexuais com ela.

- Mas ter relações sexuais não é pecado.

- Mas... senhor padre... é que meti o pénis no ânus da minha namorada.
Queria que me desse a punição.

O padre Dinis fica atrapalhado, mas grita para a sacristia:

- Ó sacristão, o que é que o padre Eustácio dava pela prática de sexo anal?

- Dava-me um chocolate Tobblerone, senhor padre...


Anedota do Mês!


Duas gajas boas, mesmo boas, mesmo muito boas, resolveram brincar com um velhinho com mais de 80 anos.

Aproximaram-se e disseram-lhe:

- Ó velhinho, diz-nos uma coisa. O que é que fazias com duas gajas tão boas como nós?

- Com as duas, não fazia nada. Mas com mais quatro ou cinco como vós, abria uma casa de putas!


Um médico, em Dublin, queria
descansar e foi pescar




Então aproximou-se do seu assistente e disse-lhe:
- Murphy, amanhã vou caçar e não quero fechar a clínica. Acha que consegue cuidar dela e de todos os pacientes?
- Sim, senhor! – respondeu Murphy.
O médico foi pescar e voltou no dia seguinte.

- Então, Murphy, como correu o dia?
- Cuidei de três pacientes. O primeiro tinha uma dor de cabeça e, então, eu dei-lhe paracetamol.
- Bravo, meu rapaz .

- E o segundo? - perguntou o médico.
- O segundo teve indigestão e eu dei-lhe Guronsan- informou Murphy.
- Bravo, bravo! Você é bom nisso…


E o terceiro? - perguntou o médico.


- Bom, doutor, eu estava sentado aqui e, de repente, abriu-se a porta e entrou uma linda mulher. Ela arrancou a roupa, despiu tudo, incluindo o sutiã e as cuequinhas. Depois deitou-se sobre a marquesa, abriu as pernas e gritou: «AJUDE-ME, pelo amor de Deus! Há cinco anos que eu não vejo homem!''

- Nossa Senhora, Murphy, o que é que você fez? - perguntou o médico.

- Eu pus-lhe gotas de Visadron nos olhos, doutor!


As melhores frases dos piores
alunos...


- O Convento dos Capuchos foi construído no céculo 16 mas só no céculo 17 foi levado definitivamente para o alto do monte.* (claro! Com o peso demorou 100 anos para subir o monte !!!)

- A História divide-se em 4: Antiga, Média, Momentânea e Futura, a mais estudada hoje* (a Futura é particularmente estudada pela "Maya" certamente)

- O metro é a décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre e para o cálculo dar certo arredondaram a Terra! * (Ups! Até eu me vi atrapalhada para fazer o cálculo. Imaginação tem ele... vai ser matemático de certeza, Portugal precisa de matemáticos com imaginação)

- Quando o olho vê, não sabe o que está a ver, então ele amanda uma foto eléctrica para o cérebro que lhe explica o que está a ver.*(nada mal pensado. Somos uma máquina fotográfica em potência e em funcionamento contínuo)

- O nosso sangue divide-se em glóbulos brancos, glóbulos vermelhos e até verdes! * (acho que faltam os Azuis!!Ah, mas esses com o apito dourado andam em fuga)

- Nas olimpíadas a competição é tanta que só cinco atletas chegam entre os dez primeiros.* (entende-se agora a prestação de Portugal nos jogos olimpicos!!! )

- O piloto que atravessa a barreira do som nem percebe, porque não ouve mais nada.* (claríssimo!! Se passou a barreira o som quando chega já ele passou, por isso não o ouve. Será?)

- O teste do carbono 14 permite-nos saber se antigamente alguém morreu.* (Assim de momento acho que hoje em dia basta verificar se o coração parou ou se respira... quer dizer... digo eu... mas pelo sim pelo não que se faça o teste do carbono 14, se os gajos do CSI descobrem uiui)

- O pai de D. Pedro II era D. Pedro I, e de D. Pedro I era D. Pedro 0 (E antes foi o Pedro -1, já agora)

- Em 2020 a caixa de previdência já não tem dinheiro para pagar aos reformados, graças à quantidade de velhos que não querem morrer.* (São uns chatos os velhos! Se o Socras topa o "jogo" deles...)

- O verme conhecido como solitária é um molusco que mora no interior, mas que está muito sozinho.* ("tadinho", espero que não tenha medo do escuro ou das trovoadas, não merece tanto sofrimento)

- Na segunda guerra mundial toda a Europa foi vítima da barbie! (Queria dizer, decerto, barbárie! Ainda não existia os Morangos com Açucar... ai então é que seria lindo, não era a barbie que levava a melhor não!)

- O hipopótamo comanda o sistema digestivo e o hipotálamo é um bicho muito perigoso.* (nem sei que diga... se a protecção dos animais descobre estamos todos tramados)

- A Terra vira-se nela mesma, e esse difícil movimento chama-se arrotação.* (não consigo encontrar melhor definição)

- Lenini e Stalone eram grandes figuras do comunismo na Rússia.* (exactamente, principalmente o Stalone)

- Uma tonelada pesa pelo menos 100Kg de chumbo.* (Diabos me levem...!!!)

- A fundação do Titanic serve para mostrar a agressividade dos ice-bergs.* (claro, nem a experiência podia ter sido feita de maneira diferente; tinha de ser usado um dos animais mais agressivos que se conhece)

- Para fazer uma divisão basta multiplicar subtraindo.* (atenção, não tentem fazer isto em casa, pode ser perigoso... pelo menos complicado é! Pelo sim pelo não peçam esclarecimentos ao futuro professor catedrático de análise matemática)

- A água tem uma cor inodora. (pois... eu também gosto muito dessa cor)

- O telescópio é um tubo que nos permite ver televisão de muito longe.* (o tipo deve ser "espião" da vizinhança, sinceramente. . já ninguém quer aderir ao MEO... anda tudo a "chular" os vizinhos. Será que com o telescópio conseguiu ver a grande penalidade fora da área?!)

- O sul foi posto debaixo do norte por ser mais cómodo.* (obviamente que sim. Tinha algum jeito o contrário, e aposto que foi um alentejano que teve essa brilhante ideia)

- Os rios podem escolher desembocar no mar ou na montanha.* (é isso! Ao nascerem podem escolher... viva a liberdade de escolha!)

- Os escravos dos romanos eram fabricados em África, mas não eram de boa qualidade. (Racista... só os fabricados na China é que são bons não?!)

- A baleia é um peixe mamífero encontrado em abundância nos nossos rios. (todos os dias me cruzo com baleias ao atravessar o rio, é tão giro)

- Newton foi um grande ginecologista e obstetra europeu que regulamentou a lei da gravidez e estudou os ciclos de Ogino-Knaus. (Não consigo ter palavras, nem quero pensar o que diria ele sobre a actual lei do aborto)

- Ao princípio os índios eram muito atrasados mas com o tempo foram-se sifilizando. (tal qual como quem escreveu, isto digo eu... cheia de esperança!!)

- A Terra é um dos planetas mais conhecidos e habitados do mundo.* (questão para se perguntar... quantos planetas tem o mundo?)

- A Latitude é um circo que passa por o Equador, dos zero aos 90º.* (os "circos" deste são mais pequenos que o habitual, mas está bem, é uma opinião a ser estudada!!)

*Caudal de um rio, é quando um rio vai andando e deixa um bocadinho para trás!* (é claro. Caso contrário ficava vazio depois de passar. Deve ser uma forma de o encontrarem)

*Princípio de Arquimedes: qualquer corpo mergulhado na água, sai completamente molhado. * (aí não há dúvida nenhuma)


sexta-feira, junho 04, 2010

O que acontece quando os músicos se passam..

ANGOLANA TOCANDO GUITARRA

Repare-se na mão esquerda. Onde teria ela tirado o curso de guitarra...



ENTREVISTAS

FICCIONADAS COM

JESUS CRISTO


Entrevista Nº 22


Tema – Multiplicação dos Pães e dos Peixes?


Raquel – Deslocámos a nossa unidade móvel até onde foi, noutros tempos, Batsaida, uma pequena aldeia a norte do lago da Galileia. Aqui, J.Cristo, fez um dos seus milagres mais badalados: a multiplicação dos pães e dos peixes.

E ao nosso lado, o mesmo J. Cristo, para nos contar o que ocorreu nesse dia. Ainda que tenha passado muito tempo, o senhor recorda-se bem.

Jesus – Claro que me recordo. Os nossos companheiros de movimento atravessaram o lago até esta margem para falarmos com tranquilidade.

Raquel – Mas havia gente esperando-o aqui?

Jesus – Sim, muita gente, com vontade de perguntar, de falar, de unir esforços. Tanta gente e tanto entusiasmo que eu nem dei pelo tempo e a língua me fugiu.

Raquel – Por que dizes isso?

Jesus – Porque me pus a falar, a falar e fez-se noite sem que tivéssemos comido.

Raquel – Não podiam comprar qualquer coisa nos arredores?

Jesus – Comprar, como? Estávamos no campo, um descampado. Julgas que por aquelas paragens havia lojas como agora?

Raquel – E aí foi quando o senhor fez o milagre.

Jesus – Bem, na realidade o milagre não o fiz eu.

Raquel – E quem o fez então?

Jesus – Tu sabes como os camponeses são desconfiados, não é verdade? Na minha terra ninguém saía de casa sem levar um alforge com comida para o caminho mas, se há muita gente à volta ninguém tira o que trás com medo que os outros o cobicem e não chegue para eles.

Raquel – E que fez o senhor?

Jesus – Eu disse-lhes: irmãos e irmãs. Tirem para fora o que trazem debaixo da túnica, ponham-no aqui, no centro, não se preocupem. Um rapaz foi o primeiro a perder o medo e a ganhar confiança. Acercou-se com cinco pães de cevada e dois peixes.

Raquel – E então?

Jesus – Uma mulher já de idade tirou umas tâmaras que levava guardadas e outro pôs queijo e azeitonas e outro mais pães… Julgas que alguém resistiu … não acreditas mas no fim todos comeram e ninguém ficou com fome.

Raquel – E isso foi tudo? Não houve milagre?

Jesus – Claro que foi. Não te parece que seja um milagre repartirmos com os outros aquilo que temos?.. Esse é o maior dos milagres!...

Raquel – Parece que o que está escrito é coisa bem distinta daquela que nos conta agora. Os quatro Evangelhos coincidem dizendo que o senhor deu de comer a cinco mil pessoas e com as sobras ainda encheram doze cabazes.

Jesus – Bem, ali ninguém contou nem pessoas nem cabazes e já te disse que os meus conterrâneos eram bastante exagerados… mas é verdade que ninguém ficou com fome.

Raquel – Então… o senhor não multiplicou nada?

Jesus – Não, naquele dia, somamos. Entre todos, somamos. Que imaginavas tu? Um mágico tirando pães e peixes de um cesto? Esses truques sabiam-nos fazer os samaritanos, que encantavam serpentes e engoliam agulhas.

Raquel – Mas o milagre…

Jesus – O milagre é repartir, compartilhar. O verdadeiro milagre. O único milagre.

Raquel – O único? Como o único? O senhor fez muitos mais Desculpe-me Mestre, desculpe, digo, Jesus, mas o senhor não está sendo claro com a nossa audiência porque…

Jesus – O que não está claro é como vamos sair daqui. Se não nos despacharmos a noite vai agarrar-nos aqui e vamos passá-la como há dois mil anos e desta vez não trouxemos nem pães nem peixes.

Raquel – Nesse caso… vamo-nos. E para os senhores, caros ouvintes, não se esqueçam de nos acompanhar, sigam connosco. Deste local, que outrora foi Betsaida, na Galileia. Raquel Perez, Emissoras Latinas.

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

HADDNAWAY - WAT IS LOVE
... o que é o amor? ... cada um que responda...

CANÇÕES ITALIANAS

ADRIANO CALENTANO - UN ALBERO DE TRENTA PIANI (1972)
...nua, na areia, tomavas o sol comigo e sobre os galhos os passarinhos cantavam para nós...
agora, aqui na cidade, os motores dos carros já nos cantam a marcha fúnebre.... (e isto, ainda em 1972!)

CANÇÕES FRANCESAS

CLAUDE BARZOTTI - AIME MOI
(esta canção representa o verdadeiro "charme" masculino, robusto e sensual...)

CANÇÕES BRASILEIRAS

ROBERTO CARLOS - NA PAZ DO SEU SORRISO
UMA música linda... verdadeira declaração de amor!


CANÇÕES PORTUGUESAS

AMÁLI RODRIGUES - VERDE LIMÃO
(aqui está uma das mais bonitas canções do foclore cantadas por Amália. Ela sabia, como poucas, dar a entoação e o peso certo a cada palavra e aliando o seu timbre de voz ímpar fazia de cada letra simples, um verdadeiro concerto musical. Grande Amália!)


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 137



Viu-se dona Flor no centro de uma roda, em plena praça pública, como no jogo infantil da ciranda-cirandinha, mas a roda era formada por marmanjos, os múltiplos candidatos das amigas e comadres à sua mão de esposa. Todos eles,: do suarento e castiço professor Epaminondas Souza Pinto ao árabe Mamede das antiguidades; do santeiro Raimundo de Oliveira ao rábula Aluísio, cunhado de dona Enaide, esse com dupla face; ora um tipão bem posto, ora broco tabaréu. No primeiro plano, o tal comerciante de Itabuna, o abastado Otoniel Lopes, ou seja o nosso caro Príncipe de Tal, Eduardo das Viúvas, abrindo infatigável, como se vê, seu caminho para o solitário coração de dona Flor e para a maçaroca de dinheiro (ele a enxergava grossa e recoberta de jóias), dinheiro que ela em boa hora, inspirada em louvável prudência, preferira guardar em casa e em segurança, em vez de tê-lo perigosamente em empresa ou banco.

Tudo isso decorria dentro de uma gigantesca bola de cristal; do lado de fora, ostentando dentadura e óculos, dona Dinorá, a observar a cena, dirigindo o espectáculo. Lentamente girava a roda, marcando o ritmo os próprios candidatos, em canto e dança em tono de dona Flor:

Ai Florzinha, ai Florzinha
Entrarás na roda
A ficarás sozinha…

Partindo do centro da ciranda, a examinar os pretendentes, um a um, dona Flor respondia:

Sozinha eu não fico
Nem hei-de ficar
Pois já tenho o professor
Para ser meu par…

Com forte umbigada tirou o professor Epaminondas Souza Pinto para seu parceiro e ele muito sem jeito e escabreado saiu dançando em frente a ela, no meio da roda, a cantar sem voz:

Eu fui ao Tororó
Beber água e não achei
Achei bela morena
Que no Tororó deixei.

Seus bens ele lhe ofereceu de dote: uma gramática expositiva, um exemplar dos Lusíadas com anotações a lápis, o Dois de Julho e a Batalha do Riachuelo. Afora isso ainda possuía de reserva alguns feriados nacionais, um general com pouco uso e um navio dentro de uma garrafa (“nela vamos partir a navegar senhora dona Flor”) Tropeçou, porém, nas próprias polainas cor de gelo e levaram a breca sua elegância de bailarino e seu chapéu-de-chuva; dona Flor se ia mijando de tanto rir ao vê-lo cai não cai. Também era por demais ridículo, só mesmo a gringa sem noção de tato
, do respeito devido ao grave e solene professor, era capaz propô-lo
candidato.

quinta-feira, junho 03, 2010


Cartaz na porta da Igreja Universal do Reino de Deus:


'SE VOCÊ ESTÁ CANSADO DE PECAR, ENTRE!'


e alguém escreveu por baixo:

'SE NÃO ESTIVER... LIGUE-ME!
ROSITA - 931568574 - Serviço Completo.'



Definição de Avó (uma delícia)



-Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem 'Despacha-te!'. Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam historias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes. As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós. Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver Televisão.


A autora deste texto que foi publicado no jornal do Cartaxo tem 8 anos.

VÍDEO

Estranha forma de arrumar o carro...

CANÇÕES ITALIANAS

SILVIE VARTAN - IRRESISTIBILMENTE ITALIANA (1969)


CANÇÕES FRANCESAS

PIERRE BACHELET - PLEUR POR BOULOU
(adoro esta canção... já não se fazem mais destas... descansa em paz, Pierre, ... serás sempre um dos maiores cantores franceses)


CANÇÔES PORTUGUESAS

SIMONE DE OLIVEIRA - DESFOLHADA
(Em 1969, na Eurovisão, dizer que ... "em Agosto quem faz um filho fá-lo por gosto" era quase um atentado aos bons costumes...
da força do poema do Ary dos Santos... à beleza da Simone...)

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

ROD STEWART - DO YOU THINK I' SEXY?
(um dos grandes êxitos do Rod Stewart... para mim o mais empolgante...)


CANÇÕES BRASILEIRAS

MARIA BETÂNIA - SONHO IMPOSSÌVEL
(numa versão de Chico Buarque, Bethânia canta "O Sonho Impossível" )


DONA

FLOR

E SEUS

DOIS

MARIDOS

EPISÓDIO Nº 136


Como sempre sucedia quando iam a qualquer parte com seu Ruas, chegaram o maior atraso: já começara a projecção do noticiário, a sala às escuras e lotada. A muito custo conseguiram acomodar-se, sentando-se os três em filas diferentes e distantes. Dona Flor bem ao fundo do cinema, numa cadeira de ponta, ao lado de um casal talvez de noivos, pois de mãos trançadas e cabeças juntas. A gritaria dos estudantes começou logo às primeiras cenas do filme francês., de acção localizada num cabaré de Pigale repleto de mulheres seminuas. Dona Flor tentando desconhecer os beijos, os suspiros, a esfregação do casal vizinho, esforçava-se por acompanhar o complexo enredo do filme.

De repente sentiu o calor de um hálito de homem em seu pescoço e uma voz feita de delicadeza, a afirmar-se sobre pop gritos, doce murmúrio em seu ouvido, dizendo-lhe frases como versos, aquelas declarações de amor que ela não tivera quando namorada, elogios a seus olhos, a seus cabelos, à sua formosura. Não precisou voltar-se para saber de quem a voz cariciosa, os lindos galanteios. No seu cangote, a respiração do homem era uma cócega, morno alento. Ao ouvido, a voz em elogio e súplica, terno acalanto.

Dona Flor adiantou-se na cadeira querendo colocar distância entre ela e a fila onde o Príncipe obtivera assento; conseguiu apenas perturbar os namorados: o tipo também avançara o busto, persistindo em sua ardente declaração. Dona Flor não o queria ouvir, tampouco queria ver o lascivo espectáculo do casal indiferente ao público em redor desejosa somente de acompanhar a acção do filme, entender a história, difícil entrecho de sexo e violência.

O público gritava cada vez mais pois tivera início a excitante cena do lago: a estrela sensual e quase nua, os seios à mostra, e o actor, um gigante com cara de tarado, sobre ela, numa fúria de bode, numa descaração quase tão grande quanto a do casal vizinho a dona Flor; casal mais sem decência nem vergonha ela nunca vira.

E a voz do tipo atrás a lhe dizer amor, a lhe propor noivado, a suplicar-lhe a graça de uma só visita onde lhe expusesse os seus haveres, suas qualidades, seus propósitos, atirando-lhe aos pequeninos e adorados pés a sortida loja itabunense e um coração leal consumindo-se m fogo de paixão.

O hálito morno do homem em seu pescoço, e sua voz em murmúrio, as frases parecendo estrofes de poema, carícias de palavras. Ah!, filme impossível, o público a berrar, os artistas na descaração, na descaração e em gozo o casal ali agarradinho, e aquela invisível presença perturbadora em suas espaldas, dona Flor num cerco, tonta, sem saída.

Ai, era uma viúva decente e recatada. Mal a enxergou na porta, a espiá-la súplice. De cabeça baixa, dona Flor veio acompanhando os ruas, dona Amélia indignada com o filme, o marido apoiando as críticas meio sem convicção, furioso mesmo e apenas com a maluqueira desses moços estudantes, uns cafagestes. Qual o parecer de dona Flor? Antes não tivesse vindo, os gritos e as risadas a entonteceram, deixando-a quase enferma, mal acompanhando o filme e, ao demais, dois sem vergonha ao lado – uma velhota e um rapazola, vira-os ao acender a luz – na maior patifaria...

Cansada do cinema e da noite da véspera, insone e longa, dona Flor tomou um calmante para adormecer. Mas nem assim se viu, em seu dormir, liberta do galã, do seu hálito, de sua voz e seu convite, dos problemas de homem e casamento sonhando a noite inteira. Sonho mais
esdrúxulo,
sem pé e sem cabeça.

quarta-feira, junho 02, 2010


ENTREVISTAS


FICCIONADAS


COM JESUS CRISTO

Entrevista Nº 21




Tema – Caminhando Sobre as Aguas…


Raquel – Emissoras Latinas nas margens do lago da Galileia com R. Perez enviada especial cobrindo a segunda vinda de J. Cristo Tal como nas anteriores ocasiões ele mesmo nos acompanha. Bons dias, Jesus Cristo.

J. Cristo – Muitos bons dias, direi eu…

Raquel – Por que está hoje tão bem disposto?

Jesus – Olha-me para este lago e diz-me se ele não é uma bênção do Altíssimo!

Raquel – Que pena os nossos ouvintes não poderem contemplá-lo… vejo que esta paisagem lhe trás muitas recordações.

Jesus – Foi aqui que comecei o movimento… Santiago, João, Pedro… todos eles bons pescadores.

Raquel – E o senhor?

Jesus – Não, eu tinha medo da água. Pela Nazareth não passa nem um riachito…

Raquel – Não diria tanto medo porque, se bem me recordo, foi neste lago que o senhor caminhou sobre as ondas e com a sua voz acalmou a tempestade.

Jesus – Mas que grande contadora de histórias tu me saíste, Raquel, se eu nem sequer sabia nadar!...

Raquel – Contadora de histórias?... Os nossos ouvintes conhecem muito bem essa história… queremos as suas opiniões… a nossa linha 144000 está aberta e digam-nos: caminhou ou não, J. Cristo, sobre as águas do lago da Galileia? Primeira chamada…

Homem – Claro que caminhou!... Assim está escrito na Palavra de Deus e a Palavra de Deus não mente!

Raquel – E como acredita o senhor que foi possível esse prodígio?

Homem – Porque para Deus nada é impossível. Aleluia!

Raquel – Temos outra chamada.

Mulher – Como tudo deve ter uma explicação, talvez fosse Inverno, o lago estava congelado e Jesus não caminhou mas patinou sobre as águas.

Jesus – Esta amiga não sabe o calor que faz na minha terra durante todo o ano…

Raquel – Fé cega ou racionalidade científica… temos uma terceira chamada… alô!

Hermeneuta (pessoa especializada na interpretação da Bíblia) – Nem uma coisa nem outra. A explicação é mais simples…

Raquel – Por que diz isso? Quem é o senhor?

Hermeneuta – Você é jornalista, eu sou hermeneuta. Diga-me, senhora, o que pensaria a sua audiência se eu agora lhe dissesse: “que formosa és, teus olhos são pombas e os teus cabelos um rebanho de cabras saltando sobre as colinas”

Raquel – A minha audiência pensaria que o senhor é um atrevido…

Hermeneuta – Correcto. A ninguém ocorreria pensar que você tem pássaros na cara nem cabras nos cabelos, não é verdade?

Raquel – Imagino que não. Mas onde quer chegar o senhor?

Hermeneuta – Quero chegar à Bíblia. No “Cantar dos Cantares” está escrito: “Teus olhos são pombas, teus cabelos um rebanho” e como é a palavra de Deus iríamos concluir que aquela noiva tinha animais na cabeça?

Raquel – Claro que não, é uma imagem, uma metáfora.

Hermeneuta – Pois o mesmo acontece com Jesus caminhando sobre as águas. É uma imagem, uma metáfora, uma imagem poética, uma comparação.

Raquel – Uma comparação com quê?

Hermeneuta – Não é incrível esse lago. Agora vemo-lo transparente, tranquilo mas, às vezes, formam-se grandes tempestades; não é verdade j. Cristo?

Jesus – Este amigo conhece bem a minha terra…

Hermeneuta – Pois bem, os conterrâneos de Jesus e mesmo Jesus, pensavam que durante as tempestades soltavam-se os demónios que viviam no fundo das águas.

Raquel – Continuo sem entender…

Hermeneuta – Não dizem que uma imagem vale mais que mil palavras? Pois as primeiras comunidades admiravam tanto Jesus, queriam-lhe tanto, que o converteram num herói. E ocorreu-lhes essa imagem: puseram-no a caminhar sobre as águas, dominando as forças do mal escondidas nas profundidades. Como diriam hoje, converteram-no num Super-Homem.

Raquel – Então J. Cristo é mentira que o senhor caminhou…

Jesus – Não ouves o que te está explicando este senhor? É uma comparação, como as pombas e as cabras na noiva do “Cantar”.

Raquel – Obrigado amigo hermeneuta. E os senhores, caros ouvintes, estão preparados para encontrar outras metáforas nos Evangelhos?

Mais uma vez, as E. Latinas, Do lago da Galileia, Raquel Perez.

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

ANNE MURRAY - YOU NEEDE ME
quando se viveu uma vida e se ouve esta canção descobrimos, dento de nós, uma vontade escondida de voltar a trás e refazer tudo... que raiva!

CANÇÕES FRANCESAS

DALIDA e ALLAIN DELON - PAROLES
esta canção, com estas vozes tão românticas e sexy levam-me a perguntar, só para mim, já se vê, se eles teriam tido um caso? ... muitas vezes, infelizmente, por esses tempos, eram só paroles, paroles, paroles ou então a aliança no dedo aos pés do altar...

CANÇÕES ITALIANAS

DOMENICO MODUGNO - PIOVE (CIAO CIAO BAMBINO)
...quem, do nosso tempo, não cantou, cantarolou ou dançou ao som da voz do D. Modugno nesta linda canção?... quem?

CANÇÕES BRASILEIRAS

GAL COSTA - EU SEI QUE VOU TE AMAR
Sim, não precisa de mais... o piano de Tom Jobin, a voz da Gal Costa e esta maravilhosa canção...é um todo perfeito.



CANÇÕES PORTUGUESAS

KATIA GUERREIRO - TALVEZ NÃO SAIBAS

O poema é de Joaquim Pessoa - poeta, publicitário e pintor, uma das
vozes mais destacadas depois do 25 de Abril, com prémios atribuidos pela
Associação de Escritores, Secretaria de Estado da Cultura, Prémio de
Literaura António Nobre e Prémio Cidade de Almada. Tem mais de vinte obras
publicadas: "O Pássaro no Espelho", "A Morte Absoluta", "Poemas de Perfil" entre
outros.


DONA
FLOR

E SEUS

DOIS

MARIDOS

Episódio Nº 135


À tarde o Príncipe retomou firme o seu posto de atalaia, sorridente, os olhos nas janelas. Por duas ou três vezes avistou dona Flor de coquete laço nos cabelos, um bom indício. Naquele dia as alunas estranharam certo nervosismo da professora, de hábito risonha e calma. Tivera uma noite ruim, com insónia, dor de cabeça, palpitações, enxaquecas das piores. Interveio com malícia, dona Dagmar, bonita aluna, turbulenta, sem papas na língua, boquirrota:

- Minha cara, enxaqueca de viúva é falta de homem na hora de dormir. Tem remédio fácil, compra-se com o casamento…

- Casamento, Deus me livre e guarde…

- Também não é obrigatório… Pode tomar o remédio sem casar, o que não falta por aí é homem, minha cara – e ria a tagarela.

Ria-se o curso inteiro, dona Flor sentiu no rosto o mesmo rubor da véspera, como ladra presa em flagrante ou mentirosa desmascarada. Será que, pensando-se em decente recato de viúva, exibia ânsia de homem, pressa de noivo, rueira, fogueteira e oferecida? Por que brincava, rindo com as comadres, em pilhérias sobre candidatos, vidências, cochicheios, a imaginariam doida por manter-se cama com marido ou com amante? Uma injustiça, viúva mais honesta não existia, isenta de culpa por completo.

Passou um dia inquieto, evitando aproximar-se das janelas onde já não se debruçava à vontade para gritar por dona Norma ou por Marilda, pois agora sabia ser ela própria o motivo da presença do indivíduo, e também porque jamais se sentira de tal forma atraída pelas janelas como se de súbito estivesse a rua cheia de novidades excitantes. Uma confusão.

Assim, quando dona Amélia veio convidá-la para ir com ela e seu Ruas assistir a um filme francês muito picante e realista, por isso mesmo de polémico sucesso, aceitou em alvoroço, temerosa de outra longa noite de insónia.

Regressava sempre do cinema a cair de sono, cochilando no bonde. Os bons vizinhos não podiam ter escolhido melhor ocasião para o convite, sem falar no filme, objecto de controvérsia e comentário nos jornais e na vizinhança. Dona Êmina adorara, doutor Ives detestara – pura pornografia! Dona Norma estalava a língua recordando trechos… “tem umas cenas, menina, junto de um lago, em que ele arranca o vestido dela e bota de fora os peitos da bichinha e os dois se agarram e fazem tudo por assim dizer na vista da gente. Eles lá enroscados, ela sem roupa, os peitinhos duros e a molecagem gritando cada coisa…” Marilda, doente por não lhe permitir a censura (nem dona Maria do Carmo) ver o filme, interdito a menores de dezoito anos. Violência fascista contra a juventude.

terça-feira, junho 01, 2010


Duas muito rápidas do menino
Joãzinho:




O Joãozinho pergunta ao pai como ele e sua irmã nasceram.
- Ah! Eu encontrei você dentro de um repolho e sua irmã dentro de um pé de alface!
Na mesma noite, Joãozinho passa pelo quarto dos pais e pega os dois em pleno acto. Ele dá uma piscadinha para o pai e diz:
- Aí, velhão! Cuidando da horta, hein!



Joãozinho vai à farmácia.
- Seu Joaquim, me dê uma caixa de supositórios... Distraído, o menino pega a caixa e vai saindo da farmácia sem entregar o dinheiro.
- É para por na conta de sua mãe? - grita-lhe o farmacêutico.
- Não... é para por no cú do meu pai!

VÍDEO

Em Portugal está a iniciar-se a época balnear e eles, os nossos amigos cães, vão à praia...-

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

BRYAN ADAMS - EVERYTHING I DO IT FOR YOU
(uma canção e uma voz de eleição! Vai ser necessário fazer tudo por ti... e pelos outros... por amor e por solidariedade.)


CANÇÕES ITALIANAS

GIANNI MORANDI - PARLAMI D'AMORE
...havia o silêncio dentro de mim
... eu vivia como dentro de uma ilha
... o meu mundo acabava aí
... até quando alguém um dia me falou...

CANÇÕES FRANCESAS
GILBERT BECAUD - AU REVOIR (c/ tradução)
(mais do que um cantor Gilbert Becaud é um intérprete, uma personalidade do mundo da canção francesa)

CANÇÕES BRASILEIRAS

TRIO ESPERANÇA - FILME TRISTE
(Trio formado no fim dos anos 50 pelos irmãos Regina, Mário e Evinha. Esta canção é muito bonita...voltaremos a este Trio, que continua afinadíssimo, com o Chico Buarque)


CANÇÕES PORTUGUESAS

CARLOS DO CARMO - OS PUTOS
(estes são os putos do meu tempo, os miúdos da rua, descaços e de calções rotos. Do meu tempo e do tempo do Ary dos Santos, que "descreveu estes putos" e do Carlos do Carmo que os cantou como ninguém cantaria)



DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


EPISÓDIO Nº 134


Dona Flor descreveu-lhe os últimos sucessos: fora-se o tipo, expulso, levara com a janela nas ventas. Contando, dona Flor relanceava a vista pela rua. No fundo, um tanto desiludida: bem frágil o interesse do rapaz, rompendo-se ao primeiro empecilho. Coisas muito piores fizera dona Flor com Pedro Borges, em seus tempos de solteira. O paraense amargara em suas mãos, cartas devolvidas, presentes recusados, verdadeiros desaforos, e ele firme, de aliança em punho. Aquilo, sim, era paixão e verdadeira. Esse de agora ia-se ao simples bater de uma janela…

Como quem não quer nada, no correr das horas, três ou quatro vezes veio dona flor à janela, constatando o efeito positivo do seu gesto: o indivíduo sumira de vez.

Ao deitar, dona Flor suspendeu os ombros, num sinal de indiferença: antes assim. Se não desejava realmente novo casamento, por que então preocupar-se com a frágil persistência do coió, com a debilidade de seus sentimentos? Vaidade imprópria a seu estado de viúva.

Pela primeira vez, naqueles meses todos, não adormeceu de imediato num sono reparador. Ficou de olhos abertos, a pensar. Em verdade, seria tão forte como imaginara, essa sua decisão de não casar-se, de viver sua vida em sossego, sem sair para nova aventura matrimonial? Tinha decidido, e pronto: acabou-se. Não quis sequer prolongar aquela discussão consigo mesma, não tendo, aliás, dúvida ou divergência a esclarecer. Tão disposta a cumprir sua resolução a ponto de rir livremente com as amigas, de pilheriar com as comadres quando umas e outras lhe traziam candidatos ou quando dona Dinorá traçava o perfil do soberbo quarentão. Como então perder o sono devido à simples presença de um bocó de esquina?

No dia seguinte, bem cedo ainda, dona Gisa entrou-lhe casa dentro, repleta de novidades, relatando com detalhes e entusiasmo a conversa com o pseudo comerciante grapiúna. Impossível vir na véspera, como de seu desejo; mesmo à noite tinha alunos de inglês, três vezes por semana, num curso intensivo, uma canseira.

Mal dormida, com dor de cabeça, dona Flor escutou o relato. Recebê-lo, ouvir suas propostas? Mas não tinha sentido: se resolvida a não casar-se, por que perder tempo com pretendentes? Dona Gisa desdobrou-se em argumentos e apelos, obtendo por fim o adiamento da negativa. Em atenção à amiga dona Flor prometeu reflectir na resposta, não despachando o fulano com um recado brusco. Quase no fim da conversa, dona Norma surgiu em busca de fermento para um bolo e entrou de cheio na conspiração. Comerciante rico em Itabuna? Vejam só como a gente se engana… Dona Norma sem dar nada pelo amarelo e ele revelando-se sério, estabelecido, abastado, um partido de primeira. Também com aquela cara de merda…

- Desculpe, Flor, se lhe ofendi… Mas não parece? Merda de menino pequeno…

segunda-feira, maio 31, 2010


ENTREVISTAS
FICCIONADAS
A JESUS CRISTO

Entrevista Nº 20

Tema – Ainda o Rosário - Mãe de Deus?



Ouvintes das Emissoras Latinas continuamos a falar com Jesus Cristo sobre uma devoção muito generalizada no mundo católico, o Rosário ou Terço. O senhor disse-nos que sua mãe não pediu a ninguém para o rezarem. Quem então pediu? Talvez o senhor mesmo quando andou por estas terras?

Jesus – Não porque essa oração tem algo que não me soa bem.

Raquel – Algo?

Jesus – Uma frase. Como é essa da Santa Maria…

Raquel – Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós…

Jesus – A santa está bem porque a minha mãe e todas as mães são santas, são benditas. Fazem o milagre da vida, o maior dos milagres. Mas o “de mãe de Deus…”

Raquel – Bem, mãe de Deus porque…

Jesus – Deus não tem mãe nem pai. Se os tivesse não seria Deus.

Raquel – Mas como o senhor é filho circunstancial de Deus Pai e Maria é sua mãe, então Maria é também mãe de seu pai, que é Deus… Isto é um dogma.

Jesus – Não, isso é um enredo, um emaranhado. Deus não tem princípio nem fim. Se tivesse uma mãe, seria mortal como qualquer filho de uma mulher… Quem inventou semelhante coisa?

Raquel – Ignoro-o, mas posso consultar… deixa ver… talvez a psicóloga britânica Anne Baring… ela sabe muito sobre sua mãe. Anne Baring?... eu estou a incomodá-la para que nos esclareça uma dúvida… De onde saiu a ideia de que Maria era mãe de Deus?

Anne – Foi no Concílio de Éfeso, no Séc. V. Foi uma manobra do Bispo de Cirilo. Este Bispo era uma pessoa arrogante que por fanatismo tinha mandado queimar a Biblioteca de Alexandria, e que estava em conflito com outro Bispo chamado Nestória.

Jesus – E que tem esse conflito de Bispos a ver com a minha mãe.

Raquel – Jesus pergunta o que tem isso a ver com a mãe dele.

Anne Nesse Concílio, Cirilo quis liquidar as ideias de Nestor sobre Maria e para isso propôs a “Theotokos”.

Raquel – A quê?

Anne – “Teotokos”é uma palavra grega cuja mensagem era que Maria era mãe de Deus. Como aos restantes Bispos lhes parecia uma heresia afirmar que Deus tinha uma mãe, Cirilo subornou-os com grandes somas de dinheiro e ganhou a votação. Digamos que a mãe de Deus foi um dogma bem pago.

Raquel – Obrigado, Anne… Fascinante… A nossa audiência deve estar aturdida… e o senhor, Jesus Cristo, o que pensa do que acaba de ouvir?

Jesus – Penso que para engrandecer a minha mãe não se deve diminuir Deus.

Raquel – Se a sua mãe estivesse agora connosco…

Jesus – Rir-se-ia da mesma forma que eu. Nem sequer Paulo, que tanto se enredava falando de mim e de Deus se atreveu a dizer coisa semelhante.

Raquel – Mas, então, quem é Maria?

Jesus – Maria é a minha mãe.

Raquel – E Deus?

Jesus – Deus é Deus, Raquel. Deus não tem mãe, e sabes por quê? Porque Deus é a mãe.

Raquel – Um momento, Jesus Cristo… tenho uma chamada em linha… sim? … Como é?… Por onde?... Obrigado pelo aviso… Jesus, temos que ir embora.

Jesus – Que se passa?

Raquel – Parece que um grupo de cristãos está indignado com as coisas que o senhor está dizendo e vem para cá… querem-no apedrejar… são fundamentalistas do Vaticano, fanáticos.

Jesus – Como os de Cirilo!... repete-se a história. Quando falei aqui na Nazareth, há 2000 anos passou-se o mesmo. É que nenhum profeta é bem recebido na sua terra… nem na sua Igreja. Vamo-nos!

Raquel – Aonde?

Jesus – A Cafarnaum. Quero voltar a ver o lago da Galileia… vamo-nos já.

Raquel – Pois sim. Para Emissoras Latinas, a repórter

Raquel Perez.




NOTA:


A destruição da biblioteca da Alexandria acarretou uma alteração de mentalidades: de tolerância muito semelhante à actual, regressou-se à Idade do Bronze em termos de conhecimento e moralidade, ficando mergulhada na Idade das Trevas nos mil anos seguintes.

Estima-se que a Biblioteca de Alexandria tenha armazenado mais de 400.000 rolos de papiros podendo ter chegado ao milhão. Pensa-se que tenha sido fundada no Séc. III A.C., durante o reinado de Ptolomeu com o objectivo de preservar e divulgar a cultura nacional. Continha livros que foram levados de Atenas e a ela estão ligados grandes sábios como o matemático Euclides mas a lista dos grandes pensadores que a ela ficaram ligados incluem muitos outros génios como Aristraco, astrónomo; Arquimedes, matemático; Calímaco, poeta: Galeno e Herótilo, médicos, Ptolomeu, astrónomo e geógrafo e Hipátia, matemática e filósofa que foi directora da Biblioteca e assassinada por cristãos, durante um motim, por ser pagã…

Em 1974 nasceu a ideia de construir uma nova Biblioteca de Alexandria sendo o projecto de uma firma de arquitectos noruegueses. A construção demorou sete anos e custou cerca de 200 milhões de euros tendo sido financiado pela UNESCO e o governo egípcio.

CANÇÔES ITALIANAS

FLO SANDON'S - PAROLE D'AMORE SULLA SABBIA (1957)
(a beleza das palavras de amor resistem ao tempo e aos anos... são sempre belas...)

CANÇÕES PORTUGUESAS

ZECA AFONSO - OS ÍNDIOS DA MEIA-PRAIA
(Infelizmente esta letra tem muito de actual... o Zeca foi o músico e cantor mais puro e sincero da contestação à sociedade capitalista ... talvez utópico, imgénuo... mas as suas canções têm uma exigencia de qualidade que fazem dele uma referência incontornável. Pena é que o tenham amarrado demasiado ao período pós-revolucionário do 25 de Abril de 1974.)

CANÇÕES FRANCESAS

ADAMO - TOMBE LA NEIGE
(há mais de 40 anos deliciava-me a ouvir esta canção. Até parece que o tempo não passou... continuo a gostar dela na mesma...)

CANÇÕES ANGLO-SAXÓNICAS

LEO SAYER - MORE THAN I CAN SAY
(bem dizia o meu velho amigo Mário Martins, da Editora Valentim de Carvalho, que o segredo do sucesso está na canção... este é que é o "verdadeiro artista")

CANÇÕES BRASILEIRAS

OVELHA - TE AMO, QUE MAIS POSSO DIZER
(diz o locutor que vendeu mais de 5 milhões de discos ... a canção explica tudo... é fácil, com os êxitos musicais dos outros...)



DONA


FLOR


E SEUS


DOIS


MARIDOS


Episódio Nº 133



Dona Gisa embarcou encantada no conto do vigário. O Príncipe era maneiroso, cheio de tretas: ia provocando, dona Gisa se abriu em informações. Pobre, em termos, dona Flores: não era nenhuma milionária, mas tampouco mísera e mendiga. Com a escola e sem o marido para lhe afanar os gastos tinha seu pé-de-meia, algum dinheiro junto, que ela – como sucedia com tantos paroaras – preferia ter em casa em vez de empregar ou de por no banco a juros.

Gente de mentalidade atrasada, definiu dona Gisa, incapaz de esconder seu pensamento e de esconder sua crítica a erros e absurdos. “Um dia um ladrão tem notícia do dinheiro, vem e rouba e é bem feito”.

Só asqueroso canalha pensaria em roubar dona Flor, retrucou o Príncipe, considerando o moda de agir da viúva prova do seu bom carácter, de seu desinteresse pelos bens materiais, de sua desambição. Para esposa e companheira ele buscava exactamente mulher assim, direita e simples. Pouco a pouco, ao sabor da prosa, dona Gisa forneceu ao gatuno a ficha completa de dona Flor, as poucas jóias inclusivé; o colar de turquesas, europeu, os brincos de ouro com os brilhantes verdadeiros, peça antiga, único bem de tia Lita, além dos gatos, do jardim, das aguarelas do marido.

Como jamais os punha, e em herança à sobrinha os destinara, em suas mãos o depusera pedindo que os guardasse ela; assim dona Flor os podia usar quando lhe apetecesse. Não os ofertava de logo e de uma vez, por serem aqueles brincos a única garantia dos dois velhos num caso de necessidade: uma doença longa, com hospital e cirurgia, incêndio em casa, um desastre enfim, quem no mundo está livre de inesperada precisão?

Terminou dona Gisa de procuradora e advogada do farsante. Se empenharia junto a dona Flor para que ela recebesse e ouvisse o pseudo-itabunense, mesmo se o fizesse apenas para lhe opor rotunda negativa às propostas de noivado e matrimónio. O Príncipe não queria senão ser recebido: tinha total confiança em sua basófia, em sua experiência de lisonja, na alta categoria de sua lambança. Jamais falhara; se conseguia fazer-se ouvir, eram favas contadas o noivado, era seu o dinheiro da viúva, nenhuma capaz de resistir à sua eloquência.

Naquele começo de noite, após as aulas, Marilda acendeu a luz da sala de visitas em casa de dona Flor, ligando em seguida o rádio, abrindo a
janela: não viu ao lado do poste o indefectível galã.
Chamando a amiga, mostrou-lhe a paisagem vazia de pretendente.

domingo, maio 30, 2010

ADORO OUVIR ESTES SONS. (Fazem-me regressar à meninice...Espero que também gostem...)

HARMÓNICA E ACORDION

Vá ... hoje é Domingo... ouça e descontraia-se... relaxe.

MARIA ELENA

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