sábado, novembro 06, 2010

VÍDEO
Durante a execução parece simplesmente que ele toca de olhos fechados por dinâmica corporal de um bom músico. No fim fica-se a saber que o pianista é um deficiente visual. Um autêntico dom da natureza e muito trabalho, sem dúvida, permitem-lhe uma magnífica destreza, habilidade e sensibilidade na execução de uma música de tanta dificuldade.
Só consegui deixar de ouvi-lo após... a última vénia.


AMÁLIA RODRIGUES - O BARCO NEGRO (letra de David Mourão Ferreira)

Foi este fado, cantado no filme "Amantes do Tejo" (1955), que mais contribuiu para lançar a carreira internacional de Amália. No ano seguinte estava a cantá-lo no Olympia de Paris e a partir de então por todo o mundo, fascinando com o talento da sua voz e qualidade das suas interpretações, seduzindo numa língua que muito poucos entendiam, acompanhada apenas por duas simples guitarras. Do Japão às Américas e a quase todos os países da europa, especialmente os de leste, Rússia, Roménia, Hungria, etc... onde era muito fácil encontrar pessoas que se comoviam ao escutá-la.

DONA FLOR

E SEUS DOIS
MARIDOS



Episódio Nº 263


Disposto a tomar o rumo da devassa geografia de Teresa, a negreira, não ia Arigof de todo satisfeito. Não era de seu hábito nem de seu prazer fugir de uma batalha mesmo quando em desespero, derrotado por antecipação. Lembrou-se de outro Waldomiro, seu amigo exemplar e insubstituível; Vadinho, infelizmente morto, competente e audaz, inigualável em matéria de jogo e em geral. Ele, sim, poderia lhe valer, se fosse vivo.

Há muitos anos, uma noite, após semanas de azar absurdo quando já sem vintém e sem ter onde buscá-lo, entrara Arigof no Tabaris e dera com Vadinho, soberbo de altivez e fichas, apostando alto. Tomou-lhe o negro uma ficha e o exemplo de vitória: ganhou noventa e seis contos em alguns minutos, nunca se vira coisa igual. Fora uma noite de alucinação.

Arigof mandara fazer meia dúzia de ternos de uma vez, atirando pelegas de quinhentos na cara do alfaiate. Na noite fantástica de descomunal orgia no castelo de Carla, ele pagando todas as despesas, noite lendária nas memórias de jogo na Bahia.

Engraçado: recordava Vadinho e sua pabulagem e não era que lhe parecia ouvir distintamente aquela voz de insolência?

- Então, negro fujão, onde enfiou sua valentia? No cu da branca? Quem não persegue a sorte não merece ganhar, tu sabe disso. Desde quando tu é aluno de Waldomiro Lins? Tu já não era professor quando ele veio jogar pela primeira vez?

Arigof chegou a parar a meio da Rua do Chile como um pateta, tão próxima e viva lhe parecia a voz de Vadinho em seu ouvido. Nascendo do mar, a lua começava a cobrir a cidade da Bahia.

- Deixa os ossos da branca para depois, negro covarde, tu está com medo de feitiço, então tu não é filho de Xangô? Deixa a branca para depois de ter partido a urucubaca pelo meio, hoje é tua noite de festejo.

Vadinho esporreteado, tinha os palpites mais loucos, e era igual na sorte e no azar, o mesmo sorriso trêfego e insolente. Quem sabe, pensou Arigof, Vadinho do alto da lua o estaria vendo com sua urucubaca ás costas, despido do correntão do ouro, do anel de prata, do relógio cobiçado pelo espanhol do Sete?

Cadê tua coragem, negro? Cadê o negro Arigof, três vezes macho?

Waldomiro Lins, prudente e fino jogador, lhe aconselhara a não persistir contra o azar, a se encolher, a se esconder no leito da amante, tão alva e tão sabida: Teresa recitava de memória os rios da China, os vulcões dos Andes, os cumes das montanhas. Quando via o negro Arigof, enorme e nu, ela, toda dengosa, saudava ao mesmo tempo o pico do Himalaia e o eixo da terra: pouca vergonha de Teresa! Com tanto caiporismo e com Teresa a esperá-lo, só mesmo um doido voltaria naquela noite ao carteado.

- Vai que eu te garanto negro frouxo… - a voz de Vadinho em seu ouvido.

Arigof o procurou em derredor, pois chegava a sentir o bafo do seu hálito. Era como se o amigo do passado o tomasse pela mão e o conduzisse para as escadas do Abaixadinho, ali tão perto.

- Nunca tive medo de caretas… - disse o negro.

Teresa o esperaria mastigando chocolates, envolta nos lagos canadenses, nos afluentes do Amazonas. Sem um tostão no bolso, Arigof penetrou no Abaixadinho, foi se colocar ante a mesa do lasquinê.

sexta-feira, novembro 05, 2010

VÍDEO

Não acha que é a altura de parar? - Eu parei há 15 anos e a minha qualidade de vida melhorou imenso.

RAPIDINHAS


Ela chora desalentadamente...

- Querida, que se passa?

- Perdi o meu cãozinho!

- Por que não pôe um anúncio com a fotografia dele e o seu endereço?

- Isso não resolve nada!!!

- Mas por quê?

- Porque o cão não sabe ler!

PIANISTA SEM BRAÇOS
Liu Weu, 23 anos, é a mais recente estrela chinesa. Venceu o Concurso de Talentos da China, congénere daquele que projectou para a fama Susan Boyle, no Reino Unido. A determinação do jovem em tocar piano, mesmo sem braços, valeram-lhe rasgados elogios aos quais, o jovem Liu respondeu com um desconcertante: "Pelo menos tenho um par de pernas perfeitas". O pianista deverá assinar agora um contrato com a produtora para lançar um disco,



DONA FLOR

E SEUS DOIS

MARIDOS


Episódio Nº 262





Crioula mandingueira, nascida na feitiçaria, Zaíra lhe secara a sorte. Preocupado, Arigof perguntava-se onde andaria o resto da sua gravata tricô.

Certamente agarrado aos pés de um caboclo ou de um inkice, junto com seu retrato, aquele pequeno, feito para carteira de identidade: o negro sorrindo, o dente de ouro à mostra. Arigof o ofertara em prova de amor á iaba sem coração e agora imaginava seu rosto cravado de alfinetes na camarinha do santo, para o despacho se refazer cada manhã e lhe apagar de um golpe e para sempre a boa estrela.

Já tomara banho de folhas e fora rezado por Epifania de Ogum. Por três vezes a iyà morô tivera de renovar seu maço de folhas, pois caíam murchas assim lhe tocavam o corpo, tão grande o carrego de malefício no cachaço de Arigof.

No aperreio de tamanha urucubaca, ia o negro pela Rua Chile considerando as agruras da vida. Vinha do restaurante e seu destino imediato era a casa de Teresa. Waldomiro Lins o levara a jantar após a tarde desastrosa, na espelunca de Zezé da Meningite, onde o negro perdera os últimos níqueis. Arigof, de raiva, comera de uma vez o almoço, a janta e a ceia.

- Você está esganado de fome, Arigof, o que é que há? – perguntou o outro perante aquele exagero de apetite.

O negro respondeu naquele pessimismo definitivo:

- Não sei se volto a comer nunca mais…

- Doente?

- De azar, meu irmãozinho. Amarraram minha sorte nos pés de um encantado, de um caboclo, se não foi de um Orixá de Angola, que aquela peste é gente de inkices. Estou no alvéu, seu mano.

Contou de seu caiporismo: diluíam-se palpites infalíveis, não acertava uma. Apostasse nos dardos ou nas cartas, na mesa da roleta, perdia sempre. Os parceiros já o olhavam de través, como se ele transmitisse urucubaca:

- Meu azar pega, maninho…

Narrativa cheia de detalhes, na esperança de que Waldomiro Lins, moço de posses e alegre camarada, lhe socorresse no embaraço, emprestando-lhe umas pelegas para o jogo da noite. Falhou o golpe, pois a amigo em vez de dinheiro lhe serviu conselhos: só havia um jeito de escapar de Urucubaca assim tão negra, era fugir do jogo por uns tempos. Deixasse passar a maré de má sorte, extinguir-se a força do ebó, não fosse louco. Se teimasse, acabaria de tanga, com as cuecas empenhadas. Ele, Waldomiro Lins, aprendera a respeitar sorte e azar e certa feita levara mais de três meses sem ver baralho, dado ou mesa de roleta.

Subindo a Rua Chile, Arigof dá razão ao amigo: a teimosia não passava de pura estupidez, obstinação de maluco, bem melhor era visitar Teresa de Geografia, branca arretada por um branco forte, motivo daqueles tabefes em Zaíra.

Na casa de Teresa, estendido na cama ao lado da branca, churupitando uma cachaça com limão, poderia esquecer tantas derrotas, descansar sua urucubaca no tapete. Sim, dessa vez, o negro Arigof fora derrotado, só lhe restava a fuga vergonhosa. Tinha razão Waldomiro Lins, homem
experiente e de bom conselho.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

À ENTRVISTA SOB O TEMA:
“COBRAR OS SACRAMENTOS”


Pagar Por Receber – A Favor e Contra

Actualmente, a principal razão avançada para cobrar pelos sacramentos é que muitos sacerdotes não têm como sustentarem-se já que estão à frente de comunidades de pobres. Os que defendem que os sacramentos devem ser pagos acrescentam ainda que, embora estes rituais provoquem uma “graça espiritual” e por isso deveriam ser gratuitos, aqueles que os administram são sacerdotes que devem ser sustentados pelos fiéis. E citam a 1ª Carta de Paulo aos Corintos (9, 13) onde é referido que o sacramento não se paga a menos que seja para sustentar quem o administra.

Outros argumentam que aquilo que se paga não é o sacramento – que tendo valor não tem preço – mas apenas os gastos extraordinários da paróquia na celebração de alguns sacramentos, especialmente baptismos e bodas, rituais em que as famílias primam pela projecção social que pretendem dar a estas celebrações.

Em algumas paróquias não se cobra mas pedem-se donativos voluntários. Noutras, indica-se que aquilo que se cobra deve destinar-se às despesas de manutenção do templo e não do sacerdote. Noutras, ainda, recomenda-se que se peça factura pelo pagamento que se faz com a finalidade de controlar e conseguir transparência por parte daquele que recebe os pagamentos. Em muitas dioceses especificava-se o que ninguém deve ficar privado dos sacramentos por ser pobre.

Em alguns meios não é fácil inovar suprimindo o pagamento dos sacramentos. No seu livro “América Latina Se Torna Protestante” David Stoll, conta que quando Leónidas Priano, bispo de Riombamba, Equador, um homem que procurava mais caminhos na sua diocese para ser mais coerente com a mensagem de Jesus Cristo, pediu aos sacerdotes que deixassem de cobrar pelos sacramentos, não só ficou isolado como


também encontrou resistências por parte dos sacerdotes conservadores – a maioria – que tinham nestas cobranças uma fonte de rendimento certa.

Também os fiéis católicos pobres do povo “quechua” com um pensamento muito tradicional opuseram-se: consideravam que os sacramentos não”serviam” para nada, não teriam o efeito sagrado senão tivessem que pagar por eles.

Em ambientes modernos e renovados, os sacerdotes têm-se oposto a cobrar pelos sacramentos que administram e, a partir de então, os fiéis converteram-se em administradores da paróquia num gesto de responsabilidade colectiva. Para poderem dar grátis o que recebem grátis, como indicou Jesus, (Mateus 10, 8), há cada vez mais sacerdotes que para além de estarem à frente da paróquia, trabalham como professores ou noutros trabalhos para se manterem economicamente
.

quinta-feira, novembro 04, 2010

ELVIS PRESLEY - MARTINA MCBRID - BLU CHRISTMAS
Ele morreu em 1977 e ela nasceu em 1966. Quarenta anos distanciados no tempo: ela está a cantar em 2008 e ele em 1968 mas unidos pela tecnologia... prodígios de uma montagem feita em computador e que nos dá a ilusão quase perfeita de que se trata de uma aparição conjunta dos dois artistas... reparem na reacção do público quando ela entra em cena ou quando ela canta e ele apenas toca... a única observação a fazer é que ele só olha para o lado em que ela está no fim da apresentação. Veja e ouça com atenção... vários espetáculos num só!


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 261


Majestade e reino, pois Pelancchi Moulas era soberano do mais poderoso do mais poderoso truste da Bahia, rei do jogo e da contravenção, bancando legalmente a roleta, a lebre francesa, o bacará, o lasquinê, no Palace, no Tamariz, no Abaixadinho, nas grandes casas e nas pequenas onde seus prepostos mantinham-se atentos aos dados e baralhos, aos crupiês e chefes de sala, e lhe traziam diária e gorda féria da ronda, do vinte-e-um, do sete-e-meio. Raríssimas casas escapavam ao seu controle, uma ou outra apenas: a de Três Duques, a de Meningite, o antro do Paranaguá Ventura. Sobre todas as demais estendia as garras ávidas e aduncas (e bem tratadas por manicura exclusiva, mulatinha feita pelo velho Barreiros, pai daquele advogado Tibúrcio, um especialista: modelara trinta e sete mulatas em diferentes mães e cada qual mais de arromba e arrelia).

E o imenso império ilegal (em aparência) do jogo do bicho? Só a Pelancchi era permitido bancar sob garantia da polícia, e, se algum inconsciente se atrevesse a lhe fazer concorrência, logo aplicavam as zelosas autoridades ao infame marginal, o rigor máximo da dura “lex sed lex”.

Não havia em todo o Estado da Bahia homem de mais poder. Civil ou militar, bispo ou pai-de-santo. Pelancchi Moulas mandava e desmandava.

Administrador, governante do mais complexo e mais rico dos impérios, o jogo, à frente de um exército de subordinados, mestres-de-escola, crupiês, fiscais, banqueiros, faróis, proxenetas, espiões, secretas da polícia e guarda-costas, era o Papa uma seita com milhares de crentes submissos, fanáticos, escravos. Com suas propinas sustentava e enriquecia ilustres figuras da administração, da intelectualidade e da ordem pública, a começar pelo Chefe da Polícia, concorrendo para obras pias e financiando a construção de igrejas.

Diante dele, de que valia Governador e Perfeito, comandantes terrestres, aéreos ou submarinos, o arcebispo com sua mitra e seu anel? Não havia poder na terra capaz de amedrontar Pelancchi Moulas, velho italiano de cabelos brancos, de riso afável e olhos duros, quase cruéis, fumando um eterno cigarro em piteira de marfim, a ler Virgílio e Dante pois, além do jogo, só gostava mesmo de poesia e de mulatas.

O negro Arigof andava aperreado, urucubaca assim era demais. Montara em seu cangote há quase um mês desde quando, ao descer desprevenido as escadas de sobrado onde tinha seu quarto de solteiro, dera um chuto no embrulho com o ebó. Mandinga braba, coisa-feita posta em seu caminho para lhe atrasar a vida. Rasgara-se o papel, esparramando-se a farofa amarela, as penas pretas da galinha, as folhas rituais, duas moedas de cobre e pedaços de uma sua gravata ainda bastante nova, de tricô. A gravata deu-lhe a pista certa: vingança de Zaíra, iaba sem coração, incapaz de sofrer desaforo sem logo dar o troco.

Certa noite, Arigof, perdidas a calma e a elegância de fidalgo lhe aplicara um par de tabefes em pleno Tabaris, para ela tomar modos de gente, não mais lhe aporrinhar a paciência, Zaíra era muçurumim de nação mas praticava caboclo e Angola e tinha poderes junto aos inkices.

Feitiço dos mais fortes, bozó violento, quem preparara para Zaíra despacho tão fatal? Com certeza algum entendido na escrita, bom nas folhas e forte na maldade. Não houve esconjuro que desse jeito, o ebó prendera a sorte do negro no fundo de um poço e ele se arrastava mendigo pelas casas da jogatina, perdendo em todas elas. Já pusera no prego seus pertences melhores: o anelão de prata verdadeira, o correntão de ouro com figas de Guiné e um pequeno chifre de marfim, o relógio adquirido ao marinheiro louro de um navio, roubado talvez num camarote de milionário: tão bonito e cutuba que o espanhol do Sete, com todo o seu conhecimento de jóias, assobiara de emoção à sua vista, oferecendo-lhe mais quinhentos mil-réis se o negro se dispusesse a vendê-lo em vez de empenhá-lo.

quarta-feira, novembro 03, 2010

ENGATATÃO DAS DÚZIAS - ALFREDO FARINHA E ELSA COIMBRA
Cantar à desgarrada ou se preferirem ao "desafio" caracteriza-se por ser entoado alternadamente por duas pessoas (até podem ser por mais) sendo a letra geralmente improvisada. Canta-se à desgarrada por todo o país, nas festas de casamento, mas também por todo o mundo. Na América do Sul, Brasil e Colômbia, chamam-lhes os "repentistas", cantam aquilo que sai num repente. Na Galiza, cantar ao desafio é denominado "regueifa" que era o bolo de casamento que os noivos ofereciam a quem, de entre os moços, fosse o melhor cantador a desafiar os outros, sempre improvisando, a reclamar a regueifa, por isso lhes chamavam os "reguefeiros". Na zona de Lisboa também há desgarradas sob a forma de fado castiço. No Alentejo canta-se ao desafio de duas formas: ao "balcão" e ao "despique". Nesta última forma dá-se um mote, pega-se num tema e desenvolve-se. No cantar ao "balcão", canta-se à balda, responde-se e vai-se improvisando.
Aqui, temos o Fernando Farinha e a Elsa Coimbra: "ele, engatatão, ela, a dar-lhe para trás".


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS


Episódio Nº 260


Viram deflagrar-se a guerra dos santos, nas encruzilhadas dos caminhos, nas noites das macumbas, nos terreiros e na vastidão dos céus em ebós sem precedentes, despachos nunca vistos, feitiços carregados de morte, coisa-feita e bruxaria em cada esquina. Os Orixás em fúria, todos reunidos do mesmo lado, completos em suas espécies e nações; do outro lado Exu, a sustentar sozinho aquele egun rebelde, ao qual ninguém oferecera roupas coloridas nem o sangue de galos e ovelhas, nem um bode inteiro, nem sequer uma conquém de Angola.

Vestira-se com as roupagens do desejo, com os ouropéis da paixão imorredoura e em sacrifício desejava tão-somente o riso e o mel de dona Flor.

Nem mesmo Yansã (epa hei!), a que enxota as almas, a que não teme os eguns e os enfrenta, a que comanda os mortos, a guerreira cujo grito amadurece as frutas e destrói exércitos, nem mesmo ela conseguiu impor-se autoritária e destemida; aquele babá de Exu lhe tomou o alfange e o eruexim. Tudo no vice-versa, tudo pelo avesso, era o tempo do contrário, do ora-veja, o meio-dia da noite, o sol da madrugada.

Prosternados na hora do padê, as yalorixás e os babalorixás, a partir de certo instante, já não mais quiseram intervir: cabia aos encantados encontrar a decisão no fogo da peleja. Apenas o babalaô Didi, porque Asobá de Omolu, mago de Ifá, guardião da casa de Ossain e sobretudo por ter o posto de Korikoê Ulukótum no terreiro dos eguns, na Amoreira, tentou enrolar outra vez nas palhas do mokan o egun desperto de seu sono pelo amor. Fê-lo a pedido de Dionísia de Oxóssi mas foi em vão como se verá mais adiante.

Não se diga que Cardoso e Sª se assombrou, não é ele cidadão de se assombrar, nem tão pouco de sustos e espantos fáceis. Mas sofreu um abalo, ah! isso sofreu, não há como esconder a realidade, e dizendo-se que mestre Cardoso e Sª se surpreendera está tudo definitivamente dito e dada a medida desmedida do insólito, do absurdo clima da cidade. Foi naqueles dias que o povo, em lucidez e raiva, atacou a sede do monopólio estrangeiro da energia eléctrica, exigiu a nacionalização das minas, pôs a polícia em fuga e cantou a Marselhesa sem saber francês. Tudo teve princípio naquela ocasião.

Dona Flor não se deu conta imediata da situação, ao contrário de Pelancchi Moulas, cujo sangue calabrês intuiu e logo depois indicou sentido e direcção para os sucessos naquela mesma noite do lasquinê. Alguns dias bastaram para convencer Pelancchi. Apavorado – sim, apavorado, esse homem sem medo e sem entranhas, esse bandido da Calábria, esse moderno gangster à maneira de Chicago, esse duro jogador – mandava seu chofer Aurélio, de toda a confiança, ao terreiro de mãe Octávia Kissimbi, yalorixá da nação Congo, indo ele próprio em busca do filósofo místico e astrólogo Cardoso e Sª, únicos seres capazes de lhe valer em tão terrível emergência, de lhe salvar o reino e a majestade.

ENTREVISTA FICCIONADA

COM JESUS CRISTO Nº 69 SOB O TEMA:

COBRAR OS SACRAMENTOS?


Raquel – Emissoras Latinas dando cobertura à segunda vinda à Terra de Jesus Cristo. Neste momento deixámos um templo Pentecostal e aproximamo-nos de outro, mas cristão… Como vê, Jesus Cristo, abundam as igrejas na terra onde o senhor viveu.

Jesus – E nesta também cobram dízimo, Raquel?

Raquel – Não sei, não creio… mas na pior hipótese cobram outras coisas… um momento Jesus Cristo… deixe ver o que se está passando… um casamento…estão a celebrar uma boda.

Jesus – Que bom. Sempre gostei de bodas. Como as celebram vocês agora?

Raquel – Quer averiguá-lo? Entramos neste escritório e dizemos que nos queremos casar…

Jesus – Sim, vamos.

Raquel – Atenção, audiência, esta é uma reportagem do melhor jornalismo de investigação. Quando sair o sacristão o senhor diz que é o noivo… fala o senhor primeiro…

Jesus – Esta rapariga e eu vamo-nos casar e queremos saber o que é preciso.

Sacristão – Têm todos os papéis em ordem: originais da Certidão de Nascimento, Exames Médicos Pré-Nupciais, Bilhetes de Identidade, Certidão de Domicílio?

Jesus – Temos.

Sacristão – Certificado de Baptismo e de Confirmação, Curso Pré- Matrimonial, duas testemunhas?

Raquel – Temos

Sacristão – Muito bem, como querem casar-se? Com Missa ou sem Missa? Com cantor ou só acompanhamento musical? Adorno Floral completo ou apenas parcial? Trabalho fotográfico ou não? Temos ofertas diferentes e preços muito variados. Os senhores quanto é que podem pagar?

Jesus – Nada. Dinheiro, não temos. Apenas amor, não é verdade, Raquel?

Sacristão – Mas o que é que os senhores querem?

Raquel – Nós queríamos casar, nada mais. Sem altares, sem flores, sem música… que Deus abençoasse o nosso amor… só isso.

Sacristão – Mas… isso não é possível.

Jesus – E por que não é possível amigo?

Sacristão – Não me façam perder tempo… Aí fora estão as tabelas de casamento, baptizados, missas rezadas e cantadas, missas de defunto, responsos, primeiras comunhões, confissões, confirmações…

Jesus – E se não tivermos dinheiro não nos casam?

Sacristão – Mas quem sois vós? A senhorita, parece pessoa decente, mas o seu noivo, não sei, tem aspecto de hipie ou de palestiniano da Intifada! Fora daqui!

Raquel – Ponto final na nossa investigação jornalística. Viu, Jesus Cristo? - Uns com os dízimos, estes com as tabelas para cada sacramento.

Jesus – Onde aprenderam estes maus costumes? Por que eu digo claramente: dêem grátis o que receberam grátis.

Raquel – Mas se os padres não cobrassem de que viveriam, então?

Jesus – Que trabalhem, como todos os outros.

Raquel – Os seus discípulos trabalhavam?

Jesus – Claro, se não trabalhassem não comiam. Ninguém cobrou por anunciar o Reino de Deus.

Raquel – Mas, se não me engano, creio que foi mesmo o apóstolo Paulo que disse: “Os que pregam o Evangelho, vivam do Evangelho”.

Jesus – Pois, se não me enganaram os que me contaram, Paulo nunca cobrou nada porque trabalhava com as suas mãos a fazer tendas de campanha para pagar as suas viagens.

Raquel – Então o senhor está contra o pagamento das missas e dos sacramentos.

Jesus – Eu creio que quem faz isso não são pastores, são mercenários. Não servem as ovelhas, servem-se delas.

Raquel – E se as ovelhas são elas próprias que dão esmolas à Igreja?

Jesus – É a igreja que tem de dar esmolas, não recebê-las. No nosso grupo quem tinha um pouco mais dava a quem tinha menos.

Raquel – Então?

Jesus – Então, vamos embora daqui também, Raquel. Creio que não nos podemos casar.

Raquel – Matrimónio frustrado, investigação reveladora. De Jerusalém, Raquel Perez, Emissoras Latinas.

terça-feira, novembro 02, 2010

HERMÍNIA SILVA - ROSA ENJEITADA
Para este clássico do fado português escolhi Hermínia Silva (a segunda fadista mais amada em Portugal a seguir à Amália) pelos seus requebres de voz (únicos) quando pergunta: ..."afinal, desventurada, quem és tu?...". O fado da Rosa Enjeitada foi estreado na Revista com o mesmo nome e tinha como intérpretes, precisamente , a Hermínia e Berta Cardoso que desempenhava o papel de Rosa Enjeitada. A letra do fado resume, digamos assim, o trama que enformava o melodrama (1901) da autoria de D. João da Câmara: na história, a Rosa Enjeitada é uma prostituta que vive com Francisco a quem ama e sustenta pensando mudar de vida mas sem coragem para o fazer... até ao dia em que conhece João, rapaz simples, honesto e trabalhador, uma antítese do outro e desse encontro nasce o amor verdadeiro e a esperança de uma nova vida... afinal uma história de sempre. O filme está enriquecido com fotografias raras da época para "compensar" a qualidade do som do disco de 78 rotações.


DONA
FLOR
E SEUS
DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 259



Talvez em todo o tempo de casado, mais de um ano, doutor Teodoro, não se houvesse comovido tanto, quanto naquele jantar. Num repente, de tímido exclamou:

- Você sabe que eu a amo, Flor, que você é minha vida. Como duvida? Não seja injusta.

Ela, ainda exaltada, declarava:

- Não sou tua mulher, tua esposa? Pois bem se você amanhã não for ao banco, quem vai sou eu e fecho o negócio com seu Celestino…

Doutor Teodoro levantara-se, veio por ela e a tomou num abraço estreito, apaixonado. Dona Flor acolheu-se no peito largo do doutor, também ela apaixonada. Sentaram-se no sofá, dona Flor no colo do esposo, rosto contra rosto, numa ternura quase sensual.

- Você é a mais séria, a mais direita e a mais bonita das esposas…

- A mais bonita não, meu Teodoro…

Fitou-o nos olhos bondosos, banhados em felicidade.

Bonita não… Mas te garanto, ah! isso te garanto, que séria eu sou, que sou mulher direita.

E tendo dito, buscou com os lábios a boca do doutor e a tomou na sua num beijo de amor, seu bom marido, única a merecer sua ternura e gozo de seu corpo.

A noite entrou inteira pela sala e do meio da sua sombra Vadinho contemplou a cena. Passou a mão na testa, inquieto; virou as costas, saiu rua fora, descontente.


Foi a partir daquela conversa entre doutor Teodoro e dona Flor que os acontecimentos começaram a se precipitar, num ritmo cada vez mais célere e confuso.

Sucederam então tais coisas na cidade capazes de assombrar (e assombraram) até mesmo as criaturas mais familiares do prodígio e da magia, como a vidente Aspásia, recém chegada todas as manhãs do Oriente, seu verdadeiro habitat, para as Portas do Carmo, onde era “a única a usar o sistema da ciência espiritual em movimento”; como a célebre médium Joset Marques (fenómenos de levitação e de ectoplasma) cuja intimidade com o além é sobejamente conhecida; como o Arcanjo São Miguel de Carvalho, em sua tenda de milagres no Beco do Calafate; como a doutora Nair Sacá, “diplomada pela Universidade de Júpiter”, a curar toda e qualquer enfermidade com passes magnéticos na Rua dos Quinze Mistérios; como Madame Deborah, do Mirante dos Aflitos, detentora dos segredos dos monges do Tibet, em permanente gravidez resultante de coito espiritual com Buda vivo, sendo, ela própria, “revelação suprema do futuro”, capaz com seus dons de adivinha de “prever e garantir casamentos ricos em prazos curtos e revelar os números premiados da lotaria” sem falar em Teobaldo Príncipe de Bagdá, já um tanto caduco.

E não só essas competências se assombraram. O espanto atingiu mesmo aqueles íntimos do mistério da Bahia, aqueles que o criam e o preservam, seus depositários através do tempo: mães e pais-de-santo, yalorixás e babalorixás, babalaôs e iakekerés,, obás e ogãs. Nem a própria Mãe Senhora, sentada em seu trono no Axé do Opô Afonjá; nem Menininha do Gantois com sua corte no Axé Iamassé; nem tia Massi da Casa Branca, do venerando Axé Iá Nassô, nem mesmo ela com a sabedoria dos seus cento e três anos de idade; nem Olga de Yansã dançando soberba e arrogante em seu terreiro do Alaketu; nem Nezinho de Ewá; nem Simplícia de Oxumaré; nem Sinhá de Oxóssi, filha-de-santo do falecido pai Procópio do Ilé Ogumjá; nem Joãozinho do Caboclo Pedra Preta; nem Emiliano do Bogum; nem Marieta de Tempo; nem o caboclo Neive Branco na Aldeia de Zumino Reanzarro Gangajti; nem Luís de Mariçoca, nenhum deles pôde controlar a situação e explicá-la a contento
.

segunda-feira, novembro 01, 2010

ELEIÇÕES NO BRASIL


Ontem foi eleita no Brasil, como Presidente, Dilma Rouseff com 56% dos votos. José Serra, o esperado perdedor, ficou-se pelos 46%. Para mim, que estou cá do outro lado do oceano, quem "ganhou" mesmo foi o Lula... e ainda bem porque é um homem de paz, previligia o diálogo e é amigo de Portugal.


À sua herdeira e ao povo brasileiro desejo, sinceramente, muitas felicidades. Sai de cena o Lula, ficou o "lulismo".

A ESCOLHA DO RESTAURANTE

Um grupo de amigos de 40 anos discutiam e discutiam para escolher o restaurante onde iriam encontrar-se para jantar.

Finalmente decidiram-se pelo Restaurante Tropical porque as empregadas usavam mini-saias e blusas muito decotadas.

Dez anos mais tarde, aos 50 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante.

Finalmente decidiram-se pelo Restaurante Tropical porque a comida era
muito boa a havia uma óptima selecção de vinhos.

Dez anos mais tarde, aos 60 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante.

Finalmente decidiram-se pelo Restaurante Tropical porque ali podiam
comer em paz e sossego e havia sala de fumadores.

Dez anos mais tarde, aos 70 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante.

Finalmente decidiram-se pelo Restaurante Tropical porque lá havia uma
rampa para cadeiras de rodas e até um pequeno elevador.

Dez anos mais tarde, aos 80 anos, o grupo reuniu-se novamente e mais uma vez discutiram e discutiram para escolher o restaurante.

Finalmente decidiram-se pelo Restaurante Tropical. Todos acharam que era uma grande ideia porque nunca lá tinham estado antes.

CARPENTERS - FOR ALL WE KNOW

Os Carpenters foram uma dupla musical da década de 70 composta pelos irmão Karen (1950-1983) e Richard Carpenter (1946). Com o seu estilo melódico levaram muitas canções ao Top 40 da música americana. Quando as bandas de rock pesado faziam sucesso eles tiveram êxito com uma música suave, bem diferente. A sua carreira durou 14 anos, durante os quais gravaram 11 Albuns, 5 dos quais continham músicas que atingiram o Top 10 das paradas de sucesso musical.. A carreira da dupla terminou com a morte de Karen em 1983, com uma paragen cardíaca em consequência de complicações de "anorexia nervosa". A cobertura noticiosa então feita fez aumentar a consciência da opinião pública para as consequências das disfunções alimentares.

DONA FLOR
E SEUS DOIS
MARIDOS

Episódio Nº 258



- Pois, meu caro, segundo estou informado, dona Flor ou dona Florípedes, como vosmicê prefira, tem umas economias bem razoáveis na Caixa Económica… Mais que suficientes para completar com a hipoteca, o necessário para a compra da casa…

- Mas esse dinheiro é dela, fruto do seu labor, nele não tocarei jamais, é um dinheiro sagrado…

Mais uma vez o banqueiro mediu o farmacêutico na cadeira em sua frente: Vadinho tomava os níqueis da mulher para ir jogar, e por vezes os arrancava à força, na brutalidade. Até lhe batia, segundo ouvia contar.

Bonitos sentimentos, meu doutor, dignos da cavalgadura que é vossa mercê… - o português ia da maior finura à grosseria total. – Burro, é o que você é, burro como um patrício desses que carregam piano e quebram pedras na rua… Diga-me lá de que serve esse dinheiro de dona Flor metido numa caderneta da Caixa? Ela, desejando ter a sua casa própria, e aqui o cavalheiro para manter uns escrúpulos de merda – de merda, sim senhor – deixa passar uma ocasião única. Não são casados com comunhão de bens?

Doutor Teodoro engoliu a seco a cavalgadura, o burro e a merda, conhecia bem o português e lhe devia favores por demais.

Não sei como falar com ela…

- Não sabe o quê? Pois aproveite a hora da cama que é a melhor para se discutir negócios com a esposa, meu caro. Eu só discuto assuntos desses com a patroa quando já estamos os dois deitados e sempre me dei bem. Ouça, dou-lhe vinte e quatro horas de prazo. Se amanhã, à mesma hora, você não me aparecer mando vender a casa a quem der mais… E agora deixe-me trabalhar…

Não na cama, mas na mesa, nas primeiras sombras da noite, ante o alvo beiju de tapioca molhado em leite de coco, doutor Teodoro relata a conversa do banqueiro a dona Flor omitindo os palavrões e a cavalgadura.

- Por meu gosto, você não bulia nesse dinheiro da Caixa…

- E que faço com ele?

- Seus gastos… Pessoais…

- Que gastos, Teodoro, se você não me deixa pagar nada? Nem a mesada da minha mãe… Você paga tudo e ainda se zanga quando eu reclamo. Nesse tempo todo, só fiz botar dinheiro na caderneta; só tirei duas vezes, um pinguinho de cada uma, para comprar duas tolices para você. Para que guardar esse dinheiro sem serventia? Só se for para meu caixão, quando eu morrer…

- Não fale bobagem, minha querida… A verdade é que é a mim, como marido, cabe a obrigação…

- E por que eu não tenho o direito de concorrer para a compra da nossa casa? Ou você não me considera sua companheira para um tudo? Será que só sirvo para arrumar, cuidar de suas roupas, fazer a comida, fazer a comida, ir com você para a cama? – dona Flor se exaltava – Uma criada e uma rapariga?

Ante a inesperada explosão, doutor Teodoro, ficou sem palavras, um baque no peito, a mão segurando o garfo com o pedaço de beiju. Dona Flor baixara a voz, agora num queixume:

- A não ser que você não me ame, me despreze tanto que nem quer que eu lhe ajude na compra da nossa casa…

INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº 68 SOB O TEMA:
- PAGAR O DÍZIMO (último parte)




A Igreja Enriqueceu Com O Dízimo


Na medida em que o Cristianismo passou a ser a religião oficial do Império Romano a lei Bíblica do dízimo recuperou o seu lugar. Os bispos reunidos nos Concílios Regionais de Tours e Maçon (Anos 567 e 585) reviveram a obrigação do dízimo que se devia pagar aos bispos e aos párocos. O imperador Carlos Magno no Séc. VIII estabeleceu o pagamento obrigatório do dízimo das colheitas para sustentar os bispos das igrejas locais.

O dízimo teve um papel importante na acumulação da riqueza da Igreja Romana. Na Idade Média, todos os proprietários das terras estavam obrigados a entregarem uma décima parte das suas produções ou dos seus rendimentos à autoridade hierárquica da igreja local., sob pena de excomunhão ou ameaça de condenação às penas do inferno.

No tempo de Gregório VIII, instituiu-se o “dízimo de Saladin” que devia ser pago por todos os cristãos que não participavam nas cruzadas contra os muçulmanos.

Na América colonial pagava-se também o dízimo às autoridades religiosas locais para sustentar os párocos e as paróquias. Esta lei acabou a quando das independências.



Todavia Ainda Se Pagam Dízimos

Em vários países europeus de tradição cristã, ainda que laicos, - Espanha, Alemanha, Itália – sobrevivo o equivalente ao dízimo: “o imposto religioso” que se entrega ao Estado na Declaração de Impostos e que se destina a financiar a igreja católica ou as igrejas protestantes. De há uns anos para cá, cidadãos e cidadãs, críticos com a actuação do clero espanhol, proveram uma campanha de apostasia (afastamento deliberado das doutrinas e crenças mantidas e defendidas com firmeza): trata-se de renunciar, por escrito e oficialmente em documento formal, a sua pertença à igreja católica, o que lhes evita pagarem este imposto.

Actualmente, em resultado do crescente fundamentalismo bíblico e de uma leitura literal da Bíblia, algumas igrejas cristãs evangélicas, especialmente de Pentecostes e Neopentecostes, recuperaram a prática do dízimo convertendo-o numa condição de fé verdadeira. É uma autêntica transacção comercial: a troco do pagamento do dízimo os pastores e pregadores oferecem aos fiéis bênçãos e a prosperidade por Deus.



O Dízimo É Uma Fraude

Gary Amirault é um pastor e pregador evangélico dos Estados Unidos, defensor do universalismo cristão e fundador no Missouri do Tentmaker Ministries. Participa num programa como autor de vários textos nos quais demonstra a origem histórica do dízimo e a falta de um fundamento evangélico para o exigir. Para Amirault o dízimo bíblico não passa de uma completa fraude.

As igrejas nos E.U. através dos seus milhares de esquemas para reunir dinheiro acumularam mais de um trilião em Acções, Fundos, Programas de Seguros, Bens de Raiz, etc. que dariam para alimentar, literalmente, os pobres de todo o mundo. Os meios engenhosos que milhares de pastores usam para levantar dinheiro, dos quais o dízimo moderno é um deles esgotou o nosso país de recursos que poderiam ajudar tremendamente o mundo. Mas a Igreja está sentada sobre
o dinheiro
.

domingo, outubro 31, 2010

COMUNICADO DO VATICANO


Informam-se os crentes que estar na cama nus, enrolados com alguém e a gritar:

"Oh Meu Deus! Oh Meu Deus!"

não será considerado como oração.

HOJE É DOMINGO
Bom dia a todos. Os relógios atrasaram uma hora, passámos ao horário de inverno até Março do próximo ano. Hoje, aqui em Santarem, no nosso Portugal, chove e faz vento a condizer com a época, mas o que interessa é o que vai dentro dos nossos corações como fala Caetano Veloso nesta canção de 1975, quando ele era um jovenzinho "charmoso" de grande cabeleira preta.

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