Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, novembro 30, 2013
Estiveram casados quarenta e cinco anos até que um dia ela morreu e foi para o céu. Ele, passado meses, morreu também e lá se encontraram. Ela correu para ele gritando de alegria:
- Que bom, meu querido, outra vez juntos!
- Não me lixe, Cristina, o contrato era bem explícito. –“Até que a morte nos separe…”
Fernando Pereira - Uma voz verdadeiramente camaleónica..
(Júlio Iglésias, Alejandro Sainz, Juan Luís Guerra...)
(Júlio Iglésias, Alejandro Sainz, Juan Luís Guerra...)
Origem do Conto do Vigário
(Contado por Fernando Pessoa)
(Contado por Fernando Pessoa)
Um dia, certo fabricante ilegal de notas falsas chegou à fala com um lavrador e negociante de gado, chamado Manuel Peres Vigário e disse-lhe:
- «Sr. Vigário, tenho aqui umas notazinhas de cem mil réis que me falta passar. O senhor quer? Largo-lhas por vinte mil réis cada uma.»
- «Deixa ver», disse o Vigário; e depois, reparando logo que eram imperfeitíssimas, rejeitou-as:
- «Para que quero eu isso?», disse; «isso nem a cegos se passa.»
O outro, porém, insistiu; Vigário cedeu um pouco regateando; por fim fez-se negócio de vinte notas, a dez mil réis cada uma.
Sucedeu que dali a dias tinha o Vigário que pagar a uns irmãos negociantes de gado como ele a diferença de uma conta, no valor certo de um conto de réis. No primeiro dia da feira, na qual se deveria efectuar o pagamento, estavam os dois irmãos jantando numa taberna escura da localidade, quando surgiu pela porta, cambaleando de bêbado, o Manuel Peres Vigário. Sentou-se à mesa deles, e pediu vinho. Daí a um tempo, depois de vária conversa, pouco inteligível da sua parte, lembrou que tinha que pagar-lhes. E, puxando da carteira, perguntou se, se importavam de receber tudo em notas de cinquenta mil réis. Eles disseram que não, e, como a carteira nesse momento se entreabrisse, o mais vigilante dos dois chamou, com um olhar rápido, a atenção do irmão para as notas, que se via que eram de cem. Houve então a troca de outro olhar.
- «Sr. Vigário, tenho aqui umas notazinhas de cem mil réis que me falta passar. O senhor quer? Largo-lhas por vinte mil réis cada uma.»
- «Deixa ver», disse o Vigário; e depois, reparando logo que eram imperfeitíssimas, rejeitou-as:
- «Para que quero eu isso?», disse; «isso nem a cegos se passa.»
O outro, porém, insistiu; Vigário cedeu um pouco regateando; por fim fez-se negócio de vinte notas, a dez mil réis cada uma.
Sucedeu que dali a dias tinha o Vigário que pagar a uns irmãos negociantes de gado como ele a diferença de uma conta, no valor certo de um conto de réis. No primeiro dia da feira, na qual se deveria efectuar o pagamento, estavam os dois irmãos jantando numa taberna escura da localidade, quando surgiu pela porta, cambaleando de bêbado, o Manuel Peres Vigário. Sentou-se à mesa deles, e pediu vinho. Daí a um tempo, depois de vária conversa, pouco inteligível da sua parte, lembrou que tinha que pagar-lhes. E, puxando da carteira, perguntou se, se importavam de receber tudo em notas de cinquenta mil réis. Eles disseram que não, e, como a carteira nesse momento se entreabrisse, o mais vigilante dos dois chamou, com um olhar rápido, a atenção do irmão para as notas, que se via que eram de cem. Houve então a troca de outro olhar.
O Manuel Peres Vigário, com lentidão, contou tremulamente vinte notas, que entregou. Um dos irmãos guardou-as logo, tendo-as visto contar, nem se perdeu em olhar mais para elas.
O vigário continuou a conversa, e, várias vezes, pediu e bebeu mais vinho. Depois, por natural efeito da bebedeira progressiva, disse que queria ter um recibo. Não era uso, mas nenhum dos irmãos fez questão. Ditava ele o recibo, disse, pois queria as coisas todas certas. E ditou o recibo – um recibo de bêbedo, redundante e absurdo: de como em tal dia, a tais horas, na taberna de fulano, e «estando nós a jantar (e por ali fora com toda a prolixidade frouxa do bêbedo...), tinham eles recebido de Manuel Peres Vigário, do lugar de qualquer coisa, em pagamento de não sei quê, a quantia de um conto de réis em notas de cinquenta mil réis. O recibo foi datado, foi selado, foi assinado. O Vigário meteu-o na carteira, demorou-se mais um pouco, bebeu ainda mais vinho, e daí a um tempo foi-se embora.
Quando, no próprio dia ou no outro, houve ocasião de se trocar a primeira nota, o que ia a recebê-la devolveu-a logo, por descaradamente falsa, e o mesmo fez à segunda e à terceira... E os irmãos, olhando então verdadeiramente para as notas, viram que nem a cegos se poderiam passar.
Queixaram-se à polícia, e foi chamado o Manuel Peres, que, ouvindo atónito o caso, ergueu as mãos ao céu em graças da bebedeira providencial que o havia colhido no dia do pagamento. Sem isso, disse, talvez, embora inocente, estivesse perdido.
Se não fosse ela, explicou, nem pediria recibo, nem com certeza o pediria como aquele que tinha, e apresentou, assinado pelos dois irmãos, e que provava bem que tinha feito o pagamento em notas de cinquenta mil réis. «E se eu tivesse pago em notas de cem», rematou o Vigário «nem eu estava tão bêbedo que pagasse vinte, como estes senhores dizem que têm, nem muito menos eles, que são homens honrados, mas receberiam.» E, como era de justiça foi mandado em paz.
O caso, porém, não pôde ficar secreto; pouco a pouco se espalhou. E a história do «conto de réis do Manuel Vigário» passou, abreviada, para a imortalidade quotidiana, esquecida já da sua origem.
Os imperfeitíssimos imitadores, pessoais como políticos, do mestre ribatejano nunca chegaram, que eu saiba, a qualquer simulacro digno do estratagema exemplar.
Por isso é com ternura que relembro o feito deste grande português, e me figuro, em devaneio, que, se há um céu para os hábeis, como constou que o havia para os bons, ali lhe não deve ter faltado o acolhimento dos próprios grandes mestres da Realidade – nem um leve brilho de olhos de Macchiavelli ou Guicciardini, nem um sorriso momentâneo de George Savile, Marquês de Halifax.
(Davis Slown Willson)
Não Sei como isto funciona
Na história do Feiticeiro de Oz, na
parte final, o feiticeiro parte no balão e a menina suplica-lhe que volte. «Não
posso” responde ele numa voz que se perde ao longe. «Não sei como isto
funciona!»
Esta frase podia ser aplicada para a
nossa actual compreensão de nós mesmos e a explicação evolutiva constitui um
esforço muito recente nesse sentido, algo que se desenvolveu pelo meio da
evolução genética e leva pequenos grupos a organizarem-se em unidades
coordenadas.
Uma aldeia é uma associação tão
perfeitamente natural que parece constituir-se a si própria.
Pense no seguinte:
Tanto quanto sabemos, descendemos todos
de uma pequena população que se espalhou a partir de África há cerca de 70.000
anos e que cobriu o globo, desalojando, á medida que avançava, populações
anteriores de Homo e muitas outras espécies.
É isto o “êxito ecológico e a exclusão
prévia” referida pelos cientistas Ed e Bert. Podemos celebrá-la ou deplorá-la,
mas de uma forma ou de outra ela exigiu uma extraordinária flexibilidade
comportamental.
Não se tratou de implementar “planos de
guerra” que antes tivessem evoluído geneticamente no continente africano, mas
de um processo mais aberto de criar e reter novas adaptações.
Diversificámo-nos em milhares de “modos
de vida”, falando línguas diferentes e praticando diversas actividades de
subsistência, da colheita de sementes até à pesca da baleia.
Adaptámo-nos a todas as zonas climáticas,
da floresta tropical até ao deserto e às paragens gélidas do Ártico.
Invadimos os mares com barcos.
Ecologicamente, tornámo-nos o equi valente
a centenas de espécies diferentes numas meras dezenas de milhares de anos, em
vez de nos milhões de anos necessários para uma irradiação adaptativa comparável
por evolução genética.
A nossa capacidade para a cultura fez a
evolução avançar à velocidade da luz.
(continua)
Quem é?- Um estivador que já jogou boxe... |
JUBIABÁ
Episódio Nº 177
O negro que discursava sorri. Está
falando um representante dos estudantes. O sindicato dos estudantes de direito
estava solidário com os grevistas.
Dizia no seu discurso que todos os
operários, os estudantes, os intelectuais pobres, os camponeses e os soldados
se deviam unir na luta contra o capital.
António Balduíno não o entendeu muito
bem. Mas o negro que discursou lhe explica que o capital e ricos quer dizer a
mesma coisa. Ele então apoia o orador.
De repente sente vontade de subir numa
cadeira e falar também. Ele também tem o que dizer, ele já viu muita coisa.
Fura pela sala e trepa numa cadeira. Um operário pergunta a outro:
-
Quem é?
-
Um estivador… Um que já jogou boxe…
António Balduíno fala. Ele não está
fazendo discurso, gente. Está é contando o que viu na sua vida de malandro.
Narra a vida dos camponeses nas plantações de fumo, o trabalho dos homens sem
mulheres, o trabalho das mulheres nas fábricas de charuto.
Perguntem ao Gordo se pensarem que é
mentira. Conta o que viu. Conta que não gostava de operário, de gente que
trabalhava. Mas foi trabalhar por causa do filho. E agora via que os operários
se qui sessem não seriam escravos. Se
os homens de plantações de fumo soubessem também fariam greve…
Quase é carregado. Não tomou ainda
perfeito conhecimento de seu triunfo. Por que o aplaudem assim? Ele não contou
nenhuma história bonita, não bateu em ninguém, não fez um acto de coragem.
Contou somente o que viu. Mas os homens
o aplaudem e muitos o abraçam quando ele passa. Um investigador o fita
procurando não esquecer aquela cara. Cada vez António Balduíno gosta mais da
greve.
O rapaz de óculos se retira e um
investigador o segue. Do telefone do governo telefonam para o sindicato. É o
doutor Gustavo Barreiras avisando que a conferência se prolongará até à noite
quando terão possivelmente uma solução.
-
Favorável? – pergunta o secretário do sindicato.
-
Honrosa… - responde o dr. Gustavo do outro lado do fio.
Os sinos batem seis horas. A cidade está
às escuras.
PRIMEIRA NOITE DA GREVE
A noite é bela, não há nuvens no céu que
está azul e cheio de estrelas. Parece uma noite de verão. No entanto os homens
se recolhem e não sairão nesta noite a passear. É que a cidade está às escuras,
nem uma lâmpada brilha nos altos postes pretos. Até a lâmpada da “Lanterna dos
Afogados” se apagou.
O cais nunca esteve tão silencioso. Os
guindastes dormem porque nesta noite os estivadores não virão trabalhar. A
marinhagem do navio sueco se estende pelas casas das mulheres da vida.
Também nas ruas da cidade não há
movimento. Os homens ficam receosos quando a luz falta. Dentro das casas a luz
vermelha das lamparinas aumenta as sombras. E a luz baça das velas lembra
sentinelas de mortos queridos.
sexta-feira, novembro 29, 2013
Danny Kaye
Passaram mais de 55 anos quando, em rapaz, estudante no Colégio Nuno Álvares, em Tomar, fui ver um filme cómico com Danny Kaye. cujo título infelizmente já não recordo. A graça que lhe achei foi tanta que o riso transbordou e tive que deixar de olhar para o ecrã tendo voltado mais tarde a uma outra sessão para, finalmente, conseguir ver o filme.
O que me lembro dessa representação é que ela constituiu a maior demonstração da arte de fazer rir, indescritível a sua capacidade cómica que a maioria das pessoas da minha geração conheceram perfeitamente.
O que me lembro dessa representação é que ela constituiu a maior demonstração da arte de fazer rir, indescritível a sua capacidade cómica que a maioria das pessoas da minha geração conheceram perfeitamente.
O que talvez não saibam, e eu não sabia, era o "coração" que se escondia atrás deste grande artista.
Ganhou milhões com os seus dotes de actor e cantor e morreu sem um tostão porque tudo quanto recebia dava aos mais necessitados. Ajudou muitos colegas que estavam na miséria e distribuía o resto por instituições de Assistência.
Morreu em Los Angeles, em 1987 e a UNESCO considerou-o Cidadão Mundial - mais uma vez foi preciso morrer…
Para além de actor e cantor era também um excelente intérprete de Jazz e clarinetista embora quase só tocasse para os amigos.O vídeo que se segue em que ele canta com Louis Armstrong, é um exemplo do seu grande virtuosismo e, da minha parte, um sinal de agradecimento e aplauso por aquilo que ele foi como actor e como homem bom.
Morreu em Los Angeles, em 1987 e a UNESCO considerou-o Cidadão Mundial - mais uma vez foi preciso morrer…
Para além de actor e cantor era também um excelente intérprete de Jazz e clarinetista embora quase só tocasse para os amigos.O vídeo que se segue em que ele canta com Louis Armstrong, é um exemplo do seu grande virtuosismo e, da minha parte, um sinal de agradecimento e aplauso por aquilo que ele foi como actor e como homem bom.
«Quando, em maio de 1945, a Alemanha perdeu a II Guerra Mundial, tinham morrido, ninguém sabe ao certo, uns 40 milhões de pessoas. O país estava literalmente destruído e contava, por sua vez, cerca de sete milhões de mortos. As potências vencedoras decidiram viabilizar economicamente a nova Alemanha, apesar de a terem separado da Áustria e de a terem dividido: a RFA sob a tutela da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos; a RDA sob a tutela da União Soviética. Mas esta solução foi bem melhor do que a que Churchil, o primeiro--ministro inglês da guerra, chegou a planear: transformar o país num enorme campo agrícola, sem indústrias, sem serviços, sem nada.
De 1947 até1952 a Alemanha Ocidental recebeu, do Plano Marshal, 3,3 mil milhões de dólares. Esta dívida foi paga ao longo de 25 anos, até 1978: mil milhões pelo Governo, os restantes 2,3 mil milhões por um Fundo que emprestou esse dinheiro a juros baixos e a prazos longos, principalmente a pequenas e médias empresas.
A partir de março de 1960 - 15 anos depois do fim da guerra - a Alemanha Ocidental - graças a um dos maiores crescimentos económicos de sempre, de que o povo da RFA tem todo o mérito mas que só foi possível realizar por não ter faltado dinheiro para investir - começou finalmente a pagar indemnizações devidas a 11 Estados : a Grécia recebeu 115 milhões de marcos alemães, a França 400 milhões, a Polónia cem milhões, a Rússia sete milhões e meio, a então Jugoslávia oito milhões. Foram pagos três mil milhões de marcos a Israel e 450 milhões a organizações judaicas.
Depois da reunificação da Alemanha, com a queda do bloco soviético, a reconstrução da RDA custou, de1991 a 2009, 1,3 biliões de dólares, sendo que 120 mil milhões vieram de ajudas externas.
Hoje a Alemanha é um dos países que mais contribuíram para ajudar o exterior. É uma das quatro ou cinco economias mais fortes do mundo. É um grande Estado.
Olho o que se passa na Grécia, onde a população, martirizada por cinco anos de austeridade, exige o fim do acordo com a troika e pede, simplesmente, mais tempo e melhores condições para pagar o que deve e para recompor a economia do país. A Alemanha olha-a com desdém, recusa o apelo, ameaça tirá-la do euro, culpa-a por irresponsabilidade e exige castigo por não cumprir os acordos da troika.
Olho esta suposta culpa dos gregos e comparo-a com a culpa dos alemães, há 67 anos. Se os vencedores da guerra de então tivessem sido tão insensatos como os dirigentes da actual guerra financeira, que restaria, agora, da grande Alemanha?»
De 1947 até
A partir de março de 1960 - 15 anos depois do fim da guerra - a Alemanha Ocidental - graças a um dos maiores crescimentos económicos de sempre, de que o povo da RFA tem todo o mérito mas que só foi possível realizar por não ter faltado dinheiro para investir - começou finalmente a pagar indemnizações devidas a 11 Estados : a Grécia recebeu 115 milhões de marcos alemães, a França 400 milhões, a Polónia cem milhões, a Rússia sete milhões e meio, a então Jugoslávia oito milhões. Foram pagos três mil milhões de marcos a Israel e 450 milhões a organizações judaicas.
Depois da reunificação da Alemanha, com a queda do bloco soviético, a reconstrução da RDA custou, de
Hoje a Alemanha é um dos países que mais contribuíram para ajudar o exterior. É uma das quatro ou cinco economias mais fortes do mundo. É um grande Estado.
Olho o que se passa na Grécia, onde a população, martirizada por cinco anos de austeridade, exige o fim do acordo com a troika e pede, simplesmente, mais tempo e melhores condições para pagar o que deve e para recompor a economia do país. A Alemanha olha-a com desdém, recusa o apelo, ameaça tirá-la do euro, culpa-a por irresponsabilidade e exige castigo por não cumprir os acordos da troika.
Olho esta suposta culpa dos gregos e comparo-a com a culpa dos alemães, há 67 anos. Se os vencedores da guerra de então tivessem sido tão insensatos como os dirigentes da actual guerra financeira, que restaria, agora, da grande Alemanha?»
Pedro Tadeu. ( Do Diário de Notícias)
PS - Vi há tempos um documentário que mostrou o que foi o drama da ocupação da França pelos alemães e as sequelas que ela deixou entre os franceses.
Durante esses anos, os franceses foram utilizados, humilhados, mortos, escravizados, reduzidos a peças de um jogo por um exército invasor constituída por gente soberba, insensível e desumana.
Comparar esses crimes com as “trafulhices político/contabilísticas” dos gregos merecedoras do castigo da Sra. Merkel, é a mesma coisa que confundir as traqui nices do miúdo do 5º andar com os assaltos violentos dos gangs suburbanos.
A Srª Merkel e os alemães não se esqueçam que a fome e o desespero podem acordar memórias recentes e o projecto que foi de paz pode degenerar e atraiçoar os seus objectivos.
A Srª Merkel vai continuar a governar a Alemanha através de uma grande coligação que implicaram negociações entre os vários partidos. Numa coisa estiveram todos de acordo: não há nenhuma política que tenha como objectivo diminuir a austeridade e favorecer o emprego na Europa.
Será a Alemanha a líder certa para a Comunidade Europeia ou estará ela apenas a tratar da sua vidinha?...
Crescem as tensões sociais por todos os países da Europa e eu lembrei-me da história que passei há dias no Memórias Futuras do rato que vivia numa quinta cuja dona comprou uma ratoeira e quando ele, alarmado, pedia ajuda aos restantes animais da quinta eles respondiam-lhe com desdém de que não era nada com eles... e depois sabe-se qual foi o resto da história.
é mesmo fascinante
O Director Geral de um Banco, estava preocupado com um jovem e brilhante director, que depois de ter trabalhado durante algum tempo com ele, sem parar nem para almoçar, começou a ausentar-se ao meio-dia. Então o Director Geral do Banco chamou um detective e disse-lhe:
- Siga o Dr. Mendes durante uma semana, durante a hora do almoço.
O detective, após cumprir o que lhe havia sido pedido, voltou e informou:
- O Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega no seu carro, vai a sua casa almoçar, faz amor com a sua mulher, fuma um dos seus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
Responde o Director Geral:
- Ah, bom, antes assim. Não há nada de mal nisso.
O detective pergunta-lhe:
- Desculpe. Posso tratá-lo por tu?
- 'Sim, claro' respondeu o Director surpreendido!
- Então vou repetir : o Dr. Mendes sai normalmente ao meio-dia, pega no teu carro, vai a tua casa almoçar, faz amor com a tua mulher, fuma um dos teus excelentes cubanos e regressa ao trabalho.
Os bombeiros foram imediatamente chamados para extinguir as chamas que estavam cada vez mais fortes, e os bombeiros não as conseguiam dominar.
A situação já estava a ficar fora de controlo, quando alguém sugeriu que se chamasse o grupo de Voluntários da Vidigueira.
Apesar de algumas dúvidas quanto às capacidades e equipamento dos voluntários, sempre seria mais uma forma de auxilio. Assim foi.
Os voluntários chegaram num camião velho, desgastado pelos anos e operações de combate, passaram em grande velocidade e dirigiram-se em linha recta para o centro do incêndio, entraram pelo fogo adentro e só pararam mesmo no meio das chamas!
Estupefacta, a população assistiu a tudo.
Os voluntários saltaram todos do camião e começaram a pulverizar freneticamente em todas as direcções. Como estavam mesmo no meio do fogo, as chamas dividiram-se, e restaram duas porções facilmente controláveis.
Impressionado com o trabalho dos voluntários da Vidigueira , o latifundiário, dono do monte, respirou de alívio quando viu a sua herdade ser poupada à devastação das chamas. Na hora puxou da carteira e passou imediatamente um cheque de 5000 euros à corporação voluntária.
Um repórter do jornal local perguntou logo ao comandante dos bombeiros:
- 5000 euros! Já pensou o que vai fazer ao dinheiro?
- Penso que é óbvio, né? - responde o comandante ainda a sacudir a cinza do capacete. - A primeira coisa que vamos fazer é arranjar a porra dos travões do camião!!!
(David Slown
Wilsson)
As
Artes Vitais
Artes Visuais
A arte visual numa
perspectiva cultural evolutiva.
Veja-se
como Kathryn Coe (na sua obra The Ancestress Hypothesis: Visual Art as
Adaptation), pioneira no estudo da arte visual nessa perspectiva cultural
evolutiva, descreve a forma como Anna Shaw, uma mulher da tribo “pima” do
Arizona aprendeu a entrançar o vime:
- «Anna passava horas a apanhar unha-do-diabo,
raminhos de salgueiro e tábua-larga na companhia da avó enquanto percorriam
juntas o deserto de Sonora.
A
observar e a ajudar, Anna foi aprendendo quando e como apanhar os materiais que
lhe viriam a ser úteis. Enquanto ajudava a avó a preparar estes materiais para
os entrançar, Anna desenvolveu as suas próprias aptidões.
Ao ver a
avó trabalhar, via crescer a forma dos cestos e surgir os motivos decorativos.
Ao princípio aquele trabalho era difícil para os seus dedos infantis, e os
cestos tinham de ser entrançados, depois desfeitos e depois entrançados até o
trabalho ficar como devia ser.
Ela
conta-nos que a avó lhe dizia que “fazer cestos serve para te ensinar a
paciência, minha neta”.
Quando o
seu primeiro cesto bem feito ficou acabado, ela foi considerada uma mulher, e o
seu estatuto de adulta teve início quando ofereceu esse cesto à avó.»
Este
exemplo mostra que o processo de fazer arte é pelo menos tão importante como o
produto acabado.
E depois,
Kathryn prossegue:
«Aqueles
anos de aprendizagem forneceram uma oportunidade para uma rapariga desenvolver
uma relação com a avó e ouvir histórias sobre os antepassados comuns, incluindo
o significado dos motivos decorativos que ambas haviam herdado desses mesmos antepassados,
até à primeira mulher “pima” que tinha feito os primeiros cestos.
Os
antepassados estavam à espera que a avó ensinasse a neta a fazer os cestos e
também estavam à espera que a neta os aprendesse a fazer para mostrar a sua
generosidade oferecendo à avó o seu primeiro cesto bem feito, sendo essa a
origem da sua aptidão nessa arte.
… Eles
também esperavam que ela respeitasse os idosos, fosse leal e generosa, se
tornasse uma boa esposa e uma boa mãe e cooperasse e fosse generosa com a sua
gente, primeiro com a família e depois com os outros “pima”.
Era com
estes que Anna partilhava um antepassado comum e eram eles que podiam ser
identificados não apenas pela língua que falavam e pela maneira de vestir, mas
também pelos cestos característicos feitos pelas mulheres.»
Quando é
exigida a perfeição na arte para se alcançar um estatuto elevado é também
necessária paciência, obediência, respeito e muitos anos na presença de anciãos
que transmitem outras informações para além das aptidões, o valor adaptativo da
arte no sentido lato torna-se plausível.
Eu também tenho um filho e não quero que ele seja escravo... |
JUBIABÁ
Episódio Nº 176
Isso são sujeitos que
querem perturbar a ordem… Inventam coisas. Você vai acabar perdendo o emprego e
esse dinheiro que ganha. Quer muito acaba não tendo nenhum.
O operário se lembrou da
mulher reclamando do filho doente. Baixou a cabeça António Balduíno insultou o
homem do sobretudo:
- Quem lhe pagou para você contar essa
história?
- Você é um dos tais, não é?
- Sou é muito homem para lhe meter a mão no
focinho…
- Sabe com quem está
falando?
- Nem quero saber…
Para que saber se a cidade
era deles? Hoje ele podia dizer o que qui sesse
porque eles mandavam na cidade.
- Pois eu sou o doutor
Malagueta, ouviu?
- Médico da Circular, não é?
Quem disse isso foi
Severino que se aproximava. Vinham com eles vários outros operários. O negro
Henrique era gigantesco.
O homem do sobretudo
dobrou a esqui na. O operário que
conversara com ele se reuniu ao grupo. Severino explicou:
- Rapaz, greve é como estes colares que a
gente vê nas vitrinas. É preso por uma linha. Se cortar a linha lá caem todas.
É preciso não furar a greve…
O operário chamava-se
Mariano: fez que sim com a cabeça.
António Balduíno foi com
eles para o sindicato dos trabalhadores da Circular esperar a solução da
conferência do governo com os directores da companhia.
Na mesa da directoria do
Sindicato um negro acabava um discurso:
- «Meu pai foi escravo, eu também fui escravo,
mas não quero que meus filhos sejam escravos…»
Há homens sentados e
muitos estão em pé porque não há mais lugares vagos
Uma delegação de padeiros
vem prestar o seu apoio aos grevistas e lê um manifesto incitando todo o
proletariado à greve,
“Greve geral”, gritam na
sala. Um investigador da polícia fuma. Está encostado na porta e não é o único.
Mas nem prestam atenção a ele.
Agora fala um rapaz de
óculos. Diz que os operários são uma imensa maioria no mundo e os ricos uma
pequena minoria. Então porque os ricos sugavam o suor dos pobres? Porque esta
maioria trabalhava estupidamente para o conforto da minoria?
António Balduíno bate
palmas. Tudo aqui lo é novo para ele
e o que estão dizendo é certo. Ele nunca o soube, porém sempre o sentiu. Por
isso nunca qui sera trabalhar.
Ao A B C diziam também
aquelas coisas mas não diziam tão claramente, não explicavam. Como nas noites
do Morro do Capa Negro ele ouvia e aprendia.
O rapaz desceu da cadeira
de onde falou. O negro que falara antes ficou bem junto de António Balduíno que
o abraça:
- Eu também tenho um filho e não quero que ele
seja escravo…
quinta-feira, novembro 28, 2013
CARMINHO - MEU AMOR MARINHEIRO
Carminho tem uma característica única: consegue ser simultâneamente popular e contida. Tão visceral quanto lúdica.
Com os seus golos faz as minhas delícias e isso é que interessa... |
por jogadores de
futebol...
- Chegarei de surpresa dia 15, às duas da tarde, vôo 619 da VARIG. (Mengálvio, ex-meia do Santos, em telegrama à família quando em excursão à Europa)
- "Tanto na minha vida futebolística quanto com a minha vida ser humano".
(Nunes, ex-atacante do Flamengo, em uma entrevista antes do jogo de despedida do Zico)
- "Que interessante, aqui no Japão só tem carro importado."
(Jardel, ex-atacante do Grêmio)
- "As pessoas querem que o Brasil vença e ganhe." (Dunga, em entrevista ao programa Terceiro Tempo)
- "Eu, o Paulo Nunes e o Dinho vamos fazer uma dupla sertaneja."
(Jardel, ex-atacante do Grêmio)
- "O novo apelido do Aloísio é CB, Sangue Bom."
(Souza, meio-campo do São Paulo, em uma entrevista ao Jogo Duro)
- "A partir de agora o meu coração só tem uma cor: vermelho e preto."
(Jogador Fabão, assim que chegou no Flamengo)
- "Eu peguei a bola no meio de campo e fui fondo, fui fondo, fui fondo e chutei pro gol." (Jardel, ex- jogador do Grêmio, ao relatar ao repórter o gol que tinha feito)
- "A bola ia indo, indo, indo... e iu!' (Nunes, jogador do Flamengo da década de 80)
- "Tenho o maior orgulho de jogar na terra onde Cristo nasceu."
(Claudiomiro, ex-meia do Inter de Porto Alegre, ao chegar em Belém do Pará para disputar uma partida contra o Paysandu, pelo Brasileirão de 72)
- "Nem que eu tivesse dois pulmões eu alcançava essa bola."
(Bradock, amigo de Romário, reclamando de um passe longo)
- "No México que é bom. Lá a gente recebe semanalmente de 15 em 15 dias." (Ferreira, ex-ponta esquerda do Santos)
- "Quando o jogo está a mil, minha naftalina sobe." (Jardel, ex-atacante do Grêmio e da Seleção)
- "Na Bahia é todo mundo muito simpático. É um povo muito hospitalar."
(Zanata, baiano, ex-lateral do Fluminense, ao comentar sobre a hospitalidade do povo baiano)
- "Jogador tem que ser completo como o pato, que é um bicho aquático e gramático." (Vicente Matheus, eterno presidente do Corinthians)
- "O difícil, como vocês sabem, não é fácil." (Vicente Matheus)
- "Haja o que hajar, o Corinthians vai ser campeão." (Vicente Matheus)
- "O Sócrates é invendável, inegociável e imprestável." (Vicente Matheus, ao recusar a oferta dos franceses)
AGORA SENTA E CHORA.....COMPARE O SALÁRIO DELES COM O SEU.....
Vão se preparando: o próximo acordo ortográfico já vai contemplar estas expressões!... - já estão incorporadas:
CERIMÓNIA DIÁRIA DO FECHO DA FRONTEIRA
PAQUISTÃO / ÍNDIA
A fronteira entre Índia e Paquistão é a linha que limita os territórios da Índia e do Paquistão, estabelecida aquando da independência dos dois estados a partir do Raj Britânico, em 1947. As relações entre os dois estados são muito tensas e a passagem na fronteira de pessoas e bens é estritamente limitada. A principal fonte desta discórdia relaciona-se com a questão de Caxemira: nesta região, não há consenso sobre o traçado da linha de fronteira. Os soldados que participam na cerimónia e o público que assiste de um e de outro lado não o podem demonstrar com maior convicção.
Todos os dias, ao entardecer, a fronteira é fechada com uma cerimónia militar que se transformou numa atracção turística.
As Artes Vitais
A Música
(continuação)
A sinfonia seguinte de
Chostakovich foi um lamento pela morte e pelo sofrimento dos seus compatriotas
em Leninegrado e noutros lugares.
«Do princípio ao fim, a
obra é uma expressão de desespero e horror. É interessante que a Oitava
Sinfonia tenha sido condenada na Reunião de 1948 do Comité Central do Partido
Comunista pela sua visão demasiado catastrofista da guerra e pela utilização
geral, por parte de Chostakovich, de “distorções formalistas»
A música é importante,
tanto para nós como para os nossos antepassados remotos. Poder-se-iam tirar
muitos exemplos de que assim é, retirados também da vida americana, da música
de protesto dos anos 60 à música assustadora e arrepiante das campanhas de
ataques políticos de agora.
A quantidade de tempo e
dinheiro que despendemos a despejar música para os ouvidos constitui uma
indicação do quanto precisamos de estímulos externos para dominar os nossos
pensamentos e emoções.
Antes de existirem os
auscultadores e os iPodes, esses estímulos provinham de outros membros do nosso
grupo.
O que dissemos sobre a
dança e a música aplica-se igualmente às artes visuais.
Quando pensamos
estritamente na sobrevivência e na reprodução, parece intrigante as pessoas
passarem tanto tempo a decorarem os seus utensílios ou a produzir objectos sem
qualquer finalidade utilitária.
É que, a principal
adaptação humana é exactamente no sentido dos nossos comportamentos serem adqui ridos cada vez menos directamente dos nossos
genes e cada vez mais a partir de outras pessoas.
(continua)