sábado, junho 18, 2011

À inspiração da nova, recentíssima e jovem ministra da Agricultura, Assunção Cristas


SALVATORE ADAMO - F...COMME FEMME

Adamo, o grande cantor italo-belga que foi um êxito no Brasil com esta canção nos anos de 1968/69 através da novela Beto Rockfeller como tema de Bete Mendes que interpretava Renata, uma personagem doce e linda. Para recordarem, dedico esta canção aos meus amigos e amigas brasileiros da minha idade, também amigos e fãns da Tereza Batista, com todo o gosto porque não sendo esta canção das mais ouvidas em Portugal, Adamo, era o meu cantor preferido, meu e de mais uns milhões, os mais jovens e românticos. Então... para vocês.


O Mosquito...


Um casal tinha tido uma séria discussão conjugal.


Ele, anestesiado, bêbedo, lança-se para a cama e adormece.


Ela, cega de raiva, vai buscar um facalhão à cozinha e.......
ZÁS!!!.... Corta-lhe o 'abono de família' bem rente, pega no material ensanguentado e lança tudo pela janela.


Pela rua, de carro, vinham o "Quim Baixezas" e a "Nela das Iscas", naturais de Gaia.

Às duas por três.... SPLAT!!! Levam com o que faltava ao recém-capado, em cheio no pára-brisas.

Diz o Quim:

Fuuuaaaada-se!!!!! Nela, tu biste os colhões daquele mosquito!!!!!!!!???????

HISTÓRIAS



DE HODJA


Hodja está a caminhar por um cemitério quando vê um grande cão a urinar para uma lápide. Ele grita: “Sai, sai daí!”

E tenta assustar o cão com o seu bastão. Mas quando o cão começa a rosnar, mostrando os seus dentes afiados, Hodja muda o tom de voz:

- “Que menino corajoso. Eu não estou a falar contigo, vai, vai, passa”.

TEREZA


BATISTA



CANSADA


DE


GUERRA




Episódio Nº 130



ABC DA PELEJA ENTRE
TEREZA BATISTA E A

BEXIGA NEGRA


A



Amigo, permita lhe dizer, o amigo é um fode-mansinho, azucrinando os ouvidos da gente, sem pausa e sem reserva: um gole de cachaça, um ror de perguntas. Não lhe parece que cada um tem direito a viver a sua vida em paz, sem ninguém nela se envolver?

Boa dona de casa, sim senhora; tendo nascido livre e logo vendida como escrava, quando um dia se encontrou em casa sua com sala e quarto, jardim de flores, quintal de árvores frondosas, de sombra e rede dava gosto ver Tereza Batista ordenada e mansa, nos cuidados e na delicadeza. Casa bem posta e asseada, nas mãos de Tereza farta de mesa e alegria, no perfume da pitanga, no canto da cigarra, não houve em Estância, terra de capricho e de bem-estar, lar que se comparasse. Aí tem o amigo minha opinião sincera, igual a de muitos outros, de todos os que a conheceram e trataram no tempo do doutor; eu a dou de graça sem cobrar pela informação, nada para além desses parcos goles de cachaça – se bem muitos achem, cavalheiro, que tanta pergunta já está enchendo e o melhor seja não responder a curiosos vindos de fora, qual o propósito de tanto interrogatório? Na ideia de minha patroa, traz o caríssimo intenções de amigação, por isso tanto mexe e futuca na vida da criatura. Possa ser mas nesse caso não lhe aconselho continuar, desista aqui mesmo, não vá diante, deixe Tereza em paz.

Porque havia ela de aceitar forasteiro, se recusou ricaço de toutiço e pompa, mandão na política, não querendo cobrir as finuras e a bonança do doutor com as implicâncias e azedumes de qualquer graúdo balofo, mesmo industrial, banqueiro, pai-da-pátria, poder de rico? Quem avisa amigo é, não leve plano avante, se levar, vai tomar chabu. Para cobrir a bondade, a gentileza, a doce companhia interrompida, só o manto do amor, caro amigo, pois, como escreveu em verso rapariga das minhas relações num cabaré de Ilhéus, cidade do cacau e da agreste poesia, “o amor é um manto de veludo que encobre as imperfeições da humanidade”. Coberta com um manto de veludo, Tereza Batista fez por merecer respeito e estima; deixe a moça em paz, cavalheiro.

Do ofício de dona de casa só não soube mandar empregados, tratar a criadagem com a devida distância e a depreciativa bondade reservada aos domésticos e aos pobres em geral.

Tendo muito aprendido com o doutor, alguma coisa a ele ensinou ao lhe demonstrar, no correr dos dias, ser falsa e vã toda e qualquer diferença estabelecida entre os homens na medida e no peso do dinheiro e da posição. As diferenças só se revelam em peso e medida de exacto valor quando a peleja é com a morte, trava-se em campo raso, sendo norma única a inteireza do homem. Não passando o mais de bobagem, razões de dinheiro ou de falsa sapiência. Inferior a quem e porquê?

Tereza foi a igual do pobre e do rico e do pobre comeu, com talher de prata e fina educação, comeu com a mão, assim a comida é mais gostosa.

(clik na imagem)

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES



À ENTREVISTA Nº 98 SOB O TEMA:


“RESSURREIÇÂO?” (5)




Ele Trouxe a Vida e Retorna à Vida

A escritora britânica Lesley Hazleton constrói uma imagem arrojada e bela em seu livro "Maria, uma virgem de carne e osso”. Faz entrar Maria na tumba de Jesus, acompanhado de Madalena e de outras mulheres. Juntas desafiam o fedor e a dor da morte, que haviam testemunhado impotentes e desesperadas. Em seguida, Maria se acerca de Jesus, segura-lhe a cabeça com força e o "trás de volta à vida." Ela pode fazer isso, é a mãe. Se ela o havia trazido à vida, lhe devolve de novo a vida.

Hazleton conclui a sua imagem com uma ideia central, muitas vezes minimizada: O cristianismo começa com essas mulheres. Nem Paulo nem Pedro, nem com nenhum da longa lista de santos e papas, mas com estas mulheres no sepulcro. Elas são o núcleo fundador do cristianismo: as últimas a verem o corpo de Jesus e as primeiras que o viram ressuscitado.

E explica por que isto aconteceu assim: Maria tem que fazer isso para seu próprio bem e para além de seu filho. A alternativa é ser reduzida à dor mais terrível e a pesadelos para o resto de sua vida. Maria não poderia ter salvo o filho. Ela não podia ter-se oferecido em seu lugar. Mas ainda podia actuar. Poderia quebrar a inércia e livrar-se do papel passivo de testemunha, transformando-o num papel activo. "Não deixe que isto passe despercebido", deve ter dito e apela à acção. "Não é a mulher que sofre em silêncio. Acima de tudo, não permanece em silêncio. E então, quando decidiu que não faria, decidiu o que fazer: "Há que fazê-los ouvir a sua voz”. Fazer com que esse sacrifício tenha um significado: “Torná-lo importante para o mundo.”
Maria comportou -se como a mãe dos Macabeus, como todas as mães que mantiveram vivos os seus filhos mortos prematuramente.

sexta-feira, junho 17, 2011

PROTESTO ORIGINAL DOS TRABALHADORES ESPANHÓIS

Taxa de desemprego acima dos 20% e, de acordo com as previsões, assim continuará até 2013.

HISTÓRIAS
DE HODJA



O Hodja está desempregado. Os seus amigos aconselham-no a fazer algo por conta própria. O Hodja decide vender ovos. Compra nove ovos com uma moeda e vende dez por uma meda.

Quando os amigos perguntam: “Mas que tipo de negócio é esse, não ficas a perder?” Ele explica:

- “É melhor do que não fazer nada. O importante é os vizinhos verem que eu estou a comprar e a vender.

TEREZA
BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA



Episódio Nº 129






O melhor mesmo é ir-se embora sem nada dizer. Calhordagem, sem dúvida e da grossa; a menina tão simples e crédula, cega de paixão, a julgá-lo um anjo descido do Céu, e ele a fugir de mansinho, sem uma palavra de desculpa ou de adeus. Que outra coisa pode fazer? Levá-la para a Bahia conforme prometera? Nem pensar nisso, nunca lhe passou pela cabeça tal loucura, falara no assunto para impedir lamúrias e choro, conversas de forca.

A voz de Justiniano Duarte da Rosa arranca Daniel da cama, num salto, e desperta Tereza. O capitão está parado na porta do quarto, pendente do pulso do braço direito a taca de couro cru, sob o paletó aberto o punhal e a pistola alemã:

- Cadela renegada, com você ajusto contas daqui a pouco, não perde por esperar. Se lembra do ferro de engomar? Agora vai ser o de marcar boi, tu mesma vai esquentar. – Riu o riso curto e ruim, sentença fatal.

Junto à parede, Daniel, pálido e trémulo, emudecido no susto. Dando as costas à Tereza – tinha todo o tempo para cuidar da vagabunda, por ora basta que ela pense no ferro em brasa – em dois passos o alcança e lhe aplica um pare de bofetadas na cara, arrancando-lhe sangue da boca – os dedos de Justiniano Duarte da Rosa repletos de anéis. Apavorado, Daniel limpa o canto do lábio com a mão, olha o sangue, soluça.

- Filho da puta, cachorro de gringa, lulu de francesa, lambedor de xibiu, como pôde se atrever? Sabe o que você vai fazer para começar? Para começar… - repetiu – vai me chupar o pau e todo o mundo vai ficar sabendo, aqui e na Bahia.


Abre a braguilha, tira as coisas para fora. Daniel chora, as mãos postas. O capitão segura o cabo da taca, vibra a pancada na altura dos rins: o vergalhão vermelho, o urro medonho. O estudante dobra-se, afrouxa os joelhos, mija-se todo.

- Chupa, chibungo!

Suspende o braço novamente, o couro sibila no ar – vai chupar ou não, filho da puta? Daniel engole em seco, a taca suspensa, silvando, dispõe-se a obedecer, quando o capitão sente a faca nas costas, o frio da lâmina, o calor do sangue.

Volta-se e vê Tereza de pé, a mão erguida, um clarão nos olhos, a beleza deslumbrante e o ódio desmedido. O medo onde está, o respeito ensinado, tão bem aprendido Tereza?

- Larga essa faca desgraçada, não tem medo que eu lhe mate? Tu já esqueceu?

- Medo acabou! Medo acabou, capitão!

A voz livre de Tereza cobriu os céus da cidade, ressoando por léguas e léguas, varou os caminhos do sertão, os ecos chegaram à fímbria do mar. Na cadeia, no reformatório, na pensão de Gabi, trataram-na por Tereza Medo Acabou; muitos nomes lhe deram vida afora, esse foi o primeiro.

O capitão a enxerga mas não a reconhece. É Tereza, sem dúvida, mas não a mesma por ele domada, na taca dobrada à sua vontade, aquela a quem ele ensinou o medo e o respeito, porque sem obediência, me digam, o que seria do mundo?

É outra Tereza ali começando, Tereza Medo Acabou, estranha, parece maior como se houvesse florescido nas chuvas do Inverno. É a mesma e é outra. Mil vezes ele a vira nua e a tivera no colchão de pancadas, no leito largo da roça, ali mesmo naquela cama de casa, mas a nudez de agora é diferente, resplandece o corpo de cobre de Tereza, corpo jamais tocado, jamais possuído por Justiniano Duarte da Rosa. Deixou-a menina e a encontra mulher, deixou-a escrava no medo e o medo acabou. Ela se atreveu a enganá-lo, deve morrer depois de marcada com o ferro de letras trançadas.

Brota sangue da ferida nas costas do capitão, um ardor, incómoda coceira. Ele sente o desejo nascente nos ovos, crescendo, subindo no peito, precisa tê-la uma última vez, quem sabe a primeira vez.

Justiniano Duarte da Rosa, dito capitão Justo, para dona Brígida o Porco, assombração das piores, abandonando Daniel, faz menção de avançar – aproveitou-se o mijão e em pranto convulso, nu em pelo, invade o chalé das Morais. Veio mais à frente Justiniano na intenção de agarrar a maldita, sujeitá-la na cama, romper-lhe o eterno, derradeiro cabaço, penetrar a estreita fenda, rasgar-lhe as entranhas, com esse ferro marcá-la lá dentro, apertar-lhe o pescoço, na hora do gozo matá-la; para o fazer curvou-se. Mergulhando por baixo, Tereza Batista sangrou o capitão com a faca de cortar carne seca.

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES

À ENTREVISTA Nº 98 SOB O TÍTULO:

“RESSUSCITOU?” (4)





Ante a Morte Injusta

A ideia da ressurreição é um caminho para transformar a morte dando-lhe um sentido. Quando a morte é prematura, quando é injusta, a mente humana procura esse sentido para a tornar tolerável, aceitável. Em muitas áreas rurais, as famílias pobres que vêem morrer de fome ou de doença os seus filhos pequenos, dizem que "Deus os levou para serem anjos." A dor da perda de um filho ou filha logo se torna mais suportável com essa ideia religiosa.

Em 2005, irmã Dorothy Stang, defensora da vida dos camponeses no Pará, no Brasil, foi morta a mando dos latifundiários. Foi um homicídio culposo. No dia do seu funeral os seus amigos disseram: "Hoje, Dorothy, não vai a enterrar, vai a semear”.

Algo semelhante estava para acontecer com Jesus. E foram as mulheres do movimento de Jesus que não se resignaram com sua morte e que, com suas palavras, desafiaram e quebraram esse limite que lhes era colocado perante uma morte injusta. Foram elas que testemunharam que ele ainda estava vivo, quem afirmaram resolutas que ele continuava vivo.

quinta-feira, junho 16, 2011


VENCER A CRISE


ROMA - LUCIANO PAVAROTI... CHITARRA (Voles de Oro)

Delicie-se com lindas imagens de Roma noctura enquanto ouve a mais poderosa e inconfundível das vozes numa belíssima canção.


Uma cruel desculpa...




No consultório, fim de tarde, o médico dá a péssima notícia:
- A senhora tem seis horas de vida.
Desesperada, a mulher corre para casa e conta tudo ao marido.
Os dois resolvem gastar o tempo que resta da vida dela a fazer sexo.
Fazem uma vez, ela pede para repetirem. Fazem de novo, ela pede mais.
Depois da terceira vez, ela quer de novo. E o marido:
- Ah, Maria, chega! Eu tenho que acordar cedo amanhã. Tu não
!!!

HISTÒRIAS
DE HODJA


Numa reunião, um homem solta um pum e para disfarçar arrasta o pé no chão para disfarçar o barulho.

Hodja diz:

- Ok, o barulho até está parecido, mas e o cheiro?

TEREZA

BATISTA

CANSADA

DE

GUERRA


Episódio Nº 128


Nem Daniel nem ninguém percebeu quando, pouco antes das badaladas do sino, às nove da noite, no salão ás escuras, Berta, a mais feia das quatro, trouxe Magda, a irmã mais velha, para a fresta da Janela e juntas postaram-se na tocaia:

- Lá vem ele, veja – disse Berta, e ela sabia de líquida certeza porque apenas o pressentia lhe entrava um frio por baixo, urgência de fazer pipi.

Escondidas atrás da janela, acompanharam o vulto rua a fora, viram-no dobrar a esquina, escutaram os passos abafados e distantes no beco.

- Chegou no portão, deve estar entrando.

Magda era carne de pescoço; convicta da responsabilidade de primogénita, velou até de madrugada e o reconheceu belo e contente na barra da manhã voltando da noite de Tereza. O infame usara as quatro irmãs como para-vento; sólida, ideal cobertura a esconder de Justiniano Duarte da Rosa e da cidade aquele imundo bacanal com a moleca do armazém, rapariga do fátuo capitão: “Nenhuma se atrevera jamais a me enganar”.

Naturalmente o canalha comprara por qualquer dez reis de cachaça a cumplicidade de Chico Meia Sola – só um primata como Justiniano pode confiar bens e mulher a um bandido a soldo – e para garantir completa imunidade, abusara da boa-fé, da amizade, dos sentimentos, da mesa farta (ainda mais farta para recebê-lo das quatro irmãs, Magda, Amália, Berta, Teodora, as quatro na boca do mundo, na tesoura das comadres, e a moleca na cama, de grande.

No colégio Magda ganhara prémios de caligrafia, mas para certo tipo de correspondência prefere usar letra de imprensa, seguindo o atinado conselho de dona Ponciana de Azevedo. No rumoroso incidente, obteve apenas uma alegria de solteirona – poder escrever aquelas palavras malditas, de uso proibido às moças e senhoras distintas: corno, cabrão, chifrudo, gigolô de merda, a puta da moleca, ah, a puta da moleca!

43

Tereza era após a escalada do céu. Fumando um cigarro, Daniel pensa na melhor maneira de lhe anunciar a iminente partida para a Bahia, para a Faculdade e os cabarés, os colegas de curso, os companheiros de boémia, as velhas senhoras, as românticas raparigas: “Depois mandarei lhe buscar, querida, não se apoquente, não chore, sobretudo não chore e não se lastime, assim chegue lá tomarei providências”.

Difícil quarto de hora a vencer, uma chatice. Daniel tem horror a cenas, rompimentos, despedidas, lamentos e choro.

Irá estragar a última noite, a não ser que lhe diga no derradeiro momento, de madrugada, no portão do quintal, após o beijo de lábios, línguas e dentes.

Mais aconselhável, talvez, deixar para o dia seguinte: aparecerá pela manhã no armazém para se despedir de todos juntos – chamado urgente, inapelável, da faculdade, se não atender perde o ano, tem de tomar o primeiro trem, mas a ausência será de pouca demora, uma semana no máximo.

Mas se Tereza, percebendo-se traída, inconformada, puser a boca no mundo e armar escândalo na presença de Chico Meia Sola e dos caixeiros? Qual a reacção do capanga fiel ao tomar conhecimento dos chifres postos no patrão e protector, praticamente na sua vista? Criminoso de morte, o próprio Chico contara a Daniel dever a comutação da pena a esforços e manobras do capitão. (clik na imagem e aumente)

INFORMAÇÔES COMPLEMENTARES


À ENTREVISTA Nº 98 SOB O
TEMA:
“RESSUSCITOU?” (3)




Ressurreição ou Reencarnação?

A ideia de vida após a morte está presente em todos os povos, em todas as culturas e em todas as religiões. Acreditar na ressurreição ou reencarnação ou em alguma outra forma de vida após a vida que conhecemos depende da cultura na qual fomos educados, ou assumimos depois como a nossa cultura.

Seja uma ou outra expressão, o que está na base todas as crenças é a alegação de que a morte não pode ser o fim da nossa vida, a fronteira final, mas o acesso a outras formas de vida. Ambas as religiões têm em comum a mesma intuição.


Não Nos Deixes... Volta, Vida!

O poema de César Vallejo "Mass" (1937) expressa muito bem o que provavelmente aconteceu em Jerusalém após a morte de Jesus. A sua ressurreição como resultado de uma fé apaixonada e comunitária, iniciada, como narram os Evangelhos, pelas mulheres protagonistas no Movimento de Jesus:

“No final da batalha,
Tendo já morrido como um lutador, veio até ele um homem
e disse: "Não morras, eu te amo tanto!"

Mas o cadáver, ai! mantinha-se morto
Cercaram-no dois repetindo-lhe:
"Não nos deixes! Valente! Volta à vida!"

Mas o cadáver, ai! mantinha-se morto.
Abeiraram-se vinte, cem, mil, quinhentos mil
gritando: "amo-te tanto e não podemos fazer nada contra a morte!"

Mas o cadáver, ai! mantinha-se morto.
Milhões de pessoas ao redor dele,
com uma súplica comum: "Fica irmão"

Mas o cadáver, ai! mantinha-se morto.
Então todos os homens na terra o
cercaram, viram o cadáver triste, animar-se;
levantou-se lentamente,
abraçou o primeiro homem e foi-se a andar… "

quarta-feira, junho 15, 2011

VÍDEO


Será que os defensores dos animais também vão pedir a proibição destas touradas?...

ROBERTO CARLOS - OS SEUS BOTÕES

Reparem na riqueza dos arranjos. O contra-baixo suavemente harmónico, o piano delineia a melodia e o naipe de violinos e violoncelos entorpece aquele solo maravilhoso de teclado em conjunto com a belíssima afinação do cantor. Uma das letras mais românticas e das músicas mais bem feitas de Roberto Carlos.


HISTÓRIAS
DE HODJA

Após a morte da esposa de Hodja, os seus amigos arranjam-lhe um casamento com uma viúva. Quando à noite vão para a cama a mulher fala como se Hodja fosse o seu primeiro marido. Uma noite, Hodja, sem se poder conter mais, chuta-a da cama para fora.

No dia seguinte ela vai ao pai queixar-se e o pai fala com Hodja sobre o incidente que lhe explica o seguinte:

- “Olhe, nós temos uma cama pequena. A minha esposa morta, a minha nova esposa, o seu primeiro marido e eu, somos quatro e não cabemos. Por isso o que eu acredito é que ela tenha caído da cama.

Foi Almoçar a Casa

Numa galeria de arte, uma mulher está parada em frente de um quadro
muito estranho, cujo nome era: "Foi almoçar a casa"

Nele, estão representados três negros, nus, sentados num banco de
jardim, com os seus pénis em primeiro plano. Mas, curiosamente, o homem do meio tem o pénis cor de rosa...

- Desculpe-me - diz a mulher ao funcionário da galeria


- Eu estou curiosa a respeito desses negros. Porque é que o homem do meio tem o pénis cor de rosa?

O funcionário responde:

-Receio que a senhora não tenha interpretado bem o quadro. Esses homens não são negros; eles trabalham numa mina de carvão, e o homem que está sentado no meio... foi almoçar a casa...!

TEREZA


BATISTA


CANSADA


DE

GUERRA


Episódio Nº 127




Os projectos de fuga, os planos de vida futura, não ocuparam grande espaço de tempo nas noites curtas para as alegrias da cama. Tereza não chegou a duvidar do moço, porque haveria ele de mentir? Na primeira das oito noites, no retorno da doida arrancada inicial, quando Daniel ainda arfante deitou a cabeça no colo húmido de Tereza, comovida ela lhe disse: “Me leve daqui, posso ir de criada, com ele nunca mais.”

Quase solene, Daniel lhe prometeu: “Você vai para a Bahia comigo, esteja descansada.” Selou a promessa com um beijo de línguas aflitas.

Tudo quanto antes fora sujo e penoso com o capitão, com Daniel foi delícia de Céu. Daniel não disse chupa, como fez o capitão, empunhando a taca de sete chicotes, cada chicote dez nós. Na segunda noite – ai! porque não a primeira, Dan? – ele a deitou imóvel: fica quieta, pediu; veio com a ponta da língua e começou pelos olhos. Depois por fora e por dentro da orelha, em redor do pescoço, na nuca, no bico e no encontro dos seios, em torno dos braços – os dentes a morder-lhe os sovacos, pois dentes e lábios participavam na carícia – no ventre, no umbigo, no tufo negro de pelos, nas coxas, nas pernas, na face do pé e nos dedos, novamente nas pernas, nas coxas e por fim nas entre-coxas, na entrada secreta, na titilante flor: boca e língua a sugá-la, ai Dan vou morrer! Eis como ele lhe pediu, praticando nela primeiro. Tomou Tereza de espada fulgente; para completar juntos o fizeram, Tereza compreende que chegou a hora da morte; ainda bem!

Assim morta de gozo, a cabeça tombada sobre o ventre do anjo, disse Tereza. “Pensei que ia morrer, quem dera ter morrido. Se não for para a Bahia me mato, me enforco na porta, com ele é que nunca mais. Se não vai me levar, não minta, me diga a verdade.”

Pela primeira e única vez o viu zangado. Não já lhe disse que levo? Duvida de mim? Sou por acaso homem de mentiras?

Mandou-a calar-se: nunca mais repetisse tais coisas, porque misturara à alegria daquela hora ameaças e tristezas?

Porque diminuir, estragar a noite de prazer falando em morte e desgraça? Cada assunto sua hora, cada conversa no seu lugar. Também isso Tereza aprendeu com o estudante de Direito, Daniel Gomes para não mais esquecer. Não voltou a lhe perguntar sobre a combinada fuga, nem a pensar na corda da forca.

Daniel não lhe disse: de costas, de quatro, como Justiniano Duarte da Rosa a dobrá-la na fivela do cinturão, até hoje Tereza conserva a cicatriz. Numa daquelas noites de ressurreição o anjo traçou-lhe no amplo território da bunda as fronteiras a unir o paraíso terrestre e o reino dos Céus; alçando voo do poço de ouro onde se alojara, veio o pássaro audaz aninhar-se na cacimba de bronze. Meu amor! Disse Tereza.

Assim remanesceu quem morrera na palmatória, no cinturão, na taca, no ferro de engomar. O gosto de fel e as marcas de dor e de mel foram-se apagando todas elas, uma a uma; tendo recuperado cada parcela do seu ser, na hora necessária, sem sombra de medo, se ergueu inteira aquela falada Tereza Batista, formosa, de mel e valentia. (clik na imagem e aumente)

INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES


À ENTREVISTA Nº 98 SOB O TEMA:




“RESSUSCITOU?” (2)



Jesus Acreditava na Ressurreição

Nos tempos de Jesus não eram muitos os que acreditavam na ressurreição em que confiaram as mães dos Macabeus. Os saduceus, grupo de pessoas ricas, aristocráticas e conservadoras, ainda mais que os fariseus na área da doutrina, eram ardentes defensores do sistema. Pessoas influentes e poderosas não acreditavam no Messias ou na vida após a morte pelo bem que eles tinham nesta vida. Vinculados ao poder romano e aos seus benefícios económicos, argumentavam, na sua "teologia", que a recompensa de Deus era obtida apenas nesta terra, sob a forma de boas posições, privilégios e dinheiro. Sua falta de "esperança" era bem justificada.

Jesus certamente acreditava na ressurreição. Sentindo-se profeta e sabendo pela história de seu povo que muitos profetas tinham morrido, ele podia intuir que iria morrer cedo e de morte violenta. E conhecedor, também, da fé dos Macabeus pôde também intuir que a morte não seria o fim. A imagem do grão de trigo que deve morrer para renascer na espiga é uma metáfora que expressa a fé de Jesus (Jo 12.24).

terça-feira, junho 14, 2011

RICHAR ANTONY - LET'S TWIST AGAIN

Faz 50 anos, depois de amanhã, no próximo 16 de Junho, que um negro com cara de bom rapaz e carapinha puxada a brilhantia (na época a mais famosa era da marca Brylcreem) gravou Let's Twist Again. Mais que para ouvir o disco chamava era para a dança. Quem o recorda é Ferreira Fernandes que então, jovenzinho, vivia em Luanda (onde, um ano e tal depois eu desembarcaria de espingarda às costas). Mas ele que era rapaz de bailes conta: "Foi o dia em que a mulher se emancipou e saíu sozinha para a pista desafiando os rapazes a fazerem melhor que ela. Foi a primeira dança para a igualdade dos géneros, uma verdadeira revolução sem o saber. Descalçavam-se, punham-se em frente um do outro, a música começa e eles entregam-se... cada um a si próprio". O apresentador explica:"Façam de conta que sairam do chuveiro, estão a limpar as nádegas com uma toalha ao mesmo tempo que procuram esmagar com a ponta dos pés a beata de um cigarro". As meninas, com o twist, deixaram de estar sentadas na cadeira à espera que os rapazes as fossem buscar para dançar. Nesse dia, diz Ferreira Fernandes, "deixei de ser o macho dominante".


Excertos de autos elaborados pela GNR e PSP,


peças processuais e diligências:



1º- Um agente da PSP desloca-se à residência de um casal que anda desavindo e escreve no auto de notícia que: "o sr. x anda muito frustrado porque pagou cerca de 5 mil euros pelos implantes mamários da sua mulher e suspeita que outro cidadão está a usufruir desses dividendos".

2º- Escrevia um GNR num auto de notícia:"Numa acção de fiscalização, estando eu de arvorado ao carro patrulha, mandei parar o veículo supra identificado e pedi ao condutor os documentos pessoais e da viatura. Em resposta, disse-me aquele que se o autuasse me iria ao cú, o que fez três vezes."

3º- A GNR participa acidente e explica que "naquele local o asfalto da estrada era de terra batida".

4º- O gatuno era "herdeiro e vozeiro naquele tipo de condutas".

5º- O arguido era "de raça nómada".

6º- O arguido resolve acabar o seu requerimento de uma forma cordial: " Pede deferimento" e logo a seguir ... "As minhas sinceras condolências".

-7º "O denunciado proferiu vários impropérios na Língua de Camões e também em língua francesa"


8º- Diligência de inquérito: "Solicite à PSP que, em 48h, diligencie por identificar o denunciado que se sabe ter cerca de 16 anos e usar boné"


9º- Auto de denúncia: "enquanto proferiam tais ameaças permitiam-se ainda chamar nomes ofensivos tais como: "puta, vaca, jornalista, advogada, ladra, que era boa era para ir para a Ordem dos Advogados".


10º - "O arguido atirou um paralelo-ipípado".


11º- Na sequência de uma queixa por crime de furto de um veículo a GNR informa que recuperou a dita viatura no entanto a mesma vinha cheia de moças.

12º- Caso de uma averiguação de causa de morte em que foi determinada a "autópsia parcial" do cadáver.

13º - Auto de notícia em que a GNR denuncia o furto de 24 galinhas das quais uma era galo.

HISTÓRIAS
DE HOJA


Um dia Hodja comprou um bocado de fígado no talho. No caminho para casa, um amigo diz-lhe como cozinhar o fígado estufado. Hodja diz:

- “Não me lembrarei. Por favor, escreva-me a receita numa folha de papel.” E o amigo escreve.

Hodja vai então para casa, numa mão leva o fígado, na outra leva o papel da receita quando, de repente, um milhafre num voo rasante leva-lhe o fígado.

Hodja persegue a ave durante alguns minutos, mas não há nada a fazer. Quando se apercebe que
não consegue apanhar a ave, levanta a receita no ar e grita:

- “Não consegues fazer nada. Eu é que tenho a receita.”

TEREZA

BATISTA

CANSADA


DE


GUERRA


Episódio Nº 126




Foram oito noites exactas na cama do capitão, sendo que uma delas se prolongou pelo começo da manhã de domingo, enquanto Chico Meia-Sola curtia o porre da véspera.

No sábado à noite bebera duas garrafas de cachaça, mas o fizera no armazém – o patrão em viagem, ele não abandonava por nada deste mundo as mercadorias entregues à sua guarda.

Logo após o sino da igreja de Sant’Ana badalar as nove da noite, limite para os namoros, para o fútingue das moças na praça., Daniel chegava ao portão do quintal. Partia antes do sol raiar, nas últimas sombras. Durante a tarde (dormia de estirada até à hora de almoço, indo merendar com as irmãs Morais, dava uma entrada a pretexto de pedir a Chico notícias do capitão – ainda não telegrafou dando a data da chegada, doutorzinho. Cigarros americanos para Pompeu e Papa-Moscas, um níquel para Chico, derretidos em Tereza os olhos de quebranto.

Engordando nos doces e canjicas, confundindo as quatro irmãs com as reticentes conversas, com os gestos indecisos – as três mais velhas a suspirar, Teodora só faltando arrastá-lo a pulso para a cama – quem sabe, não fosse o turbilhão de Tereza, e Daniel faria o favor a Teó, merecedora por graciosa e estouvada.

Mas quem cavalga Tereza e por ela se deixa cavalgar, quem a faz transpor as portas da alegria e lhe ensina a cor da madrugada, noutra não pode pensar. Violada há cerca de dois anos e meio, possuída pelo capitão quase todos os dias, fechada no medo, conservara-se inocente, pura e crédula. De repente despertada mulher, nessas rápidas noites de veloz transcurso, abriu-se em poço de infinito prazer, floresceu em beleza. Antes era formosa menina, graça adolescente e simples, agora o óleo do prazer banhara-lhe rosto e corpo, o gosto e a alegria do amor acenderam-lhe nos olhos aquele fogo do qual o doutor Emiliano Guedes percebera o fulgor meses atrás.

Fora disso aprendeu também algumas palavras de ternura, as variações do beijo, o segredo de certas carícias. Não sendo pouco para quem nada tinha, não foi muito, pois tudo se passou num átimo de tempo, depressa de mais, a juventude de Dan não lhe permitia completa maestria no ofício, aquela lenta dilatação do prazer, a subtileza maior, a posse na maciota, devagar, bem devagar. Impetuoso e sôfrego, Daniel sabia a tacanha medida dessa aventura de férias no interior, o breve tempo de Tereza.

Tereza nada sabia nem desejava adivinhar, discutir, tirar a limpo. Tê-lo a seu lado, rolar na cama presa em seus braços, ser por ele montada e nele montar, satisfazer-lhe os desejos, paga na mesma moeda, escrava e rainha, que mais há-de querer? Ir embora com ele, certamente; mas havendo trato feito nesse sentido, estava o assunto encerrado, não cabendo perguntas ou discussão. Daniel, um anjo do céu, um deus menino, perfeição.

Prometera levá-la consigo, libertando-a da canga do capitão. Porque não imediatamente, enquanto Justiniano viaja? Tinha de esperar um dinheiro da Bahia, operação de pouca demora.

Promessa vaga, explicação ainda mais, de concreto as afirmações de valentia: meta-se o capitão a besta e aprenderá quem é homem de verdade, qual a diferença entre coragem e basófia.
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INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES



À ENTREVISTA COM JESUS Nº 98 SOB O TEMA:


“RESSUSCITOU?” (1)




Ressurreição pela Insurreição

Cem anos antes de Jesus, aparece pela primeira vez no judaísmo a ideia de uma "ressurreição" após a morte. E aparece ligada à rebelião e resistência da guerrilha dos sete irmãos Macabeus e de sua mãe perante a intervenção e ocupação de Israel pelos gregos.

Os Macabeus caíram lutando patrioticamente e a mãe dos Macabeus e as mães dos outros judeus que morreram naquela gesta disseram que seus filhos não poderiam estar mortos, que não podiam morrer. Convenceram-se de que Deus os ressuscitaria (2 Macabeus 7).

A partir da luta nacionalista dos Macabeus o povo de Israel começou a pensar que os mártires da libertação nacional, os heróis da resistência contra as tropas estrangeiras não podiam ser definitivamente mortos. O segundo livro de Macabeus não é sobre a ressurreição de todos os homens, apenas dos mortos em combate, mortos na flor da vida, aqueles que foram mortos pelos injustos. Assim, a crença na ressurreição nasceu em Israel a partir de uma história de insurreição.

Jesus sabia do heroísmo daqueles seus compatriotas. E no seu tempo, quando o seu país foi ocupado pela intervenção militar de outro Império, o Romano, os Macabeus foram um valor de referência para muitos. Eram admirados e apreciados. O nome Judas, muito criticado em nosso tempo, foi amplamente utilizado no tempo de Jesus, em memória do líder guerrilheiro Judas Macabeu.

segunda-feira, junho 13, 2011

CAETANO VELOSO JOÂO GILBERTO - BESAME MUCHO
Um clássico da música da América latina na voz de dois homens que parecem unidos por uma espécie de paz interior, uma calma que transborda...

VÍDEO


Bilhar e dominó

Lobo, porque tens a cara tão transpirada, os olhos tão congestionados e esses dentes tão cerrados?


Pôrra, Capuchinho, deixa-me cagar tranquilamente, está bem!

HISTÓRIAS


DE HODJA


Tamerlão, o impiedoso sultão, está furioso com Nasreddin Hodja e ordena aos seus homens que lhe batam 1.500 vezes.

Ao escutar isto, Hodja começa a rir.

Tamerlão ouve e pergunta: “Do que é que te ris?”

“Senhor” diz Hodja: “Ou você nunca apanhou, ou então não sabe contar.”

TEREZA

BATISTA
CANSADA
DE
GUERRA





Episódio Nº 125



Tereza, de coração pesado, lavou-lhe os pés. Vontade de fugir em busca de Daniel nas ruas, na casa do juiz ou no chalé das Morais, para com ele partir com rumo do fim do mundo. Tão atazanada e infeliz, não percebeu de imediato o sentido das palavras de justiniano: amanhã tomo o trem para a Bahia, cuide da mala da roupa. Agora mesmo, disse, terminando de lhe enxugar os pés. Agora, não. Amanhã cedo, há tempo. Quando voltou de esvaziar a bacia, já ele estava nu, à espera.

Jamais se sentira o capitão assim preso à cama de casal, cama de Tereza. Não houvera outra de tanta permanência e sedução, já cumprira dois anos, em breve seriam três, e o interesse crescia em vez de se extinguir. Por bonita? Por apertada? Por menina? Por difícil? Quem sabe se nem o capitão sabia?

Durante os dez anos que sobrevivera ao marido, dona Engrácia Vinhas de Morais, esposa saudosa e festeira, homenageara São Pedro, padroeiro das viúvas, na igreja pela manhã, no salão do chalé à noite. Fogueira enorme na rua, em casa mesa posta, a ilustre parentela, os numerosos amigos, vinham rapazes, dançavam com as moças da casa, as quatro filhas casadoiras, Magda, Amália, Berta, Teodora. As filhas solteiras, quase solteironas, mantinham a devota tradição materna; na missa punham velas ao pé da imagem do apóstolo, à noite abriam o chalé. Alguns parentes pobres, raros amigos, nenhum rapaz.

Mas naquele São Pedro a festa das Morais ganhou novo alento: comadres aos montes atrás de mexericos, e o moço Daniel com os olhos de frete e o riso molhado, o pensamento no outro lado da rua, onde Tereza faz das tripas coração na cama de casal de justiniano Duarte da Rosa.

No dia seguinte Tereza arrumou a mala do capitão, nela colocando como ele ordenara, a roupa de casimira azul-marinho, feita para o casamento, poucas vezes usada, praticamente nova, traje de cerimónia – para o Dois de Julho em palácio com o Governador. Ternos brancos, as melhores camisas, em quantidade, pelo jeito ele leva intenções de demora.

Antes de sair para tomar o trem, deu ordens a Tereza e a Chico Meia-Sola: todo cuidado com o armazém, olho nos caixeiros – com o patrão em viagem podem querer roubar em proveito próprio, levar farnel para casa. Como de hábito, quando o capitão se ausenta, cumprindo-lhe as ordens, Chico Meia-Sola dormirá no armazém, numa cama de vento; para cuidar da mercadoria, por medida de segurança; mas também, concerteza, para mantê-lo à noite fora dos limites da casa propriamente dita, sem possibilidades de contacto com Tereza.

Quanto a Tereza, proibida de botar os pés fora de casa ou do armazém, de dar trela aos fregueses, as conversas reduzidas ao indispensável. Terminado o jantar, Chico trancado no armazém, ela trancada em casa na cama a dormir. O capitão não quer mulher sua na boca do mundo; com razão ou sem razão era-lhe igual.

Sem uma palavra – até a volta, até breve – sem um gesto de adeus, tocou-se para a estação, Chico Meia-Sola a lhe levar a mala. No bolso do paletó, junto ao convite do governador, a carta de apresentação para Rosália Varela, portenha exercendo na Bahia, cantora de cabaré especialista em tango argentino e em passatempos de boca, boquilha de larga nomeada, enaltecida em letra e música:”Tua boca viciosa de marafona…”

Pouco antes de sair ao mudar de roupa, vendo Tereza Batista de costas junto ao armário, o capitão sentiu aquela coceira nos bagos, suspendeu-lhe o vestido e agarrando-a por trás, no toba
lhe foi em despedida. (clik na imagem e aumente)

ENTREVISTA FICCIONADA



COM JESUS CRISTO Nº 98 SOB O TEMA:

"RESSUSCITOU?"




RAQUEL – Emissoras Latinas na véspera da conclusão da cobertura especial da segunda vinda de Jesus Cristo à Terra. Os nossos microfones são instalados algures na Galileia e connosco, quase numa despedida, Jesus Cristo.

JESUS - A paz esteja contigo, Raquel.

RAQUEL – Vejo-o de muito bom humor esta manhã.

JESUS - Sim, estou feliz. Muito.

RAQUEL - E posso perguntar por quê?

JESUS - Na noite passada eu estava conversando com alguns moradores de um vilarejo perto de aqui ... Eles sofreram muito, mas mesmo assim eles riram… convidaram-me para comer. Eles formam um grupo, sabe… estão lutando para mudar as coisas na Terra ... Eu parecia estar com Pedro e João e Maria e…

RAQUEL - Eram cristãos?

JESUS – Não sei, não lhes perguntei isso. Mas eles eram muito unidos. Um só coração e uma só alma.

RAQUEL - Eu não quero alterar o seu humor, mas tenho que aproveitar estas últimas entrevistas para lhe pôr uma questão crucial… uma pergunta que queima a alma de muitos ouvintes.

JESUS - E o que é?

RAQUEL Eu não queria… bom, para que não digam que os jornalistas violam a privacidade dos entrevistados ...

JESUS - Não dês muitas voltas, Raquel. O que queres saber?

RAQUEL - Bem vistas as coisas, Jesus, toda a fé cristã, a religião cristã, baseia-se ... na sua ressurreição. O senhor se levantou no terceiro dia. Tinha sido crucificado na sexta-feira, sábado não aconteceu nada, mas ressuscitou no domingo. Isso é verdade, inventaram isso nos Evangelhos ou é outra metáfora..? De que está rindo?

JESUS - Eu pensei que você ia perguntar sobre os filhos ou amor ... Ouve, Raquel. Quando aconteceu o que aconteceu em Jerusalém, as pessoas do movimento ficaram muito desanimadas, derrotadas… e não era razão para menos. Nessa Páscoa, quando entramos no templo e expulsamos os mercadores, muitas pessoas animaram-se… Eu, o que mais… sonhávamos que Deus já iria colocar-se ao lado dos pobres… mas sabes o que aconteceu. Ferido o pastor e as ovelhas se dispersam. Foi um golpe muito duro para todos.

RAQUEL - O senhor morreu e ... e que fizeram os seus discípulos?

JESUS - No início, segundo me contaram, esconderam-se, fecharam-se em casa. Em seguida, foram as mulheres que romperam o medo. Minha mãe, Maria Madalena, Salomé e os outros não se resignaram com a minha morte. Eles testemunharam, anunciaram que eu estava vivo.

RAQUEL - Mas o senhor estava vivo? Quer dizer… tinha ressuscitado dos mortos?

JESUS - Sim, eles reanimaram-me.

RAQUEL - O que quer dizer eles?

JESUS – Mulheres.

RAQUEL - Desculpe-me, mas não entendo nada. O túmulo estava vazio?

JESUS - O coração estava cheio. Cheio de fé e esperança.

RAQUEL - O que aconteceu naquela manhã de domingo, quando Maria Madalena foi ao túmulo onde tinha posto o seu corpo?

JESUS - Foi o Espírito de Deus que as encheu de força e alegria. Ela e outras mulheres encorajaram os homens que estavam agachados. E saíram às ruas para dizer a todos que o Reino de Deus havia chegado, que as coisas podiam mudar, que iam mudar.

RAQUEL - Desculpe insistir, mas quando eles disseram tinham isso… o senhor estava vivo ou não?

JESUS - Claramente, Raquel, eu estava vivo neles.

RAQUEL Agora sou eu que lhe pede que não dê voltas. O senhor ressuscitou, isto é, a tumba abriu-se e o senhor levantou-se e caminhou para fora do túmulo, ou voou, para mim é igual, o seu corpo foi transformado em… em ...?

JESUS - É o espírito que ressuscitou, Raquel, e não carne. É o Espírito de Deus nos dá a vida e nos faz ressuscitar.

RAQUEL Sim, mas… que aconteceu com seu corpo?

JESUS - O pó volta ao pó de onde veio. E o espírito renasceu na comunidade. E isso é multiplicação, como os grãos de trigo.

RACHEL - Mas então... agora… o que é?... quem é?

JESUS - Eu sou Jesus, Raquel. E para de fazer perguntas… esqueça a minha pessoa, eu vou a essa comunidade de que te falei.

RAQUEL - Mas eu estou vendo-o com estes olhos… ou será que…?

JESUS - Só se vê bem com o coração, Raquel. Naquele domingo, eu vi-os com meu coração. E agora, vem conhecer esses compatriotas, eu moro lá!

RACHEL Bem, sim, mas… espere para encerrar o programa. Para os ouvintes de Emissoras Latinas, Raquel Perez.

domingo, junho 12, 2011

HOJE É



DOMINGO

(Da minha cidade de Santarém)


Também eu, na mesa do meu Café, nesta manhã de Domingo, estou em “suspense”, como os meus restantes compatriotas, aguardando que os políticos que ganharam as eleições se entendam e anunciem quem são os novos ministros para poderem começar a governar. Depois, iremos ficar em “suspense” da aplicação, na prática, das medidas da troika e depois, ainda em “suspense” das consequências nas nossas vidas dessas medidas. Todo o nosso futuro próximo será em estado de “suspense”… pobres de nós!

Em “suspense” não estará Sócrates a estudar Filosofia em Paris enquanto espera pelo “julgamento da história”. Deixou para trás os vários Cartões de Crédito que utilizou em nome dos seus compatriotas e agora cá estamos nós, devedores e compulsivos, com a dívida às costas.

Julgado pela situação de insolvência em que deixou o país, esquecidas as coisas boas que fez nos primeiros anos do seu mandato… vejam lá, até a redução do défice em 2007 e 2008, é a divida e a teimosia que vão ficar como a sua terrível herança.

Dizem os seus defensores que ele é um líder nato e que, fatalmente, irá voltar. Espero que sim… mas só quando tivermos pago a dívida e esquecido tudo por quanto vamos passar para a conseguir pagar… se é que vamos.

A Europa, dividida entre filhos e enteados, não tendo querido assumir-se com uma verdadeira política europeia confronta-se agora com problemas que ela própria não sabe onde poderão conduzir o euro e a si própria como projecto político.

Sinceramente, ela acredita mesmo que com estes prazos e estas taxas de juro, mesmo fazendo tudo bem feitinho, vamos conseguir satisfazer os compromissos financeiros e ao mesmo tempo produzir mais riqueza para pagar a dívida?

Eu sei, é a confiança, a credibilidade que têm de ser restauradas mais do que qualquer outra coisa… neste momento.

Deixemos as interrogações… confesso que pela primeira vez na minha vida, eu, que sempre votei PS, dobrei, muito bem dobradinho, o Boletim de Voto e assim o entreguei ao senhor que na mesa estava a recolhê-los.

É verdade que senti uma sensação de estranheza mas em consciência não podia fazer outra coisa. Sócrates estava esgotado, no partido e no país. A partir do chumbo do PEC 4 deveria ter saído da liderança do partido e do governo em vez de o ter submetido àquele Congresso de consagração de “Grande Líder”em que colaboraram todos os notáveis do PS… para esquecer. Insistir em candidatar-se foi mais uma teimosia, a sua última teimosia política.

Passos Coelho, um desconhecido de uma área política que não é a minha, os seus eleitores que o elejam. Espero para ver e admito que as qualidades pessoais que dizem possuir lhe permitam um “bom” desempenho. Na minha qualidade de cidadão se alguma coisa pudesse fazer para colaborar fá-lo-ia sem hesitar, não por ele ou pelo seu amigo Relvas mas pelo país. Desejar-lhe sorte e sucesso é o mesmo que desejar sucesso e sorte a todos os portugueses numa missão que para António Barreto sendo impossível… é possível.

O bom senso, pragmatismo, rigor militar, competência, seriedade e, por que não, amor ao país, mais que as ideologias das esquerdas e das direitas, vão ser agora determinantes.

Muita gente, com os do costume à frente, vão protestar, marchar, gritar, encher ruas e avenidas… mas não há outra saída que não seja a do sofrimento e do protesto.

Entretanto, um Bom Domingo para todos.

PS - Esta igreja fica do lado direito da rua que leva às Portas do Sol com as suas muralhas que, no cimo da encosta, não conseguiram defender a cidade das tropas de Afonso Henriques.


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