sexta-feira, agosto 31, 2012

E agora, meus amigos, vou apanhar o comboio das 10H00. Vou visitar  Porto com a minha neta. Amanhã estarei de regresso.


RAÍZES DA RELIGIÃO (Parte VI)
 (Richard Dawkins)

 Acontece que nós não reparamos nas centenas e milhares de traças que em silêncio e de forma eficaz são guiadas pela lua ou por uma estrela brilhante. Só vemos traças a girar em círculos até embaterem nas nossas velas, e daí, a pergunta errada:

 - «Porque motivo estão todas estas traças a cometerem suicídio?»

Em vez disso devíamos perguntar:

 - «Porque têm elas sistemas nervosos que se guiam mantendo um ângulo fixo em relação aos raios da luz, táctica esta que só reparamos quando corre mal?»

Reformulada a pergunta o mistério desvanece-se. Nunca foi correcto chamar-lhe suicídio. É um subproduto falhado de uma bússola normalmente útil.

Aplique-se, agora, ao comportamento religioso dos humanos a lição acerca do subproduto.

Vemos numerosos grupos de pessoas – que em muitas regiões chega aos 100% - a defenderem crenças, com uma certeza veemente, que contradizem, rotundamente, factos cientificamente demonstráveis, bem como religiões rivais seguidas por outros.

As pessoas, não só nutrem estas crenças com uma certeza veemente, como também dedicam tempo e recursos a actividades dispendiosas delas decorrentes. Morrem por elas, por elas matam.

Pasmamos com o facto, tal como pasmamos com o «comportamento de auto-imolação» das traças. Perplexos, perguntamos porquê e o que eu pretendo dizer é que estamos a fazer a pergunta errada.

O comportamento religioso pode ser um tiro falhado, um subproduto infeliz de uma propensão psicológica subjacente que, noutras circunstâncias, será útil – ou o foi em tempos.

Por este prisma, a propensão que acabou por ser naturalmente seleccionada nos nossos antepassados não era religião “per se”, teria uma outra vantagem qualquer, e só circunstancialmente se manifesta na forma de comportamento religioso.

Só iremos compreender o comportamento religioso depois de lhe darmos um novo nome.


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 181


Das Dragas com Noiva


Foi o casamento mais animado de Ilhéus. O Juiz (de rapariga nova, para quem alugara a casa no Beco das Quatro Mariposas quando se desiludira de esperar por Gabriela) pronunciou umas palavras para desejar para desejar felicidades àquele novo casal que um amor verdadeiro unira acima das convenções sociais, das diferenças de posição e classe.

Gabriela de azul-celeste, de olhos baixos, sapatos a apertá-la, tímido riso nos lábios, era uma sedução. Entrara na sala pelo braço de Tonico, o tabelião, numa elegância de grandes dias.

A casa da Ladeira de São Sebastião, estava repleta. Viera todo o mundo, convidados ou não, ninguém queria perder o espectáculo. Desde que lhe falara em casamento, Nacib mandara Gabriela para casa de dona Arminda. Não ficava bem ela dormindo no mesmo teto que o noivo.

 - Porquê – perguntou Gabriela – Importa não…

Importava, sim. Agora era sua noiva, seria sua esposa, todo o respeito era pouco. Quando lhe dera a notícia, quando pedira sua mão, ela ficara a pensar:

 - Porquê, seu Nacib? Precisa não…

 - Não aceita?

 - Aceitar, eu aceito. Mas precisava não. Gosto sem isso.

Contratara empregadas, por ora duas: uma para arrumar, outra, meninota, para aprender a cozinhar. Depois pensaria nas outras, no restaurante. Mandou pintar a casa, comprou novos móveis. Enxoval para ela, a tia ajudou a escolher.

Vestidos, anáguas, sapatos e meias. Os tios, passada a surpresa, foram gentis. Até a casa ofereceram para hospedá-la. Não aceitou, como iria ficar aqueles dias sem ela? O muro era baixo a separar o seu quintal do de d. Arminda. Como um cabrito montês Gabriela saltava, as pernas à mostra. Vinha de noite dormir com ele.

A irmã e o cunhado não quiseram saber, ficaram de mal. Os Aschear de Itabuna, mandaram presentes: um abat-jour, todo feito de conchas, coisa de ver-se.

Viera todo o mundo, para espiar Nacib de azul-marinho, os bigodões florescentes, cravo na lapela, sapatos de verniz.

Gabriela a sorrir de olhos no chão. O Juiz os declarou casados: Nacib Aschear Saad, de trinta e três anos, comerciante, nascido em Ferradas, registado em Itabuna ; Gabriela da Silva, de vinte e um anos, de prendas domésticas, nascida em Ilhéus, ali registada.

A casa entupida de gente, muitos homens, poucas mulheres: a mulher de Tonico, que foi testemunha, a loira Jerusa, sua sobrinha, a senhora do Capitão, tão boa e tão simples, as irmãs Dos Reis, com muitos sorrisos, a esposa de João Fulgêncio, alegre mãe de seis filhos. Outras não quiseram vir, que casamento era aquele tão diferente?

As mesas servidas, bebidas à vontade. Não cabiam na casa, tantos que eram, enchiam o passeio. Foi o casamento mais animado de Ilhéus.
(Click na imagem. Foi o casamento de Nacib com Gabriela. Ele ia de azul marinho e ela de azul celeste.Foi o casamento mais animado de Ilhéus... e foi por amor. O fotógrafo não estava lá para registar mas garanto que iam ambos felicíssimos)

quinta-feira, agosto 30, 2012

A Música como lenitivo para a tristeza...

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Este galo não parece bem, está anémico, descolorido. Será por isso, que nós andamos todos com o norte errado? 

O Pequeno Buda

As histórias, mesmo quando são de povos de outras culturas, têm sempre qualquer coisa de familiar. Afinal todos descendemos de uma mãe Eva que terá saído de África há uns 70 e tal milhões de anos... No caso da nossa história, nós, latinos, dizíamos: "in medium est virtus" ou seja: no meio é que está a virtude e o povo traduziu: nem tudo ao mar nem tudo à terra. Em conclusão: o difícil na vida é conseguirmos equilibrar os extremos.


Privatizar

A propósito da tentativa de privatização da RTP - Canal I (Televisão Pública) e do encerramento do Canal II, José Saramago, que não "ia à bola" com as privatizações, pelo menos algumas, de certo que voltaria a escrever este texto sob o título, PRIVATIZAR.

Embora me repugne os 14.000 euros que o José Rodrigo dos Santos leva para casa como ordenado bruto por ler, em tom bombástico e alarmista (fujo imediatamente para o Rodrigo de Carvalho, (da SIC) as Notícias das 20HOO, esta nacionalização ou concessão ou lá o que é, depois do Estado ter equilibrado as contas da empresa e esta ter perdido mais de 1000 trabalhadores, parece-me ridícula, coisa aérea, à Relvas, (pelos vistos, se foi estudar, não estudou bem) porque, bom ou mau, só existe Serviço Público quando prestado pelo Estado ou por uma empresa pública.... parece que até é da Constituição...

PRIVATIZAR

Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a p. que os pariu a todos.

José Saramago, (Cadernos de Lanzarote, Diário III)


As Raízes da Religião (Parte V)
(Richard Dawkins)


A Religião como Subproduto de Outra Coisa


De qualquer modo, quero deixar de parte a Selecção de Grupo e centrar-me na minha própria visão do valor de sobrevivência da religião encarada numa perspectiva darwiniana. Faço parte do número crescente de biólogos que vêm a religião com um “subproduto” de outra coisa.

De um modo geral, julgo que nós que especulamos acerca do valor da sobrevivência darwiniana precisamos de “pensar subproduto”. Quando perguntamos sobre o valor de sobrevivência de qualquer coisa, podemos estar a fazer a pergunta errada. Temos de reescreve-la de uma forma mais útil.

Talvez a característica em que estamos interessados (a religião, neste caso) não tenha um valor de sobrevivência próprio mas seja antes um subproduto de outra coisa qualquer que o tinha.

Acho útil apresentar aqui a ideia do subproduto através de uma analogia da minha área do comportamento animal. – «(Richard Dawkins é doutorado em Etologia – Ciência que estuda o comportamento animal – Prémio Nobel em 1975)».

As traças voam em direcção à chama de uma vela e isso não acontece por acaso. Fazem propositadamente desvios no voo para se oferecerem em sacrifício à chama. Podemos designar isto como comportamento de “auto-imolação” e perguntar-nos a nós próprios, como é que a selecção natural pode favorecer um comportamento destes.

O que eu quero dizer que temos de fazer é reformular a pergunta antes de arriscar a resposta. Não se trata de suicídio.

O suicídio, aparente, surge como um efeito secundário, involuntário ou um subproduto de outra coisa mas, … um subproduto de quê?

Bem, eis a possibilidade de me fazer entender: a chegada da luz artificial às nossas noites é recente, o próprio homem é recente. Até há bem pouco tempo, a única iluminação nocturna era dada pela lua e pelas estrelas cuja origem está no infinito óptico pelo que, os raios que dela nos chegam, são paralelos. Isto permite que sejam usadas como bússolas.

Ora, sabe-se que os insectos usam objectos celestes, tais como o sol e a lua, para se deslocarem em linha recta com precisão, e que sabem servir-se da mesmo bússola, mas com sinal contrário, para voltarem para casa após uma saída. O sistema nervoso do insecto é perito em estabelecer regras muito básicas: “seguir numa direcção em que os raios de luz incidam no olho fazendo um ângulo de 30 graus”. Uma vez que os insectos têm olhos compostos formados por canais rectilíneos que funcionam como guias para a luz mantendo esta a incidir num desses canais.

Mas para que a bússola de luz funcione é vital que o objecto celeste esteja no infinito óptico porque, se não estiver, os raios em vez de paralelos divergem como os de uma roda, fazendo desviar a traça até à chama numa trajectória em espiral.

Em resumo, o sistema de orientação da traça é um bom método desde que, no seu horizonte não lhe ponham velas em vez da lua.



GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 180


É claro que sim. Já lhe disse, árabe: se fosse eu…

 - Tenho pensado. Acho que sim…

 - Se decidiu.

 - Mas tem uns problemas, você pode ajudar.

 - Venha de lá um abraço, meus parabéns! Turco feliz!

Depois dos abraços, Nacib, ainda encabulado, continuou.

 - Ela não tem papéis, tive sondando. Nem registo de nascimento, nem sabe quando nasceu. Nem sobrenome de seu pai. Morreram quando ela era pequena, não sabe nada. Seu tio era Silva, mas era irmão da mãe. Não sabe idade, não sabe nada. Como fazer?

Tonico aproximou a cabeça:

 - Sou seu amigo, Nacib. Vou lhe ajudar. Pelos papéis não se preocupe. Arranjo tudo no cartório. Certidão de nascimento, nome inventado para ela, prò pai e prà mãe… só tem uma coisa: quero ser o padrinho do casório…

 - Já está convidado… - E de repente Nacib viu-se liberto, toda a sua alegria voltava, sentia o calor do sol, a doce brisa do mar.

João Fulgêncio entrava pontual; estava na hora de abrir a Papelaria. Tonico exclamava:

 - Sabe da nova?

 - São tantas, qual delas?

 - Nacib se casa…

João Fulgêncio, sempre tão calmo, surpreendeu-se.

 - É verdade Nacib? Não estava noivo que eu soubesse.

 - Quem é a felizarda, pode-se saber?

 - Quem pode ser? Adivinhe… - Sorria Tonico.

 - Com Gabriela, disse Nacib – Gosto dela, vou casar com ela. Não me importo o que digam…

 - Só se pode dizer que você é um coração nobre, um homem de bem. Outra coisa ninguém pode dizer. Meus parabéns…

João Fulgêncio o abraçava, mas seus olhos estavam preocupados. Nacib insistiu:

 - Me dê um conselho. Acha que vai dar certo?

 - Nesses assuntos não se dá conselhos, Nacib. Se vai dar certo, quem pode adivinhar? Eu desejo que dê, você merece. Só…

 - Só, o quê?

 - Tem certas flores, você já reparou? Que são belas e perfumadas enquanto estão nos galhos, nos jardins. Levadas prós jarros, mesmo jarros de prata, ficam murchas e morrem.

 - Porque havia ela de morrer?

Tonico atalhava:

 - Que nada, seu João! Deixe de poesia… Vai ser o casamento mais animado de Ilhéus.

João Fulgêncio sorria, concordava:

 - Besteira minha, Nacib. Do coração lhe felicito. É um gesto de grande nobreza, esse seu. De homem civilizado.

 - Vamos brindar – propôs Tonico.

A brisa marinha, o sol a brilhar, Nacib ouvia o canto dos pássaros.
(Click 2 vezes na imagem. Assinalo o dia em que Nacib tomou a decisão da sua vida com esta morena de encantar) 

quarta-feira, agosto 29, 2012

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Na riqueza ou na pobreza ele está sempre ao nosso lado...


A ROSA - LEANN RIMES

"A Rosa" é uma canção pop escrita por Amanda McBroom e que ficou famosa por Bette Midler, que a cantou em 1979 no filme A Rosa. Desde então, uma variedade de artistas a tem cantado. A letra desta canção é um incentivo para as pessoas que têm medo de falhar (no amor, entre outras coisas) a ponto de nem tentarem. "A alma, com medo de morrer, nunca aprende a viver ... O  álbum LeAnn Rimes "1997  - You Light Up My Life  inclui a A Rosa ", numa das faixas.

E continua  "alguns dizem que o amor é uma navalha que deixa a alma a sangrar.  Outros dizem que o amor é uma fome interminável.  Eu digo que o amor é uma flor e você é apenas a semente. O coração com medo de cair nunca aprende a dançar. É o sonho com medo de acordar que nunca se transforma em oportunidade. É a alma com medo de morrer , que nunca aprende a viver, quando a noite é muito solitária e a estrada muito longa e você acha que o amor é apenas para os sortudos e os fortes.


MARAVILHOSAS SÃO AS CRIANÇAS


No infantário, a professora pergunta:
- Qual a parte do corpo que chega primeiro ao céu?
Uma menina levanta o braço:
-As mãos, professora !
-E porquê?
-Porque quando rezamos elevamos as mãos ao céu.
Nisto, o TOMÉ retrucou.
- Não, nada disso, são os pés!
- Ah, sim, TOMÉ , e porquê? - Pergunta a professora ...
- Bem, esta noite, fui ao quarto dos meus pais, a minha mãe tinha os pés no ar, e estava a gritar:
- Meu Deus, meu Deus, estou indo ao céu.. estou indo ao céu... 
E ainda bem que o meu pai estava em cima dela segurando-a, senão, lá ia ela.


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 179


Ao tio nada devia, o cunhado que se danasse. Quanto aos amigos, seus fregueses de bar, parceiros de gamão e de pocker, tinham-lhe, por acaso eles, excepto Tonico, demonstrado consideração? Não cercavam Gabriela, não a disputavam na sua cara? Que tamanho de respeito lhes devia?

Naquele dia muito se havia discutido, antes do almoço, no bar, sobre as coisas políticas, o caso da barra. Circulavam boatos, espalhados pela gente dos Bastos: o relatório do engenheiro fora arquivado, o caso da barra mais uma vez enterrado.

Era inútil insistir, problema sem solução. Muitos acreditavam. Já não viam o engenheiro com os seus instrumentos, num bote, a cotucar a areia da barra. Além disso, Mundinho Falcão embarcara para o Rio. Os partidários dos Bastos resplandeciam. Amâncio Leal propusera outra aposta a Ribeirinho. Vinte contos em como os rebocadores, as dragas, nunca viriam. Novamente Nacib fora chamado a testemunha.

Talvez por isso, na hora habitual do amargo, Tonico se encontrava de tão bom humor. Voltara a aparecer nos cabarés, enrabichado agora com uma cearense de tranças negras.

 - A vida é gostosa…

 - Você tem razão para estar contente. Com mulher nova…

Tonico palitava as unhas, condescendeu.

 - Ando mesmo contente… Os trabalhos da barra foram para o balacubaco… A cearense é fogosa…

Não seria o coronel Manuel das Onças, finalmente, quem decidiria Nacib. Seria mesmo o Juiz.

 - E você, árabe, sempre triste?

 - O que vou fazer?

 - Ficar ainda mais triste. Notícia ruim para você.

 - O que é? – a voz alarmada.

 - O Juiz, meu caro, alugou casa no Beco das Quatro Mariposas…

 - Quando?

 . Ontem de tarde…

 - Pra quem?

 - Pra quem pode ser?

Um silêncio tão grande, de se ouvir o voar das moscas. Chico Moleza voltava do almoço, completava:

 - Siá Gabriela mandou dizer ao senhor que vai sair, mas volta logo.

 - Pra que vai sair?

 - Não sei, não senhor. Parece que para comprar umas coisas que faltam.

Tonico olhava irónico. Nacib lhe perguntou:

 - Quando você fala essa coisa de casamento, você fala sério? Acha mesmo?
(Cick ma imagem. Desculpem, mas podendo, dou preferência às morenas...  porque se assemelham mais à beleza selvagem, como já vos tinha dito)


As Raízes da Religião (Continuação Parte IV)
Richard Dawkins


Selecção de Grupo

Exista também uma teoria para explicar a razão de ser da religião com resultado da Selecção do Grupo.

Uma dada tribo, por exemplo, com um “deus de batalhas” particularmente beligerante, ganha guerras contra tribos rivais cujos deuses exortam à paz e à harmonia. Os guerreiros possuidores de uma crença inabalável em que, se morrerem como mártires, irão directos para o paraíso, lutam com valentia e de bom grado dão a vida.

Assim, as tribos com este tipo de religião têm maior probabilidade de sobreviver à guerra intertribal, de roubar o gado das tribos derrotadas e fazer das mulheres destas suas concubinas.

Estas tribos bem sucedidas proliferam, dando origem a novas tribos que, por sua vez se separam e multiplicam, levando consigo sempre a adoração do mesmo deus tribal.

Eu não sou apoiante da selecção de grupo e as objecções são de vulto. Esta teoria baseada no auto sacrifício individual são sempre vulneráveis à subversão a partir de dentro. Imagine-se um guerreiro egoísta num exército dominado por aspirantes a mártir, ansiosos a morrerem pela tribo e receberem uma recompensa dos céus. Na batalha, esse guerreiro egoísta, vai tentar ficar para trás para sobreviver mas acabará por pertencer ao grupo vitorioso beneficiando do martírio dos camaradas de armas.

No fim, ele teve mais probabilidade de vir a reproduzir-se do que os camaradas mártires corajosos e os seus genes de “recusa de martírio” passam à geração seguinte diminuindo no futuro fazendo abortar a Teoria da Selecção de Grupo.

A constatação é a de que as pessoas egoístas e conflituosas não se unem e sem união nada se consegue e com o passar do tempo essa tribo, a julgar pela História passada, seria por sua vez ultrapassada por outra tribo ainda mais dotada.

terça-feira, agosto 28, 2012

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Farol de Vila Real de Santo António


A Perfeição e Beleza dos Movimentos



Sempre é bom saber...


DO LATIM:


O vocábulo "maestro" vem do latim "magister" e este, por sua vez, do adjectivo "magis" que significa "mais" ou "mais que". Na antiga Roma o "magister" era o que estava acima dos restantes, pelos seus conhecimentos e habilitações!

Por exemplo um "Magister equitum" era um Chefe de cavalaria, e um "Magister Militum" era um Chefe Militar.

Já o vocábolo "ministro" vem do latim "minister" e este, por sua vez, do adjectivo "minus" que significa "menos" ou "menos que". Na antiga Roma o "minister" era o servente ou o subordinado que apenas tinha habilidades ou era jeitoso.

COMO SE VÊ, O LATIM EXPLICA A RAZÃO PORQUE QUALQUER IMBECIL PODE SER MINISTRO ... MAS NÃO MAESTRO !!!





Um polícia sul-africano mandou parar um carro de moçambicanos e disse ao condutor que por estar a usar o cinto de segurança, tinha ganho um prémio de R5 000, como parte de uma campanha de segurança nas estradas.

O homem mal quis acreditar na sorte que teve quando o polícia perguntou o que pretendia fazer com o dinheiro, respondeu: 
 - "Bom, eu vou tirar a carta de condução". "Oh, não lhe dê ouvidos, Sr Polícia" gritou a mulher no assento do passageiro: -  - Ele pensa que é engraçado quando está bêbedo.

Com isto acordou o tipo no assento traseiro que deitou um olhar ao polícia e resmungou - "Eu sabia que não chegaríamos longe num carro roubado!".

 Nesse momento, ouviram-se pancadas vindas da bagageira e uma voz a dizer: "Comé? Já atravessámos a fronteira?"


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 178

Casando-se, já não teria mais medo, que coisa maior poderia alguém jamais lhe oferecer? E com ela dona do bar, à frente de uma cozinha de três ou quatro cozinheiras, dirigindo apenas os temperos, poderia Nacib realizar um projecto que vinha alimentando há tempo: fundar um restaurante.

Fazia falta na cidade, Mundinho Falcão já dissera e repetira: Ilhéus estava a reclamar um bom restaurante, a comida nos hotéis era ruim, os homens solteiros tinham que se sujeitar às pensões vagabundas, marmitas frias. Quando chegavam os navios, os visitantes não encontravam onde comer bem.

Onde oferecer um jantar de cerimónia, de comemoração, grande, extralimitando das salas das casa de família? Ele próprio, Mundinho, seria capaz de entrar com parte do capital. Corria que o casal de gregos pensava nisso, buscava local. Com a certeza de ter Gabriela dirigindo a cozinha, Nacib montaria o restaurante.

Mas que certeza podia ter? Pensava na espreguiçadeira, na hora da sesta, hora de seu pior martírio, o charuto apagado e amargo, um travo na boca, os bigodes murchos. Ainda há pouco tempo, Dª Arminda, Cassandra Sarará, deixara-o num alarme medonho. Pela primeira vez, Gabriela sentira-se seduzida por uma proposta. Dª Arminda descrevera em detalhes, num prazer quase sádico, as vacilações da rapariga ao receber a oferta do coronel Manuel das Onças. Uma roça de cacau, de duzentas arrobas, não era para menos, quem não vacilaria?

De Clemente nada sabiam, nem ele nem dona Arminda, de Gabriela pouco sabiam…

Andara uns dias feito louco, por mais de uma vez ia abrindo a boca para lhe falar em casamento. Mas a própria Dª Arminda afirmava ter Gabriela recusado a proposta:

 - Nunca vi nada igual… Merece aliança, lá isso merece.

Aquele não fora ainda o seu limite. «Toda a mulher, por mais fiel, tem seu limite», a voz fanhosa de Nhô-Galo. Não fora seu limite, seu preço, mas bem perto estava, não ficara ela tentada a aceitar? E se aos pés de cacau o coronel Manuel das Onças juntasse uma casa de rua de canto, com escritura passada? Nada influi tanto as mulheres como ter casa própria.

Bastava ver as irmãs Dos Reis a recusar um dinheirão por suas casas, a de moradia, as de aluguer. E Manuel das Onças bem podia fazê-lo. Dinheiro era cama de gato em sua fazenda, e com a safra desse ano – um despropósito! – enriquecera ainda mais.

Estava construindo em Ilhéus um verdadeiro palácio para a família, tinha até uma torre de onde se podia avistar a cidade inteira, os navios no porto, a Estrada de Ferro. E doido por Gabriela, chamego de velho, chegaria a seu preço, por mais alto que fosse.

Dª Arminda a apertá-lo na ladeira, Tonico a perguntar-lhe cada dia, no princípio da tarde, no bar:

 - E o casório, árabe? Já decidiu?

No fundo já decidira, estava resolvido. Adiava com medo do que iriam dizer. Poderiam eles, seus amigos, compreender?

Seu tio, sua tia, a irmã, o cunhado, os parentes ricos de Itabuna, esses Aschear orgulhosos? Afinal que lhe importava? Os parentes de Itabuna nem ligavam para ele, montados em seu cacau.
(click na imagem. Com a raiva que ando a todos os nossos políticos, ainda sou capaz de aderir a esta camarada...)


As Raízes da Religião (continuação. Parte III)
Richard Dawkins


Tampouco, os seguidores do Darwinismo, se dão por satisfeitos com explicações de natureza política do género «a religião é uma ferramenta usada pela classe dirigente para subjugar as classes inferiores».

É verdade que se consolava os escravos negros da América com promessas de outra vida, o que lhes embotava o descontentamento com a vida neste mundo e beneficiava, assim, os seus donos.

Se as religiões são deliberadamente criadas por sacerdotes cínicos ou por governantes, é uma questão interessante à qual os historiadores deverão prestar atenção mas nenhuma destas explicações servem o investigado darwiniano porque este, o que pretende saber, é porque razão as pessoas são «vulneráveis» aos encantos da religião, expondo-se, desse modo, à exploração por parte dos sacerdotes, políticos e reis.

Um manipulador cínico pode fazer uso do desejo sexual como instrumento de poder político, mas mesmo aí precisamos da explicação darwiniana para compreender porque motivo ele funciona. No caso do desejo sexual a resposta é fácil: os nossos cérebros estão talhados para gostar de sexo porque o sexo, em estado natural produz filhos.

Um manipulador político pode usar a tortura para atingir os seus objectivos. Uma vez mais o estudioso darwiniano tem de suprir a explicação para o facto de a tortura ser eficaz e fazermos quase tudo para evitar a dor intensa.

Poderá, enfim, ser óbvio a ponto de soar a banalidade, mas o darwiniano precisa de repeti-lo com a maior clareza: «a selecção natural armou a percepção da dor de maneira a ser apercebida como um sinal de perigo físico mortal e programou-nos para a evitar. As raras pessoas que não sentem a dor ou que a minimizam, normalmente morrem jovens, vítimas de lesões ou de feridas que os restantes de nós teriam o cuidado de evitar.

Quer ele seja cinicamente explorado, quer se manifeste espontaneamente, o que explica, em última análise, o apelo dos deuses?

segunda-feira, agosto 27, 2012

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Janelas da Lapa em Lisboa


FADO PORTUGUÊS - DULCE PONTES

Acreditam que em certas situações algumas músicas e imagens têm o dom de ajudar a curar males do espírito ou reforçarem as nossas defesas? Seráo efeito placebo?


As Raízes da Religião (continuação)
(Richard Dawkins)

Vantagens Directas da Religião

Há poucas provas de que a crença religiosa proteja as pessoas de doenças relacionadas com o stress mas não surpreenderia se fosse verdade, pela mesma razão que a cura pela fé poderá acontecer em determinados casos sem que tal reforce o verdadeiro valor das pretensões da religião.

Nas palavras de George Bernard Shaw: «o facto de um crente ser mais feliz do que um céptico não é mais relevante do que o facto de um homem bêbado ser mais feliz do que um sóbrio»

O meu médico não pratica, literalmente, a cura pela fé, através da imposição das mãos, mas muito foram as vezes em que me senti instantaneamente “curado” de pequenos males por uma voz tranquilizadora que vinha de um rosto ladeado por um estetoscópio.

O efeito placebo (do latim “placer” que significa agradar) está bem documentado e nem sequer é muito misterioso. Está demonstrado, por exemplo, que se consegue melhorar a saúde ministrando comprimidos sem qualquer actividade farmacológica.

É por isto que os medicamentos homeopáticos parecem resultar embora a substância activa esteja tão diluída que é como se não a tivessem. Os homeopatas parecem  estar a obter um êxito relativo porque lhes é permitido administrarem placebos embora com outros nomes. Por outro lado dispõem de mais tempo para conversarem com o doente e dedicar-lhe atenção. Acontece também, garantidamente, que os seus medicamentos não fazem absolutamente nada, ao contrário de certas práticas ou remédios da medicina convencional que podem causar danos efectivos.

Daqui, poder perguntar-se se a religião pode ser olhada como um placebo que prolonga a vida ao reduzir o stress. Talvez, mas não podemos esquecer que em muitas circunstâncias a religião provoca mais stress do que aquele que liberta.

Na realidade, é difícil acreditar, por exemplo, que a saúde possa melhorar em face do estado semi-permanente de culpa mórbida de que padece um católico apostólico romano portador de uma normal debilidade humana e de uma inteligência inferior ao normal.

Talvez seja injusto destacar os católicos. A comediante americana Cathy Ladman, escritora de grande sucesso observa que «todas as religiões são iguais: a religião é, basicamente, culpa com feriados diferentes».

Não penso que o motivo pelo qual temos religião seja porque ela reduziu o nível de stress dos nossos antepassados. A religião é um fenómeno vasto que carece de uma teoria vasta para o explicar.

Há também quem defenda que a religião é consoladora. Talvez exista nisto alguma verdade psicológica mas em termos de evolução darwiniana não faz sentido. Como Steven Pinker (psicólogo canadense e cientista cognitivo) disse de forma contundente no seu livro How the Mind Works: «porque haveria uma mente de evoluir se era para encontrar conforto em crenças que se sabem ser claramente falsas?»

Se um neurocientista encontrar um “centro-deus” no cérebro os cientistas darwinianos como eu hão-de, mesmo assim, querer perceber qual a pressão da selecção natural que favoreceu tal ocorrência. Porque razão é que os nossos antepassados com tendência genética para desenvolverem um centro-deus no seu cérebro, sobreviveram de maneira a terem mais netos do que os rivais que não tinham essa tendência?
(continua)


É uma curta metragem que eu não me perdoaria se não vos mostrasse. Uma histórinha de amor contada de uma forma perfeita e em que o herói é um simpático e corajoso cãozinho. Dá para comover...


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 177

Tinham vindo fazendeiros de toda de toda a região, Aristóteles Pires, Intendente de Itabuna. Era uma demonstração de força. A continuar pelo dia afora, as visitas sucedendo-se na casa em festa, aberta a sala das cadeiras de alto espaldar.

O coronel Amâncio mandava descer cerveja nos bares, anunciava a vitória eleitoral fosse a que preço fosse, custasse o que custasse. Mesmo alguns oposicionistas foram levar os parabéns a Ramiro Bastos, entre eles o Doutor. O coronel os recebia de pé, querendo exibir-lhes não só o seu prestígio, mas também a sua saúde de ferro.

A verdade, porém, é que nos últimos tempos, quebrara muito. Antes parecia um homem de avançada idade mas forte e rijo, hoje era um ancião de mãos a tremer.

Mundinho Falcão não fora à missa nem lhe levara pessoalmente o seu abraço. Mandara, porém, um grande ramalhete de flores para Jerusa com um cartão onde escrevera: “Peço-lhe, minha jovem amiga, transmitir a seu digno avô meus votos de felicidade. Em campo oposto ao dele sou, no entanto, um seu admirador.” Foi um sucesso. As moças todas de Ilhéus ficaram excitadíssimas. Aquilo lhes parecia o supra sumo do chique, coisa nunca vista em terra onde oposição política significava inimizade mortal.

Além disso, que superioridade, que requinte! O próprio coronel Ramiro Bastos, ao ler o cartão e olhar as flores, comentou:

 - É sabido, esse senhor Mundinho! Se me manda o abraço por minha neta, não posso deixar de receber…

Por um escasso espaço de tempo chegou a pensar-se num acordo. Tonico, de cartão em punho, sentia novas esperanças nascendo. Mas tudo ficara naquilo, a disputa cada vez mais acirrada. Jerusa esperou que Mundinho viesse ao baile com que se encerravam as festas, no salão nobre da Intendência. Não se animara a convidá-lo, mas insinuara ao Doutor que a presença de Mundinho seria bem recebida.

O exportador não veio. Chegara-lhe mulher nova da Baía, festejava em casa.

Tudo aquilo se comentava no bar, de tudo aquilo Nacib participava. O serviço de doces e salgados para o baile da Intendência lhe fora encomendado, a menina Jerusa falara mesmo com Gabriela para explicar-lhe o que desejava E ao voltar dissera a Nacib.

 - Sua cozinheira é uma beleza, seu Nacib, e tão simpática… - frase que a fez sagrada para o árabe.

As bebidas foram compradas a Plínio Araçá, o velho Ramiro não queria desagradar a ninguém.

Comentava e participava, porém, sem entusiasmo. Nenhum acontecimento da cidade, sucesso político ou social, nem mesmo a marinete que virara na estrada ferindo quatro pessoas – uma das quais morrera – nada podia arrancá-lo de seu problema. A ideia de casar-se com Gabriela, lançada certa vez por Tonico, displicentemente, fizera seu caminho. Não via outra solução. Ele a amava, era certo. De um amor sem limites, precisando dela como água, da comida, da cama para dormir. E o bar também, não podia passar sem ela.

Toda essa prosperidade – o dinheiro a juntar-se no banco, a roça de cacau a aproximar-se – viria a baixo se ela se fosse.
( Click na imagem da deusa da floresta tomando banho em camisa de noite...)

domingo, agosto 26, 2012


HOJE É 
DOMINGO
(Da minha cidade de Santarém)

Reconheço que interiorizei a crise em que o país vive e tal como um qualquer vírus ele entrou em mim, já não sou o mesmo. Sinto e reajo de maneira diferente embora, pessoalmente, não me deva queixar. É certo que já não conto com os meus subsídios de Férias e de Natal mas já há uns tempos me tinha percebido que eles estavam a mais na minha vida e a menos nas possibilidades do país. Por isso, há muito que os venho guardando…um dia, por este andar, o governo não vai poder pagá-los, temia eu...

Na quarta-feira passada, penúltima do mês, fui, como é hábito, a Lisboa almoçar com os meus colegas de curso – a minha neta chama-lhe o almoço dos velhotes - numa agradável viagem de comboio que a CP me serve por metade do preço atendendo que já passei dos sessenta e cinco anos. Os impostos dos meus concidadãos pagam a outra metade…

A meio da manhã, quando cheguei, a minha cidade natal estava linda e do lado esquerdo da estação dos comboios de Santa Apolónia, estavam atracados enormes e luxuosos paquetes de cruzeiros que já tinham despejado milhares de turistas muitos deles, acredito que a maior parte, visitavam Lisboa pela primeira vez.

O sol estava radioso mas de que valeria se ele não brilhasse naquele céu tão azul, naquela luminosidade ímpar tão rica e cheia de contrastes com o relevo da cidade, o encarnado vivo  dos telhados das casas e as águas verde-azuladas do estuário do Tejo?

Do alto do Parque Eduardo VII, deixando correr a vista por ali abaixo, desfrutava-se a mais linda cidade da Europa. Num primeiro plano, o verde e as flores do jardim ladeadas pelas calçadas que descem até à Rotunda em que o Marquês de Pombal é rei e senhor.

De um lado e do outro colinas, ou não fosse Lisboa a “cidade das sete colinas…”, mas o vale continua pela Av. da Liberdade, Praça dos Restauradores, Rossio, Rua do Ouro e finalmente abre-se, através do Arco da Rua Augusta, para o Largo do Terreiro do Paço, no centro do qual, D. José I, imponente, do alto do seu cavalo aceita a vassalagem que as águas do estuário do Tejo lhe prestam.

O trânsito estava entupido por causa das obras que decorriam na Rua da Ribeira das Naus, disse-me o motorista do táxi. Ainda bem, pensei eu: “haja alguém que dê trabalho mesmo que depois fiquemos pendurados no trânsito.” Noutros tempos teria pensado: “Que chatice, só obras, só obras…”

Chegado ao Rossio cruzei-me com autocarros descapotáveis carregados com turistas dos cruzeiros, cabecinhas loiras ao sol de Lisboa.

Diz Chris, prestes a regressar: “Passámos por Cannes, Barcelona, Málaga e esta é a melhor cidade.” Elogia as nossas muitas Igrejas, o “espírito relaxado das pessoas”, os “taxistas amigáveis” e o nosso vinho do Porto. “Vamos voltar em Dezembro”.

Que bem me sabe ouvir estes comentários. Estamos frágeis, sentimos o risco que o nosso futuro encerra e estas palavras são um alento, um estímulo, uma promessa velada de “estamos convosco”.

Foram 9.500 passageiros em viagem de cruzeiros de luxo que nesse dia nos visitaram e terão deixado cerca de 500.000 euros no comércio lisboeta mas, quase tão importante, foi a sua presença, as suas palavras.

Vivemos “demasiados” anos em segurança, acostumámo-nos a uma estabilidade que julgávamos para sempre mas que afinal apenas existia nos discursos de políticos enganadores e fraudulentos.

Mas esta bela Lisboa faz parte do nosso património perene, não é vendável nem penhorável, está a salvo. Pena, os prédios degradados, as janelas entaipadas, os vidros partidos, as pinturas destruídas e os graffitis de mau gosto. Se um dia mandasse em Lisboa com poderes discricionários proibiria a construção de novos prédios enquanto houvesse um, bastava um, que estivesse degradado porque aquilo que ofende a minha vista como sinal de desleixo e falência colectiva não passa despercebido aos nossos visitantes.

Entretanto, Cascais, a “capital” da linha do Estoril, a mais linda e extensa linha de costa de todo o litoral europeu, ponto de partida para uma visita a Sintra com o seu incomparável palácio e jardins, recebeu o Seven Seas Mariner, o primeiro de 11 cruzeiros de luxo que vêm à baía de Cascais até ao fim de 2013 num projecto vencedor de um concurso de ideias e negócios.

Percorrer a linha de costa de Lisboa a Cascais com um saltinho, mais à frente, à Boca do Inferno, era um dos passeios que em criança a minha família me proporcionava e de que fiquei admirador incondicional para o resto da vida.

(Click na imagem do painel de azulejos do antigo e desavtivado quartel de bombeiros, situado no centro da cidade e que aguarda melhores tempos para receber outro destino. Por enquanto, e desconfio que por muitos anos, vamos-nos revendo no velhinho painel de azulejos) 

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