Sporting -Manchester
Depois de muitos anos como adepto de sofá tive ontem a oportunidade de ver, olhos no relvado, o meu Sporting.
É certo, que no meu regresso aos estádios nem tudo foi agradável por causa daquela cena caricata em que fui apalpado e revistado e quase impedido de entrar acompanhado de uns, aparentemente, inofensivos binóculos.
Explicaram-me que era por uma questão de segurança pois, de há uns anos a esta parte, pessoas perigosas têm vindo a insinuar-se junto dos pacíficos sócios e adeptos dos clubes de futebol para, a coberto de grandes ajuntamentos, darem vazão às suas frustrações e maus feitios.
Mas os receios eram infundados e foi num ambiente de saudável confraternização que me reencontrei com o pessoal da minha tribo naquele cenário electrizante, cheio de reflexos verdes e brancos a tremelicarem provocados por painéis agitados por milhares de braços num espectáculo de cor e brilho.
-Spór-ting e do outro topo respondiam, Spór-ting e mais uma vez e outra e ainda outra, numa comunhão de sons em uníssono que desafiavam os melhores coros da Gulbenkian.
O colega sentado ao meu lado acendeu nervosamente um cigarro e pediu-me desculpa pelo fumo que sobrava para mim:
-“Não consigo evitar… sabe, vim de Coimbra ver o nosso Sporting”.
- “Não tem importância, amigo…deixei de fumar há 12 anos e se hoje voltar a fumar um bocadinho não faz mal”
Entretanto, à nossa volta, acendiam-se mais cigarros e o isqueiro do meu vizinho andava numa roda-viva, de mão em mão, com a naturalidade do usufruto de um bem pertencente à comunidade da tribo.
Um jovem casal de namorados, duas filas a seguir à minha, alheados do mundo, trocavam carinhos com a mesma naturalidade e à-vontade com que, mais abaixo, no relvado, os jogadores faziam exercícios de aquecimento.
Aguardava-se o início do jogo e os rostos espelhavam uma serenidade contida.
O adversário era uma das melhores equipas do mundo, das mais ricas e poderosas e mesmo que perdêssemos, a honra da tribo não sairia muito abalada.
Afinal, não nos podemos esquecer, que enquanto nós vamos buscar jogadores a custo zero eles nem sequer discutem os milhões com que adquirem os seus.
O jogo começou e o Manchester, em estilo de treino, como de quem não está para se maçar muito, ofereceu-nos o seu meio campo e “disse-nos: vejam lá se nos conseguem marcar um golo” e nós lá fomos: atacámos… atacámos…atacámos até que sofremos o golo que ditou o resultado final.
Sirva-nos de consolação de que perdemos com um auto-golo, claríssimo e assumido.
O Cristiano Ronaldo, às vezes, faz daquelas coisas… mas como, logo de seguida, pediu perdão de mãos postas e, além disso, encheu o campo com as suas avançadas mágicas, todos nós, sportinguistas, não só lhe perdoámos como ainda nos despedimos dele aplaudindo-o de pé.
Nesse momento senti-me orgulhoso da minha tribo. Cá para mim, ganhámos o jogo e... Viva o Sporting!
Depois de muitos anos como adepto de sofá tive ontem a oportunidade de ver, olhos no relvado, o meu Sporting.
É certo, que no meu regresso aos estádios nem tudo foi agradável por causa daquela cena caricata em que fui apalpado e revistado e quase impedido de entrar acompanhado de uns, aparentemente, inofensivos binóculos.
Explicaram-me que era por uma questão de segurança pois, de há uns anos a esta parte, pessoas perigosas têm vindo a insinuar-se junto dos pacíficos sócios e adeptos dos clubes de futebol para, a coberto de grandes ajuntamentos, darem vazão às suas frustrações e maus feitios.
Mas os receios eram infundados e foi num ambiente de saudável confraternização que me reencontrei com o pessoal da minha tribo naquele cenário electrizante, cheio de reflexos verdes e brancos a tremelicarem provocados por painéis agitados por milhares de braços num espectáculo de cor e brilho.
-Spór-ting e do outro topo respondiam, Spór-ting e mais uma vez e outra e ainda outra, numa comunhão de sons em uníssono que desafiavam os melhores coros da Gulbenkian.
O colega sentado ao meu lado acendeu nervosamente um cigarro e pediu-me desculpa pelo fumo que sobrava para mim:
-“Não consigo evitar… sabe, vim de Coimbra ver o nosso Sporting”.
- “Não tem importância, amigo…deixei de fumar há 12 anos e se hoje voltar a fumar um bocadinho não faz mal”
Entretanto, à nossa volta, acendiam-se mais cigarros e o isqueiro do meu vizinho andava numa roda-viva, de mão em mão, com a naturalidade do usufruto de um bem pertencente à comunidade da tribo.
Um jovem casal de namorados, duas filas a seguir à minha, alheados do mundo, trocavam carinhos com a mesma naturalidade e à-vontade com que, mais abaixo, no relvado, os jogadores faziam exercícios de aquecimento.
Aguardava-se o início do jogo e os rostos espelhavam uma serenidade contida.
O adversário era uma das melhores equipas do mundo, das mais ricas e poderosas e mesmo que perdêssemos, a honra da tribo não sairia muito abalada.
Afinal, não nos podemos esquecer, que enquanto nós vamos buscar jogadores a custo zero eles nem sequer discutem os milhões com que adquirem os seus.
O jogo começou e o Manchester, em estilo de treino, como de quem não está para se maçar muito, ofereceu-nos o seu meio campo e “disse-nos: vejam lá se nos conseguem marcar um golo” e nós lá fomos: atacámos… atacámos…atacámos até que sofremos o golo que ditou o resultado final.
Sirva-nos de consolação de que perdemos com um auto-golo, claríssimo e assumido.
O Cristiano Ronaldo, às vezes, faz daquelas coisas… mas como, logo de seguida, pediu perdão de mãos postas e, além disso, encheu o campo com as suas avançadas mágicas, todos nós, sportinguistas, não só lhe perdoámos como ainda nos despedimos dele aplaudindo-o de pé.
Nesse momento senti-me orgulhoso da minha tribo. Cá para mim, ganhámos o jogo e... Viva o Sporting!