Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, fevereiro 08, 2014
A Matança do porco |
A MATANÇA
DO
PORCO
A vida dos povos é como a água dos rios: tanto uma como outra fluem… A água dos rios ao sabor da marcha dos terrenos e a vida ao sabor dos “tempos” e “tempos” é tudo o que determina, influencia e explica as nossas existências num emaranhado de razões a que se convencionou chamar os “tempos”.
E, “tempos” houve, em que alguém,
vivendo entre os povos do norte de África percebendo que os porcos, que de
porcos só têm o nome e pelo contrário adoram chafurdar no meio das poças de
água, decidiu que eles não eram bem-vindos àquelas paragens face à escassez do
precioso líqui do.
A proibição assumiu mesmo uma tal
importância que foi o próprio profeta Maomé que a impôs a todos os seguidores
da sua religião, no seguimento do que já acontecia com os judeus e, desta
forma, se viu o porco livre daquele destino cruel que é o de nascer e ser
criado para acabar com uma faca espetada no coração exactamente por aqueles que
dele cuidaram com todo o desvelo desde tenra idade.
Mas como neste estremo da Europa a água
era coisa que não faltava deixou de haver argumento que privasse os povos que aqui habitavam de aproveitar para a sua alimentação a
carne mais saborosa de quantas a natureza criou, excepção feita aos javalis,
que são primos e faziam as delícias do nosso amigo Obelix …
O porco é um dos primeiros animais
domésticos e entre nós adqui riu uma
importância que ultrapassou em muito a do seu valor alimentar para se
constituir num factor de natureza sociológica e cultural.
No norte do país dizia-se que um indivíduo
era tão pobre que nem tinha um porco para matar e por alguma razão os
mealheiros antigos, de barro, tinham a configuração de um porco já que ele
assegurava, ao longo de um ano, preservado em sal, na sua própria gordura ou
fumado, as deliciosas proteínas constituindo aqui lo
que na aldeia dos meus avós, na Beira Baixa, chamavam: «o governo da casa».
Mas antigamente as pessoas eram muito
pobres e poucas eram aquelas que conseguiam criar e matar um porco. Eram os
ricos que distribuíam por eles alguma carne para lhes adocicar um pouco a boca.
Até à década de sessenta, a matança
tradicional era uma simples festa familiar ou uma refeição de trabalho festiva
em que se comiam as partes mais perecíveis do animal, que não eram salgadas nem
fumadas, como o sangue, o fígado e pulmão para além da carne velha do porco do
ano anterior que ainda sobrava na salgadeira.
Esta situação traduzia a escassez que
então se vivia e daí o ditado: “ossos de suão, barba untada, barriga em vão”.
Só a partir daquela década, com algum
desafogo proveniente da emigração, é que as Festas da Matança do Porco adqui riram uma dimensão que variava em função das
posses de cada um podendo agrupar, as mais pequenas, entre 10 a 12 pessoas das quais
faziam parte os familiares e vizinhos e as maiores, ao nível do Concelho, de 40 a 100 convivas.
As pequenas e médias Matanças tinham
como função contribuir para o estreitamento do pequeno núcleo produtivo no seio
da sua esfera habitual de entreajuda, enquanto que as grandes tinham a ver com
questões de prestígio e de ostentação de riqueza das “antigas casas grandes”.
As tradicionais Matanças estão a
desaparecer e são muito poucos aqueles que levam à risca os rituais desta
prática comunitária em que participavam amigos e familiares e que tantas saudades
me deixou quando, em rapazinho, participava nelas em casa dos meus avós.
Mais uma vez, são os “tempos” que levam
coisas e trazem coisas a tal ponto que os regulamentos da Comunidade Europeia
proibiram que as tradicionais Matanças do Porco, mesmo as de âmbito familiar,
pudessem acontecer sem a presença de um veterinário para atestar o estado de
saúde do animal e as condições sanitárias (?!?...?!?).
Que exagero, que falta de ligação à
realidade… Então, não são os próprios donos do animal que o alimentam e
acompanham diariamente que logo chamam o veterinário se ele deixa de comer ou
apresenta alguma anomalia no seu comportamento?
E quanto às condições sanitárias alguém
espera encontrar um mini matadouro para além de um armazém varrido e lavado
mais a banca de matar o porco e as facas próprias para cada desempenho
devidamente afiadas?
Mas, desta vez, os nossos representantes
em Bruxelas, bateram-se galhardamente na defesa das nossas tradições que
estavam condicionadas desde 2003 e a título excepcional correu até um Edital
pelas Juntas de Freguesia a autorizar o abate caseiro do porco sem
interferência da autoridade veterinária.
Uf… que alívio, já posso novamente
pensar em deliciar-me com o “arroz do osso do peito” e a “semineta”, ementa
tradicional que na aldeia da minha avó, a Concavada, era confeccionada pela mão
experiente da senhora Maria, daquele porco a quem, o rapazinho que eu era
adorava dar de comer e que foi morto pela facada certeira do ti' Margalho, sem
corrermos o risco de irmos todos presos.
Mas isto sou eu a pensar ou a sonhar, melhor dizendo, porque já não
há avó, não há pocilga, não há porco, a senhora Maria e o ti' Margalho há muitos
anos que morreram e a aldeia quase já não tem vida assim como, da mesma maneira,
comigo irão morrer as saudades das pessoas e dos sabores, em suma, a saudade
daqueles “tempos”…
A família estava à mesa a almoçar quando os garotos resolveram
gozar com o avô e lhe colocaram um viagra no café.
Passados uns minutos, o avô levanta-se
e anuncia que precisa de ir ao WC.
Quando regressou, passados uns
minutos, tem as calças todas mijadas...
-Que é que aconteceu, avô?
-Sinceramente não faço ideia...
Precisei de fazer xixi, tirei a pila para fora, vi que não era a minha e voltei
a pô-la para dentro...
Me enterro como entender... |
A MORTE
E A MORTE
DE QUINCAS
BERRO
DÁGUA
Episódio Nº 33 e Último
Mestre Manuel já não os esperava àquela hora. Estava no fim da peixada, comida ali mesmo na rampa, não iria sair barra fora quando apenas marítimos rodeavam o caldeirão de barro. No fundo, ele não chegara em nenhum momento a acreditar na notícia da morte de Quincas e, assim, não se surpreendeu ao vê-lo de braço com Quitéria.
O velho
marinheiro não podia falecer em terra, num leito qualquer.
– Ainda tem arraia pra todo mundo...
Suspenderam as velas do saveiro, puxaram
a grande pedra que servia de âncora. A lua fizera do mar um caminho de prata,
ao fundo recortava-se na montanha a cidade negra da Bahia. O saveiro foi-se
afastando devagar. A voz de Maria Clara elevou-se num canto marinheiro:
No fundo do mar te achei toda vestida
de conchas...
Rodeavam o caldeirão fumegante. Os
pratos de barro se enchiam. Arraia mais perfumada, moqueca de dendê e pimenta.
A garrafa de cachaça circulava. Cabo Martim não perdia jamais a perspectiva e a
clara visão das necessidades prementes.
Mesmo comandando a briga, conseguira
surrupiar umas garrafas, escondê-las sob os vestidos das mulheres. Apenas
Quincas e Quitéria não comiam: na popa do saveiro, deitados, ouviam a canção de
Maria Clara, a formosa do Olho Arregalado dizia palavras de amor ao velho
marinheiro.
– Por que pregar susto na gente, Berrito
desgraçado? Tu bem sabe que tenho o coração fraco, o médico recomendou que eu
não me aborrecesse. Cada ideia tu tem, como posso viver sem tu, homem com parte
com o tinhoso?
Tou acostumada com tu, com as coisas malucas que tu diz, tua
velhice sabida, teu jeito tão sem jeito, teu gosto de bondade. Por que tu me
fez isso hoje? – e tomava da cabeça ferida na peleja, beijava-lhe os olhos de
malícia.
Quincas não respondia: aspirava o ar marítimo, uma de suas mãos tocava a água, abrindo um risco nas ondas. Tudo foi tran
Mas inesperadas nuvens vieram do Sul, engoliram a lua cheia. As estrelas começaram a apagar-se e o vento a fazer-se frio e perigoso. Mestre Manuel avisou:
Pensava ele trazer o saveiro para o cais
antes que caísse a tempestade.
Era, porém, amável a cachaça, gostosa a
conversa, havia ainda muita arraia no caldeirão, boiando no amarelo do
azeite-de-dendê, e a voz de Maria Clara dava uma dolência, um desejo de demorar
nas águas. Ao demais, como interromper o idílio de Quincas e Quitéria naquela
noite de festa?
Foi assim que o temporal, o vento
uivando, as águas encrespadas, os alcançou em viagem. As luzes da
Bahia brilhavam na distância, um raio rasgou a escuridão. A chuva começou a
cair. Pitando seu cachimbo, Mestre Manuel ia ao leme.
Ninguém sabe como Quincas se pôs de pé,
encostado à vela menor. Quitéria não tirava os olhos apaixonados da figura do
velho marinheiro, sorridente para as ondas a lavar o saveiro, para os raios a
iluminar o negrume.
Mulheres e homens se seguravam às cordas, agarravam-se às
bordas do saveiro, o vento zunia, a pequena embarcação ameaçava soçobrar a cada
momento. Silenciara a voz de Maria Clara, ela estava junto do seu homem na
barra do leme.
Pedaços de mar lavavam o barco, o vento
tentava romper as velas. Só a luz do cachimbo de Mestre Manuel persistia, e a
figura de Quincas, de pé, cercado pela tempestade, impassível e majestoso, o
velho marinheiro.
Aproximava-se o saveiro lenta e dificilmente das águas mansas
do quebra-mar. Mais um pouco e a festa recomeçaria.
Foi quando cinco raios sucederam-se no
céu, a trovoada reboou num barulho de fim do mundo, uma onda sem tamanho
levantou o saveiro.
Gritos escaparam das mulheres e dos homens, a gorda Margô
exclamou:
– Valha-me Nossa Senhora!
No meio do ruído, do mar em fúria, do
saveiro em perigo, à luz dos raios, viram Quincas atirar-se e ouviram sua frase
derradeira.
Penetrava o saveiro nas águas calmas do
quebra-mar, mas Quincas ficara na tempestade, envolto num lençol de ondas e
espuma, por sua própria vontade.
XII
NÃO houve jeito da agência funerária
receber o esqui fe de volta, nem pela
metade do preço. Tiveram de pagar, mas Vanda aproveitou as velas que sobraram.
O caixão está até hoje no armazém de Eduardo, esperançoso ainda de vendê-lo a
um morto de segunda mão. Quanto à frase derradeira há versões variadas. Mas
quem poderia ouvir direito no meio daquele temporal? Segundo um trovador do
Mercado, passou-se assim:
No meio da confusão Ouviu-se Quincas
dizer:
"– Me enterro como entender Na hora que resolver. Podem guardar seu
caixão Pra melhor ocasião. Não vou deixar me prender Em cova rasa no
chão."
E foi impossível saber o resto de sua oração.
FIM
Rio, abril de 1959
sexta-feira, fevereiro 07, 2014
Uma campanha publicitária brilhante a favor da ideia da Europa. Portas que se abrem permitindo a quem as abre interagir com quem está do outro lado...
SEXOS
(continuação)
Os gâmetas cada vez maiores ter-se-iam
tornado imóveis porque, de qualquer forma, seriam sempre procurados activamente
pelos “astutos”, e os gâmetas de tamanho intermédio ficaram condenados.
- A “estratégia astuta” com a aposta em
gâmetas cada vez mais pequenos e velozes venceu a batalha e os gâmetas maiores
tornaram-se óvulos e os mais pequenos espermatozóides.
Como um macho, teoricamente, pode
produzir espermatozóides suficientes para servir um harém de 100 fêmeas poderíamos
supor que o número de fêmeas deveria exceder o dos machos nas populações
animais na proporção de 100 para 1.
Isto significa reconhecer que para a
espécie, o macho é mais “dispensável” e a fêmea mais “valiosa”.
Para dar um exemplo extremo, entre as
populações de leões marinhos, 4% dos machos são responsáveis por 88% das
cópulas observadas, o que significa, neste caso e em muitos outros, um excesso
evidente de machos solitários que nunca terão oportunidade de copular durante
toda a sua vida.
Em tudo o resto estes machos excedentes
levam vidas normais e comem os recursos alimentares da população com o mesmo
apetite que os outros.
Do ponto de vista do “bem da espécie”
regista-se um desperdício terrível e estes machos celibatários bem poderiam ser
considerados parasitas sociais.
A teoria de “selecção de grupo” tem
dificuldade em explicar porque se chegou a esta situação mas a teoria do “gene
egoísta” não tem qualquer dificuldade em explicar a existência de uma
percentagem tão grande de machos que não se reproduzem, e essa explicação foi
formulada, pela primeira vez, por Ronald Fisher, apontado por Richard Dawkins o
maior dos sucessores de Darwin:
- O problema de quantos machos e fêmeas
nascem é um caso particular de um problema de “estratégia parental”.
- Será melhor confiar os genes preciosos
a filhos ou a filhas?
- Aqui lo
que Fisher mostrou é que, em circunstâncias normais, a proporção óptima entre
os sexos é 50:50 e para vermos porquê é preciso começar primeiro pela mecânica
da determinação dos sexos a qual, nos mamíferos, é da seguinte forma:
1º - Todos os óvulos são capazes de se
desenvolverem em machos ou fêmeas;
2º- São os espermatozóides que
transportam os cromossomas que irão determinar o sexo do indivíduo;
3º- Metade dos espermatozóides produzidos
poderá originar mulheres – os espermatozóides X – e a outra metade –
espermatozóides Y - .
4º - X e Y apenas diferem um do outro em
relação a um cromossoma.
Um indivíduo não pode, literalmente,
escolher o sexo dos seus filhos mas é possível haver genes com tendência para
ter filhos de um sexo ou de outro, e se os houver, terão eles probabilidade de
se tornarem mais numerosos na pool de genes do que os seus alelos que favorecem
uma proporção igual entre os sexos?
Suponhamos, que entre a tal população de
leões-marinhos, surge um gene “mutante” que tende para fazer com que os pais
tenham principalmente filhas.
Como não há falta de machos na população,
as filhas não teriam problemas para encontrarem parceiros sexuais e o gene, o
tal que era “mutante”, tem condições para se expandir e, a partir daqui , estava aberto o caminho para que a proporção
entre os sexos naquela população começasse a desviar-se na direcção de um maior
número de fêmeas.
Do ponto de vista do bem da espécie,
isso seria bom, pois, como já vimos, só 4% da população dos machos fornece a
totalidade dos espermatozóides necessários e, assim, o gene produtor das filhas
continuar-se-ia a espalhar até que a proporção entre os sexos estaria tão desequi librada que os pouco machos restantes, esgotados
completamente, não pudessem já dar conta do recado.
Richard Dawkins
Deu-lhe Quincas uma cabeçada, a imana começou. |
A MORTE
E A MORTE
DE QUINCAS
BERRO
DÁGUA
Episódio Nº 32
Enquanto o Cabo Martim, diplomata irresistível, cochichava
no balcão com o proprietário estupecfato ao ver Quincas Berro Dágua no melhor
de sua forma, os demais sentaram-se para uma abrideira de apetite por conta da
casa, em homenagem ao aniversariante.
O bar estava cheio:
uma rapaziada sorumbática, marinheiros alegres, mulheres na última lona,
choferes de caminhão de viagem marcada para Feira de Santana naquela noite.
A peleja foi inesperada e bela. Parece realmente verdade
ter sido Quincas o responsável. Sentara-se ele com a cabeça reclinada no peito
de Quitéria, as pernas estiradas.
Segundo consta, um dos rapazolas, ao passar, tropeçou nas
pernas de Quincas, quase caiu, reclamou com maus modos. Negro Pastinha não
gostou do jeito do fumador de maconha.
Naquela noite, Quincas tinha todos os direitos, inclusive
o de estirar as pernas como bem qui sesse
e entendesse. E o disse. Não tendo o rapaz reagido, nada aconteceu então.
Minutos depois, porém, um outro, do mesmo grupo de
maconheiros, qui s também passar.
Solicitou a Quincas afastar as pernas. Quincas fez que não ouviu. Empurrou-o
então o magricela, violento, dizendo nomes.
Deu-lhe Quincas uma cabeçada, a inana começou. Negro
Pastinha segurou o rapaz, como era seu costume, e o atirou em cima de outra
mesa. Os companheiros da maconha viraram feras, avançaram.
Daí em diante, impossível contar. Via-se apenas, em cima
de uma cadeira, Quitéria, a formosa, de garrafa em punho, rodando o braço. Cabo
Martim assumiu o comando.
Quando a refrega terminou com a total vitória dos amigos
de Quincas, a quem se aliaram os choferes, Pé-de-Vento estava com um olho
negro, uma aba do fraque de Curió fora rasgada, prejuízo importante.
E Quincas encontrava-se estendido no chão, levara uns
socos violentos, batera com a cabeça numa laje do passeio. Os maconheiros
tinham fugido. Quitéria debruçava-se sobre Quincas, tentando reanimá-lo.
Cazuza considerava filosoficamente o bar de pernas para o
ar, mesas viradas, copos quebrados. Estava acostumado, a notícia aumentaria a
fama e os fregueses da casa.
Ele próprio não desgostava de apreciar uma briga.
Quincas reanimou-se mesmo foi com um bom trago. Continuava
a beber daquela maneira esqui sita:
cuspindo parte da cachaça, num desperdício. Não fosse dia de seu aniversário e
cabo Martim chamar-lhe-ia a atenção delicadamente. Dirigiram-se ao cais.
quinta-feira, fevereiro 06, 2014
Locutor: - Quem ligar agora e fizer uma frase com uma palavra que não exista
no dicionário ganha duas entradas para o cinema.
...
Estooou! Quem fala?
Ouvinte: - Sérgio, de Gaia.
Locutor: - Olá Sérgio... Já conhece a brincadeira? Qual a sua palavra?
Ouvinte: - Ah! A palavra é baita!
Locutor: - Baita? Como se escreve?
Ouvinte: - B - A - I - T - A.
Locutor: - Espere um pouco... Deixe-me consultar o dicionário... É,realmente
esta palavra não existe. Agora faça uma frase com essa
palavra, e se a frase fizer sentido e descobrirmos o que significa a
palavra, o Sr. ganha!
Ouvinte: - Ok, lá vai.... BAITA foder !
E nesse momento desliga a ligação.......
Locutor: - Que é isto?... Vamos colaborar... Afinal existem crianças a
ouvir... Vamos tentar outra ligação.
Estou?! quem fala?
Ouvinte: - Coutinho, de Canidelo!
Locutor: - Olá Coutinho... já conhece a brincadeira? Qual é a sua palavra?
Ouvinte: - Eude!
Locutor: - Eude? Como se escreve?
Ouvinte: - E - U - D - E.
O Locutor pede ao ouvinte para esperar...
Locutor: - Deixe-me consultar o dicionário... Deixe-me ver...
Deixe-me ver... Eudesma... eudesmol... eudésmia...
eudiapneustia...
Agora faça uma frase com essa palavra e se a frase fizer sentido e
descobrirmos o que significa, ganha o prémio!
Ouvinte: -Ok, lá vai... Sou EUDE novo e BAITA foder!
dos Sexos
Se existem conflitos entre pais e filhos quando ambos
dispõem de 50% dos genes, muito mais natural será que esses conflitos aconteçam
entre parceiros sexuais.
O que eles têm em comum é um investimento de 50% de
acções genéticas dos mesmos filhos e deste ponto de vista estão interessados no
bem-estar de metades diferentes dos mesmos filhos razão suficiente para
cooperarem na sua criação.
Mas supondo que a um dos pais é permitido investir
menos em cada filho do que o qui nhão
que lhe competia, isso representaria uma vantagem dado que ficaria com mais
recursos para investir em mais filhos de outros parceiros sexuais e, assim,
propagar mais os seus genes.
Teoricamente, aqui lo
que um “indivíduo” gostaria de fazer seria copular com o maior número de
membros do sexo oposto deixando o parceiro, em cada caso, criar os filhos
sozinho.
Em certas espécies há machos que o conseguem fazer mas
noutras são obrigados a partilhar o fardo de criar os filhos.
Mas, afinal, qual é a essência da masculinidade? O que
é que define uma fêmea?
Nos mamíferos vemos os sexos claramente definidos: a
existência de um pénis, a gestação dos filhos, a amamentação, certas
características cromossomáticas, etc., mas para muitos outros animais e plantas
estas diferenças valem tanto como o uso das calças para distinguir os homens
das mulheres.
Nas rãs, por exemplo, nenhum dos sexos tem um pénis.
Aqui lo que
em toda a natureza é comum na distinção entre o sexo masculino e feminino são
os “gâmetas” (células sexuais que na reprodução se fundem no momento da
fecundação) e que nos machos são muito mais pequenos e numerosos do que nas
fêmeas.
Mesmo nos seres humanos, em que o óvulo é microscópico,
ele é muito maior que o espermatozóide e como estes são muito pequenos um macho
pode permitir-se produzir muitos milhões deles por dia.
Isto significa, que o macho é capaz de produzir uma
grande quantidade de filhos num período muito curto de tempo utilizando fêmeas
diferentes.
Ela fica “envolvida” com cada embrião concedendo-lhe a
parte adequada de alimento e, portanto, a sua possibilidade de ter filhos fica
muito limitada enquanto que o macho, potencialmente, poderá ter um número de
filhos quase ilimitado e aqui começa
a “exploração” das fêmeas.
No princípio, a reprodução seria isogâmica, quando os
gâmetas eram morfologicamente iguais, mas a selecção natural foi,
progressivamente, favorecendo os indivíduos que produziam gâmetas mais pequenos
e rápidos capazes de procurarem activamente os maiores para se fundirem com
eles e terem, potencialmente, mais filhos.
E, desta forma, em termos de evolução, abriram-se duas
estratégias sexuais diferentes:
- A “estratégia honesta” que consistia num grande
investimento em gâmetas cada vez maiores para corresponderem ao interesse dos
mais pequenos e velozes, “a estratégia astuta”.
(continua)
Richard Dawkins
Fofoquices.... |
Como um Presidente dos EUA engata uma gaja (neste caso artista de cinema):
- «Tá? - Elizabeth, aqui fala o seu comandante supremo. Oiça Elizabeth, sou o Presidente e não tenho tempo para estas merdas. Estou constantemente a salvar o mundo da guerra nuclear. Vou enviar agora um avião para a ir buscar.»
Tão romântico, não é?...
Tá num porre mãe, esclareceu Pé de Vento |
A MORTE
E A MORTE
DE QUINCAS
BERRO
DÁGUA
Episódio Nº 31
Enquanto atravessavam a ladeira de São
Miguel, a caminho do castelo, iam sendo alvo de manifestações variadas. No Flor
de São Miguel, o alemão Hansen lhes ofereceu uma rodada de pinga.
Mais
adiante, o francês Verger distribuiu amuletos africanos às mulheres. Não podia
ficar com eles porque tinha ainda uma obrigação de santo a cumprir naquela
noite. As portas dos castelos voltavam a abrir-se, as mulheres surgiam nas
janelas e nas calçadas.
Por onde passavam, ouviam-se gritos chamando Quincas,
vivando-lhe o nome. Ele agradecia com a cabeça, como um rei de volta a seu
reino. Em casa de Quitéria, tudo era luto e tristeza.
Em seu quarto de dormir,
sobre a cómoda, ao lado de uma estampa de Senhor do Bonfim e da figura em barro do Caboclo Aroeira, seu guia,
resplandecia um retrato de Quincas recortado de um jornal – de uma série de
reportagens de Giovanni Guimarães sobre os "subterrâneos da vida baiana" – entre
duas velas acesas, com uma rosa vermelha em baixo.
Já Doralice, companheira de
casa, abrira uma garrafa e servia em cálices azuis. Quitéria apagou as velas,
Quincas reclinou-se na cama, os demais saíram para a sala de jantar. Não tardou
e Quitéria estava com eles:
– O desgraçado dormiu...
– Tá num porre mãe... – esclareceu Pé-de-Vento.
– Deixa ele dormir um pouqui nho
– aconselhou Negro Pastinha. – Hoje ele tá impossível. Também, tem direito...
Mas já estavam atrasados para a peixada de Mestre Manuel e o
jeito, daí a pouco, foi despertar Quincas. Quitéria, a negra Carmela e a gorda
Margarida iriam com eles.
Doralice não aceitou o convite, acabara de receber um
recado do doutor Carmino, viria naquela noite. E o doutor Carmino, eles
compreendiam, pagava por mês, era uma garantia. Não podia ofendê-lo.
Desceram a ladeira, agora iam apressados, Quincas quase corria,
tropeçava nas pedras, arrastando Quitéria e Negro Pastinha, com os quais se
abraçara. Esperavam chegar ainda a tempo de encontrar o saveiro na rampa.
Pararam, no entanto, no meio do caminho, no bar de Cazuza, um
velho amigo. Bar mal frequentado aquele, não havia noite em que não saísse
alteração.
Uma turma de fumadores de maconha ancorava ali todos os dias.
Cazuza, porém, era gentil, fiava uns tragos, por vezes mesmo uma garrafa. E,
como eles não podiam chegar ao saveiro com as mãos abanando, resolveram passar
a conversa em Cazuza, obter uns três litros de cana.
quarta-feira, fevereiro 05, 2014
O tema "Intervalo", com a participação muito especial de Rui Veloso, é o primeiro single do disco de estreia deste novo projecto de alguns ex-membros dos grandes Ornatos Violeta e dos Blunder.
Comadres... |
- Sabe, comadre, ontem A noite estive a ver um programa sobre sexo, mas houve
algumas expressões que eu não entendi...
O heróico grupo de jogadores que preferiu morrer... |
A Selecção de
Futebol
que preferiu
morrer...
O Dínamo de
Kiev.
Há algum ucraniano que não conheça esta
história? – Não acredito, mas eu conto-a porque ela não é só dos ucranianos. É
de todos os homens corajosos deste mundo que põem acima da própria vida os valores
da honra e da dignidade. A nossa homenagem para eles.
Na
Ucrânia, os jogadores do FC
Start (nome clandestino do Dínamo de Kiev), hoje, são heróis da
pátria e o seu exemplo de coragem é ensinado nos colégios. Os possuidores de
entradas daquela fatídica partida têm direito a assento gratuito no estádio
do Dínamo de Kiev.
A
história do futebol mundial inclui milhares de episódios emocionantes e
comoventes, mas seguramente nenhum seja tão terrível como o protagonizado pelos jogadores do Dínamo de Kiev nos anos
40.
Os jogadores jogaram um partida sabendo que se ganhassem seriam assassinados e,
no entanto, decidiram ganhar. Na morte deram uma lição de coragem, de vida e
honra, que não encontra, pelo seu dramatismo, outro caso similar no
mundo.
Tudo
começou em 19 de Setembro de 1941, quando a cidade de Kiev (capital ucraniana)
foi ocupada pelo exército nazi, e os
homens de Hitler aplicaram um regime de castigo impiedoso e arrasaram
tudo.
A cidade converteu-se num inferno controlado pelos nazis, e durante os meses
seguintes chegaram centenas de prisioneiros de guerra, que não tinham permissão
para trabalhar nem viver nas casas, assim todos vagueavam pelas ruas na mais
absoluta indigência. Entre aqueles soldados doentes e desnutridos, estava Nikolai Trusevich, que tinha sido guarda-redes do Dinamo.
Josef Kordik, um padeiro alemão a quem os nazistas não perseguiam, precisamente pela sua origem, era torcedor fanático do Dinamo. Um dia caminhava pela rua quando, surpreso, olhou para um mendigo e de imediato se deu conta de que era o seu ídolo: o gigante Trusevich.
Ainda que fosse ilegal, mediante artimanhas, o comerciante alemão enganou aos nazis e contratou o guarda redes para que trabalhasse na sua
padaria. A sua ânsia por ajudá-lo foi valorizado pelo jogador, que agradecia a
possibilidade de se alimentar e dormir debaixo de um tecto. Ao mesmo tempo, Kordik emocionava-se por ter
feito amizade com a estrela da sua equi pa.
Percorreu o que restara da cidade devastada dia e noite, e entre feridos e mendigos foi descobrindo, um a um, os seus amigos do Dinamo.
Kordik
deu trabalho a todos, esforçando-se para que ninguém descobrisse a manobra.
Trusevich encontrou também alguns rivais do campeonato russo, três jogadores da
Lokomotiv, e também os resgatou. Em poucas semanas, a padaria escondia entre os
seus empregados uma equi pa
completa.
Reunidos pelo padeiro, os jogadores não demoraram em dar o seguinte passo, e decidiram, alentados pelo seu protector, voltar a jogar. Era, além de escapar dos nazistas, a única que bem sabiam fazer. Muitos tinham perdido as suas famílias nas mãos do exército de Hitler e o futebol era a última sombra mantida das suas vidas anteriores.
Como o Dinamo estava enclausurado
e proibido, deram um novo nome para aquela equi pa. Assim nasceu o FC Start, que através
de contactos alemães começou a desafiar equi pas
de soldados inimigos e selecções formadas no III Reich.
Em 7 de Junho de 1942, jogaram a sua primeira partida. Apesar de estarem
famintos e cansados por terem trabalhado toda a noite, venceram por 7 a 2. O seu rival seguinte foi
a equi pa de
uma guarnição húngara, ganharam de 6
a 2. Depois meteram 11 golos a uma equi pa romena.
A coisa ficou séria quando em 17 de Julho enfrentaram uma equi pa do exército alemão e golearam por 6 a 2. Muitos nazis começaram a
ficar chateados pela crescente fama do grupo de empregados da padaria e
buscaram uma equi pa melhor para
ganhar a eles. Trouxeram da Hungria o MSG com a missão de derrotá-los, mas o FC
Start goleou mais uma vez por 5
a 1, e mais tarde, ganhou de 3 a 2 na desforra.
Em 6 de Agosto, convencidos da sua superioridade, os alemães prepararam uma equi pa com membros da Luftwaffe, o Flakelf, que era
uma grande equi pa, utilizado como
instrumento de propaganda de Hitler.
Depois desta escandalosa queda da equi pa
de Hitler, os alemães descobriram a manobra do padeiro. Assim, de Berlim chegou
uma ordem de acabar com todos eles, inclusive com o padeiro, mas os hierarcas nazis locais não se contentaram com isso. Não queriam que a última imagem dos russos
fosse uma vitória, porque acreditavam que se fossem simplesmente assassinados
não fariam nada mais que perpetuar a derrota alemã.
A superioridade da raça ariana, em particular no desporto, era uma obsessão
para Hitler e os altos comandos. Por essa razão, antes de fuzilá-los, queriam
derrotar a equi pa num jogo.
Com um clima tremendo de pressão e ameaças por todas as partes, anunciou-se a
revanche para 9 de Agosto, no repleto estádio Zenit. Antes do jogo, um oficial
da SS entrou no vestiário e disse em russo: -"Vou
ser o juiz do jogo, respeitem as regras e saúdem com o braço levantado",
exigindo que eles fizessem a saudação nazista.
Já no campo, os jogadores do Start (camisa vermelha e calção branco) levantaram
o braço, mas no momento da saudação, levaram a mão ao peito e no lugar de
dizer: -"Heil Hitler !", gritaram - "Fizculthura !", uma
expressão soviética que proclamava a cultura física.
Os
alemães (camisa branca e calção negro) marcaram o primeiro golo, mas o Start
chegou ao intervalo do segundo tempo ganhando por 2 a 1.
Receberam novas visitas ao vestiário, desta vez com armas e advertências claras
e concretas:
-"Se vocês ganharem, não sai ninguém vivo". Ameaçou um
outro oficial da SS. Os jogadores ficaram com muito medo e até propuseram-se a não voltar para o segundo tempo.
Mas pensaram nas suas famílias, nos crimes que
foram cometidos, na gente sofrida que nas arqui bancadas
gritava desesperadamente por eles e decidiram, sim, jogar.
Deram um verdadeiro baile nos nazistas. E no final da partida,
quando ganhavam por 5 a
3, o atacante Klimenko ficou cara a cara com o arqueiro alemão. Deu-lhe um
drible deixando o coitado estatelado no chão e ao ficar em frente a trave,
quando todos esperavam o golo, deu meia volta e chutou a bola para o centro do
campo. Foi um gesto de desprezo, de deboche, de superioridade total. O estádio
veio abaixo.
Como toda Kiev poderia a vir falar da façanha, os nazistas deixaram que saíssem
do campo como se nada tivesse ocorrido. Inclusive o Start jogou dias depois e
goleou o Rukh por 8 a
0. Mas o final já estava traçado: depois
desta última partida, a Gestapo visitou a padaria.
O primeiro a morrer torturado em frente a todos os outros foi Kordik, o
padeiro. Os demais presos foram enviados para os campos de
concentração de Siretz. Ali mataram brutalmente a Kuzmenko, Klimenko e o
Trusevich, que morreu vestido com a camiseta do FC Start.
Goncharenko e Sviridovsky, que não estavam na
padaria naquele dia, foram os únicos que sobreviveram, escondidos, até a
libertação de Kiev em Novembro de 1943. O resto da equi pa
foi torturado até a morte.
Ainda hoje, os possuidores de entradas daquela partida têm direito a um assento
gratuito no estádio do Dinamo de Kiev. Nas escadarias do clube, custodiado em
forma permanente, conserva-se actualmente um monumento que
saúda e recorda aqueles heróis do FC Start, os indomáveis prisioneiros de
guerra do Exército Vermelho aos quais
ninguém pôde derrotar durante uma dezena de históricas partidas, entre 1941 e
1942.
Foram todos mortos entre torturas e fuzilamentos, mas há uma lembrança, uma
fotografia que, para os torcedores do
Dinamo, vale mais que todas as
jóias em conjunto do Kremlin. Ali figuram os nomes dos jogadores.
Abaixo a única foto que se conserva da heróica equi pa
do Dinamo e o nome dos seus jogadores. Goncharenko e Sviridovsky, os únicos
sobreviventes, junto ao monumento que recorda os seus colegas.
PS – Sempre gostei de futebol,
Agora ainda gosto mais… Aqui, em Portugal, o Dínamo de Kiev ganhou mais um adepto. Na Ucrânia, os jogadores do FC Start hoje são heróis da pátria e o seu exemplo
de coragem é ensinado nos colégios.