Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, outubro 15, 2011
Enxerto do discurso do filósofo Slavo Zizek aos manifestantes da Liberty Plaza, em Nova York:
- "Numa velha piada da antiga República Democrática Alemã, um trabalhador alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que todas as suas correspondências serão lidas pelos censores, ele diz para os amigos: “Vamos combinar um código: se vocês receberem uma carta minha escrita com tinta azul, ela é verdadeira; se a tinta for vermelha, é falsa”.
Depois de um mês, os amigos receberam a primeira carta, escrita em azul: “Tudo é uma maravilha por aqui: os estoques estão cheios, a comida é abundante, os apartamentos são amplos e aquecidos, os cinemas exibem filmes ocidentais, há mulheres lindas prontas para um romance – a única coisa que não temos é tinta vermelha.”
E essa situação, não é a mesma que vivemos até hoje? Temos toda a liberdade que desejamos – a única coisa que falta é a “tinta vermelha”: nós nos “sentimos livres” porque somos desprovidos da linguagem para articular nossa falta de liberdade.
O que a falta de tinta vermelha significa é que, hoje, todos os principais termos que usamos para designar o conflito atual – “guerra ao terror”, “democracia e liberdade”, “direitos humanos” etc. etc. – são termos FALSOS que mistificam nossa percepção da situação em vez de permitir que pensemos nela. Você, que está aqui presente, está dando a todos nós tinta vermelha."
Depois de um mês, os amigos receberam a primeira carta, escrita em azul: “Tudo é uma maravilha por aqui: os estoques estão cheios, a comida é abundante, os apartamentos são amplos e aquecidos, os cinemas exibem filmes ocidentais, há mulheres lindas prontas para um romance – a única coisa que não temos é tinta vermelha.”
E essa situação, não é a mesma que vivemos até hoje? Temos toda a liberdade que desejamos – a única coisa que falta é a “tinta vermelha”: nós nos “sentimos livres” porque somos desprovidos da linguagem para articular nossa falta de liberdade.
O que a falta de tinta vermelha significa é que, hoje, todos os principais termos que usamos para designar o conflito atual – “guerra ao terror”, “democracia e liberdade”, “direitos humanos” etc. etc. – são termos FALSOS que mistificam nossa percepção da situação em vez de permitir que pensemos nela. Você, que está aqui presente, está dando a todos nós tinta vermelha."
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 231
Emiliano ressurge das cinzas na voz apaixonada de Tereza.
Nestes anos, Tereza, tu ficaste sabendo como eu sou, conheces meu lado bom, meu lado ruim, aquilo de que sou capaz. Meti a mão no coração e os arranquei de dentro, mas meu coração não ficou vazio e não morri. Porque te tenho. A ti, a mais ninguém.
Repentina timidez de adolescente, de aflito postulante, desprotegida criatura, em contradição com o senhor habituado ao mando, directo e firme, insolente e arrogante quando necessário. A voz quase embargada, comovida:
- Ontem, na quermesse, começou em verdade nossa vida, Tereza. Agora o tempo inteiro nos pertence, e o mundo inteiro. Já não te deixarei sozinha, agora estaremos sempre juntos, aqui e onde seja; viajarás comigo. Acabou-se a amigação, Tereza.
Antes de levantar-se, alta estatura de árvore, e tomá-la nos braços, encerrando o discurso terrível, a doce conversa de amor, Emiliano Guedes disse:
- Quem me dera ser solteiro para casar contigo. Não que isso modificasse em nada o que significas para mim. És minha mulher.
Ao término do beijo, ela murmura:
- Ai, Emiliano, meu amor.
- Nunca mais me tratarás de doutor. Seja onde for.
- Nunca mais Emiliano.
Seis anos tinham-se passado desde a noite em que ele a retirara do prostíbulo. O doutor levantou Tereza nos braços e a conduziu ao quarto nupcial. Haviam transposto os últimos obstáculos, Emiliano Guedes e Tereza Batista. Um velho de prata, uma moça de cobre.
38
A ambulância partiu, os curiosos continuaram na calçada em frente ao chalé, comentando, à espera. Nina mistura-se com eles, a dar com a língua, após haver prendido os filhos.
No quarto, o sacristão acabou de recolher os castiçais, os tocos de vela. Um último olhar de inveja ao grande espelho, ah! os debochados!, vai-se embora. O padre se despedira antes:
- Que Deus te ajude. Tereza.
Tereza termina de arrumar a mala. Na mesa de trabalho de Emiliano, o rebenque de prata sobre uns papéis. Pensa em levá-lo. O rebenque, porquê? Melhor uma rosa. Cobre a cabeça com um xaile negro de flores vermelhas, o derradeiro presente do doutor, trazido na quinta-feira passada.
No jardim colhe a rosa mais polpuda e rubra, carne e sangue. Gostaria dizer adeus às crianças e à velha Eulina, mas Nina escondeu os filhos e a cozinheira só chega às seis.
A mala na mão direita, a rosa na esquerda, o xale na cabeça, Tereza abre o portão. Atravessa entre os curiosos como senão os visse. Passo firme, olhos secos, dirige-se ao ponto das marinetis a tempo de embarcar na das cinco da manhã para salgado, onde passa o trem do Leste.
(clik na imagem)
Capuchinho Vermelho
Como seria noticiada hoje, em Portugal, a história do Capuchinho Vermelho...
TELEJORNAL - RTP1
TELEJORNAL - RTP1
"Boa noite. Uma menina chegou a ser devorada por um lobo na noite de ontem... mas a atuação de um caçador evitou uma tragédia"
JORNAL DA NOITE - SIC
JORNAL DA NOITE - SIC
"Vamos agora dar-lhe conta de uma notícia de última hora. Uma menina foi literalmente engolida por um lobo quando se dirigia para casa da sua avó! Esta é uma história aterradora mas com um final feliz... o Sr. telespetador não vai acreditar, mas esta linda criança foi retirada viva da barriga do lobo! Simplesmente genial!"
JORNAL NACIONAL - TVI
JORNAL NACIONAL - TVI
"... onde vamos parar, onde estão as autoridades deste país?! A menina ia sozinha para a casa da avó a pé! Não existe transporte público naquela zona? Onde está a família desta menina? E a Comissão de Proteção de Menores? Tragicamente esta criança foi devorada viva por um lobo. Em épocas de crise, até os lobos, animais em vias de extinção, resolvem aparecer?? Isto é uma lambada na cara da atual governação portuguesa."
Entretanto manifeste a sua opinião e ligue para:
707696901 se acha que a culpa é do lobo
707696902 se acha que a culpa é do capuchinho
707696903 se acha que a culpa é do governo
CORREIO DA MANHÃ
Entretanto manifeste a sua opinião e ligue para:
707696901 se acha que a culpa é do lobo
707696902 se acha que a culpa é do capuchinho
707696903 se acha que a culpa é do governo
CORREIO DA MANHÃ
- "Governo envolvido no escândalo do Lobo"
JORNAL DE NOTICIAS
JORNAL DE NOTICIAS
- "Como chegar à casa da avozinha sem se deixar enganar pelos lobos no caminho"
Revista MARIA
Revista MARIA
- "Dez maneiras de levar um lobo à loucura na cama"
A BOLA
A BOLA
- "Lobo será reforço de inverno na Luz"
JOGO
JOGO
- "Mourinho quer Caçador no Real"
LUX
LUX
- "Na cama com o lobo e a avó"
EXPRESSO
EXPRESSO
Legenda da foto: "Capuchinho, à direita, aperta a mão do seu salvador".
Na reportagem, caixa com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Capuchinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.
PÚBLICO
Na reportagem, caixa com um zoólogo explicando os hábitos alimentares dos lobos e um imenso infográfico mostrando como Capuchinho foi devorada e depois salva pelo lenhador.
PÚBLICO
- "Lobo que devorou Capuchinho Vermelho seria filiado no PS"
O PRIMEIRO DE JANEIRO
O PRIMEIRO DE JANEIRO
- "Sangue e tragédia na casa da avozinha"
CARAS
CARAS
- Ensaio fotográfico com Capuchinho na semana seguinte:
Na banheira de hidromassagem, Capuchinho fala à CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor à vida. Hoje sou outra pessoa."
MAXMEN
Na banheira de hidromassagem, Capuchinho fala à CARAS: "Até ser devorada, eu não dava valor à vida. Hoje sou outra pessoa."
MAXMEN
- Ensaio fotográfico no mês seguinte:
"Veja o que só o lobo viu"
SOL
"Veja o que só o lobo viu"
SOL
- "Gravações revelam que lobo foi assessor político de grande influência"
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À 21ª ENTREVISTA SOBRE O TEMA:
“ELE MUTIPLICOU PÃS E PEIXES?” (1)
“ELE MUTIPLICOU PÃS E PEIXES?” (1)
Pão, Sinónimo de Comida
No tempo de Jesus, o pão, geralmente de cevada, era o alimento básico dos pobres. As refeições diárias eram compostas de água, pão e azeite de oliveira. O pão é muitas vezes sinónimo de "alimento" nas páginas da Bíblia, onde a relação pão-alimento aparece em 293 passagens no Velho Testamento e 96 no Novo.
No lago da Galileia havia 25 espécies de peixes, algumas delas nativas e por isso as populações do lago estavam familiarizados com o consumo de peixe.
Um Mundo ainda com Fome
No lago da Galileia havia 25 espécies de peixes, algumas delas nativas e por isso as populações do lago estavam familiarizados com o consumo de peixe.
Um Mundo ainda com Fome
Embora saibamos que as técnicas mais avançadas agrícolas para produzir o alimento chegariam para satisfazer toda a humanidade, boa parte dos seres humanos ainda sofrem de fome. De acordo com o relatório anual de 2004 "O Estado da Insegurança Alimentar no Mundo" pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação), 852 milhões de pessoas no mundo sofrem de fome crónica o que significa cerca de um em cada sete pessoas.
A FAO informou que 5 milhões de crianças morrem anualmente de fome e que nascem a cada ano mais de 20 milhões de crianças abaixo do peso normal por causa da fome de suas mães, o que significa um risco para a sua vida e compromete o desenvolvimento de seu cérebro e seu corpo. A tendência ascendente do número de crianças e adultos com fome está relacionada com a rápida concentração de riqueza e de oportunidades.
Entre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, acordados por todos os chefes de Estado no mundo, é a meta de reduzir para metade a fome em todos os países do mundo em 2015.
A FAO informou que 5 milhões de crianças morrem anualmente de fome e que nascem a cada ano mais de 20 milhões de crianças abaixo do peso normal por causa da fome de suas mães, o que significa um risco para a sua vida e compromete o desenvolvimento de seu cérebro e seu corpo. A tendência ascendente do número de crianças e adultos com fome está relacionada com a rápida concentração de riqueza e de oportunidades.
Entre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, acordados por todos os chefes de Estado no mundo, é a meta de reduzir para metade a fome em todos os países do mundo em 2015.
sexta-feira, outubro 14, 2011
QUEM SOU EU?
Nesta altura da vida já não sei mais quem sou ...
Vê só que dilema !!!
- Na ficha de qualquer loja sou CLIENTE,
- No restaurante FREGUÊS,
- Quando alugo uma casa sou INQUILINO,
- Nos transportes públicos e em viatura particular sou PASSAGEIRO,
- Nos correios REMETENTE,
- No supermercado (e lojas também) sou CONSUMIDOR.
- Nos serviços sociais sou UTENTE.
- Para o estado sou CONTRIBUINTE,
- Se vendo algo importado sou CONTRABANDISTA.
- Se revendo algo, sou VIGARISTA,
- Se não pago impostos sou SONEGADOR,
- Se descubro uma maneira de pagar um pouco menos, sou CORRUPTO.
- Para votar sou ELEITOR,
- Para os sindicatos sou MASSA SALARIAL ,
- Em viagens TURISTA ,
- Na rua, caminhando PEDESTRE,
- Se passeio, sou TRANSEUNTE,
- Se sou atropelado ACIDENTADO,
- No hospital PACIENTE.
- Nos jornais viro VÍTIMA,
- Se leio um livro sou LEITOR,
- Se ouço rádio OUVINTE.
- A ver um espectáculo sou ESPECTADOR,
- A ver televisão sou TELESPECTADOR,
- No campo de futebol sou ADEPTO.
- Na Igreja católica, sou IRMÃO.
- E, quando morrer... uns dirão que sou... FINADO, outros... DEFUNTO, para outros... EXTINTO , para o povão... MAIS UM QUE DEIXOU DE FUMAR.... BATEU AS BOTAS ...
- Em certos círculos espiritualistas serei... DESENCARNADO,
- Os evangélicos dirão que fui... ARREBATADO...
E o pior de tudo é que, para os governantes sou apenas um IMBECIL !!!
E pensar que um dia quis ser EU. SIMPLESMENTE...
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 230
Na noite daquele domingo de Maio, Tereza deu-se conta da extensão do desastre, muito além do que ela pudera imaginar através das insinuações, das palavras soltas, das frases esparsas de amigos e estranhos, dos silêncios de Emiliano. Deve ter-lhe custado uma enormidade, manter-se cordial, amável, risonho, parecer alegre na convivência com ela e com os amigos, guardando para si somente a prova amarga, o fel a consumi-lo. De repente, foi demais e transbordou.
- Sangue ruim, raça ruim, degenerada.
Apenas duas pessoas entre os seus não o decepcionaram, não lhe traíram a confiança, Isadora e Tereza, com elas não se enganara. Fora pensando em Isadora, costureirinha pobre, esposa modelar, inesquecível companheira, que o usineiro decidira suspender as ordens dadas a Alfredão alusivas a Túlio Bocatelli, não matar o genro, conceder-lhe uma oportunidade.
- Sangue bom, Tereza, o da gente do povo. Quem me dera ser ainda jovem para ter de ti os filhos que sonhei.
Por abruptos caminhos chegaram às juras de amor, ao terno idílio. Após ter-lhe dito, com amargor, ira e paixão, o que jamais pensara confiar a parente, sócio ou amigo, o doutor a envolveu nos braços e, beijando-lhe os lábios, lastimou:
- Tarde demais, Tereza. Demorei a me dar conta. Tarde para os filhos mas não para viver. Só tenho a ti no mundo, Favo-de-Mel, como pude ser tão injusto e mesquinho?
- Injusto comigo? Mesquinho? Não fale assim, não é verdade. O senhor me deu de um tudo, quem era eu para merecer mais?
- Andando há pouco contigo no caminho do porto, subitamente me dei conta que se eu morresse hoje tu ficarias sem nada para viver, ainda mais pobre do que quando chegaste, pois agora tuas necessidades são maiores. Todo esse tempo, mais de seis anos e nunca pensei nisso. Não pensei em ti, só em mim, no prazer que me davas.
- Não diga isso, não quero ouvir.
- Amanhã de manhã vou telefonar mandando que Lulu venha imediatamente botar esta casa em teu nome e acrescentar uma cláusula em meu testamento, um legado que garanta tua vida após minha morte. Sou um velho, Tereza.
- Não fale assim, por favor… - Repete: - Por favor lhe peço.
- Está bem, não falo mais, mas vou tomar as providências necessárias. Para corrigir, ao menos em parte, a injustiça: tu me deste paz, alegria, amor, e eu, em troca, te mantive presa aqui, na dependência da minha comodidade, uma coisa, um objecto, uma cativa. Eu o dono, tu a serva, até hoje me tratas de senhor. Fui tão ruim para ti quanto o capitão. Um outro capitão, Tereza, envernizado, passado a limpo, mas no fundo, a mesma coisa. Emiliano Guedes e Justiniano Duarte da Rosa, iguais, Tereza.
- Ah! não se compare com ele! Nunca houve dois homens tão diferentes. Não me ofenda se ofendendo dessa maneira. Se fossem iguais porque estaria eu aqui, porque havia de chorar por sua gente se não choro nem por mim? Não se compare, que me ofende. Para mim o doutor sempre foi bom, me ensinou a ser mulher direita e a gostar de viver. (clik na imagem)
- Sangue ruim, raça ruim, degenerada.
Apenas duas pessoas entre os seus não o decepcionaram, não lhe traíram a confiança, Isadora e Tereza, com elas não se enganara. Fora pensando em Isadora, costureirinha pobre, esposa modelar, inesquecível companheira, que o usineiro decidira suspender as ordens dadas a Alfredão alusivas a Túlio Bocatelli, não matar o genro, conceder-lhe uma oportunidade.
- Sangue bom, Tereza, o da gente do povo. Quem me dera ser ainda jovem para ter de ti os filhos que sonhei.
Por abruptos caminhos chegaram às juras de amor, ao terno idílio. Após ter-lhe dito, com amargor, ira e paixão, o que jamais pensara confiar a parente, sócio ou amigo, o doutor a envolveu nos braços e, beijando-lhe os lábios, lastimou:
- Tarde demais, Tereza. Demorei a me dar conta. Tarde para os filhos mas não para viver. Só tenho a ti no mundo, Favo-de-Mel, como pude ser tão injusto e mesquinho?
- Injusto comigo? Mesquinho? Não fale assim, não é verdade. O senhor me deu de um tudo, quem era eu para merecer mais?
- Andando há pouco contigo no caminho do porto, subitamente me dei conta que se eu morresse hoje tu ficarias sem nada para viver, ainda mais pobre do que quando chegaste, pois agora tuas necessidades são maiores. Todo esse tempo, mais de seis anos e nunca pensei nisso. Não pensei em ti, só em mim, no prazer que me davas.
- Não diga isso, não quero ouvir.
- Amanhã de manhã vou telefonar mandando que Lulu venha imediatamente botar esta casa em teu nome e acrescentar uma cláusula em meu testamento, um legado que garanta tua vida após minha morte. Sou um velho, Tereza.
- Não fale assim, por favor… - Repete: - Por favor lhe peço.
- Está bem, não falo mais, mas vou tomar as providências necessárias. Para corrigir, ao menos em parte, a injustiça: tu me deste paz, alegria, amor, e eu, em troca, te mantive presa aqui, na dependência da minha comodidade, uma coisa, um objecto, uma cativa. Eu o dono, tu a serva, até hoje me tratas de senhor. Fui tão ruim para ti quanto o capitão. Um outro capitão, Tereza, envernizado, passado a limpo, mas no fundo, a mesma coisa. Emiliano Guedes e Justiniano Duarte da Rosa, iguais, Tereza.
- Ah! não se compare com ele! Nunca houve dois homens tão diferentes. Não me ofenda se ofendendo dessa maneira. Se fossem iguais porque estaria eu aqui, porque havia de chorar por sua gente se não choro nem por mim? Não se compare, que me ofende. Para mim o doutor sempre foi bom, me ensinou a ser mulher direita e a gostar de viver. (clik na imagem)
HISTÓRIAS
DE HODJA
Hodja e a mulher estão na cama, à noite. Diz ela: - “porque é que não te afastas um pouco?”
Hodja levanta-se da cama, veste-se, sai de casa e começa a andar. Caminha até ao amanhecer quando encontra um conhecido que lhe pergunta:
- “Onde é que vais, Hodja?”
- “Falando verdade, não sei até onde é que tenho de ir. Olha, eu espero aqui e tu vais perguntar à minha esposa se eu já me afastei o suficiente ou se devo continuar a afastar-me, e depois vem cá dizer-me”.
Hodja levanta-se da cama, veste-se, sai de casa e começa a andar. Caminha até ao amanhecer quando encontra um conhecido que lhe pergunta:
- “Onde é que vais, Hodja?”
- “Falando verdade, não sei até onde é que tenho de ir. Olha, eu espero aqui e tu vais perguntar à minha esposa se eu já me afastei o suficiente ou se devo continuar a afastar-me, e depois vem cá dizer-me”.
ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS CRISTO Nº 21 SOBRE O TEMA:
“MULTIPLICAÇÂO DOS PEIXES E DOS PÃES?”
RAQUEL - Mudamos a nossa unidade móvel para onde foi Betsaida, uma pequena aldeia na costa nordeste do lago da Galileia. Aqui, Jesus fez um de seus mais notórios milagres, o milagre dos pães e dos peixes. E connosco o mesmo Jesus Cristo, que nos dirá o que aconteceu naquele dia. Embora muito tempo se tenha passado o senhor deve lembrar-se bem.
JESUS – Claro, que me lembro!... O grupo atravessou o lago e veio a esta terra para falar com tranquilidade.
RAQUEL - Mas havia pessoas esperando aqui.
JESUS - Sim, muita vontade de perguntar, de conversar, de unir forças. Tantas pessoas e tanto entusiasmo, que eu próprio nunca mais me calei…
RAQUEL - Por que diz isso?
JESUS - Porque eu me pus a falar, a falar e quando me dei conta era noite e as pessoas não haviam comido.
RAQUEL - Não poderiam comprar alguma coisa nos arredores?
JESUS - Como? Estávamos no campo, num descampado, a céu aberto. Achas que naqueles lugares solitários havia lojas de vendas como eu vejo agora?
RAQUEL - E aí foi quando o senhor fez o milagre.
JESUS - Bem, na verdade, o milagre não o fiz eu.
RAQUEL - E quem o fez ?
JESUS - Sabes como são os camponeses são desconfiados, não é verdade? No meu país ninguém saía de casa para a estrada sem um saco com alimentos mas se vêem muitas pessoas ao redor, ninguém mostra nada do que tem com receio que lho cobicem.
RAQUEL – E o que o senhor fez?
JESUS - Disse: Irmãos, irmãs retirem o que trazem debaixo do manto e coloquem-no aqui no centro, não se preocupem. Um rapaz foi o primeiro a quebrar a desconfiança. Ele acercou-se com cinco pães de cevada e dois peixes.
RAQUEL - E daí?
JESUS - Uma avó colocou uns salgados que tinha. O outro colocou queijo e azeitonas. Outra mais pães, outros mais… Ninguém resistiu, acho eu... e, no final, todos comeram o suficiente, chegou para todos.
RAQUEL - Isso… que foi? Não foi um milagre?
JESUS - Claro que foi!... Parece-te pouco milagre partilharmos o que temos? Isso é um milagre... O maior dos milagres!
RAQUEL - Acho que aquilo que está escrito é uma coisa muito diferente da que agora nos conta. Todos os quatro Evangelhos concordam no facto de que o senhor alimentou cinco mil pessoas e as sobras encheram doze cestos.
JESUS - Bem, não houve nem essas pessoas, nem essas cestas. Não te disse já que os meus compatriotas eram muito exagerados… Mas sim, foi verdade…todos nós comemos e ninguém passou fome.
RAQUEL - Então… o senhor não multiplicou nada?
JESUS - Não, naquele dia nós adicionamos. Entre eles, acrescentaram. O que imaginavas tu? Um mágico tirando pão e peixes de um cesto? Esses truques os sabiam fazer os samaritanos, que encantavam serpentes e engoliam agulhas.
RAQUEL - Mas o milagre…
JESUS - O milagre é a partilha, Raquel. O milagre real… o único milagre.
RAQUEL - O único? O que quer dizer com o único? O senhor fez muito mais. Desculpe-me, Mestre, digo,Jesus, mas o senhor não está sendo claro com o nosso público porque…
JESUS - O que não está claro é como vamos sair daqui. Se não nos apressamos pegamos a noite. Não vá acontecer como há dois mil anos atrás e desta vez, nem yu nem eu trouxemos pão e peixe.
RAQUEL - Nesse caso...vamos!
De Betsaida, na Galileia, Raquel Perez.
JESUS – Claro, que me lembro!... O grupo atravessou o lago e veio a esta terra para falar com tranquilidade.
RAQUEL - Mas havia pessoas esperando aqui.
JESUS - Sim, muita vontade de perguntar, de conversar, de unir forças. Tantas pessoas e tanto entusiasmo, que eu próprio nunca mais me calei…
RAQUEL - Por que diz isso?
JESUS - Porque eu me pus a falar, a falar e quando me dei conta era noite e as pessoas não haviam comido.
RAQUEL - Não poderiam comprar alguma coisa nos arredores?
JESUS - Como? Estávamos no campo, num descampado, a céu aberto. Achas que naqueles lugares solitários havia lojas de vendas como eu vejo agora?
RAQUEL - E aí foi quando o senhor fez o milagre.
JESUS - Bem, na verdade, o milagre não o fiz eu.
RAQUEL - E quem o fez ?
JESUS - Sabes como são os camponeses são desconfiados, não é verdade? No meu país ninguém saía de casa para a estrada sem um saco com alimentos mas se vêem muitas pessoas ao redor, ninguém mostra nada do que tem com receio que lho cobicem.
RAQUEL – E o que o senhor fez?
JESUS - Disse: Irmãos, irmãs retirem o que trazem debaixo do manto e coloquem-no aqui no centro, não se preocupem. Um rapaz foi o primeiro a quebrar a desconfiança. Ele acercou-se com cinco pães de cevada e dois peixes.
RAQUEL - E daí?
JESUS - Uma avó colocou uns salgados que tinha. O outro colocou queijo e azeitonas. Outra mais pães, outros mais… Ninguém resistiu, acho eu... e, no final, todos comeram o suficiente, chegou para todos.
RAQUEL - Isso… que foi? Não foi um milagre?
JESUS - Claro que foi!... Parece-te pouco milagre partilharmos o que temos? Isso é um milagre... O maior dos milagres!
RAQUEL - Acho que aquilo que está escrito é uma coisa muito diferente da que agora nos conta. Todos os quatro Evangelhos concordam no facto de que o senhor alimentou cinco mil pessoas e as sobras encheram doze cestos.
JESUS - Bem, não houve nem essas pessoas, nem essas cestas. Não te disse já que os meus compatriotas eram muito exagerados… Mas sim, foi verdade…todos nós comemos e ninguém passou fome.
RAQUEL - Então… o senhor não multiplicou nada?
JESUS - Não, naquele dia nós adicionamos. Entre eles, acrescentaram. O que imaginavas tu? Um mágico tirando pão e peixes de um cesto? Esses truques os sabiam fazer os samaritanos, que encantavam serpentes e engoliam agulhas.
RAQUEL - Mas o milagre…
JESUS - O milagre é a partilha, Raquel. O milagre real… o único milagre.
RAQUEL - O único? O que quer dizer com o único? O senhor fez muito mais. Desculpe-me, Mestre, digo,Jesus, mas o senhor não está sendo claro com o nosso público porque…
JESUS - O que não está claro é como vamos sair daqui. Se não nos apressamos pegamos a noite. Não vá acontecer como há dois mil anos atrás e desta vez, nem yu nem eu trouxemos pão e peixe.
RAQUEL - Nesse caso...vamos!
De Betsaida, na Galileia, Raquel Perez.
quinta-feira, outubro 13, 2011
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 229
- Venha, Marina – diz Cristóvão.
Túlio explica ao padre e ao médico:
- Vamos colocá-lo na ambulância como se ele estivesse apenas doente, um enfarte ou um derrame, à sua escolha, doutor Amarílio. Não morreu em cima de ninguém, um homem na posição dele tem de morrer decentemente. No caminho do hospital, vindo da usina.
Ouve-se ao longe o silvo estridente da assistência, despertando o povo e a curiosidade de Estância. Não demora a parar à porta do chalé. Os enfermeiros descem, tomam da maca.
- O melhor, doutor Amarílio, é o senhor vir com ele na ambulância, até Aracaju. Para manter as aparências.
Nunca termina nunca esse pesadelo! Mas o doutor pensa na conta a apresentar e concorda. Na passagem, saltará em casa um instante para acalmar a impaciente Veva. De volta, terá muito o que contar.
Túlio, padre Vinícius e Nina dirigem-se ao quarto, enquanto o médico e Lula vão ao encontro dos enfermeiros. A sirene da ambulância acordou as crianças, os vizinhos e o doutor Olavo Bittencourt, que sai às pressas para amparar a abandonada Apa. Como diabo pegara no sono? Viera fumar um cigarro, adormecera na rede, merecerá perdão? Na corrida cruza com Tereza na sala de jantar.
Tereza entra no quarto, nem parece ver os parentes e aderentes. Anda para junto da cama, fica um instante em silêncio a fitar o rosto bem amado.
- Tirem essa maldita daqui… - grita Marina.
- Finiscela, porca Madona! Cala a boca! Explode Túlio.
Como se nada ouvisse e estivesse sozinha, Tereza curva-se sobre o corpo do doutor, toca-lhe o rosto, o bigode, os lábios, o cabelo. É hora de partir, Emiliano Eles só levarão teu cadáver, tu irás comigo. Beija-lhe os olhos, sorri para ele. Toma aos ombros o amásio, o amante, o amigo, seu amor, dai do quarto.
Na maca, os enfermeiros, carregam o corpo de um usineiro, director de Banco, empresário, senhor de léguas de terra, eminente cidadão, para morrer com decência na ambulância a caminho do hospital, de enfarte ou de derrame, como o senhor prefira doutor Amarílio.
37
- Sangue ruim, Tereza. Sangue podre, o meu, o de minha gente.
Foram duas horas, pouco mais, pareceram uma eternidade desolada. Emiliano contou e comentou, áspero e cru, sem escolher palavras.
Nunca Tereza imaginara escutar da boca do doutor o relato de tais factos, ouvir tais expressões a respeito dos irmãos, do filho, da filha. Em casa da amásia, ele não falava e se alguma referência a respeito lhe escapou no decorrer desses seis longos anos foi de elogio. Uma vez lhe mostrara um retrato de Apa, mocinha, os olhos azuis do pai, a boca sensual, linda. É perfeita, Tereza, dissera ele enternecido, é meu tesouro.
(clik na imagem e aumente)
Túlio explica ao padre e ao médico:
- Vamos colocá-lo na ambulância como se ele estivesse apenas doente, um enfarte ou um derrame, à sua escolha, doutor Amarílio. Não morreu em cima de ninguém, um homem na posição dele tem de morrer decentemente. No caminho do hospital, vindo da usina.
Ouve-se ao longe o silvo estridente da assistência, despertando o povo e a curiosidade de Estância. Não demora a parar à porta do chalé. Os enfermeiros descem, tomam da maca.
- O melhor, doutor Amarílio, é o senhor vir com ele na ambulância, até Aracaju. Para manter as aparências.
Nunca termina nunca esse pesadelo! Mas o doutor pensa na conta a apresentar e concorda. Na passagem, saltará em casa um instante para acalmar a impaciente Veva. De volta, terá muito o que contar.
Túlio, padre Vinícius e Nina dirigem-se ao quarto, enquanto o médico e Lula vão ao encontro dos enfermeiros. A sirene da ambulância acordou as crianças, os vizinhos e o doutor Olavo Bittencourt, que sai às pressas para amparar a abandonada Apa. Como diabo pegara no sono? Viera fumar um cigarro, adormecera na rede, merecerá perdão? Na corrida cruza com Tereza na sala de jantar.
Tereza entra no quarto, nem parece ver os parentes e aderentes. Anda para junto da cama, fica um instante em silêncio a fitar o rosto bem amado.
- Tirem essa maldita daqui… - grita Marina.
- Finiscela, porca Madona! Cala a boca! Explode Túlio.
Como se nada ouvisse e estivesse sozinha, Tereza curva-se sobre o corpo do doutor, toca-lhe o rosto, o bigode, os lábios, o cabelo. É hora de partir, Emiliano Eles só levarão teu cadáver, tu irás comigo. Beija-lhe os olhos, sorri para ele. Toma aos ombros o amásio, o amante, o amigo, seu amor, dai do quarto.
Na maca, os enfermeiros, carregam o corpo de um usineiro, director de Banco, empresário, senhor de léguas de terra, eminente cidadão, para morrer com decência na ambulância a caminho do hospital, de enfarte ou de derrame, como o senhor prefira doutor Amarílio.
37
- Sangue ruim, Tereza. Sangue podre, o meu, o de minha gente.
Foram duas horas, pouco mais, pareceram uma eternidade desolada. Emiliano contou e comentou, áspero e cru, sem escolher palavras.
Nunca Tereza imaginara escutar da boca do doutor o relato de tais factos, ouvir tais expressões a respeito dos irmãos, do filho, da filha. Em casa da amásia, ele não falava e se alguma referência a respeito lhe escapou no decorrer desses seis longos anos foi de elogio. Uma vez lhe mostrara um retrato de Apa, mocinha, os olhos azuis do pai, a boca sensual, linda. É perfeita, Tereza, dissera ele enternecido, é meu tesouro.
(clik na imagem e aumente)
HISTÓRIAS
DE HODJA
Hodja está desempregado e os seus amigos aconselham-no a fazer algo por conta própria.
Hodja, decide então vender ovos. Comprou nove ovos por uma moeda e vende dez por uma moeda.
Quando os amigos lhe perguntam:
- “Mas que tipo de comércio é esse em que ficas a perder?”
Hodja explica:
- “É melhor do que não fazer nada. O importante é que os vizinhos me vejam a comprar e a vender.”
Hodja, decide então vender ovos. Comprou nove ovos por uma moeda e vende dez por uma moeda.
Quando os amigos lhe perguntam:
- “Mas que tipo de comércio é esse em que ficas a perder?”
Hodja explica:
- “É melhor do que não fazer nada. O importante é que os vizinhos me vejam a comprar e a vender.”
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº20 SOBRE O TEMA:
“ANDOU SOBRE AS ÀGUAS?” (3)
O Poder das MetáforasNa obra do chileno Pablo Skármeta, "El Cartero” levado ao cinema no filme "O Carteiro de Pablo Neruda", de Michael Radford, 1995, o carteiro diz a Neruda que
"as metáforas não são daqueles que as escrevem, mas sim dos que precisam delas".
As metáforas dos evangelhos foram escritas pelos evangelistas para as comunidades cristãs as usarem como ferramentas estéticas, simbólicas, para afirmar a fé em Jesus e a ideia de Deus proclamada por Jesus. Se hoje lermos essas comparações simbólicas como se fossem factos ocorridos realmente, se lermos os Evangelhos como se lêem as informações dos jornais, essas imagens perdem todo o sentido e valor para além do poder de sua inspiração.
As metáforas dos evangelhos foram escritas pelos evangelistas para as comunidades cristãs as usarem como ferramentas estéticas, simbólicas, para afirmar a fé em Jesus e a ideia de Deus proclamada por Jesus. Se hoje lermos essas comparações simbólicas como se fossem factos ocorridos realmente, se lermos os Evangelhos como se lêem as informações dos jornais, essas imagens perdem todo o sentido e valor para além do poder de sua inspiração.
Nota – Tive a felicidade de ver o filme O Carteiro de Pablo Neruda, uma pérola do cinema e um acto de heroísmo do actor e argumentista Massimo Troisi que morre 12 horas depois de ter terminado o filme que ele insistiu em levar até ao fim apesar de saber que era um doente cardíaco e que necessitava de descanso e tratamento urgente.
O amor, a poesia e as metáforas nunca foram tão bem apresentadas como por este "filho de pescador, que mal sabia ler e escrever mas conseguiu ser contratado com carteiro e acaba se apaixonando pela filha da taberneira, a bela Beatrice Russo".
O amor, a poesia e as metáforas nunca foram tão bem apresentadas como por este "filho de pescador, que mal sabia ler e escrever mas conseguiu ser contratado com carteiro e acaba se apaixonando pela filha da taberneira, a bela Beatrice Russo".
Se ainda não o viu vá buscá-lo a um Clube de Vídeo perto de si e verá como fica mais rico...
quarta-feira, outubro 12, 2011
JÚLIO IGLÈSIAS - NATALIE
Um dos maiores cantores romãnticos dos nossos tempos com uma das suas canções preferidas pelo público em Portugal e no Brasil no princípio dos anos 80 e que continua a fazer as delícias das pessoas do seu tempo... pelo menos dessas.
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 228
Um relâmpago nos olhos tão hostis quanto os frios olhos do doutor. Túlio perde um pouco da segurança habitual, mas logo se refaz, essa não pode mandar liquidá-lo nas terras da usina. Agora, quem pode fazer e desfazer é ele, Túlio Bocatelli.
- Posso ser-lhe útil em alguma coisa?
- Em nada.
Novamente ele a mede de alto a baixo e lhe sorri, olhar e sorrisos carregados de subentendidos:
- Ainda assim passe no Banco em Aracaju, vamos conversar sobre a sua vida. Não vai perder seu tempo…
Antes de concluir a frase, a porta da alcova se fecha na sua cara. Túlio ri:
- Braba, a bambina, eh!
O médico eleva as mãos num gesto impreciso, nada daquilo lhe agrada, noite ruim, de pesadelo. Tomara chegue logo a ambulância e leve o corpo. Em casa, a esposa dona Veva, o espera insone para lhe contar o resto. Cansado doutor Amarílio acompanha Túlio ao jardim, onde dorme na rede o psicanalista Olavo Bittencourt.
Na salsa de jantar, soltando exclamações, no auge da excitação, Marina ouve o cochicheio da criada. Nina detalha:
- O lençol todo sujo… Se a senhora quiser ver posso mostrar, guardei para lavar depois…
Enquanto a outra vai buscar o lençol, Marina corre à porta do quarto, chama o marido:
- Cristóvão, vem cá, depressa.
O lençol estendido em cima da mesa, a criada aponta as manchas, o sémen agora seco, Marina toca com a unha:
- Que nojeira!
Chegam do quarto Cristóvão e padre Vinícius.
- Que lençol é esse? – O padre não precisa de resposta para dar-se conta, não pode ser outro, certamente… Indignado ordena: - Nina, leve esse lençol embora, já! – Dirige-se a Marina:
- Por favor, dona Marina.
Atraídos pelas vozes, Túlio e o doutor Amarílio juntam-se ao grupo.
- O que se passa? - quer saber o italiano.
Marina vibra, está em seu clima habitual:
- Sabia que ele morreu em cima dela? Uma devassidão medonha… Viu o espelho no quarto? Como é que se vai fazer para trancar a boca dessa gente, para que ninguém venha a saber? Se a notícia se espalhar, vai ser bonito! Emiliano Guedes morrendo na hora…
- Se a senhora continuar aí gritando como uma histérica, toda a cidade vai saber agora mesmo, por sua boca – Túlio volta-se para Cristóvão: - Caro, tire sua mulher daqui, leve para junto da Apa que está sozinha no quarto.
São ordens, as primeiras ditadas por Túlio Bocatelli. (clik na imagem)
Um relâmpago nos olhos tão hostis quanto os frios olhos do doutor. Túlio perde um pouco da segurança habitual, mas logo se refaz, essa não pode mandar liquidá-lo nas terras da usina. Agora, quem pode fazer e desfazer é ele, Túlio Bocatelli.
- Posso ser-lhe útil em alguma coisa?
- Em nada.
Novamente ele a mede de alto a baixo e lhe sorri, olhar e sorrisos carregados de subentendidos:
- Ainda assim passe no Banco em Aracaju, vamos conversar sobre a sua vida. Não vai perder seu tempo…
Antes de concluir a frase, a porta da alcova se fecha na sua cara. Túlio ri:
- Braba, a bambina, eh!
O médico eleva as mãos num gesto impreciso, nada daquilo lhe agrada, noite ruim, de pesadelo. Tomara chegue logo a ambulância e leve o corpo. Em casa, a esposa dona Veva, o espera insone para lhe contar o resto. Cansado doutor Amarílio acompanha Túlio ao jardim, onde dorme na rede o psicanalista Olavo Bittencourt.
Na salsa de jantar, soltando exclamações, no auge da excitação, Marina ouve o cochicheio da criada. Nina detalha:
- O lençol todo sujo… Se a senhora quiser ver posso mostrar, guardei para lavar depois…
Enquanto a outra vai buscar o lençol, Marina corre à porta do quarto, chama o marido:
- Cristóvão, vem cá, depressa.
O lençol estendido em cima da mesa, a criada aponta as manchas, o sémen agora seco, Marina toca com a unha:
- Que nojeira!
Chegam do quarto Cristóvão e padre Vinícius.
- Que lençol é esse? – O padre não precisa de resposta para dar-se conta, não pode ser outro, certamente… Indignado ordena: - Nina, leve esse lençol embora, já! – Dirige-se a Marina:
- Por favor, dona Marina.
Atraídos pelas vozes, Túlio e o doutor Amarílio juntam-se ao grupo.
- O que se passa? - quer saber o italiano.
Marina vibra, está em seu clima habitual:
- Sabia que ele morreu em cima dela? Uma devassidão medonha… Viu o espelho no quarto? Como é que se vai fazer para trancar a boca dessa gente, para que ninguém venha a saber? Se a notícia se espalhar, vai ser bonito! Emiliano Guedes morrendo na hora…
- Se a senhora continuar aí gritando como uma histérica, toda a cidade vai saber agora mesmo, por sua boca – Túlio volta-se para Cristóvão: - Caro, tire sua mulher daqui, leve para junto da Apa que está sozinha no quarto.
São ordens, as primeiras ditadas por Túlio Bocatelli. (clik na imagem)
HISTÓRIAS
DE HODJA
Já aqui chamámos a atenção para a função social desempenhada pelas histórias de Hodja fazendo passar a ideia de que a ordem e o equilíbrio na sociedade não podem ser criados a partir da uniformidade de pensamento. É a diversidade que cria a função social útil.
Um dia perguntaram a Hodja:
- “Porque é que alguns vão numa direcção e outros vão noutra?
- “Porque” responde Hodja: -“Se estivéssemos todos a ir na mesma direcção, o mundo perderia o equilíbrio e cairia”.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À 20ª ENTREVISTA SOBRE O TEMA:
“ANDANDO SOBRE AS ÁGUAS?”(2)
A História Simbólica
“ANDANDO SOBRE AS ÁGUAS?”(2)
A História Simbólica
Nos Evangelhos encontramos relatos históricos, diagramas de catequese, relatos organizados para evocar histórias do Antigo Testamento, tradições e também muitos símbolos, metáforas e comparações… A história de Jesus caminhando sobre a água é um das mais claras metáfora desses textos.
O Temível e Perigoso Mar
Na cultura de Jesus acreditava-se que o mar era um abismo onde tinham ido parar, derrotados por Deus no início do mundo, demónios e espíritos malignos.
Entre eles estava o Leviatã, um monstro terrivelmente perigoso. O sentido negativo do mar atravessa todas as páginas da Bíblia. E assim, quando o Apocalipse, o último livro da Bíblia, descreve como será o mundo do futuro já não haverá mar (Apocalipse 21.1).
Na cultura religiosa judaica, Deus reina sobre o mar e os espíritos que estão nas suas profundezas e Leviatã é para Deus como um joguete (Jó 40,25-32). Jesus provavelmente tinha medo das águas do lago e não saberia nadar. Não caminhou sobre a água e não nadou nelas. Mas o Evangelista quis usar uma metáfora para dizer que Jesus tinha poder sobre esse mal.
O Temível e Perigoso Mar
Na cultura de Jesus acreditava-se que o mar era um abismo onde tinham ido parar, derrotados por Deus no início do mundo, demónios e espíritos malignos.
Entre eles estava o Leviatã, um monstro terrivelmente perigoso. O sentido negativo do mar atravessa todas as páginas da Bíblia. E assim, quando o Apocalipse, o último livro da Bíblia, descreve como será o mundo do futuro já não haverá mar (Apocalipse 21.1).
Na cultura religiosa judaica, Deus reina sobre o mar e os espíritos que estão nas suas profundezas e Leviatã é para Deus como um joguete (Jó 40,25-32). Jesus provavelmente tinha medo das águas do lago e não saberia nadar. Não caminhou sobre a água e não nadou nelas. Mas o Evangelista quis usar uma metáfora para dizer que Jesus tinha poder sobre esse mal.
terça-feira, outubro 11, 2011
ELBA RAMALHO - ESTOU DE VOLTA PARA MEU ACONCHEGO
Das canções mais melodiosas e sentimentais: os instrumentos musicais e a voz da Elba produzem, nesta música, um efeito mágico. Daqui a cem anos vai continuar a ser bonita como hoje porque a beleza é eterna.
JORNAL DE BARCELOS, 5 DE OUTUBRO DE 2011
Algumas das reminiscências da minha escola primária têm a ver com vacas. Porque a D.ª Albertina, a professora, uma mulher escalavrada e seca, mais mirrada que a passa-de-uva tinha um inexplicável fascínio por vacas.
Primavera e vacas.
De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca.
A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo.
Um dia, o Zeca da Maria “gorda”, farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma.
E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:
“A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda.
A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um.
O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta.
Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. - Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças.
A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó.
A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar “pauzinho”, que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia.
Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho.
O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. - Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi.”
Foi assim.
Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. - Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.
Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria “gorda”, ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta "pérola vacum":
“Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante”!
Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu;
Este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos;
Este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele;
Este “cagarola” que foi humilhado por João Jardim e ficou calado;
Este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo “sorriso das vacas”, satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante”!
Satisfeitíssimas, as vacas?!
Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de “ir ao boi”, ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou “surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha”!
Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!
Primavera e vacas.
De forma que, ora mandava fazer redacções sobre a primavera, ora se fixava na temática da vaca.
A vaca era, assim, um assunto predilecto e de desenvolvimento obrigatório, o que, pela sua recorrência, se tornava insuportavelmente repetitivo.
Um dia, o Zeca da Maria “gorda”, farto de escrever que a vaca era um mamífero vertebrado, quadrúpede ruminante e muito amigo do homem a quem ajudava no trabalho e a quem fornecia leite e carne, blá, blá, blá, decidiu, num verdadeiro impulso de rebelião criativa, explicar a coisa de outra forma.
E, se bem me lembro ainda, escreveu mais ou menos isto:
“A vaca, tal como alguns homens, tem quatro patas, duas à frente, duas atrás, duas à direita e duas à esquerda.
A vaca é um animal cercado de pêlos por todos os lados, ao contrário da península que só não é cercada por um.
O rabo da vaca não lhe serve para extrair o leite, mas para enxotar as moscas e espalhar a bosta.
Na cabeça, a vaca tem dois cornos pequenos e lá dentro tem mioleira, que o meu pai diz que faz muito bem à inteligência e, por não comer mioleira, é que o padre é burro como um tamanco. - Diz o meu pai e eu concordo, porque, na doutrina, me obriga a saber umas merdas de que não percebo nada como as bem-aventuranças.
A vaca dá leite por fora e carne por dentro, embora agora as vacas já não façam tanta falta, porque foi descoberto o leite em pó.
A vaca é um animal triste todo o ano, excepto no dia em que vai ao boi, disse-me o pai do Valdemar “pauzinho”, que é dono do boi onde vão todas as vacas da freguesia.
Um dia perguntei ao meu pai o que era isso da vaca ir ao boi e levei logo um estalo no focinho.
O meu pai também diz que a mulher do regedor é uma vaca e eu também não entendi. - Mas, escarmentado, já nem lhe perguntei se ela também ia ao boi.”
Foi assim.
Escusado será dizer que a D.ª Albertina, pouco dada a brincadeiras criativas, afinfou no pobre do Zeca um enxerto de porrada a sério. - Mas acabou definitivamente com a vaca como tema de redacção.
Recordei-me desta história da D.ª Albertina e da vaca do Zeca da Maria “gorda”, ao ler que Cavaco Silva, presidente da República desta vacaria indígena, em visita oficial ao Açores, saiu-se a certa altura com esta "pérola vacum":
“Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante”!
Este homem, que se deixou rodear, no governo, pelo que viria a ser a maior corja de gatunos que Portugal politicamente produziu;
Este homem, inculto e ignorante, cuja cabeça é comparada metaforicamente ao sexo dos anjos;
Este político manhoso que sentiu necessidade de afirmar publicamente que tem de nascer duas vezes quem seja mais honesto que ele;
Este “cagarola” que foi humilhado por João Jardim e ficou calado;
Este homem que, desgraçadamente, foi eleito presidente da República de Portugal, no momento em que a miséria e a fome grassam pelo país, em que o desemprego se torna incontrolável, em que os pobres são miseravelmente espoliados a cada dia que passa, este homem, dizia, não tem mais nada para nos mostrar senão o fascínio pelo “sorriso das vacas”, satisfeitíssimas olhando o pasto que começava a ficar verdejante”!
Satisfeitíssimas, as vacas?!
Logo agora, em tempos de inseminação artificial, em que as desgraçadas já nem sequer dispõem da felicidade de “ir ao boi”, ao menos uma vez cada ano!
Noticiava há dias o Expresso que, há mais ou menos um ano e aquando de uma visita a uma exploração agrícola no âmbito do Roteiro da Juventude, Cavaco se confessou “surpreendidíssimo por ver que as vacas, umas atrás das outras, se encostavam ao robô e se sentiam deliciadas enquanto ele, durante seis ou sete minutos, realizava a ordenha”!
Como se fosse possível alguma vaca poder sentir-se deliciada ao passar seis ou sete minutos com um robô a espremer-lhe as tetas!!
Não sei se o fascínio de Cavaco por vacas terá ou não uma explicação freudiana. - É possível.
Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de “vacas sagradas”, essas sim com direito a atendimento personalizado pelo “boi”, enquanto as outras são inexoravelmente “ordenhadas”! sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este “Américo Tomás do século XXI” chamou um dia João Jardim, o “sr. Silva”.
Depreciativamente, conforme entendimento generalizado.
Creio que não.
Porque este homem deveria ser simplesmente “o Silva”.
O "Silva das Vacas". - Presidente da República de Portugal.
Desgraçadamente.
Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 05 de Outubro de 2011.
Porque este homem deve julgar-se o capataz de uma imensa vacaria, metáfora de um país chamado Portugal, onde há meia-dúzia de “vacas sagradas”, essas sim com direito a atendimento personalizado pelo “boi”, enquanto as outras são inexoravelmente “ordenhadas”! sugadas sem piedade, até que das tetas não escorra mais nada e delas não reste senão peles penduradas, mirradas e sem proveito.
A este “Américo Tomás do século XXI” chamou um dia João Jardim, o “sr. Silva”.
Depreciativamente, conforme entendimento generalizado.
Creio que não.
Porque este homem deveria ser simplesmente “o Silva”.
O "Silva das Vacas". - Presidente da República de Portugal.
Desgraçadamente.
Luís Manuel Cunha in Jornal de Barcelos de 05 de Outubro de 2011.
VÍDEO
O papagaio não resiste à música de Ray Charles e agoram vejam, para acreditarem, o acompanhamento que ele faz ao ritmo musical...
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DA
GUERRA
Episódio Nº 227
Túlio espera jamais sentir necessidade de lar, da quietude, do sossego, da paz ali presentes, mesmo na morte. Quanto à mulher, está perfeitamente satisfeito com Apa, riqueza e segurança, alegre companheira. Viva e deixe viver, é a divisa de Túlio Bocatelli. Apenas de agora em diante precisa controlar os desperdícios. O capo podia ser perdulário, nascera rico, já seus bisavós possuíam terras e escravos, nunca sentira o gosto da miséria, Túlio passara fome, sabe o valor real do dinheiro, segurará as rédeas com mão firme.
- A escritura da casa está em nome de quem? Dele? Dela?
- No do doutor. Assinei como testemunha. Eu e mestre João…
- Aqui em Estância os imóveis são baratos.
Estivesse situada nas aforas de Aracaju, seria perfeita para encontros de amor. Em Estância, inútil. O melhor é vender a casa ou alugá-la. Levar os móveis para a Bahia, Túlio pensa utilizá-los em casa sua, na capital, para ele terminou-se Aracaju.
Doutor Amarílio entrega-lhe o atestado de óbito. Túlio guarda no bolso:
- Morreu dormindo?
- Dormindo? Bem… Na cama, mas não exactamente enquanto dormia…
- Que fazia então?
- O que um homem e uma mulher fazem na cama…
- Chiavando? Morreu em cima dela? Acidente!
A morte dos justos, a dos preferidos do bom Deus. Para a mulher, em compensação, uma calamidade. Nos seus tempos de cafetão, Túlio soubera de um caso assim, a mulher enlouquecera, nunca mais foi a mesma
- Poveraccia… Como é o nome todo dela? Tereza de quê?
- Tereza Batista.
- Será que ela pensa continuar aqui?
- Não creio. Disse que vai embora de Estância.
- O senhor acha que uns quinze ou vinte dias são suficiente para ela deixar a casa? Naturalmente a família vai querer vender ou alugar em seguida para que o povo se esqueça deste assunto.
Penso que é o bastante. Posso falar com ela.
- Eu mesmo falo…
Levantam-se, dirigem-se à sala de visitas transformada pelo doutor em gabinete de trabalho, para a qual se abre a porta da antiga alcova, onde estão livros e objectos de Tereza e onde ela se encontra arrumando a mala. Túlio pousa os olhos na moça e novamente a examina e admira, esplêndida fêmea, quem a herdará do velho capo? Aproxima-se:
- Escuta bela. Estamos nos primeiros dias de Maio, pode continuar a ocupar a casa até ao fim do mês.
- Não preciso.
(clik na imagem)
HISTÓRIAS
DE HODJA
Hodja era casado com duas mulheres que tinham ciúmes uma da outra e sempre que lhe perguntavam de qual das duas ele gostava mais, Hodja, para não entristecer nenhuma delas, respondia que gostava de ambas igualmente.
Um dia resolveram pôr a questão de outra forma:
- A jovem esposa pergunta:
-“Suponhamos que estávamos num barco no lago de Aksehir, o barco virava e as duas caíamos à água. Qual de nós salvavas?”
- Hodja olha para a esposa mais velha e diz: “Eu acho que tu sabes nadar, não sabes?”
DE HODJA
Hodja era casado com duas mulheres que tinham ciúmes uma da outra e sempre que lhe perguntavam de qual das duas ele gostava mais, Hodja, para não entristecer nenhuma delas, respondia que gostava de ambas igualmente.
Um dia resolveram pôr a questão de outra forma:
- A jovem esposa pergunta:
-“Suponhamos que estávamos num barco no lago de Aksehir, o barco virava e as duas caíamos à água. Qual de nós salvavas?”
- Hodja olha para a esposa mais velha e diz: “Eu acho que tu sabes nadar, não sabes?”
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
À ENTREVISTA Nº20 SOBRE O TEMA:
“ANDANDO SOBRE AS ÁGUAS?” (1)
A Espécie Simbólica
O " Homo sapiens ", é a espécie a que pertencem todos os seres humanos e uma das suas característica é possuírem um cérebro altamente desenvolvido que permite, entre muitas outras coisas, criar um mundo simbólico da realidade ao seu redor. Nós somos o que somos e o que sonhamos ser, imaginamos, simbolizando a partir da realidade que vemos e sabemos.
Um texto simbólico pode ser mais poderoso do que um texto informativo porque ele inspira, explica, transforma. É nesta nossa capacidade que encontramos a raiz da arte e também um dos nichos de nidificação para o desenvolvimento de religião e dos sentimentos religiosos.
O " Homo sapiens ", é a espécie a que pertencem todos os seres humanos e uma das suas característica é possuírem um cérebro altamente desenvolvido que permite, entre muitas outras coisas, criar um mundo simbólico da realidade ao seu redor. Nós somos o que somos e o que sonhamos ser, imaginamos, simbolizando a partir da realidade que vemos e sabemos.
Um texto simbólico pode ser mais poderoso do que um texto informativo porque ele inspira, explica, transforma. É nesta nossa capacidade que encontramos a raiz da arte e também um dos nichos de nidificação para o desenvolvimento de religião e dos sentimentos religiosos.
segunda-feira, outubro 10, 2011
HISTÓRIAS
DE HODJA
Hodja está a caminho do mercado quando um grupo de crianças se aproxima e lhe pedem:
- “Traga-me um apito! Compre-me um apito”.
No entanto, apenas uma das crianças lhe dá o dinheiro.
À noite, Hodja regressa e dá um apito à criança que lhe deu o dinheiro. Em seguida as outras crianças perguntam:
- “E os nossos apitos?”
Responde o Hodja:
- “Quem paga é que sopra no apito.”
Hodja está a caminho do mercado quando um grupo de crianças se aproxima e lhe pedem:
- “Traga-me um apito! Compre-me um apito”.
No entanto, apenas uma das crianças lhe dá o dinheiro.
À noite, Hodja regressa e dá um apito à criança que lhe deu o dinheiro. Em seguida as outras crianças perguntam:
- “E os nossos apitos?”
Responde o Hodja:
- “Quem paga é que sopra no apito.”
TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA
Episódio Nº 226
O carcamano não é burro, é sabido nos negócios, capaz de dirigir, pena seja podre e tenha contaminado Aparecida. Contaminado Aparecida? Por acaso não trazia ela no sangue a podridão?
- Ai, Tereza, ao que se reduziram os Guedes de Cajazeiras!
Na voz quebrada o nojo sucedeu à ira, a fria lâmina dos olhos reflecte apenas o cansaço. Dos Guedes amanhã não restará sequer o nome. Amanhã serão os Bocatelli.
- Sangue ruim, Tereza, o meu. Apodrecido.
36
Na sala de jantar, Nina serve o café bem quente, a orelha à escuta. Nas maneiras e na voz de Túlio ela reconhece um patrão, moço bonito, o marido da filha do doutor.
Ao passar roça-se nele, os olhos baixos.
Conduzido pelo médico, Túlio já percorreu quase toda a casa, dando um balanço nos pertences. Faltam apenas a sala de visitas e a antiga alcova para completar o inventário.
- É própria ou alugada?
- A casa? Própria. O doutor comprou com os móveis e tudo mais que tinha dentro. Depois fez uma reforma e trouxe esse mundo de coisas – Doutor Amarílio se entrega às recordações:
- Chegava sempre com o automóvel cheio. De um tudo. Essa casa era a menina dos seus olhos. Aquele oratório, está vendo? Eu o descobri num buraco a três léguas daqui, no sítio de um doente, falei ao doutor Emiliano, ele queria ir ver na mesma hora, fomos na manhã seguinte, a cavalo. O dono, um pobre de Deus, não quis dar preço, uma velharia atirada num canto. Quem fez o preço foi o doutor, pagou um absurdo.
Por mais absurdo o preço pago, certamente ainda assim barato, o oratório vale uma fortuna em qualquer antiquário do Sul. Os móveis todos, aliás. Túlio percebe o dedo do sogro em cada detalhe. Nem o solar do Corredor da Vitória, na Bahia, nem a Casa-Grande da usina, guardam assim tão nítida a presença de Emiliano Guedes.
Na residência da capital predomina o luxo, o sóbrio bom gosto do doutor soçobrando mo fausto de Íris, nas extravagâncias de Aparecida e Jairo. Na casa-grande da usina, apenas na parte a ele reservada, existe essa difícil mistura de requinte e simplicidade; fora dali, nas grandes salas, nas inúmeras peças, reinam a desordem de Milton e o desleixo de Íris.
No chalé de Estância nada destoa, ao apuro de Emiliano corresponde o capricho da dona da casa. Não apenas uma boa casa, confortável e aprazível, dá-se conta Túlio. Mais do que isso, é um lar – essa espécie de místico refúgio sobre o qual Túlio sempre ouviu falar, desde menino. Assim era a casa de um tio seu, miniaturista no Palácio Pitti, em Florença: pessoal e íntima.
- Quanto tempo durou essa ligação, o senhor sabe?
Doutor Amarílio reflecte, fazendo cálculos:
- Vai para mais de seis anos…
Só no fim da vida o velho capo obtivera um lar, sua verdadeira casa, quem sabe sua verdadeira mulher. (clik na imagem)
ENTREVISTA Nº 20 FICCIONADA
COM JESUS SOBRE O TEMA:
"ANDAR SOBRE AS ÁGUAS?"
RAQUEL – Emissoras Latinas nas margens do lago da Galileia e Raquel Perez, correspondente especial, cobrindo a segunda vinda de Jesus Cristo. Como anteriormente, Jesus está connosco. Bom dia, Jesus Cristo.
JESUS – Muito bons dias, digo eu.
RAQUEL - Por que parece tão feliz hoje?
JESUS - Olha para este lago e diz-me se ele não é uma bênção do Todo-Poderoso!
RAQUEL - Que pena que o nosso público não possa ver hoje beleza do lago da Galileia! ... Eu vejo que esta paisagem lhe traz de volta muitas memórias.
JESUS – Foi aqui que o movimento começou… Tiago, João e Pedro… todos, bons pescadores…
RACHEL - E o senhor?
JESUS – Eu, não, tinha medo da água. Pela Nazaré nem um riacho passa…
RAQUEL – Medo, não diria, porque se bem me lembro, foi o senhor que andou sobre as ondas deste lago e acalmou a tempestade com um grito.
JESUS – Que histórias são essas, Rachel, se eu nem sabia nadar!
RAQUEL - Histórias bem conhecidas dos nossos ouvintes… Nós queremos suas opiniões… a nossa linha 144-000 cento e quarenta e quatro mil está livre. Diga-nos: Jesus andou ou não sobre as águas do lago da Galileia? Primeira chamada…
Homem - É claro que andou!... Está escrito na Palavra de Deus, e o Verbo não mente!
RAQUEL - E como acha que esse prodígio foi possível?
HOMEM - Porque para Deus nada é impossível. Aleluia!
RAQUEL - Temos outra chamada…
MULHER - Como tudo deve ter uma explicação, talvez fosse inverno, o lago estaria congelado e Jesus não andar, mas patinou sobre a água…
JESUS - Essa amiga não sabe que o calor na minha terra é durante todo o ano…
RAQUEL - Fé cega ou a racionalidade científica?... mas temos uma terceira chamada… Alô?
BIBLISTA - Nem uma coisa nem outra. Foi a coisa mais fácil.
RAQUEL - Por que diz isso? Quem é você?
BIBLISTA - Você é jornalista, eu sou um estudioso da Bíblia. Diga-me, senhora, o que acharia se os seus ouvintes agora lhe dissessem: - "Como você é linda, seus olhos são pombas, seu cabelo um rebanho de cabras saltando os montes"?
RAQUEL – Minha audiência pensaria que você é um atrevido…
BIBLISTA – Correcto, ninguém lhe ocorreria que a senhora tem pássaros na face ou cabras nos seus cabelos, certo?
RAQUEL - Acho que não. Mas… onde quer chegar, estudioso bíblico?
BIBLISTA - Eu quero chegar à Bíblia. No Cântico dos Cânticos está escrito: "Seus olhos são pombas, seu cabelo é um rebanho." E como a Bíblia é a Palavra de Deus, podemos concluir que aquela noiva do Cantar tinha animais na cabeça?
RAQUEL - Claro que não. É uma imagem, uma metáfora.
BIBLISTA – É o mesmo que acontece com Jesus caminhando sobre as águas. É uma metáfora, uma imagem poética, uma comparação.
RACHEL - Uma comparação de quê?
BIBLISTA – Olhe para o lago. Agora parece calmo, mas às vezes formam-se grandes tempestades, não é verdade, Jesus Cristo?
JESUS - Este amigo se conhece a minha terra…
BIBLISTA – Pois bem… os conterrâneos de Jesus e o próprio Jesus, pensavam que durante as tempestades se soltavam demónios que moravam no fundo da água.
RAQUEL - Continuo sem entender.
BIBLISTA - Não sabe que uma imagem vale mais que mil palavras? Para as primeiras comunidades que tanto admirava Jesus, queria que, de alguma forma, fazer dele um herói. E então vieram com essa imagem, colocando-o a andar sobre as águas, dominando as forças do mal escondidas nas profundezas. Como diríamos hoje, converteram-no num Super-Homem.
RAQUEL - Então, Jesus Cristo, não é verdade que tenha andado sobre as águas?
JESUS – Não ouviste o que este senhor explicou? É uma comparação. Como os pombos e cabras da noiva do "Cantar… "
RAQUEL - Obrigado ao amigo estudioso da Bíblia que nos ligou. E vós, queridos ouvintes, estão preparados para encontrar outras metáforas nos Evangelhos?
Fique com as Emissoras Latinas. Do lago da Galileia, Raquel Perez.
RAQUEL – Emissoras Latinas nas margens do lago da Galileia e Raquel Perez, correspondente especial, cobrindo a segunda vinda de Jesus Cristo. Como anteriormente, Jesus está connosco. Bom dia, Jesus Cristo.
JESUS – Muito bons dias, digo eu.
RAQUEL - Por que parece tão feliz hoje?
JESUS - Olha para este lago e diz-me se ele não é uma bênção do Todo-Poderoso!
RAQUEL - Que pena que o nosso público não possa ver hoje beleza do lago da Galileia! ... Eu vejo que esta paisagem lhe traz de volta muitas memórias.
JESUS – Foi aqui que o movimento começou… Tiago, João e Pedro… todos, bons pescadores…
RACHEL - E o senhor?
JESUS – Eu, não, tinha medo da água. Pela Nazaré nem um riacho passa…
RAQUEL – Medo, não diria, porque se bem me lembro, foi o senhor que andou sobre as ondas deste lago e acalmou a tempestade com um grito.
JESUS – Que histórias são essas, Rachel, se eu nem sabia nadar!
RAQUEL - Histórias bem conhecidas dos nossos ouvintes… Nós queremos suas opiniões… a nossa linha 144-000 cento e quarenta e quatro mil está livre. Diga-nos: Jesus andou ou não sobre as águas do lago da Galileia? Primeira chamada…
Homem - É claro que andou!... Está escrito na Palavra de Deus, e o Verbo não mente!
RAQUEL - E como acha que esse prodígio foi possível?
HOMEM - Porque para Deus nada é impossível. Aleluia!
RAQUEL - Temos outra chamada…
MULHER - Como tudo deve ter uma explicação, talvez fosse inverno, o lago estaria congelado e Jesus não andar, mas patinou sobre a água…
JESUS - Essa amiga não sabe que o calor na minha terra é durante todo o ano…
RAQUEL - Fé cega ou a racionalidade científica?... mas temos uma terceira chamada… Alô?
BIBLISTA - Nem uma coisa nem outra. Foi a coisa mais fácil.
RAQUEL - Por que diz isso? Quem é você?
BIBLISTA - Você é jornalista, eu sou um estudioso da Bíblia. Diga-me, senhora, o que acharia se os seus ouvintes agora lhe dissessem: - "Como você é linda, seus olhos são pombas, seu cabelo um rebanho de cabras saltando os montes"?
RAQUEL – Minha audiência pensaria que você é um atrevido…
BIBLISTA – Correcto, ninguém lhe ocorreria que a senhora tem pássaros na face ou cabras nos seus cabelos, certo?
RAQUEL - Acho que não. Mas… onde quer chegar, estudioso bíblico?
BIBLISTA - Eu quero chegar à Bíblia. No Cântico dos Cânticos está escrito: "Seus olhos são pombas, seu cabelo é um rebanho." E como a Bíblia é a Palavra de Deus, podemos concluir que aquela noiva do Cantar tinha animais na cabeça?
RAQUEL - Claro que não. É uma imagem, uma metáfora.
BIBLISTA – É o mesmo que acontece com Jesus caminhando sobre as águas. É uma metáfora, uma imagem poética, uma comparação.
RACHEL - Uma comparação de quê?
BIBLISTA – Olhe para o lago. Agora parece calmo, mas às vezes formam-se grandes tempestades, não é verdade, Jesus Cristo?
JESUS - Este amigo se conhece a minha terra…
BIBLISTA – Pois bem… os conterrâneos de Jesus e o próprio Jesus, pensavam que durante as tempestades se soltavam demónios que moravam no fundo da água.
RAQUEL - Continuo sem entender.
BIBLISTA - Não sabe que uma imagem vale mais que mil palavras? Para as primeiras comunidades que tanto admirava Jesus, queria que, de alguma forma, fazer dele um herói. E então vieram com essa imagem, colocando-o a andar sobre as águas, dominando as forças do mal escondidas nas profundezas. Como diríamos hoje, converteram-no num Super-Homem.
RAQUEL - Então, Jesus Cristo, não é verdade que tenha andado sobre as águas?
JESUS – Não ouviste o que este senhor explicou? É uma comparação. Como os pombos e cabras da noiva do "Cantar… "
RAQUEL - Obrigado ao amigo estudioso da Bíblia que nos ligou. E vós, queridos ouvintes, estão preparados para encontrar outras metáforas nos Evangelhos?
Fique com as Emissoras Latinas. Do lago da Galileia, Raquel Perez.
domingo, outubro 09, 2011
Hoje é
Domingo
Hoje, bem me apetece dizer-vos, que tenho a sensação de termos caído numa armadilha que nos foi armada pelo poder financeiro com a conivência de todos os deslumbrados e convencidos deste mundo.
Nestas coisas das armadilhas financeiras, há sempre aqueles que as armam e os outros, os que correm para elas como inocentes e espertos ratinhos gastando demais, algumas vezes mal, pensando que o mundo se acaba amanhã.
Sonham um futuro que não existe, a maior parte são bem intencionados mas quase sempre pouco avisados. Julgam que interpretam um papel na história, que o mundo lhes irá ficar reconhecido, que a pátria os consagrará mas acabam por sair de cena pela porta baixa, ao fundo… o sonho da “obra”, das inaugurações, das placas comemorativas, dos nomes gravados em relevo na pedra de granito, tudo se esfuma no mar das críticas e queixumes dos que recebem a herança, excepção feita ao Dr. Jardim. Esse, não sai de cena, o palco é dele, continua a exibir-se, a rever-se na sua obra, apontando-a, dedo espetado, aos olhos de todos como se fosse possível não ver aqueles enormes buracões cavados montanhas adentro.
Recebeu uma ilha, irá deixar um pedaço da Suíça para quem queira ver e deslumbrar-se na beleza das paisagens desfrutadas das belas auto-estradas.
Se a dívida estava escondida a obra não o está, e ele, Alberto João, continua a viver, a horas de ser reconduzido de novo no poder, o prazer sublime e glorioso das festas de inauguração, dos foguetes e das fanfarras.
Afogueado, peito cheio, chapéu de palha na cabeça distintivo da Madeira, segue altaneiro, passo certo rumo a um futuro que ele não conhece nem nunca o preocupou. Apenas a obsessão da “obra”…
Ele sabe que é apenas uma ilha no oceano Atlântico, uma pequena parte de um país que embora pequeno é suficientemente grande para o diluir… viva a solidariedade, não é, Dr. Alberto?
(clik sobre a imagem da Rotunda do Forcado na parte nova da cidade)
Nestas coisas das armadilhas financeiras, há sempre aqueles que as armam e os outros, os que correm para elas como inocentes e espertos ratinhos gastando demais, algumas vezes mal, pensando que o mundo se acaba amanhã.
Sonham um futuro que não existe, a maior parte são bem intencionados mas quase sempre pouco avisados. Julgam que interpretam um papel na história, que o mundo lhes irá ficar reconhecido, que a pátria os consagrará mas acabam por sair de cena pela porta baixa, ao fundo… o sonho da “obra”, das inaugurações, das placas comemorativas, dos nomes gravados em relevo na pedra de granito, tudo se esfuma no mar das críticas e queixumes dos que recebem a herança, excepção feita ao Dr. Jardim. Esse, não sai de cena, o palco é dele, continua a exibir-se, a rever-se na sua obra, apontando-a, dedo espetado, aos olhos de todos como se fosse possível não ver aqueles enormes buracões cavados montanhas adentro.
Recebeu uma ilha, irá deixar um pedaço da Suíça para quem queira ver e deslumbrar-se na beleza das paisagens desfrutadas das belas auto-estradas.
Se a dívida estava escondida a obra não o está, e ele, Alberto João, continua a viver, a horas de ser reconduzido de novo no poder, o prazer sublime e glorioso das festas de inauguração, dos foguetes e das fanfarras.
Afogueado, peito cheio, chapéu de palha na cabeça distintivo da Madeira, segue altaneiro, passo certo rumo a um futuro que ele não conhece nem nunca o preocupou. Apenas a obsessão da “obra”…
Ele sabe que é apenas uma ilha no oceano Atlântico, uma pequena parte de um país que embora pequeno é suficientemente grande para o diluir… viva a solidariedade, não é, Dr. Alberto?
(clik sobre a imagem da Rotunda do Forcado na parte nova da cidade)