sábado, março 09, 2013

O AZARADO
Um sujeito encontra um amigo que não via há muito tempo e inicia a conversa:
 - Fonseca!!! Há quanto tempo! Tudo bem?
 - Péssimo... - responde o outro.
 - Mas como péssimo? Com aquele Ferrari que tu tens?
 - Virou sucata num acidente... E o pior é que o seguro tinha acabado de vencer.
 - Bem, vão-se os anéis, mas ficam os dedos. E o teu filho? Inteligente, o rapaz! Já está formado?
 - Estava ao volante do Ferrari... Morreu.
O amigo tenta fugir daquele assunto tão trágico.
 - E a tua filha, que mais parecia um modelo?
 - Pois é! Estava junto com o irmão. Só a minha mulher não estava no carro.
 - Graças a Deus! Como vai ela?
 - Fugiu com o meu sócio.
 - Bem... Pelo menos a empresa ficou só para ti.
 - Ela fugiu com ele porque me roubaram tudo. Deixaram a firma falida. Estou devendo milhões!
 - Puuuxa! Então vamos mudar de assunto. A tua equipa?
 - Oh, não! Tu não me perguntes pelo Sporting!
 - Pelo amor de Deus, Fonseca! Não tens nada de positivo???

 - Sim, tenho... HIV.

Aos meus compatriotas açoreanos de S. MIGUEL com o seu "encantador" sotaque e dizeres...

IMAGEM
O Encantamento de Portugal.


Não é Violada quem Quer...


VALE PELA VOZ, PELA MÚSICA, PELAS IMAGENS...

KATIA GUERREIRO e O BARCO NEGRO



A ROLETA AFRICANA


O ministro dos Estrangeiros de uma república africana visita a Rússia numa viagem oficial. Depois de uma semana de visita, o seu Homólogo russo disse-lhe:

- Espero que tenha disfrutado a estadia no nosso país, mas antes de terminar é costume que pratique o nosso jogo nacional.

-E qual é o jogo?, pergunta o africano.

- É a roleta russa, claro.

- A roleta russa? Não conheço.

- É muito simples. O senhor apenas tem de apontar este revolver à sua cabeça e premir o gatilho. Na pistola há sòmente uma bala. Tem cinco possibilidades, em seis, de escapar ileso.


- E qual é a graça, ministro? pergunta o africano.

- A adrenalina, meu amigo, a adrenalina !!!.

O ministro africano engole em seco, mas pensa para si: Sou herdeiro de uma tribo de valentes guerreiros e enfrentarei esta prova. Aperta o gatilho e... clic! Não disparou nenhuma bala.

Então, respira fundo e diz ao russo:

- Recordo-lhe que dentro de três meses terá que me retribuir a visita.

Três meses depois, o ministro russo passa uma semana na pequena república africana e, no último dia, o seu homólogo disse-lhe:


- Espero que tenha apreciado a estadia no nosso país, mas antes de terminar a visita é costume praticar o nosso jogo nacional.

- E qual é esse jogo?.

- É a roleta africana, claro.
- A roleta africana? Não conheço. Em que consiste?


- Vão os dois até um aposento onde estão seis mulheres esculturais completamente nuas.

O africano diz ao russo:

- A que você escolher, far-lhe-á sexo oral.

- Genial! Isto é magnífico mas...Onde está a adrenalina?, pergunta o
ministro russo.


O africano sorri e responde:

- Uma delas é canibal...

Quando o Zézinho era pequenino, queria ser bailarino e os seus pais desencorajaram-no, porque era coisa de paneleiros.

Logo depois, o Zézinho quis ser cabeleireiro, mas os seus pais não deixaram porque era coisa de paneleiros.

Passado algum tempo quis ser estilista, mas os seus pais não permitiram porque era coisa de paneleiros.

Agora o Zézinho cresceu, é paneleiro e não sabe fazer nada ... 


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 42


O filho não queria que ele escrevesse mais. Devia deixar daquela vida. Recolher-se à casa, não sair, abandonar as conversinhas diárias.

Para que estava ele a escrever diariamente um artigo e ainda notas? E demais, mal pago… Gomes roubava-os. Pagava mal a todos eles, que o serviam como amigos, e enriquecia.

E Ticiano queixava-se:

 - Quando eu tinha dezoito anos, meu pai perseguia-me por causa das minhas veleidades literárias. Agora persegue-me o filho…

Ricardo Braz juntou-se ao grupo. Acabara de levar a bordo o tal político da sua terra. O homem seguia encantado. A nota “do Estado da Bahia”, com cliché, então… Um sucesso!

 - Prometeu-me tudo, o homem1 A Ruth vai ficar contentíssima…

 - Você e Rigger são uns imbecis! Vão casar. Vão meter-se na mais completa mediocridade. Vocês casam, vamos ser sinceros, para possuir as respectivas noivas. Depois que saciarem o sexo…

 - Mas você engana-se redondamente quando pensa que nós casamos unicamente para poder dormir com as nossas noivas. Casamos porque temos necessidade de carinho. Queremos sexo e coração…

 - E antes de vocês se saciarem do sexo, se sacarão do coração. Eu já fui casado…

 - Qual nada! Nós sentimos que esse amor é a nossa finalidade.

José Lopes bateu na testa. Uma coisa que trouxera para lhes mostrar. Afinando a voz, leu:

“Mademoiselle Sentimento – Mademoiselle Sentimento, eu te amo tanto… Eu te adoro. Por que é que os teus olhos fogem dos meus olhos, quando conversamos? Por que essa tristeza que às vezes faz pálida a tua face? Por que não me contas tudo, não me abres inteiramente a alma, Mademoiselle Sentimento? Bem sabes que eu te amo tanto…”

 - Quem é que escreveu esse amontoado de besteiras?

 - De lugares comuns…

 - É a crónica social de amanhã.

 - Você escreveu isto, Ricardo?

 - Não. Rigger pediu-me para eu fazer a crónica amanhã.

 - Paulo Rigger, tão panfletário… tão violento…

 - Sim. Paulo Rigger que, noutros tempos, escrevia o “Poema da Mulata Desconhecida”…

 - Coitado!

 - Está perdido o rapaz… 

sexta-feira, março 08, 2013

Não há nada que pague uma boa gargalhada...

IMAGEM
O encantamento de Portugal


Uma Canção para Alegrar os Corações


A história do Menino Jesus:



Ele mora comigo na minha casa a meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava, Ele é o humano que é natural, Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso é que sei com toda a certeza
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.

E a criança tão humana que é divina
É esta minha quotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo que eu sou poeta sempre, E que o meu mínimo olhar Me enche de sensação, E o mais pequeno som, seja do que for, Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver, Saltando e cantando e rindo E gozando o nosso segredo comum Que é o de saber por toda a parte Que não há mistério no mundo E que tudo vale a pena.

A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direcção do meu olhar é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons São as cócegas que ele me faz, brincando, nas orelhas.

Damo-nos tão bem um com o outro
Na companhia de tudo
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois
Com um acordo íntimo
Como a mão direita e a esquerda.

Ao anoitecer brincamos as cinco pedrinhas No degrau da porta de casa, Graves como convém a um deus e a um poeta, E como se cada pedra Fosse todo o universo E fosse por isso um grande perigo para ela Deixá-la cair no chão.

Depois eu conto-lhe histórias das cousas só dos homens E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam fumo no ar dos altos-mares.
Porque ele sabe que tudo isso falta àquela verdade Que uma flor tem ao florescer E que anda com a luz do sol A variar os montes e os vales E a fazer doer aos olhos os muros caiados.

Depois ele adormece e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.

Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos
Vira uns em cima dos outros
E bate as palmas sozinho
Sorrindo para o meu sono.


Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa.
Despe o meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar a adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
Que tu sabes qual é.

Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há-de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?

Alberto Caeiro


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 41

Toda a prostituta tem uma tragédia, Jerónimo. Quer ver?

E Pedro Ticiano chamou a mulher que passava.

 - Minha filha, conte aqui para nós, para mim e para este amigo que é o último romântico, como você veio para esta vida, esta terrível vida que as mulheres casadas chamam de fácil…

Ela não se fez rogada. E começou a contar, os olhos baixos, amassando com os dedos a ponta do casaco, quase envergonhada.

Bonitinha aquela mulher! Dois grandes olhos espantados e uma boca pequena onde brincava um sorriso fácil de oferecimento. Nada de aristocrático. O tipo da camponesa bonita.

Tudo igual à das outras… Vivia lá na Nazaré com os pais. Cozia. Ganhava até dinheiro. Um dia, um homem rico e elegante que fora passear na cidade prometera-lhe casamento, casa bonita, automóveis.

Naquele tempo ela ainda acreditava nos homens. Depois, deixara-a perdida, odiada pela família. Viera então para a Bahia. E aí estava a sua história. Igual às das outras…

 - Vivendo a tragédia das prostitutas que nasceram para mães de família. Em todo o caso, minha filha, você escapou de ter sofrido uma tragédia muito maior, a de ter morrido virgem…

Jerónimo apertou as mãos. Teve ódio de Ticiano. Aquele homem só vivia de gozar a desgraça dos outros. Um miserável…

Pedro Ticiano afastava-se lentamente. A rameira, parada, continuava mergulhada nas suas recordações. Tão bonitinha! Jerónimo sem que Ticiano o visse, deu-lhe 20$000.

 - Obrigado. O senhor é tão bom…


O bar estava cheio. Pelas mesas espalhavam-se os bons burgueses trabalhadores que engoliam voluptuosamente o seu chope. Ticiano falava alto, escandalizando um grupo de políticos.

Recitava epigramas. Pequenas caricaturas dos grandes talentos da Bahia. Um Bêbado entrou no bar. Havia um pretexto para não dar a esmola. O homem iria beber cachaça…

Ticiano chamou-o. Deu-lhe dez tostões.

 - Toma desgraçado. Metade do que tenho agora no bolso.

 - Eu não vou beber, não senhor.

 - Cale-se estúpido! Eu quero que você beba… Tem de beber.

Você gosta de álcool, não é? Então beba. A gente deve satisfazer sempre os nossos instintos… Eu gosto dos bêbados porque são anticoncepcionais.

O ébrio, sem compreender, saiu às cambalhotas.

 - O homem então deve ser escravo do instinto? – discordava José Lopes.

Você prefere ser das convenções, não é?

Pedro Ticiano morava agora com o filho. Piorara muito da vista e sentia um enfraquecimento geral. A morte chegava. O espírito de Ticiano continuava o mesmo. Sempre o mesmo jornalista de combate, o epigramista fino.


D. SEBASTIÃO E A
SUA CRUZADA A
ALCÁCER KIBIR


Numa tradução livre do espanhol da época escrito por Fernando de Góis Loureiro, abade e seu antigo criado da câmara, que assistiu à batalha:

 - “Acossado el-Rey saíu do local da batalha quando tudo já estava concluído e tomou o caminho do Rio Mahacer, para um local onde havia menos gente que poderia acudir e antes de lá chegar, a uma légua da batalha, saíram-lhe uns setenta Alarabes a cavalo que o prenderam sem resistência (quando o que o Rey queria era morrer lutando mas os seus não lho consentiram).

 Uma rixa e controvérsia se deu entre os cavaleiros Alarabes e os Turcos da Guarda do dei Maluco que entretanto chegaram para disputar quem levaria a presa que acabou por ser morta, miseravelmente, pelas mãos dos cavaleiros Alarabes, na idade de vinte e quatro anos, seis meses e catorze dias.

 Depois, o corpo foi encontrado no dia seguinte por Bastion de Resende seu moço de câmara, no mesmo lugar, e reconhecido por todos os seus e eu, como testemunha de vista, também o reconheci ser ele o desditado Rey.

E porque o Rei morreu a uma légua da batalha de onde muitos o viram sair vivo e a cavalo, logo alguns disseram que não era ele o morto e outros, querendo fazer-se sabedores, disseram que ele morreu a batalhar como o afirmou Jerónimo Franchi na sua história de Portugal.”
 (Aquilino Ribeiro – Reis de Portugal – Suas Misérias e Grandezas)


Este desfecho era inevitável e previsível. D. Sebastião, como escreveu Filipe II de Espanha, “era um príncipe frio, impotente, destituído de inclinações amorosas e incapaz de amar” e por isso nunca lhe cederia a sua filha para casar embora se tenha desculpado que a mais velha já estava prometida e a segunda só tinha dez anos de idade.

Tomou as rédeas do governo aos catorze anos  - devia ter sido aos vinte -  portanto, contra as cláusulas do testamento do avô.

 «Menino rebelde, impulsivo, desaparafusado, louco dez vezes, herdeiro de uma terrível paranóia congénita» na opinião do seu aio D. Aleixo de Menezes.

Começou a reinar a 20 de Janeiro de 1568, dia de S. Sebastião e o seu ódio aos infiéis era uma obsessão tão grande que o obrigava, ainda de menor idade, a assistir aos Autos de Fé do Santo Oficio. 

Os poucos anos da sua juventude viveu-os de forma doentia para acabar exactamente como acabou: morto sem honra nem glória a cinco léguas do campo da batalha, depois desta, muito rapidamente, ter terminado e às mãos de soldados árabes que o disputavam como presa a um grupo de soldados turcos.

Um jovem louco que arrastou na sua loucura um exército e um reino. 

Muitos anos mais tarde, outros, nem jovens nem loucos, fizeram a mesma coisa.
  

quinta-feira, março 07, 2013

IMAGEM
Encantamento de Portugal

tirem-me dali a camioneta...

PAUL ANKA -  PUT YOR HEAD ON MY SHOULDER
Exactamente... 1959, como se pode ver em cima daquele "espada", no tempo em que os automóveis eram automóveis. Hoje, são só carros...


O (meu) Open do Estoril

e a Tenda dos VIPs



Há uns anos atrás, precisamente em 2006, aceitei um convite do meu genro para me levar à boleia ao Torneio de Ténis do Open do Estoril.

Todos os jogos começam por ser formas de entretenimento adquirindo mais tarde a dignidade de quem com eles se entretém e, porque assim é, alguns passam a ser procurados como forma de promoção social porque sempre fica bem brincarmos da mesma forma que as pessoas ricas e importantes brincam para nos parecermos e confundir-mo-nos com elas.


O ténis, jogado inicialmente nos campos que os ricos mandavam construir por entre os jardins das suas casas apalaçadas estava destinado, por esta razão, a desporto de elite e quando havia torneios era coisa para “inglês” ver porque também ninguém percebia um desporto em que os pontos em vez de se contarem normalmente: um, dois, três e por aí fora…começam em quinze, trinta e quarenta, vantagens para aqui, vantagens para ali, jogo, set, partida… mesmo coisa que só podia ser inventada por ricos para confundir a cabeça dos pobres.



Nunca vi nenhum vaidoso da minha cidade de Santarém entrar no Café numa manhã de sábado sobraçando um saco de berlindes ou uma simples bola de futebol, mas já lá os vi a passearem a raquete de ténis debaixo do braço.

Foi assim que nasceu a história dos Vips associada ao ténis.



Não fora o 25 de Abril e o Poder Autárquico a construir campos de ténis por esse país fora e a tornar acessível a sua prática ao comum das pessoas, especialmente os jovens e ainda hoje os havíamos de ver a pavonearem-se com a raquete de ténis transformada em objecto de adorno as pessoas do costume armadas em “very important pearsons”.


De certa forma a democracia “estragou” o Ténis e agora pouco há fazer para além de terem que se refugiar no golfe ou no sky na Serra Nevada, na vizinha Espanha, para já não falar nos Alpes Suíços.

Salvou-se a Tenda dos Vips no Open de Ténis do Estoril, já sem as raquetes debaixo do braço mas com o mesmo ar de convencidos, pulôvers de marca por cima dos ombros, displicentemente, taça de champanhe na mão, chegando-se “como quem não quer a coisa” para junto de algum “mediático” porque com tantos fotógrafos há sempre a hipótese de ficarem num “boneco”.

E eles lá estavam, os mediáticos: o incontornável, inefável e inevitável Scolari, com o inseparável e pegajoso do Madaíl, mais os Vilarinhos e os Soares Francos e o Joaquim de Almeida, com o seu novo visual de barbas, enquanto decorria um desfile de moda da Massimo Dutti acompanhado por um grupo musical que abrilhantava o acontecimento com música típica do sul de Itália onde entrava o nosso familiar e saudoso acordeão a fazer lembrar os bailes da minha aldeia nos anos cinquenta.

E os jovens modelos, estilizados, - ou eram marionetas?… -  não reparei bem, lá iam desfilando como autómatos movidos a pilhas, antigamente teria sido a cordas. Passavam a dois passos de mim, pensei eu que era ao vivo mas estavam tão mortos como quando os vejo na televisão, nos seus rostos não há expressão, nem humanidade e eu pergunto a mim próprio se é preciso aquilo para vender umas camisolas ou umas calças. Naturalmente… é.

À saída da Tenda (com letra maiúscula porque é dos Vips), num espaço reservado no lado direito, três senhores, refastelados em três cadeirões tremiam tanto que mais pareciam acometidos de ataques epilépticos mas, afinal, era apenas um teste numa máquina de massagens daquelas que dispensam o massagista e logo uma jovem, completamente industriada em curso intensivo, se aproximou para me elucidar das vantagens das massagens. Respondi-lhe que não estava interessado nos cadeirões apenas tinha parado porque me pareceu que as pessoas podiam estar a sentirem-se mal tal era a tremedeira…

No que respeita ao “desportivo” propriamente dito, tive oportunidade de assistir à surpreendente vitória do nosso Gil que é o 200 do Ranking mundial com um russo de dois metros de altura e serviços a velocidades entre os 200 e 220 de tal forma que o Gil tinha que ir esperar a bola a mais de três metros da linha da linha de fundo.


Mas o gigante começou a enervar-se porque o Gil deslocava-se muito lentamente entre os pontos esgotando todos os segundos regulamentares e o público começou a mandar “bocas” e ele, em vez de pontos, começou a somar asneiras.

Os Torneios de Ténis vistos ao vivo são dois espectáculos: um, que tem a ver com a sociaty e outro, o desportivo, entre as quatro linhas.


Prefiro, naturalmente, este último. Às feiras de vaidades prefiro antes as feiras da aldeia dos meus avós, quando era miúdo.
  


D. SEBASTIÃO
E A SUA CRUZADA A
ALCÁCER KIBIR
(continuação)



Os dois exércitos puseram-se em marcha quase ao mesmo tempo de face um para o outro e reconheceu-se logo a superioridade numérica dos mouros que, convergindo em meia lua, ameaçavam só com os ginetes fechar os portugueses nas suas pontas, e ainda não se via a infantaria, a desdobrar-se por detrás das lombas do terreno.

Quando D. Sebastião mandou tocar a Ave-Maria, dispararam os mouros as suas bombardas, a última palavra em balística. O estrago não foi grande mas o alarme foi indescritível que se baralharam desde logo as fileiras da peonagem.

Esta, formada por gente das aldeias, tosca, sem o necessário traquejo de armas, enrodilhou-se uma contra a outra como um bando de ovelhas sobre que deu uma alcateia de lobos.

Entretanto a cavalaria atacava a manga dos portugueses a quem D. Sebastião dera instruções rigorosas. – “Daqui ninguém move até nova ordem”.

De modo que aventureiros e mercenários tiveram por assim dizer que aguentar a pé quedo o embate do inimigo.

Um oficial às ordens. Pedro Peixoto, recebeu entretanto esta voz do rei, louca de todo:

 - “Ide dizer a Duarte de Menezes que comece a pegar com os mouros devagar…”

 - “Não direi senão que muito depressa” – retorquiu Peixoto.

Já os portugueses iam ser envolvidos, apareceu Aldana a dizer ao príncipe.

 - “Hombre, ponha-se a salvo. Para que quer a cavalaria? Não vê que vamos morrer aqui todos!...”

 - “Diferente confiança tenho eu na graça de Deus.”

 - “Ora! Ora!

El - rei não se determinava de acometer e um dos fronteiros exclamou de voz turva , apeando-se do cavalo:

 - “sejam todos testemunhas como me apeio para morrer, porque hoje não é dia de outra coisa.

Dado que a ordem de atacar nunca mais soasse, arrojaram-se como entenderam contra o inimigo. Era fora de tempo. Pequena resistência encontravam já os mouros por toda a parte.

O Crescente, fora raros e singulares actos de bravura, levava a Cruz de roldão. À voz de Sebastião de Sá mais se atirou par o monte de inimigos:

 - “O meu cavalo não sabe voltar.”

Breve a batalha se tornou em debandada e carnificina cruel e despiedosa. Segundo os autores árabes, os portugueses tiveram 6.000 mortos, quase todos em fuga, como coelhos, e o quase restante do exército aprisionado. Os mouros teriam perdido 18 homens!

É possível tal desproporção? E o Rei? O rei ficara paralisado, como pretende Bento de Sousa no “Doutor Minerva”?

Que papel foi o seu que nunca mais ninguém o enxergou na batalha? Um seu antigo criado da câmara, Fernando Góis de Loureiro, abade que foi de São Martinho de Soalhães, que assistiu à batalha, no livro que compôs, editado em Mântua:

“Breve suma y relacion de ias vidas e hechos de los Reys de Portugal”, narra deste jeito o destino do príncipe:
(continua)


O PAÍS
DO
CARNAVAL

Episódio Nº 40

Um dia – doía-lhe a recordação do dia da sua desgraça – ele a levara até ao seu quarto. Ela saíra feliz. Por muito tempo ignorou o que aquilo significava. Só quando foi morar naquele sótão é que soube, pelas conversas de Helena e Georgina, que uma moça que já se deixou possuir por um homem não podia mais casar, pois as leis acham que numa pele intacta reside toda a honra do mundo.

Guardou, silenciosa, o seu segredo. E, quando Paulo Rigger começou a amá-la, ela começou a sofrer. Não tinha coragem de revelar-lhe o terrível segredo. Ele, tão ciumento… De Osvaldo, que já morrera (depois de gastar nas casas de prostitutas os seus pulmões), ele ciumava. Quanto mais se ele soubesse toda a verdade! Mas diria tudo. Ele tinha de saber sempre… Para quê enganá-lo? E Paulo Rigger não conseguia entender a razão da tristeza de Maria de Lourdes…


Nenhum dos seus amigos acreditou no seu noivado. Nem Ricardo Braz… Blague de Paulo. Ele estava brincando… Noivo, ele? Quá, quá, quá!

 - Vocês não acham gozado? – e o Gomes rebentava de rir.

Entretanto, Paulo Rigger estava noivo. E não queria demorar o casamento. Casar-se-ia logo para não deixar fugir a felicidade.

Passaria uns tempos na Europa… Não. Na Europa, não. Ele não voltaria à Europa, onde se aprendia o cepticismo. Agora que resolvera o problema da vida, que chegara à “finalidade”
Não voltaria àquela oficina de indiferentes, de “blasés”… Iria para a roça. A sua lua-de-mel não acabaria jamais… e depois? Depois a felicidade todo o dia. E depois? Essa mesma felicidade.

Paulo Rigger não se saciaria daquela felicidade doméstica? E Pedro Ticiano sorvia aos goles o café.

- Não, Ticiano. Eu, até hoje, não tenho feito outra coisa senão procurar a Felicidade. Encontro-a. Vou então me aborrecer dela?

 - Mas você está mesmo noivo? – inquiria, duvidando, Ricardo Braz.

Estou sim, Ricardo. Já a alguns dias.

 - E quem é a noiva?

- Uma menina que eu encontrei na vida. Muito pobre mas muito boa.

- Uma mulatazinha – emendou José Lopes – de família desconhecida. Nunca pensei que Paulo chegasse a esse grau de estupidez…

 - Olhe, José, vou lhe dizer uma coisa. se você falar outra vez da minha noiva neste modo, nós cortaremos as relações.

Paulo, muito sério, todo zangado, quis levantar-se. Lopes fê-lo sentar-se

 - Seja feita a sua vontade, rapaz. Não se fala mais na sua excelentíssima noiva…

Agora quem se levantava era Ricardo Braz.

 - Onde vai você?

- Vou receber um político eminente da minha terra que chega hoje. Um animal perfeito! E ainda mais oposicionista. Tem prestígio em certa zona. Pode me arranjar qualquer coisa. Eu também me quero casar.

quarta-feira, março 06, 2013

IMAGEM
O Encantamento de Portugal



A MATILDE


O acto do nascimento não é bonito, nem agradável, nem pacífico, pelo contrário: é violento, doloroso, sofrido. Parece, até, que a natureza pretendeu, desta maneira, assinalar logo as dificuldades e agruras que esperam todos quantos são lançados na vida, especialmente os não bafejados pela fortuna.

Sem querer, os meus pensamentos vão para os nossos antepassados quando era só terra, árvores e planícies. Quando éramos apenas pouco mais que um animal com um cérebro que ia evoluir, desta vez a sério, num corpo pouco dotado para sobreviver na concorrência.

Pela primeira vez, a natureza ia experimentar numa nova arma que não era nem velocidade, força de músculos, garras ou dentes. Algo novo e muito mais poderoso: a inteligência que se desenvolveu a partir de um crânio com 400 c.c. (australopitecus, praticamente ainda sem testa); 1.2oo c.c., o Homo erectus e finalmente, 1.400 c. c., o do Homo Sapiens, o nosso, e isto ao longo de alguns milhões de anos.

Por isso, a  vantagem não veio logo. Ela própria, a inteligência, teve que se descobrir a si própria mas, pouco a pouco, foi fazendo a diferença e mesmo assim, com muita sorte à mistura porque os caminhos da evolução são muito estreitos e  normalmente conduzem a becos sem saída, como aconteceu com todos os nossos primos que um dia foram obrigados (há cerca de 7 milhões de anos) a descer das árvores.

Na natureza as coisas acontecem no dia a dia, passo a passo, pela lei da experimentação sucessiva. Quando as soluções resultam a vida continua mas na maioria dos casos elas não se mostram convincentes, são de pouca duração e abortam.

No nosso caso, entre todos aqueles que um dia se puseram de pé para tentarem sobreviver às profundas alterações do meio ambiente - tão pouco se sabe ainda quantos foram - só nós o conseguimos e um dos últimos exemplares dessa espécie vitoriosa é agora a minha segunda neta, a Matilde.

Tal como a sua irmã e todas as outras irmãs por esse mundo fora, nestes primeiros meses vai continuar a nascer... O seu pequeno crânio vai agora aumentar como não o poderia ter feito dentro do útero da mãe sob pena de tornar o parto impossível. Este, foi o grande truque da natureza para que a aposta na inteligência se tornasse viável: retardar o crescimento do crânio para depois do nascimento. Uma espécie de solução de expediente: atrasa-se o crescimento do crânio até ao momento do parto para o permitir e completa-se aos dezoito meses para que os ossos se possam ir ajustando ao crescimento do cérebro, afinal a grande aposta.

Por isso, a minha segunda neta, a Matilde, que nasceu ainda não há dois meses, bem vistas as coisas, está no seu berço a continuar a nascer explicando-se, assim, 
a sua extrema dependência de bebé humano oferecendo-nos a oportunidade que é o espectáculo do desabrochar de uma vida nos seus mais pequeninos pormenores: um olhar, ou um esgar a que chamamos sorriso. 


Sorrisos que nos fazem esquecer, no momento lindo em que o olhamos, todos os motivos para estarmos tristes e que projectado no futuro lançam a esperança de que um dia, quem sabe, as razões para chorar sejam vencidas por uma onda de sorrisos…

TODO O TEMPO DO MUNDO - RUI VELOSO


Queixei-me ao médico:

 - “Doutor, estou preocupado... Quando faço sexo, ouço assobios”.

O médico respondeu-me:

 - “E, na sua idade, o que queria ouvir?  

Aplausos?!”

 Ritinha faz anos

A Ritinha fazia anos e convidou todos os amigos para o seu aniversário, e disse:
-Quando chegarem a minha casa tocam à campainha com a testa!
Ficou tudo intrigado...
- Com a testa?! Porquê?
- Com certeza que não estão a pensar vir de mãos a abanar, pois não?
 

 Espelho meu
A mulher vê-se ao espelho e diz ao marido:
- Estou tão feia, tão gorda e tão mal feitinha. Preciso de um elogio...
E o marido responde:
- Tens muito boa visão...

Estou grávida
Uma adolescente chega a casa e diz para a mãe:
- Mamã... Estou grávida!
A progenitora, sem saber muito bem como deve reagir, pergunta:
- Rapariga, mas onde é que tu estavas com a cabeça?
- Em cima do volante, mãe... Mas que é que isso interessa?

 
Sado-Maso
  
Um casal descobre uma revista sado-masoquista escondida no quarto do filho:
Mãe: - "O que fazemos ao miúdo?"
Pai: - "Bom, pelos vistos não adianta bater-lhe..."
 
Mendigo

Um tipo parou no semáforo.
Nessa altura, apareceu logo um miúdo a pensar que ia sacar umas moedas:
- Por favor, pode dar-me umas moedinhas para eu comprar uma sandes???
Ao que replicou imediatamente o tipo:
- Não, porque já são sete da noite, e depois não jantas!!!
 
A Maria pode engravidar?

O filho pergunta ao pai:
- Oh Pai, a Maria pode engravidar?
Pai: - Quem é a Maria filhinho?
Filho: - É a minha namorada lá da escolinha.
Pai: - E quantos anos tem ela?
Filho: - Tem 6 anos.
Pai: - Claro que não!
Filho: - Uhh! Granda cabra! Com a história do aborto fez-me vender o triciclo
 
Ameaças

Garoto à professora:
- "Não quero alarmá-la, mas o meu pai diz que se as minhas notas não melhorarem, alguém vai levar uma sova!"
   
Nova geração

Duas meninas:
"Eu nunca vou ter filhos."
"Porquê?" - pergunta a outra.
"Ouvi dizer que o download demora 9 meses!"

Mano ou mana?

Uma senhora grávida pergunta ao seu filho de 6 anos:
-Então, filho, o que é que preferes? Um mano ou uma mana?
-Mãe, se não te doer muito, o que eu queria mesmo era um pónei...

No metro

No Metro, um anão escorregou pelo banco e um outro passageiro, solidário, recolocou-o em posição.
Pouco depois, o anão voltou a escorregar e o mesmo passageiro voltou a colocá-lo no assento.
Como a situação se repetiu várias vezes, o referido passageiro irritou-se e protestou:
"Bolas! Eu não me importo de o ajudar, mas será que você não consegue sentar-se em condições?"
O anão respondeu:
"Meu amigo, há mais de cinco estações que estou a tentar sair... mas o senhor não me deixa!"

  


D. SEBASTIÃO
E A SUA CRUZADA
A ALCÁCER KIBIR
(continuação)



Começavam a faltar os alimentos, por terem sido reduzidas as rações – a fim de que os homens não perdessem mobilidade – aos três dias que contavam ser necessários para vencer os mouros e reabastecerem-se da frota.

A todas as observações o rei taxava de cobardes. Às vozes mais altas retrucava descabeladamente com ameaças de morte. A um dos seus, João de Sousa, jogou tal lançada que o teria atravessado se não fosse o aço fino da cota.

Mesmo assim, foi decidido que se voltasse a Arzila, contando que a armada ainda se encontrasse no porto. Desgraçadamente a frota tinha levantado ferro para Larache.

No mesmo dia houve grosso alarme no campo e se tocou arma. O rei, exasperado, cometeu os mais incríveis despautérios. Por irrisão do caso, chegou ao acampamento o Capitão Aldana com 500 soldados que mandava o duque de Alba, mas sem armas nem munição alguma de boca. Em compensação trazia-lhe o elmo e o capacete de Carlos V.

Este socorro, que seria providencial noutras condições, agora só lhe servia de estorvo. Como alimentar o terço? As úteis e idóneas armas tinham ficado nas naus. Por outra, era já tarde para Aldana, Capitão experimentado, corrigir a desastrada estratégia do rei, imprudente acima de tudo e estupidamente sôfrego, ele só, dos louros da vitória.

Tanto assim que deu ordem para a esquadra se abster de entrar em Larache, querendo reservar para si a honra da conquista, quando a todos se computava fácil, precipitando o desembarque, tomar a cidade de um primeiro ímpeto.

No dia 2 acampou o exército em Barkain, cerca de uma “daya”, terreno pantanoso e areento, e começaram a aparecer no horizonte os corredores mouros.

No dia 3 atravessaram o Ued Mehacen pela ponte, movimento de tanto erro que, naturalmente lhes ficava cortada a retirada pois o riacho, ainda que na maré baixa se pudesse passar a vau, não permitia com o alagadiço a manobra das peças nem mesmo da cavalaria. Meia légua adiante da ponte enfrentaram a vanguarda moura.

Um renegado português que aspirava ser restituído à sua terra, veio informar el’rei do que se passava no arraial mouro e dar-lhe conselhos salutares.

Debalde. O infeliz queria glória, glória sem contradita, glória ganha a peito descoberto, sem os ardis da táctica, nem espécie alguma no combater. O que levou o renegado a comentar nessa noite.

 - Maior é o temor que os mouros têm que razão para tê-lo. No campo cristão há muita lenha e pouco fogo para queimar a Berbérie.

No dia 4, uma segunda-feira, véspera de Nª Sª das Neves, voltaram alguns oficiais a mostrar a D. Sebastião as vantagens que havia em diferir a batalha, tanto mais que era de esperar a deserção do exército do Maluco, às portas da morte, em favor do Xerife, o aliado.

Respondeu-lhes furioso e embravecido. O Xerife mandou ainda um emissário que se esforçou, a seu turno, por convencer el’rei com grande cópia de argumentos, mais convincentes, uns que outros, de quanto tinham a lucrar demorando a batalha. Vinte e quatro horas, senhor…?

Escasseiam os víveres no campo…

- Abatem-se os bois. São demais…

 - Não, há-de ser hoje. E deixem-me com todos os diabos!
(continua)

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