Entrevista Nº 48
Raquel – Para levantar o ânimo dos nossos ouvintes, deprimidos, talvez, mas com fortes razões, depois da nossa última entrevista, a unidade móvel decidiu regressar a Nazaré (Nazeraf, em hebraico), uma cidade aprazível. E começar a entrevista de hoje contando a Jesus Cristo uma piada.
Jesus – Uma piada?
Raquel – Sim, sobre a sua mãe.
Jesus – Conta-me, Raquel.
Raquel – Pois aconteceu que um sacerdote chegou ao céu e viu uma criança a chorar. Quem és tu? Perguntou. O menino Jesus, dizem-lhe. E por que chora ele tanto? Explicam-lhe: porque sua mãe, Maria, baixa à terra tantas vezes que não tem tempo para cuidar dele.
Jesus – Devo estar ainda ensonado pois não percebi a graça…
Raquel – Ora veja, Jesus Cristo, a sua mãe desce do céu à terra continuamente. Nestes últimos anos multiplicaram-se as suas aparições por todo o mundo. É realmente uma avalanche: Lourdes, Fátima, Garabandal, Medjugorje, Cuapa, Ostina, Manduria, Arizona, La Rosa Mística… a lista é interminável.
Jesus – Deveras?
Raquel – Imagens de Maria que choram, outras que sangram, silhuetas nas árvores… até num pedaço de piza há pouco tempo a sua mãe apareceu.
Jesus – E o que faz a minha mãe quando aparece?
Raquel – Pede que construam uma Igreja e que rezem o Terço. Uma das aparições mais sonantes foi a de Fátima, Portugal.
Jesus – Conta-me porque eu não sei nada disso.
Raquel – A 13 de Maio de 1917, em Fátima, três pastorinhos viram uma senhora no céu. Alta, loura, vestida de branco…
Jesus – Então, não acho que fosse a minha mãe. Ela era morena, baixita, com uma túnica cor de terra… e em que língua falava?
Raquel – Em português.
Jesus – Em português?
Raquel – Poucos meses depois ocorreu o milagre do sol. Um prodígio que foi contemplado por 70.000 pessoas.
Jesus – E o que se passou, diz-me Raquel.
Raquel – Ao meio-dia, depois de horas e horas de espera, os três pastorinhos viram sua mãe Maria aparecer. Então o sol começou a girar, a girar, a pôr-se roxo e a desmoronar-se sobre as pessoas aos gritos…
Jesus – Que coisa tão terrível…
Raquel – Quando a bola de fogo ia a cair sobre a multidão o milagre terminou e o sol regressou ao seu lugar no céu.
Jesus – E por que chamas milagre a essa calamidade?
Raquel – Eu não. Os representantes do senhor no Vaticano consideram-no oficialmente um milagre portentoso. O senhor, Jesus Cristo, que é o filho dela e o representado por eles que opinião tem destes factos?
Jesus – Que Deus faz nascer o sol todos os dias sobre os bons e os maus, sobre os inteligentes e os tolos.
Raquel – Não o entendo.
Jesus – Só há um sol no céu, não é verdade, Raquel? O sol que essas pessoas viram nesse dia era o mesmo em todo o mundo. Se o sol se tivesse desviado do seu caminho, todos os filhos de Deus se teriam dado conta. O milagre não foi aquele que foi visto por uma minoria, o milagre foi a maioria não o ter visto.
Raquel – Mas, que se passou então em Fátima? Tanta gente não pode ficar alucinada ao mesmo tempo.
Jesus – Teriam comido alguma coisa? Não estariam desfalecidos depois de tantas horas de espera?
Raquel – O senhor não acredita no milagre de Fátima?
Jesus – Recorda-me as histórias que o meu avô Joaquim nos contava em criança para nos assustar…
Raquel – E as outras aparições de sua mãe Maria?
Jesus – A minha mãe não necessita de igrejas, nem de rosários. A minha mãe não joga às escondidas. Deixa isso, Raquel e conta-me histórias mais divertidas.
Raquel – Não sem antes encerrar o programa e despedir-me dos nossos ouvintes que estarão perguntando, me parece, até onde iremos chegar…
Da Nazaré, Raquel Perez, enviada especial.
NOTA
Uma Crença Oficial – Que Maria, mãe de Jesus, aparece às pessoas na terra é uma crença oficial que a igreja católica certifica e difunde activamente. A primeira destas aparições mais parece ter sido um caso de ubiquidade (conseguir estar em dois lados diferentes em simultâneo). Maria, ainda em vida, no ano 39, teria aparecido ao evangelista Santiago (também apóstolo e, na realidade, seu filho, irmão de Jesus) que nessa data estaria a pregar o Evangelho em Zaragoza, Espanha.
Desde então para cá as aparições contabilizadas pela Igreja católica em vinte séculos somam mais de quinhentas. Nas últimas décadas do século XX chegaram ao Vaticano informações de 1.500 aparições em mais de 30 países do mundo. Aprovadas oficialmente foram apenas umas 20, entre elas, Guadalupe, no México, Lourdes, em França e Fátima em Portugal.
Branca, Loira e Ocidental – É curioso que depois das “aparições” as imagens, pinturas e esculturas que aparecem é de Maria branca, loura, com traços ocidentais, quase sempre vestida de branco e azul, cores que ela nunca vestiu na sua vida pois era uma pessoa pobre, camponesa que vestia cores pardas enquanto que o azul e o branco estavam apenas reservados para as mulheres ricas de Jerusalém que as podiam comprar.
Por outro lado, as intervenções desta Maria “aparecida” são sempre de apoio à doutrina e devoções oficiais da Igreja católica e nunca de apoio às mensagens inovadoras e ensinamentos de seu filho, como seria normal. Insistem sempre nos mesmos pontos: construam uma igreja, rezem o Terço, façam sacrifícios para a salvação do mundo e advertências sobre o inferno quando, Jesus Cristo, questionava as rezas repetidas, enfrentou os sacerdotes, não ia aos templos, recusou sacrifícios e nunca pregou sobre o inferno.
O Dia em que o Sol Brilhou – Na sexta “aparição” de Maria em Fátima, Outubro de 1917, ocorreu o milagre do sol anunciado três meses antes. Segundo as crónicas da época 70.000 pessoas na Cova da Iria e outros milhares 40 milhas em redor, numa manhã de chuva torrencial viram a chuva cessar e aparecer o sol que depois de dar três voltas sobre si mesmo desceu vertiginosamente sobre a terra para regressar depois à sua posição inicial. Este prodígio demorou uns dez minutos.
O Director do Laboratório Astronómico de Lisboa declarou aos jornalistas: “Se fosse um fenómeno cósmico os Observatórios Astronómicos tê-lo-iam detectado com exactidão” mas a Igreja reconheceu oficialmente este fenómeno como um milagre.
Praticamente, toda a história oficial do que aconteceu em Fátima nesse dia e desde que começaram as “aparições” foi extraída da memória de Lúcia já que os irmãos, Francisco e Jacinta, morreram muito jovens pouco tempo depois destas ocorrências. Lúcia, já adolescente, entrou para um convento onde aprendeu a ler e a escrever. Vinte anos depois destes acontecimentos em Fátima, Lúcia recebeu do Bispo de Leiria, José Alves Correia da Silva, ordem para contar tudo por escrito. Em finais de 1935 um texto com as primeiras memórias depois do qual escreveu mais cinco versões. Estes escritos são a única fonte para conhecer a história oficial de Fátima.
Uma Mensagem Nova: O Aborto – Em alguma das suas mais recentes “aparições”, Maria começou a falar sobre o aborto, um tema que é obsessivo para a hierarquia católica.
Os videntes de Oliveto, Itália (1985), a vidente Mike Siate, do Texas (1988), a vidente coreana Júlia Kim (1985), o vidente dos E.U. John Dorwns, todos eles manifestam grandes preocupações com o aborto a ponto de estar a surgir uma nova devoção nos EU. que está alastrando à América Latina: “O Terço dos Não Nascidos”em que cada conta do Rosário é uma lágrima com um feto inserido.
O Fenómeno das Aparições na Igreja Católica – O historiador mexicano Rodrigues Martinez Baracs afirma algo que não só se aplica às “aparições” de Nª. Sª. de Guadalupe como igualmente a todas as outras aparições:
- “A questão é a maneira como a Igreja Católica se relaciona com a verdade, com a ciência, com esse sentido do real e do verdadeiro que compartilhamos com todos os seres humanos para além dos nossos credos ou nacionalidades. Ao obstinar-se num “aparicionismo” estreito e mal provado, a Igreja Católica encerra-se em si mesma, procurando crescer e fortalecer-se, para se separar das outras religiões da maltratada comunidade humana”.
As “Aparições e os Interesses Financeiros - O “aparecionismo” católico reforça-se continuamente. Há interesses tanto ideológicos como financeiros atrás de cada uma das aparições. Durante o seu Pontificado o Papa João Paulo II apoiou activamente as fraudulentas “aparições” de Medjugorje, em terras croatas convertendo, dessa forma, esse lugar num centro nevrálgico financeiro de uma empresa multinacional, de acordo com as investigações do escritor britânico David Yallop no seu livro “O Poder e a Glória”.
Em 2007, o Vaticano fez-se sócio de uma Linha Aérea, Mistral Air, que se dedica a transportar peregrinos desde Roma para os santuários marianos de Lourdes (França), Fátima (Portugal), Guadalupe (México) e Czestochowa (Polónia). Os aviões vão pintados com as cores papais, branca e amarela e levam a bordo assistentes que durante as viagens animam os peregrinos com preces e cânticos.