Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, junho 01, 2013
RICHARD DAWKINS |
POR QUE SOMOS BONS?
As flores não podem voar, por isso pagam
às abelhas o aluguer das suas asas e a moeda de pagamento é o néctar.
As guias-do-mel, aves da família indicatoridae, conseguem encontrar
colmeias mas não conseguem entrar nelas ao contrário dos ratéis e dos homens.
Então, as aves conduzem, através de um
voo atractivo, os ratéis ou o homem até ao mel e depois ficam à espera da
recompensa.
Estas relações mutualistas abundam no
reino dos seres vivos: búfalos e picanços, flores tubulares e beija flores,
garoupas e bodiões, etc.
O altruísmo recíproco funciona por causa
das assimetrias que há nas necessidades e nas capacidades de as satisfazer. É
por isso que funciona particularmente bem entre espécies diferentes onde as
assimetrias são maiores.
E nós, por que nos condoemos com o choro
de uma criança que sofre?
Por que sentimos compaixão por uma viúva
idosa em desespero devido à solidão?
O que nos provoca o impulso para
enviarmos uma dádiva anónima para as vítimas de um cataclismo que não
conhecemos nem viremos a conhecer e nunca nos retribuirá?
De onde vem o bom samaritano que vive em
nós?
Recordemos Einstein:
Estranha é a nossa situação aqui na Terra. Cada um de nós vem para
uma curta visita, sem saber porquê, contudo, parecemos adivinhar um objectivo.
No entanto, do ponto de vista do quotidiano, há uma coisa que sabemos: que o
homem está aqui pelos outros homens – acima de tudo por aqueles de cujos
sorrisos e bem-estar depende a nossa própria felicidade.
Será realmente pelos outros homens que
nós aqui estamos e terá isso alguma coisa a ver com a religião?
É por causa dela que somos bons?
Muitas pessoas religiosas consideram
difícil imaginar como sem religião alguém pode ser bom ou há-de sequer querer
ser bom, e esta incapacidade para compreender e aceitar a bondade fora da
religião leva algumas pessoas religiosas a paroxismos de ódio contra aqueles
que não professam a sua religião.
E assim, a religião, que se proclama
como fonte de inspiração para a bondade e o amor transforma-se, ela própria,
num imenso reservatório de ódio e maldade.
Brian Fleming, autor e realizador de um
documentário sincero e comovente em defesa do ateísmo recebeu uma carta em 21
de Dezembro de 2005 que rezava assim:
Decididamente, vocês têm cá uma lata! Adorava pegar numa faca e
esventrá-los a todos, seus idiotas, e gritar de alegria a ver as vossas
entranhas a derramarem-se à vossa frente. Vocês andam a ver se arranjam como
atear uma guerra santa em que um dia eu e outros como eu, possamos a vir ter o prazer
de passar aos actos como o atrás mencionado.
Chegado a este ponto o
autor da carta reconhece tardiamente que a sua linguagem não é muito cristã,
pois continua, agora num tom mais amistoso:
Contudo Deus ensina-nos a não procurar a vingança mas sim a rezar
pelas pessoas como vocês.
Mas a benevolência dura-lhe
pouco:
Vai consolar-me saber que o castigo que Deus vos há-de trazer
será mil vezes pior do que o que quer que seja que eu possa infligir. O melhor
de tudo é que vocês hão-de sofrer para toda a eternidade por estes pecados de
que estão completamente ignorantes. A ira de Deus não há-de mostrar
misericórdia. Para vosso próprio bem, espero que a verdade vos seja revelada
antes que a faca vos toque na carne. Feliz NATAL!!!
P.S: Vocês não fazem mesmo ideia do que vos está reservado…Eu
agradeço a Deus por não ser vocês.
Estas cartas rancorosas, de que esta é
apenas um exemplo, são mais comuns na América do Norte provenientes de pessoas
afectas a Igrejas de Cristo e a Seitas que proliferam por todos os EUA, mas a
carta que se segue, de Maio de 2005, é de um médico inglês e foi dirigida a
Richard Dawkins.
Depois de uns parágrafos introdutórios a
denunciar a evolução e a incitar o autor a ler um livro que defende que o mundo
tem apenas 8.000 anos (será que ele pode mesmo ser médico?) conclui:
“Os seus livros, o prestígio de que goza em Oxford, tudo o que
ama na vida, e tudo aqui lo que
alcançou são um exercício de total futilidade…A interpeladora pergunta de Camus
torna-se inescapável: porque não cometemos todos suicídio? Na verdade, a sua
visão do mundo tem esse tipo de efeito sobre os estudantes e em muitas outras
pessoas…que todos evoluímos por puro acaso, a partir do nada, e que a esse nada
voltaremos. Mesmo que a religião não fosse verdadeira, é melhor, muito melhor
acreditar num mito nobre, como o de Platão, se durante as nossas vidas ele
conduzir à paz de espírito.
Mas a sua visão do mundo leva à ansiedade, à toxicodependência,
à violência, ao niilismo, ao hedonismo, à ciência Frankenstein, ao inferno na
Terra e à terceira guerra mundial. Pergunto-me quão feliz será o senhor nas
suas relações pessoais? Divorciado? Viúvo? Homossexual? As pessoas como o
senhor nunca são felizes, caso contrário não se esforçariam tanto para provar
que não existe felicidade nem significado em nada.”
Segundo este médico inglês o Darwinismo
é intrinsecamente uma evolução ao acaso quando, a selecção natural, é
precisamente o oposto de um processo casual.
A evolução acontece à custa de
alterações genéticas que favorecem a sobrevivência da espécie e essa é a
essência da selecção natural de Darwin.
Muitas vezes, a selecção natural conduz
a “becos sem saída” e, nesses casos, a espécie extingue-se e esse foi o
desfecho de todas aquelas que hoje estudamos sob a forma de fósseis.
Os grandes dinossauros que noutros
tempos dominaram a vida sobre a Terra foram eliminados por alterações drásticas
e bruscas que lhes retiraram totalmente as possibilidades de sobrevivência
tendo-se aberto então caminho para a evolução de outras espécies que até aí não
tinham hipótese de evoluir.
Há cerca de sessenta milhões de anos,
após o desaparecimento dos grandes dinossauros, pequenos animais que viviam nas
florestas passaram a encontrar um espaço que até aí não dispunham.
Eram os antepassados dos mamíferos dos
quais, hoje, nós somos os seus mais recentes representantes.
Nada aconteceu por acaso.
Muitos cientistas sustentam que o nosso
sentido do certo e errado provêm do nosso passado darwiniano.
A Bondade e a Religião – Uma Lição que
nos é dada por Richard Dawkins que, apresenta, a este respeito, a sua versão:
- Em primeiro lugar temos os
comportamentos de altruísmo e bondade para com os nossos parentes dos quais o
carinho e a protecção que dispensamos aos nossos filhos é o exemplo mais óbvio
mas não o único no mundo animal.
Cuidar dos parentes próximos para os
defender, para os alertar contra os perigos ou partilhar com eles alimentos são
comportamentos normais entre indivíduos que partilham cópias dos mesmos genes.
- Em segundo lugar temos um outro tipo
de altruísmo para o qual existe uma sólida fundamentação lógica darwiniana que
é o altruísmo recíproco (temos de ser uns para os outros).
Esta teoria trazida para a biologia por
Robert Trivers não depende da partilha de genes e funciona até igualmente bem
entre animais de espécie diferentes, sendo aí chamada de simbiose.
Trata-se do mesmo princípio que está na
base de todo o comércio e das trocas entre os seres humanos.
O caçador precisa de uma lança e o
ferreiro precisa de carne. É assimetria que medeia o acordo.
A
abelha precisa de néctar e a flor de ser polinizada.
A selecção natural favorece os genes que
predispõem os indivíduos, em relações de necessidade e oportunidade
assimétricas, para darem quando podem e solicitarem quando não podem.
E favorece também as tendências para
lembrar as obrigações, para guardar rancor, para fiscalizar as relações de
troca e para punir os trapaceiros que recebem, mas que não dão quando chega a
sua vez de o fazerem.
- Em terceiro lugar, os comportamentos
altruístas favorecem o indivíduo que os pratica porque lhes permite ganhar fama
de bondosos e generosos e essa reputação é importante e os biólogos reconhecem
nela valor de sobrevivência darwiniana não só pelo facto de se serem bons como
também por alimentarem essa reputação.
Reputação que não se restringe apenas ao
ser humano, de acordo com experiências recentemente feitas em animais,
nomeadamente peixes, e publicadas num artigo de R. Bshary e A. S. Grutter na
revista Nature de Junho de 2006.
- Em quarto lugar, o economista
norueguês-americano Thorstein Veblen e de uma forma diferente o zoólogo
israelita Amotz Zahavi, acrescentaram ainda uma ideia mais fascinante quanto à
vantagem dos comportamentos altruístas considerando-os uma proclamação
implícita de domínio ou superioridade.
Por exemplo, os chefes rivais das tribos
do noroeste do Pacífico competiam entre si organizando festins de uma
abundância ruinosa.
Só um indivíduo genuinamente superior
pode dar-se ao luxo de anunciar o facto por meio de uma oferta dispendiosa.
Os indivíduos compram o êxito através de
demonstrações de superioridade, incluindo a generosidade ostentatória e o
assumir de riscos pelo bem comum.
Temos então quatro boas razões
Darwinianas para os indivíduos serem altruístas, generosos ou “morais” uns para
com os outros e ao longo da nossa Pré-Histórica, o ser humano viveu em
condições que terão favorecido bastante a evolução destes 4 tipos de altruísmo.
Vivíamos em aldeias ou, em tempos mais
recuados, em bandos nómadas discretos, parcialmente isolados de aldeias ou de
bandos vizinhos, e estas eram condições que favoreceram extraordinariamente o
evoluir das relações altruístas familiares como factor importante para a
sobrevivência do grupo.
E não só para o altruísmo de base
parental como igualmente do altruísmo recíproco ao cruzarem-se com frequência
com os mesmos indivíduos e estas são as condições ideais para se construir a
reputação do altruísmo e também para publicitarem uma generosidade conspícua.
É fácil perceber a razão pela qual os
nossos antepassados pré históricos terão sido bons para os membros do seu
próprio grupo mas maus, chegando à xenofobia, em relação a outros grupos.
Mas agora que a maior parte de nós vive
em grandes cidades onde já não estamos rodeados de parentes e conhecemos
indivíduos que não mais voltaremos a encontrar, por que motivo somos ainda tão
bons uns para os outros e até para aqueles que pertencem a grupos exteriores ao
nosso?
É importante não transmitir uma ideia errada
sobre o alcance da selecção natural pois ela não favorece a evolução de uma
consciência cognitiva do que é bom para os nossos genes, o que ela favorece são
regras de base empírica que na prática funcionam no sentido de prover os genes
que as criaram.
Vejamos um exemplo:
- No cérebro de um pássaro a regra
«cuidar daquelas coisas pequenas que soltam grasnidos e vivem no ninho e
deixar-lhes cair comida nas bocas vermelhas e escancaradas» tem o objectivo de
preservar os genes que criaram a regra porque os objectos que soltam grasnidos
e ficam de boca aberta são os seus descendentes.
Mas esta regra falha se outra cria de
pássaro entra para dentro do ninho, situação que foi engendrada pelos cucos.
Esta falha ou “tiro fora do alvo”pode
também acontecer com os impulsos para a bondade, altruísmo, empatia, piedade,
que o homem continua a desenvolver quando as condições já são diferentes das que
existiam em tempos ancestrais.
Por outras palavras, as condições são
outras mas a regra empírica manteve-se e, portanto, embora hoje as pessoas já
não sejam nossos parentes, façam parte do nosso grupo, ou tenham possibilidade
de retribuir, tal como a ave que por impulso continua a alimentar o filho do
cuco, também nós continuamos a sentir o desejo de sermos bons e generosos.
É como o desejo sexual que não deixa de
ser sentido mesmo quando a mulher é estéril ou toma a pílula e fica incapaz de
reproduzir.
São ambos “tiros fora do alvo”, erros
darwinianos: abençoados e inestimáveis erros.
Em tempos ancestrais a melhor forma da
selecção natural assegurar a sobrevivência da nossa espécie foi instalando no
cérebro não só a necessidade de acreditar, da qual já falamos num texto
anterior, como também, o desejo sexual e a compaixão ou generosidade.
Estas regras que ditam estes impulsos
para acreditar, para o sexo, para a generosidade e para a xenofobia, são muito
anteriores à religião, às civilizações e aos vários contextos culturais que se
limitaram mais tarde a regulá-los, condicioná-los, instrumentalizá-los, cada um
à sua maneira, fazendo deles o cerne da vida dos homens ao longo de toda a sua
existência.
Se voltarmos novamente a pôr a questão
de saber qual a razão ou razões pelas quais somos bons, a resposta parece-nos
ser agora clara, acessível à nossa razão, quase natural e, acima de tudo, nada
ter a ver com qualquer religião.
Richard Dawkins
Nesta
altura da vida já não sei mais quem sou ....
Vê só que dilema !!!
- Na ficha de qualquer loja sou
“CLIENTE”;
- No restaurante “FREGUÊS”;
- Quando alugo uma casa sou “INQUILINO";
- Nos transportes públicos e em viatura
particular sou “PASSAGEIRO”;
- Nos correios “REMETENTE”;
- Nos serviços sociais sou “UTENTE”;
- Para o estado sou
“CONTRIBUINTE”;
- Se vendo algo importado sou
“CONTRABANDISTA”;
Se revendo algo, sou “VIGARISTA”;
- Se não pago impostos sou “SONEGADOR”;
- Se descubro uma maneira de pagar um
pouco menos, sou “CORRUPTO”;
- Para votar sou “ELEITOR”;
- Para os sindicatos sou “MASSA
SALARIAL”;
- Em viagem “TURISTA”;
- Na rua, caminhando, "PEDESTRE”;
- Se passeio, sou “TRANSEUNTE”;
- Se sou atropelado “ACIDENTADO”;
- No hospital “PACIENTE”;
- Nos jornais viro “VÍTIMA”;
- Se leio um livro sou “LEITOR”;
- Se ouço rádio “OUVINTE”;
- A ver um espectáculo sou “ESPECTADOR”;
- A ver televisão sou “TELESPECTADOR”;
- No campo de futebol sou “ADEPTO”;
- Na Igreja católica, sou “IRMÃO”;
- E, quando morrer... uns dirão que
sou... “FINADO”, outros...“DEFUNTO”, para outros... “EXTINTO” , para outros ainda "MAIS UM QUE DEIXOU DE FUMAR";
- Em certos círculos espiritualistas serei "desencarnado";
- Os evangélicos
dirão que fui... “ARREBATADO”...
E o pior de tudo é que, para os
governantes, sou apenas um “IMBECIL” !!!
E pensar que um dia qui s ser “EU”. “SIMPLESMENTE”.
Afinal, não passo de um ANÓNIMO !
António Balduíno |
JUBIABÁ
Episódio Nº 31
- Negro é raça ruim – repetia sempre. Negro não é gente…
E começou a pensar um meio
de desmoralizar completamente o molecote. Foi quando um dia viu António
Balduíno sentado na escada da cozinha, espiando com uns olhos religiosos para
Lindinalva que, já com dezoito anos, costurava na varanda.
Bateu no ombro dele:
- Aí, hein, negro sem vergonha! Olhando as
coxas de dona Lindinalva…
Balduíno não estava
olhando coisa alguma, estava era recordando o tempo bom em que eram menores e
ele e Lindinalva brincavam no qui ntal
da casa. Mas se assustou como se estivesse espiando as coxas da moça.
Aqui lo
caiu nos ouvidos do comendador. Todos acreditaram.
Até Lindinalva, que nunca
mais olhou para António Balduíno senão com medo e com nojo.
O comendador, se era um
homem bom, sabia na hora da raiva ser ruim.
- Então, moleque descarado, eu lhe crio como
um filho, lhe ajudo e você fica fazendo molecagem aí…
Amélia ajuntava:
- Esse negro é safado que
faz medo. Quando Dona Lindinalva ia tomar banho ele espiava pelo buraco da
fechadura…
Lindinalva saíu quase
chorando. Balduíno qui s dizer que
era mentira, mas como estavam acreditando em Amélia não disse nada.
Apanhou uma surra medonha,
que o deixou estendido, o corpo todo doendo. Mas não era só o corpo que doía.
Doía-lhe o coração, porque não tinham acreditado nele. E como aqueles eram os
únicos brancos que ele estimava passou a odiá-los e com eles a todos os outros.
No entanto nessa noite
sonhou com Lindinalva. Ele a viu nua e acordou. Então se lembrou dos vícios que
os moleques do morro praticavam e ficou sozinho. Não, não ficou sozinho. Dormiu
com Lindinalva que sorria para ele com seu rosto de figura de folhinha, e para
ele abria as coxas alvas e lhe ofertava os seios de criança.
E daí por diante, dormisse
com que mulher dormisse, era com Lindinalva que o negro António Balduíno estava
dormindo.
Pela madrugada fugiu da
travessa Zumbi dos Palmares.
MENDIGO
António Balduíno agora era
livre na cidade religiosa da Baía de Todos os Santos e do Pai de santo Jubiabá.
Vivia a grande aventura da liberdade. Sua casa era a cidade toda, seu emprego
era corrê-la. O filho do morro pobre é hoje o dono da cidade.
Cidade religiosa, cidade
colonial, cidade negra da Baía. Igrejas sumptuosas, bordadas de ouro, casas de
azulejos azuis, antigos sobradões onde a miséria habita, ruas e ladeiras
calçadas de pedras, fortes velhos, lugares históricos, e o cais, principalmente
o cais, tudo pertence ao negro António Balduíno.
sexta-feira, maio 31, 2013
A canção preferida da minha neta. Ainda há muito pouco tempo era um êxito nas rádios. A letra reflecte bem os dramas que a juventude atravessa...
Onde é que tu a beijas?
Ontem, falando com um amigo, entrou um amigo comum, médico, que, há muitos anos, se mudou para a Parede / Cascais.
Com o tempo, separou-se da esposa original e, com 53 anos, encontrou nova cara metade; um bela garota de..... 22 aninhos e com tudo "em riba".
Certo dia, num restaurante, encontram um casal de médicos, ex-colegas de turma (logicamente com mais de 50 anos) e sentam -se juntos para rememorar os "bons tempos".
O amigo médico ficou impressionado com a "gata" e quando as esposas foram ao "toilete", não se conteve e perguntou como ele conseguira a proeza de estar com uma "gata" daquelas.
O nosso amigo, com a maior calma do mundo, disse:´
- Para manter um bom relacionamento, com uma garota daquelas, o importante é onde tu a beijas.
Imediatamente ele perguntou:
- E onde é que tu a beijas ?
Sem perder a compostura nosso amigo informou:
- Eu beijo-a em Paris, Londres, Roma, Veneza, etc...
A RELIGIÃO E O
EVOLUCIONISMO
“O conceito de uma vida eterna gloriosa
foi inventado para mitigar o nosso medo da morte”.
Esta é uma teoria dezenas de vezes
repetida e aceite porque, aparentemente, faz sentido. E digo aparentemente uma
vez que, posta a questão aos enfermeiros e assistentes sociais em lar de
idosos, os testemunhos vão no sentido inverso, ou seja: os crentes apresentavam
maior receio da morte.
De qualquer forma a crença numa religião
é uma inevitabilidade ou com uma cotação negativa, uma fatalidade.
Recebemo-la logo após o nascimento como
uma herança cultural (o crucifixo na parede e o rosário pendurado na cabeceira
da cama) e ao longo da vida ou se instala e nos comanda ou por ali fica num faz
de conta para não destoar dos outros. Raramente temos coragem para a renegar
quando ela pouco ou nada nos diz.
Não esqueçamos que tanto os nossos
sentidos como as nossas crenças são ferramentas para a nossa sobrevivência e
evoluíram para se alimentarem mutuamente. Sem os sentidos não podíamos conhecer
o mundo perceptível e sem as crenças não poderíamos saber o que está fora do
alcance dos sentidos, nem sobre significados e causas. Por isso elas persistem
apesar das evidências contraditórias.
Eu próprio já desisti, relativamente à
minha neta, desde os três anos, pelo falecimento da bisavó, outra explicação que
não seja “enviar para o céu” os parentes e pessoas conhecidas que, entretanto,
vão falecendo. A sensibilidade dela assim o exige. Perder para sempre uma pessoa muito chegada é algo que uma criança tem muita dificuldade em aceitar.
É um assunto que mais tarde ela terá que
descodificar se se qui ser dar a esse
trabalho. Para já vão todos para o céu e ponto final… De resto, para dificultar
as coisas, as crianças revelam uma tendência natural para adoptarem a teoria
dualista da mente que consiste em aceitar que esta é uma espécie de espírito
incorpóreo que habita o corpo mas pode existir em qualquer outro lado. Portanto,
aos quatro anos, o melhor é mandá-los todos para o céu. Lutar por crenças
racionais numa criança de 4 anos não é objectivo que se prossiga. No melhor dos
casos, não estimular crenças irracionais, o resto ficará para mais tarde.
Esta é mais uma razão pela qual as
religiões se “colam”: dão explicações simples e directas para as almas simples…e
levam a não pensar mais no assunto.
Mas esta relação da religião com o além,
relação vertical, talvez não seja a mais importante. As religiões são
imensamente eficazes na formação de relações sociais, conferindo coesão às
sociedades e, nesta medida, fomentam a sobrevivência naquela a que podemos
chamar a relação horizontal.
Se o desejo de servir um Deus for mais
motivador do que o desejo de ajudar os outros, então a solidariedade será, pelo
menos, reforçada pelo facto de se ser crente.
É claro, que também podemos concluir
como Einstein: “Se as pessoas só são boas (solidárias) porque temem o castigo e
esperam recompensa, então somos mesmo uma triste cambada”.
As religiões, dentro de si próprias
evoluem, adaptam-se, ajustam-se e tiram partido de novas realidades sociais. O
Deus hebraico era essencialmente um guerreiro que comandava o seu povo para
combater e prometia-lhe a vitória no futuro por muitas derrotas que tivesse
sofrido no passado.
O Deus cristão reflectia a realidade da
vitória militar já não ser possível e a única estratégia de sobrevivência
envolvia uma coexistência mais pacífica.
O Deus cristão baixou as armas numa
estratégia tão radicalmente diferente que era possível afirmar que o Deus
cristão era um Deus completamente distinto do Deus hebraico, como alguns
especialistas afirmaram.
No entanto, quando os cristãos se
tornaram politicamente poderosos, a evolução cultural promoveu a retoma das
estratégias militares, como foi o exemplo das cruzadas, esquecida, então, a
política da “outra face”.
Hoje, de novo, a Igreja de Roma, força a
componente pacifista entre os homens e o respeito das religiões umas pelas
outras, o chamado ecumenismo, com o objectivo primeiro de manter os homens como
pessoas crentes contra o pensamento ateu que é, sem dúvida, o principal
inimigo.
E como a propensão para as crenças, como
já vimos, parece ligar-se à própria sobrevivência, são já os ateus que se
atrevem a apresentar o seu pensamento como uma “religião” de crenças racionais.
Os cépticos, na opinião de Gregory W.
Lester, Prof. de Psicologia da Universidade de St. Thomas em Houston, devem
adoptar uma estratégia de longo prazo afirmando as suas crenças racionais sem
entrar em lutas de morte numa batalha com pessoas que têm convicções únicas.
Os cépticos ou não crentes, constituem o
exemplo vivo que é possível, por “uma alta função do cérebro”, vencer e
modificar crenças irracionais no sentido em que vai contra algumas das
urgências biológicas fundamentais.
Acredito que esta aptidão, uma vez
disseminada, pode ser assustadora para os líderes das religiões, mais de umas
que de outras, e por isso novas estratégias, permanente evolução.
EPISÓDIO Nº 30
Mas ele era um negro
valente e sabia mais do que outros. Um dia fugiu, juntou um bando de negro e
ficou livre que nem na terra dele.
Aí foi fugindo mais negro
e indo para junto de Zumbi. Foi ficando uma cidade grande de negros. E os
negros começaram a se vingar dos brancos. Então os brancos mandaram soldados
para matar os negros fugidos. Mas soldado não se aguentava com os negros. Foi
mais soldado. E os negros deram nos soldados.
António Balduíno tinha os
olhos abertos e tremia de entusiasmo.
- Aí foi um mundão de soldado, mil vezes maior
que o número de negros. Mas os negros não queriam mais ser escravos e quando
viam que perdiam, Zumbi, para não apanhar mais de homem branco se jogou de um
morro abaixo. E os negros todos se jogaram também…
Zumbi dos Palmares era um
negro valente e bom. Se naquele tempo tivesse vinte igual a ele, negro não
tinha sido escravo…
António Balduíno, naquele
dia em que morrera sua tia, encontrou um amigo para substituir a velha Luísa no
seu coração: Zumbi dos Palmares. Ele foi daí em diante o seu herói predilecto.
Tinha algumas consolações
aquela vida atrapalhada pelas encrencas de Amélia. Havia em primeiro lugar
Lindinalva que brincava com António Balduíno.
Ele era capaz de passar
horas e horas parado, olhando para o rosto de santa que ela possuía. Depois
tinha o cinema que foi para ele uma revelação. E ao contrário de todos os
meninos, sempre torcia nas fitas de cow-boy pelo índio mau contra o mocinho
branco.
O sentido de raça e de
raça oprimida, ele o adqui rira à
custa das histórias do morro e o conservava latente. Tinha também Zé Camarão
que agora vinha ensinar violão a uns rapazes que moravam no sobrado velho do
fim da rua, e que também dava aulas a Balduíno.
O trabalho em casa do
comendador não era grande: copeirava, lavava os pratos, ia às feiras, fazia
recados. O comendador até pensava em levá-lo para trabalhar na sua casa
comercial:
- Quero fazer alguma coisa por este negro –
Este preto é esperto, este diabo…
Com as surras António Balduíno
aprendera a ser dissimulado. Agora fumava escondido, dizia palavrões em voz
baixa, mentia descaradamente.
Pois foi aquela ideia do
comendador de melhorar a sorte de António Balduíno, dando-lhe um emprego na sua
casa comercial, com ordenado e possibilidades de fazer alguma coisa na vida,
que obrigou o negro a fugir.
Nesta época António
Balduíno já tinha qui nze anos e já
há três suportava o ódio de Amélia.
O caso que deu lugar à sua
fuga passou-se assim: quando o comendador anunciou num domingo que no outro mês
António Balduíno começaria a trabalhar no armazém, Amélia teve um acesso de
raiva.
Ela tinha verdadeiras
crises de ciúme, não podia compreender por que os patrões protegiam aquele
negro e queriam fazer dele gente.
quinta-feira, maio 30, 2013
A
Minha Avó Pequenina
O meu pai foi a primeira pessoa lá na aldeia a ter uma
televisão, mesmo antes de qualquer uma das várias tabernas que à noite
funcionavam como cafés.
Lembro-me perfeitamente dela: era alemã, marca SABA,
rectangular e acastanhada. Estávamos em 1957, ano em que a televisão iniciou as suas emissões em Portugal.
Colocá-mo-la num armazém que
também servia de sala de jantar, em cima de uma pequena mesa, e à sua frente, bancos corridos para as pessoas
da aldeia poderem assistir a troco de 5 tostões que o meu pai justificava para
a limpeza da sala.
A minha avó tinha direito a tratamento VIP numa cadeirinha de
vime, daquelas que eram próprias para as pessoas se sentarem à lareira,
colocada na primeira fila, mesmo em frente do aparelho.
Nunca me esquecerei da expressão do seu rosto quando assistia às imagens da televisão que ela, mais que via, admirava.
Nunca me esquecerei da expressão do seu rosto quando assistia às imagens da televisão que ela, mais que via, admirava.
Dizia sempre que
gostava de ver tudo: as variedades com o Camilo de Oliveira, o teatro com a Dª.
Palmira Bastos ou o cinema com o Sr. Vasco Santana, mas percebia-se que tinha
uma especial simpatia para com o Sr. Fialho Gouveia que diariamente a olhava
nos olhos e lhe lia as notícias, coisa que ela apreciava mais que todos os
outros espectáculos.
Um dia, a minha avó adoeceu porque embora sendo uma mulher saudável, de gripes e constipações ninguém estava a salvo, doentes ou saudáveis e por isso, durante 15 dias, não ocupou a cadeirinha que lhe estava reservada em frente da televisão.
Finalmente, sentindo-se melhor, lá foi para o seu lugar porque antes da emissão começar já todos deveriam estar sentados eem silêncio.
Da mira técnica passava-se ao hino da televisão e, de
seguida, começava a programação a que eu assistia sempre ao lado da minha avó
para a poder atender nalguma pergunta que me qui sesse
fazer, o que era raro.
A minha avó era daquelas velhinhas que gostava de passar despercebida. Em toda a sua vida habituou-se, talvez influenciada pela personalidade dominadora do meu avô, pouco diferente da dos homens da sua geração, a ouvir e calar.
Um dia, a minha avó adoeceu porque embora sendo uma mulher saudável, de gripes e constipações ninguém estava a salvo, doentes ou saudáveis e por isso, durante 15 dias, não ocupou a cadeirinha que lhe estava reservada em frente da televisão.
Finalmente, sentindo-se melhor, lá foi para o seu lugar porque antes da emissão começar já todos deveriam estar sentados e
A minha avó era daquelas velhinhas que gostava de passar despercebida. Em toda a sua vida habituou-se, talvez influenciada pela personalidade dominadora do meu avô, pouco diferente da dos homens da sua geração, a ouvir e calar.
No caso dela, não só
por uma questão cultural mas também por ser essa a sua maneira de estar na
vida. Eu adorava-a porque era a minha avó, porque era pequenina e por estranho que possa parecer, pelos seus
silêncios que escondiam um mundo que ela, com o seu quê de mistério,
guardava só para si.
Mas nessa primeira noite, depois da ausência de todos aqueles dias, a minha avó parecia-me algo ansiosa, pelo menos não aguardava com a serenidade do costume o início da emissão.
De repente, enchendo-se de coragem e vencendo alguma espécie de pudor, puxou-me para ao pé dela e meio em segredo, confidenciou-me:
- Ah, o Sr. Fialho Gouveia, naturalmente, vai estranhar. Há jáqui nze dias que não
me vê...
Não me lembro do que lhe disse mas a esta distância só espero e desejo que não lhe tenha dito nada.
Mas nessa primeira noite, depois da ausência de todos aqueles dias, a minha avó parecia-me algo ansiosa, pelo menos não aguardava com a serenidade do costume o início da emissão.
De repente, enchendo-se de coragem e vencendo alguma espécie de pudor, puxou-me para ao pé dela e meio em segredo, confidenciou-me:
- Ah, o Sr. Fialho Gouveia, naturalmente, vai estranhar. Há já
Não me lembro do que lhe disse mas a esta distância só espero e desejo que não lhe tenha dito nada.
Mais tarde, já depois de ter morrido, soube através de outras
pessoas que ela muito discretamente, com pudor, ajudava com comida as mulheres mais
pobres da aldeia quase sem que ninguém se apercebesse. Mais uma razão para aumentar o amor à memória que dela
guardava. A minha avó pequenina… como carinhosamente lhe chamava.
CADA QUAL À SUA MANEIRA...
Numa
ilha maravilhosa e deserta no meio do imenso oceano, após um terrível
naufrágio, encontram-se as seguintes pessoas:
- Dois italianos e uma italiana;
- Dois franceses e uma francesa;
- Dois alemães e uma alemã;
- Dois gregos e uma grega;
- Dois ingleses e uma inglesa;
- Dois búlgaros e uma búlgara;
- Dois japoneses e uma japonesa;
- Dois chineses e uma chinesa;
- Dois americanos e uma americana
- Dois irlandeses e uma irlandesa;
- Dois portugueses e uma portuguesa;
Passado um mês, nesta ilha
absolutamente paradisíaca, no meio do nada, a situação era a seguinte:
- Um dos italianos matou o outro por causa da italiana;
- Os dois franceses e a francesa vivem felizes juntos num ménage-a-trois;
- Os dois alemães marcaram um horário rigoroso de visitas alternadas à alemã;
- Os dois gregos dormem um com o outro e a grega limpa e cozinha para eles;
- Os dois ingleses aguardam que alguém os apresente à inglesa;
- Os dois búlgaros olharam longamente para o oceano, depois olharam longamente
para a búlgara e começaram a nadar;
- Os dois japoneses enviaram um fax para Tóqui o
e aguardam instruções;
-Os dois chineses abriram uma farmácia/bar/restaurante/lavandaria e
engravidaram a chinesa para lhes fornecer empregados para a loja.
- Os dois americanos estão a equacionar as vantagens do suicídio porque a
americana só se queixa do seu corpo, da verdadeira natureza do feminismo, de
como ela é capaz de fazer tudo o que eles fazem, da necessidade de realização,
da divisão de tarefas domésticas, das palmeiras e da areia que a fazem parecer
gorda, de como o seu último namorado respeitava a opinião dela e a tratava
melhor do que eles, de como a sua relação com a mãe tinha melhorado e de que,
pelo menos, os impostos baixaram e também não chove na ilha...
- Os dois irlandeses dividiram a ilha em Norte e Sul e abriram uma destilaria.
Não se lembram se o sexo está no programa por ficar tudo um bocado embaciado
depois de alguns litros de whisky de coco. Mas estão satisfeitos porque, pelo
menos, os ingleses não se estão a divertir...
- Quanto aos dois portugueses e a portuguesa que também se encontram na ilha,
até agora não se passou nada porque resolveram constituir uma comissão
encarregada de decidir qual dos dois homens seria autorizado a requerer por
escrito o estabelecimento de contactos íntimos com a mulher.
Acontece que a
comissão já vai na 17ª reunião e até agora ainda nada se decidiu, até porque
falta ainda aprovar as actas das 5 últimas reuniões, sem o que o processo não
poderá andar para a frente.
Vale ainda a pena referir que, de todas as
reuniões, 3 foram dedicadas a eleger o presidente da comissão e respectivo
assessor, 4 ficaram sem efeito dado ter-se chegado a conclusão que tinham sido
violados alguns princípios do código de procedimento administrativo, 8 foram
dedicadas a discutir e elaborar o regulamento de funcionamento da comissão e 2
foram dedicadas a aprovar esse mesmo regulamento.
É ainda notável que muitas
das reuniões não puderam ser realizadas ou concluídas, já que duas não
continuaram por falta de quórum, uma ficou a meio em sinal de protesto pelo
agravamento das condições de vida e 5 coincidiram com feriados ou dias de
ponte...
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Baiana com bilha à cabeça |
JUBIABÁ
Episódio Nº 29
António Balduíno quase não a conheceu. Estava magra e
ossuda, os olhos pulados para fora do rosto que andava chupado.
Beijou a mão da velha que o olhou com ar indiferente.
- Titia, sou
Balduíno…
- Sabe uma
coisa: os moleques querem roubar o meu mingau. Você veio para roubar, não foi?
– foi-se enfurecendo.
Mas sorriu logo e continuou sua cantiga:
“eu não vou mais
nunca mais…
nunca mais…”
Jubiabá o levou de volta. Balduíno ainda ficou
espiando o casarão lúgubre que parecia cadeia. No bonde Jubiabá perguntou se
ainda tinha a figa que lhe dera. António Balduíno puxou de dentro de dentro do
pescoço e mostrou.
- Tá bem, meu
filho. Guarde sempre. Dá sorte…
Antes de saltar deu dez tostões a Balduíno.
Só voltou ao hospício uma vez. Foi novamente com
Jubiabá para acompanhar o enterro da velha Luísa. Diante do caixão, pobre e
negro, encontrou quase todos os conhecidos do morro.
Novamente foram todos muito bons para ele e lhe deram
abraços. Algumas pessoas choravam. Foram assim até ao cemitério onde deram uma
pá para Balduíno atirar terra em cima do corpo.
Depois o corpo da velha ficou lá, e só António
Balduíno guardou com amor a sua lembrança no seu pequeno coração que já estava
tão cheio de ódio…
Foi no dia do enterro da velha Luísa que Jubiabá, para
distraí-lo, lhe contou, na volta do cemitério, a história de Zumbi dos
Palmares.
- O nome
daquela rua é Zumbi dos Palmares, não é?
- É, sim
senhor…
- Você não sabe
quem foi Zumbi’
- Eu não –
Balduíno vinha triste pensando mais uma vez em fugir e de princípio prestou
pouca atenção à história, apesar de ser Jubiabá quem estava contando:
- Isso foi à um
mundão de tempo… No tempo da escravidão do negro…
Zumbi dos Palmares era um negro escravo. Negro escravo
apanhava muito… Zumbi também apanhava. Mas lá na terra onde ele tinha nascido
ele não apanhava. Porque lá negro não era escravo, negro era livre, negro vivia
no mato trabalhando e dançando.
- E porque
vinham para cá? – Balduíno já estava interessado.
- Os brancos iam lá buscar negro. Enganavam negro que
era tolo, que nunca tinham visto branco e não sabia da maldade dele. Branco não
tinha mais olho da piedade. Branco só queria dinheiro e pagava negro pra ser
escravo. Trazia negro e dava em negro com chicote. Foi assim com Zumbi dos
Palmares.