sábado, setembro 29, 2012

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Jamais, uma simples árvore poderia esconder o rei Sol...


PLAYING FOR CHANGE

Há uma Terra dos Esquecidos. É preciso cantar para eles, lembrar que eles existem e não podem continuar esquecidos

Reflexão Sobre o Islão

(Por Miguel Sousa Tavares)

“…E pela enésima vez, penso nesse insondável mistério da história: porque é que uma derrota militar, (a conquista de Granada aos mouros em 1492 pelos Reis Católicos) e mesmo a retirada para o lado de lá do estreito, foi capaz de significar a morte de uma civilização tão brilhante quanto a civilização árabe da Península?  

Para onde foram os geógrafos, os cartógrafos, os físicos, os astrónomos, os matemáticos, os arquitectos, os construtores de jardins que fizeram o apogeu do Al -Andaluz?

Que imensa nostalgia ou letargia pode justificar um tão grande sono de mais de quinhentos anos, durante os quais podemos contar pelos dedos de uma mão os árabes que deram um contributo ao avanço da ciência, da arte, da civilização humana?

A verdade é que, no mesmo ano da conquista de Granada, os Reis Católicos lançaram-se na aventura das Índias e, meia dúzia de anos depois, os portugueses lançaram-se à descoberta do Brasil e da rota marítima para a Índia. E esse foi apenas o começo de uma civilização que, desde então, não parou de avançar e de descobrir coisas novas, desde vacinas e tratamento de doenças até à lua e ao espaço, da construção de cidades e países inventados no outro extremo do mundo até aos computadores e às telecomunicações instantâneas.

E o que fez o mundo árabe durante todos estes séculos? Descobriu que tinha petróleo…

Penso nisso agora, também ao ouvir as notícias de que, mais acima, em Barcelona, a polícia desmantelou uma rede terrorista da Al-Qaeda que se preparava para fazer atentados suicidas no Metro de Barcelona. Uma dúzia de paquistaneses tinha atravessado meio mundo para virem matar inocentes, homens, mulheres, crianças, cujo único crime é o de não se guiarem pelos mandamentos do Profeta. Que sentido faz isso, que legitimidade pode haver no terrorismo islâmico?

Como é que um livro sagrado, escrito há mil e quatrocentos anos, pode servir para legitimar a cobardia e a loucura terroristas?

Como é que povos regra geral tão miseráveis, em estado de desenvolvimento económico e cultural tão lastimável, podem ter como desígnio primeiro lançar bombas bombardear as nossas cidades, fazer explodir os nossos transportes, ensinar às sua crianças nas madrassas o ódio e o resgate divino pelo terror, em lugar de se ocuparem em formar médicos, cientistas, poetas, dar às mulheres condições de dignidade humana, construírem cidades habitáveis com um mínimo de dignidade, dotarem-se de sistemas políticos em que o poder é escolhido pelos cidadãos e não usurpado por uma casta teocrática de barbudos que odeiam a vida e tudo o que representa o progresso e a harmonia que os seus antepassados celebraram no Al- Andaluz?

Podemos, se isso ainda fizer algum sentido para eles, pedir desculpa pelas Cruzadas - que foi um momento de barbárie e estupidez, como são sempre os actos ditados pelo extremismo religioso. Podemos pedir desculpa pela Palestina, pelos campos de refugiados de Gaza, por essa absurda invenção que foi a criação do Estado de Israel nos territórios há séculos habitados por palestinianos. Podemos e devemos pedir desculpa por coisas tão idiotas como a invasão e a ocupação do Iraque, decidida por meia dúzia de políticos mentirosos e ignorantes.

 Podemos pedir desculpa por este capitalismo globalizado que transforma uma crise financeira provocada pela ganância de alguns banqueiros americanos numa crise económica mundial que vai sobretudo atingir povos que tentam sair do subdesenvolvimento à custa de imenso trabalho e sacrifícios.

Mas teremos, também, de pedir desculpa pela queda de Granada em 1492? Teremos de pedir desculpa por termos feito a Revolução Francesa e a Declaração Universal dos Direitos do Homem?

Por termos separado o Estado e a Igreja, por termos abandonado o espírito das Cruzadas e da luta contra “o infiel”, por tratarmos as nossas mulheres em igualdade com os homens, ou por termos padrões de comportamento sociais e culturais que são diferentes mas que respeitam também a diferença do outro?

Teremos de regredir à Idade Média para que os guardiães do Islão deixem de nos querer ver mortos e aniquilados?

Nos jardins árabes de Córdoba, nos pátios e muros do Alhambra, há uma promessa de eternidade que não foi cumprida pelos descendentes dos seus construtores.

Onde estão hoje os Jardins Suspensos da Babilónia? Onde está a harmonia, o equilíbrio, a homenagem à vida que o Islão espalhou por toda a Andaluzia? Como é que deixaram que o Corão se transformasse num Código Penal irracional e num catálogo para terroristas? “Tu não verás nenhuma intervenção na obra do Senhor”- qual é a obra do Senhor no 11 de Setembro em Manhattan, ou no 11 de Fevereiro em Madrid, na estação de Atocha?

E tudo isto para quê? Para reclamar uma pífia vitória: trazem-nos cativos das suas ameaças, transtornar a nossa vida quotidiana à escala global, fazer do mundo outrora livre um mundo cada vez mais vigiado e policiado e fazer com que cada vez mais pessoas em todo o mundo associem o Islão à ideia de terrorismo e fanatismo? Não haverá ninguém, nenhuma voz autorizada e lúcida, no mundo islâmico que se dê conta de que o Islão se vem destruindo a si mesmo?

Na verdade, todas estas interrogações vão assumindo cada vez maiores proporções no espírito de todos nós, incluindo os árabes espalhados por todo o mundo, porque esta voragem assassina e irracional, não serve os interesses de ninguém para além dos fanáticos líderes do movimento que perante as mortes e o terror que provocam devem sentir um prazer mórbido só possível em mentes doentias.

Em termos históricos é comum que impérios nasçam e depois de séculos de domínio desapareçam como potências dominantes deixando atrás de si os rastos da sua cultura disseminada nos povos que dominaram…o que é perfeitamente inédito é que alguém pretenda fazer renascer um império muitos séculos depois através de um processo de morte, terror e obediência cega em nome de um Deus e de um texto escrito há mil e quatrocentos anos.

Todas as religiões, em especial as monoteístas, encerram perigos porque, ao contrário do que se possa pensar, as pessoas, procurando pela adoração de um Deus ficar mais fortes, tornam-se dependentes e portanto mais frágeis e, acima de tudo, manipuláveis e obedientes e por isso perigosas.

A liberdade fica coarctada e condicionada, criam-se cisões de graves consequências entre os seguidores de várias religiões e dentro de cada uma delas entre as diferentes facções, a capacidade altruística fica grandemente prejudicada pois uma coisa é agradarmos a nós próprios e outra é agradar a um deus qualquer e ainda mais com uma expectativa de retorno o que prejudica a sinceridade e genuinidade dos comportamentos.

O Império Árabe iniciou-se a partir da religião islâmica fundada pelo profeta Maomé sendo que, antes dele, a Arábia era composta por povos semitas que viviam em tribos falando a mesma língua mas com diferentes estilos de vida e de crenças.

Após a morte do Profeta em 632 a Arábia foi unificada por força da doutrina religiosa islamita e iniciada a expansão do Império Árabe em obediência ao livro sagrado do Alcorão cujos seguidores acreditavam que deveriam converter todos ao Islamismo através da Guerra Santa e, firmes nesta crença, expandiram a sua religião ao Iémen, Síria, Omã, Egipto, Palestina, grande parte da Península Ibérica até que em 732 foram travados pelos Francos, Carlos Martel na batalha de Poitiers, que barraram a sua expansão pelo norte da Europa e a partir daqui foram progressivamente perdendo parte do seu poder e força.

Durante o período das conquistas, ampliaram o seu conhecimento através da absorção da cultura de outros povos, levando-os adiante a cada nova conquista. Foram eles que espalharam pela Europa grandes nomes como Aristóteles e outros da antiguidade grega. Fizeram importantes avanços e descobertas médicas e científicas que contribuíram para o desenvolvimento do mundo ocidental. No campo cultural, artístico e literário deixaram igualmente grandes contribuições.

Mil e seiscentos anos depois os terroristas da Al-Qaeda, talvez saudosos de todo este esplendor e importância, resolveram retomar a Guerra Santa contra os ocidentais e todos aqueles, mesmo do seu próprio povo, que não alinhe com os seus objectivos e métodos bombistas e hoje já ninguém tem dúvidas que estamos mesmo envolvidos numa guerra que nos é movida pelo terrorismo islâmico que, na nossa opinião está destruindo o próprio Islão.

O clima que se instalou é de medo, um medo legítimo perante esta erupção global de ódio islâmico infelizmente alimentado pela política desastrosa dos Estados Unidos com a invasão do Iraque.

Sem dúvida que há muito a rever nas relações entre a Europa/ Estados Unidos e os países árabes que podem, pelo menos, deixarem de constituir mais achas para a fogueira mas, a partir de agora, e tendo a situação chegado ao que chegou, é o próprio mundo árabe moderado, nas pessoas dos seus chefes políticos e religiosos, que tem de intervir com determinação neste problema pois o futuro que lhes está reservado é de um retrocesso a todos os níveis que sendo igualmente mau para nós será ainda bem pior para eles.

O reverendo Fred Line, australiano, que pediu uma moratória à imigração islâmica e a realização de estudos para verificar se o Islão é ou não violento, recebeu várias ameaças de morte. O quê? O Islão é violento? Repetes isso e és um homem morto!!! ...


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 205

Homem de ideias e de iniciativas, Aristóteles atirou-se à tarefa de fazer prosperar Itabuna. Limpou-a de jagunços, calçou as ruas centrais. Não se preocupava muito com praças e jardins, não se dedicava a embelezar a cidade. Em compensação, dera-lhe boa iluminação, óptimo serviço de esgotos, abrira estradas a ligá-la com povoados, trouxera técnicos para a poda do cacau, fundara uma cooperativa de produtores, dera facilidades para incrementar o comércio, olhava pelos distritos, fizera da jovem urbe o ponto de convergência de todo um vasto interior até ao sertão.

Mundinho foi encontrá-lo na Intendência, a estudar os planos de uma nova ponte sobre o rio, ligando as duas partes da cidade. Parecia esperar o exportador, mandou trazer café.

 - Vim aqui, coronel, lhe dar meus parabéns por sua cidade. Seu trabalho é extraordinário. E conversar política. Como não gosto de ser indiscreto, caso a conversa não lhe interessa, diga-me logo. Os parabéns já lhe dei.

 - E porque não, seu Mundinho? Política é a minha cachaça. Veja o senhor: senão fosse a política, eu seria homem rico. Só tenho feito gastar com política. Não me queixo, gosto disso. É minha fraqueza. Não tenho filhos, não jogo, não bebo… Mulheres, bem, uma vez ou outra mijo fora do caco… – Ria seu riso simpático. – Só que política para mim quer dizer administrar. P'ra outros é negócio e prestígio. P'ra mim não, pode crer.

 - Acredito perfeitamente. Itabuna é a melhor prova.

 - O que me dá satisfação é ver Itabuna crescer. Vamos passar Ilhéus, seu Mundinho, um dias desses. Não digo a cidade, Ilhéus é porto. Mas o município. Lá é bom pra viver, aqui pra trabalhar.

 - Todo o mundo falou-me bem do senhor. Todos o respeitam e estimam. Oposição não existe.

 - Não é tanto assim. Tem uma meia dúzia… Se o senhor procurar bem, encontra uns sujeitos que não gostam de mim. Só que não dizem o porquê. Andam aí atrás do senhor. Não lhe procuraram ainda?

 - Procuraram, sim. Sabe o que lhes disse? Quem quiser votar em mim, que vote, mas não vou servir de ponto de apoio para o combate ao coronel Aristóteles. Itabuna está bem servida.

 - Eu soube… Soube logo… E lhe agradeço. – Riu novamente para Mundinho, sua cara larga, acaboclada, irradiava cordialidade. – Por meu lado, tenho acompanhado a actuação do senhor. E aplaudido. Quando terminam as obras da barra?

 - Uns meses ainda e teremos exportação directa. Os trabalhos estão andando o mais depressa possível. Mas há muito que fazer.

 - Essa história da barra tem dado que falar. É capaz de eleger o senhor. Andei estudando o assunto e vou-lhe dizer uma coisa. A verdadeira solução é o porto no Malhado, não é abrir a barra. Pode dragar quanto quiser, a areia volta de novo. O que vai resolver é a construção de um novo porto em Ilhéus, no Malhado.

Se esperava que Mundinho discutisse, enganou-se.

 - Sei disso perfeitamente. A solução definitiva é o porto do Malhado. Mas o senhor acha que o governo está disposto a construí-lo?
(Click na imagem e retirem a jovem do chão da calçada... por favor!)

sexta-feira, setembro 28, 2012

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Curioso... que estará aquele casal ali a fazer: à espera da chuva?... em provocação ao amarelo dos girassóis com o encarnado do seu guarda-chuva?... ou simplesmente vão a passar?...


Vamos descontrair com uma entrevista truncada ao 1º Ministro de Portugal... mas podia ser a outros por essa Europa fora.


A CULPA


A culpa é do pólen dos pinheiros
Dos juízes, padres e mineiros
Dos turistas que vagueiam nas ruas
Das 'strippers' que nunca se põem nuas
Da encefalopatia espongiforme bovina
Do Júlio de Matos, do João e da Catarina
A culpa é dos frangos que têm HN1
E dos pobres que já não têm nenhum
A culpa é das prostitutas que não pagam impostos
Que deviam ser pagos também pelos mortos
A culpa é dos reformados e desempregados
Cambada de malandros feios, excomungados,
A culpa é dos que têm uma vida sã
E da ociosa Eva que comeu a maçã.
A culpa é do Eusébio, que já não joga a bola,
E daqueles que não batem bem da tola.
A culpa é dos putos da casa Pia
Que mentem de noite e de dia.
A culpa é dos traidores que emigram
E dos patriotas que ficam e mendigam.
A culpa é do Partido Social Democrata
E de todos aqueles que usam gravata.
A culpa é do BE, do CDS e do PCP
E dos que não querem o TGV
A culpa até pode ser do urso que hiberna
Mas não será nunca de quem governa.


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 204


Mundinho constatou a verdade da afirmação, apesar de ser muito bem recebido na cidade vizinha. Várias pessoas foram à estação no dia anunciado para a sua chegada e levaram um blefe. Mundinho veio pela rodagem, em seu novo automóvel, um sensacional carro preto que enchia as janelas de curiosos ao passar nas ruas.

Seus fregueses festejaram-no com almoços e jantares, levaram-no a passeios, ao cabaré, ao Clube Grapiúna, até às Igrejas. Só que não lhe falavam de política. Quando Mundinho lhes expunha o seu programa, concordavam inteiramente:

 - Não fosse estar comprometido com Aristóteles e meu voto era para o senhor.

O diabo é que estavam todos comprometidos com Aristóteles. No dia seguinte de sua estada, o coronel Aristóteles passou no hotel para visitá-lo. Mundinho não estava, ele deixou uma palavra amável com um convite para o exportador vir tomar café na Intendência. Mundinho decidiu aceitar.

Era o coronel Aristóteles Pires um homenzarrão acaboclado, picado da varíola, de riso fácil e comunicativo. Fazendeiro de recursos médios, colhendo suas mil e quinhentas arroubas, sua autoridade era indiscutível em Itabuna.

Nascera para administrar, tinha no sangue o gosto pela política. Jamais, desde que fora nomeado subdelegado, ninguém pensara em disputar-lhe a chefia, nem mesmo os grandes fazendeiros do município.

Começara ao lado dos Badarós, mas soube perceber, antes que ninguém, o declínio político do antigo senhor derrotado nas lutas pelas matas de Sequeiro Grande.

Deixou-os quando ainda era feio abandoná-los. Mesmo assim quiseram matá-lo, escapou por um fio. O tiro pegou num cabra que o acompanhava. Os Bastos, agradecidos, fizeram-no subdelegado da então Tabocas, vilarejo nas proximidades das roças de Aristóteles. E em pouco tempo o povoado miserável começou a transformar-se numa cidade.

Alguns anos depois levantou ele a bandeira da separação do distrito de Tabocas, desligando-o de Ilhéus, e transformando-o no município de Itabuna. Em torno dessa ideia juntou-se todo o povo. O coronel Ramiro Bastos enfureceu-se. Naquela ocasião quase se deu o rompimento entre os dois.

Quem era Aristóteles, exaltava-se Ramiro, para querer amputar Ilhéus, roubar-lhe um pedaço enorme? Aristóteles, fazendo-se humilde e mais devotado que nunca, tratou de convencê-lo. O Governador de então lhe havia dito, na Baía, que só faria aprovar o projecto se ele obtivesse o consentimento de Ramiro.

Foi difícil, teve de solicitar, mas obteve. Que perdia Ramiro – perguntava ele. A formação do novo município era inevitável, viria quisessem ou não. O coronel podia adiá-la não impedi-la.

Porque Ramiro, em vez de combater a ideia, não surgia como seu patrono? Ele, Aristóteles, não pretendia, fosse subdelegado ou intendente, senão apoiar Ramiro. Esse em vez de chefe de um município, mandaria em dois, essa a única diferença.

Ramiro deixou finalmente convencer-se e compareceu às festas de instalação da novel intendência. Aristóteles cumpriu o prometido: continuou a apoiá-lo, apesar de guardar um secreto amargor das humilhações que o coronel o fizera passar. Aliás, Ramiro continuava a tratá-lo como se ele fosse ainda o jovem subdelegado de Tabocas.
(Click na imagem mas com sensibilidade... é evidente que a jovem teve uma noite atribulada e ainda não está refeita)


ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS Nº 73 SOBRE O TEMA: 
“QUEM ERA CONSTANTINO”




RAQUEL - Emissoras Latinas continua na antiga Cesaréia de Filipe. Nosso departamento de imprensa elaborou um identikit, um retrato falado do fundador da Igreja, o imperador romano Constantino. Junto connosco, como nas jornadas anteriores, Jesus Cristo.

JESUS - Tenho muita curiosidade por saber mais sobre esse Constantino. Parece-me que é um lobo em pele de ovelha.

RAQUEL -  Pelos dados, parece um lobo com pele de lobo. Vejamos. Constantino. Personagem cruel e sanguinário. Massacrou populações inteiras em toda Europa. No circo romano mandava destroçar seus inimigos por feras famintas. Degolou seu filho Crispo. Assassinou o seu sogro. Matou também o seu cunhado. Fez ferver viva a sua esposa Fausta. Continuo?

JESUS - E essa cobra, pior que Herodes, fundou a Igreja?

RAQUEL - Estamos novamente em conexão com nosso assessor Pepe Rodríguez. No programa anterior, o senhor nos falou de um pacto entre Constantino e alguns bispos.

PEPE - Assim foi. E por esse pacto, o cristianismo, que tinha sido a religião dos oprimidos, se converteu na religião de Estado, religião única e oficial do império romano. Constantino presenteou grandes propriedades de terra à Igreja, ordenou a construção de luxuosos templos financiados com dinheiro público. E três séculos depois de Jesus Cristo, exactamente no ano 325, convocou o tristemente célebre Concílio de Nicéia.

RAQUEL -  Mas os Concílios não são os Papas que convocam?

PEPE -  Este foi o imperador que o convocou. Por certo, o bispo de Roma, que andava brigando com ele, nem sequer foi convidado.

RAQUEL - O que pretendia Constantino com esse Concílio?

PEPE - Controlar a Igreja e colocá-la a seu serviço. Um só império, o romano. Uma só igreja, a romana. Um só Deus, o que impôs Constantino.

RAQUEL -  Por que você diz isso, Pepe?

PEPE -  Porque nesse Concílio, Constantino definiu quem era o senhor, Jesus Cristo.

JESUS - Quem era eu?

PEPE - Sim, em Nicéia aprovaram a consubstancialidade do senhor com o Pai, o famoso dogma da Santíssima Trindade. O Credo que ainda hoje é rezado nas igrejas não foi inspirado pelo Espírito Santo, quem o formulou foi Constantino.

JESUS – Lembras-te, Raquel, de tudo o que conversamos nos dias anteriores? Eu te disse: Não tenho nada a ver com isso.

RAQUEL - E esse Credo foi aprovado pelos bispos?

PEPE - Na realidade, ninguém aprovou nada porque Constantino tinha a primeira e a última palavra em tudo. Ele declarou que todas as igrejas que não obedecessem à de Roma eram hereges. Ele autorizou a perseguição e até a morte a quem não aceitasse as decisões do Concílio de Nicéia. De perseguida, a Igreja se converteu em perseguidora.

RAQUEL - E os bispos não reagiram?

PEPE - Alguns, sim. Mas foram exilados. Outros, envenenados. O Concílio terminou com um grande banquete oferecido por Constantino em honra dos bispos assistentes. Receberam presentes do imperador e cargos públicos com bons salários provenientes do tesouro imperial.

JESUS - Isso que o senhor nos conta é uma abominação.

PEPE -  Por isso lhe dizia que Constantino foi quem assassinou o senhor, Jesus Cristo. Em Nicéia, enterraram a sua mensagem e nasceu a Santa Madre Igreja, Católica, Apostólica e Romana. Sobretudo, Romana.

RAQUEL - Mais alguma informação?

PEPE - Completo seu identikit dizendo que em vida, Constantino se fez chamar “pontífice máximo”, “caudilho amado de Deus”, “vigário de Cristo”. Na sua morte mandou que o enterrassem como o apóstolo número 13.

RAQUEL -  Obrigada, Pepe. É o suficiente por hoje.

JESUS - Sim, suficiente. A cada dia lhe basta sua aflição.

RAQUEL - Raquel Pérez, Emissoras Latinas, Cesaréia de Filipe.

quinta-feira, setembro 27, 2012

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Os meus amigos estão a imaginar uma longa avenida em que jacarandás com dimensões apropriadas alternassem com outras árvores de idêntica dimensão com folhas de um verde carregado?


Playing For Change - Canção da Redenção

Este vídeo é uma versão de Redemption Song realizada em todo o mundo em homenagem ao aniversário do falecimento de  Bob Marley. Com esta canção temos a intenção de seguir em frente com amor nos corações e esperança no olhar. 


O GORILA

Dois amigos encontram-se.

- Então, pá, como estás, pareces acabrunhado…

- É verdade, não ando nada bem…

- Mas que se passa, conta lá.

- São problemas pessoais, íntimos…

- Desabafa, pá, sempre fomos amigos.

- Sabes daquele passeio que no ano passado fiz a África, não sabes?

-  Sim, sim, lembro-me, tu falaste-me nisso.

- Pois bem, nessa viagem, nós estávamos na selva, o calor era mais que muito e passava por ali um rio. Eu despi-me todo para me refrescar dentro da água e quando me virei de costas para entrar na água veio um gorila enorme, preto e cabeludo, que me agarrou por trás com os seus braços fortes e vigorosos e violou-me.

- É pá, realmente tens razão, isso foi muito chato mas... alguém viu?

- Não, estávamos sozinhos, apenas eu e ele…

- Ora bem, se ninguém viu e como o gorila não fala…

- Pois é... esse é o problema, ele não fala, não me escreve, não me telefona, não me diz absolutamente nada…


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 203


 - E é homem leal – Ramiro aprendera nos tempos a apreciar o valor da lealdade.

 - Ainda assim pode perder.

 - É preciso ganhar. E ganhar aqui em Ilhéus. Não quero recorrer ao Governador para degolar ninguém. Quero ganhar! – Chegava a parecer uma criança obstinada a reclamar um brinquedo. – Sou capaz de largar tudo se tiver de me manter à custa de prestígio alheio.

 - Compadre tem razão – falou Amâncio – Mas para isso é preciso assustar um bocado de gente. Soltar uns cabras na cidade.

 - Tudo o que for preciso, menos perder nas urnas.

Estudavam os nomes para o Conselho Municipal. Tradicionalmente, a oposição elegia um conselheiro. Tradicionalmente também era sempre o velho Honorato, oposicionista só de nome, devendo obséquios a Ramiro. Chegava a ser mais governista que todos os seus colegas.

Desta vez nem puseram o nome dele na chapa.

 - O Doutor se elege. É quase certo.

 - Deixa ele se eleger. É homem de valor. E sozinho, que oposição pode fazer.

O coronel Ramiro tinha um fraco pelo Doutor. Admirava seu saber, o conhecimento que tinha da história de Ilhéus, gostava de ouvi-lo falar do passado, contar as trapalhadas dos Ávilas. Daria lustre ao Conselho, terminaria votando com os outros como o Doutor Honorato.

Mesmo naquela hora, de cálculos eleitorais nem sempre optimistas, quando a sombra da derrota se desenhava na sala, Ramiro era o grão-senhor, magnífico, a deixar generoso uma cadeira para a oposição e a designar o mais nobre dos adversários para ocupá-la.

Quanto à vitória, Amâncio prometia.

 - Deixe estar, compadre Ramiro, vou me ocupar. Enquanto Deus me der vida, ninguém vai-se rir de meu compadre nas ruas de Ilhéus. Ter o gosto de ganhar eleição contra ele, isso não. Deixe ficar com a gente, comigo e com Melk.

Enquanto isso, naquele tórrido Verão, os amigos de Mundinho movimentavam-se. Ribeirinho não esquentava lugar, ia de distrito em distrito, propunha-se viajar toda a região. O Capitão também fora a Itabuna, a Pirangi, a Água Preta. Ao voltar aconselhou Mundinho a ir sem tardança a Itabuna.

 - Em Itabuna nem cego vota na gente.

 - Porquê?

 - Você já viu falar em governo com popularidade? Pois existe: o do coronel Aristóteles em Itabuna. O homem tem todo o mundo na mão, desde os fazendeiros até aos mendigos.
Click na imagem: alguém viu por aí estes olhos?)


ENTREVISTA FICCIONADA
COM JESUS Nº 72 SOBRE O TEMA:
“QUEM FUNDOU A IGREJA?




RAQUEL - Continuamos em Banias, onde nos tempos de Jesus era Cesaréia de Filipe. As ligações insistentes de nossa audiência alarmada impediram-nos de abandonar o lugar. Senhor Jesus Cristo?

JESUS - Sim, Raquel?

RAQUEL - Eu vejo que o senhor é uma pessoa simples, que não se dá muita importância. A melhor prova é que Emissoras Latinas conseguiu a exclusividade sem pagar direitos. Apesar disso, uma igreja que diz representá-lo, refiro-me especialmente à Igreja Católica, é grandiosa, faustosa. Palácios, terras, meios de comunicação, bancos... um império.

JESUS - Como já te disse, eu não tenho parte nisso. Anunciei o Reino de Deus, mas estou vendo que o que veio foi a Igreja.

RAQUEL - E aí vem minha pergunta. Como pode vir “isso”? Como de um humilde camponês como o senhor surgiu algo tão monumental? Talvez a força do Espírito Santo?

JESUSPor que não pergunta a esse Pepe que ligou no outro dia? É homónimo do meu pai e sabia bastante disto.

RAQUEL - Vamos ver, um momento… Pepe Rodríguez? Sim, é das Emissoras Latinas novamente. Ficamos com muitas interrogações. Se me permite, vou usar hoje com o senhor as clássicas perguntas jornalísticas.

PEPE -  Pode continuar.

RAQUEL - Se Jesus Cristo não fundou a Igreja, quem a fundou?

PEPE -  O imperador romano Constantino.

RAQUEL - Quando a fundou?

PEPE -  No século quarto, ano 325.

RAQUEL -  E onde a fundou?

PEPE - Em sua casa, na sua residência de Nicéia, a leste de Constantinopla.

JESUS - Deixe-me perguntar agora, Raquel... Diga-me, senhor Pepe, como esse Constantino fez para levantar tal igreja?

PEPE -  Com a sua morte, senhor Jesus Cristo, nasceram algumas comunidades. Como o senhor tinha dito que o mundo ia acabar logo, venderam tudo o que tinham, o repartiram entre os pobres e se dispuseram a esperar. Compartilhavam tudo, tinham um só coração e uma só alma.

JESUS - Se fizeram isso, entenderam o Reino de Deus.

PEPE - Sim, mas como o Reino de Deus se atrasou tanto, tiveram que organizar a vida. É uma longa história. A comunidade de Jerusalém desapareceu quando Roma queimou o Templo. O cristianismo foi-se estendendo pelo império romano. Esse império, que o senhor conheceu, perseguia os cristãos.

JESUS - Como perseguiram a mim…

PEPE -  Até aí, mais ou menos, tudo ia bem.

JESUS - E o que aconteceu, em que momento a vaca foi pró brejo?

PEPE - O império romano se debilitava. Quando Constantino tomou o comando, apesar dele não ser cristão, inventou que tinha visto no céu o sinal da cruz e que tinha ganho o trono graças ao senhor.

JESUS - Graças a mim?

PEPE - Sim. E disse também que queria converter-se ao cristianismo.

JESUS - E se converteu?

PEPE -  Constantino era um camaleão. Percebeu que o poder de Roma estava-se desmoronando e precisava de uma ideologia para mantê-lo. Para isso servia-lhe a religião cristã, estendida já por todo o império.

JESUS -  E o que fez esse homem , conte-me?

PEPE -  Um pacto. Chamou os bispos principais e disse-lhes: - Se os senhores me obedecerem, ninguém os perseguirá. Declarem que os assassinos de Jesus foram os judeus e não os romanos, e eu declararei o cristianismo como religião oficial.

JESUS - Mas, como? Se quem me condenou à morte foi um romano, Pôncio Pilatos…

PEPE - Está enganado, não foi Pôncio Pilatos. Quem assassinou o senhor foi Constantino.

JESUS - Constantino?

PEPE -  Sim, Constantino. Foi esse quem o matou.

JESUS - Continue, continue...

RAQUEL - Não, não continue, porque acabaram todos os créditos do celular. Em breve o chamo novamente, Pepe. Não percam esta história, amigas e amigos de Emissoras Latinas. Não percam a sintonia. Raquel Pérez, de Banias, antiga Cesaréia de Filipe.

quarta-feira, setembro 26, 2012


TRINTA E SETE
ANOS DEPOIS…



Setembro de 1975. Três anos depois de ter chegado à cidade da Beira, em Moçambique, onde trabalhei como funcionário Público, na Inspecção de Crédito e Seguros, saía à fronteira de Untali, pela estrada de Manica e entrava na antiga Rodésia do Norte, hoje Zimbabué. Tinha dito a todos os meus amigos e colegas de trabalho que ia apenas a uma consulta médica e regressava à noite. Na sala, a mesa ficou posta para o jantar, na mala, nem um par de calças ou uma gravata a mais não fosse levantar suspeitas ao camarada da fronteira acusando-me de que ia fugir.

Na realidade, apanhei mesmo um avião para Joanesburgo com rota por Milão e fim de viagem em Lisboa… e nunca mais regressei. A minha casa, acabada de montar, o meu emprego, o meu carro, as minhas coisas, os meus amigos, tudo ficava para trás, apenas a roupa que levava no corpo e um cheque escondido para as despesas da viagem.

Tinha terminado a minha experiencia de vida em Moçambique. O futuro dos portugueses que lá ficaram e dos moçambicanos recém chegados à independência, não iria ser risonho. A uns esperava-os um regresso atribulado, como o meu, precedido de humilhações e provocações, aos outros, a guerra civil com tudo o que ela significa de mortes, perseguições, fome, dificuldades de toda o género.

Podia ter regressado em situação bem diferente, com todas as condições, mas uns meses antes da independência, em 25 de Junho de 1975, em cuja festa colaborei, tinha resolvido ficar mais uns tempos e fiz um contrato com o Governo de Transição para continuar por mais 2 anos.

Gostava da cidade, do continente africano, das pessoas, do meu trabalho, da minha casa, dos meus amigos e partilhava com os moçambicanos a alegria do acesso à independência.

Porque não continuar?

 Percebi, um pouco tarde, que a independência iria libertar forças retidas durante o período de transição e que ódios e rivalidades tribais, interesses afectados e ambições pessoais, iriam deflagrar logo após a independência.

Os sinais preocupantes começaram de imediato: prisões arbitrárias de amigos meus, boatos, ameaças, camaradas anónimos do partido da Frelimo, do exército, do governo, todos investidos de autoridade incontestável, reivindicavam o poder de mandar e o povo, sedento de vingançazinhas, estendia-nos o cabo da catana e convidava-nos de forma imperativa: “ó camarada vem capinar c’a gente!”… tudo próprio de um clima revolucionário…

Ian Smith, da vizinha Rodésia do Norte, de imediato começou a apoiar os descontentes, amigos meus viriam a pegar em armas e a integrar milícias que operavam do exterior e toda aquela região mergulharia numa guerra civil liderada pela Renamo, partido da oposição à Frelimo, primeiro com o apoio da Rodésia, mais tarde, com a independência desta, da África do Sul.

Assim, durante muitos anos, o povo moçambicano, depois de fazer a guerra contra os portugueses colonialistas, continuou a combater entre si, numa guerra fratricida, até 1992.

Mas aquela guerra não era minha. Não era colonialista nem moçambicano, aquele país não era o meu, o meu lugar não era ali, apenas estava no local errado, no momento errado, paguei isso com todos os meus bens… mas lamentei sinceramente aquele desfecho, não só por mim, mas também porque arrastou pessoas que eram boas, minhas amigas e cujo relacionamento connosco era fraternal.

 À saída da fronteira, naquela manhã de fins de Setembro de 1975, fazem agora 37 anos, eu virava uma página da minha vida. Para trás ficava uma sociedade que se afirmava como um país, que se tinha unido por uma boa causa, mas que agora se iria desunir na luta pelo poder.

Pessoalmente, reconstruí a minha vida, o estado voltou a dar-me emprego no início de 1977, montei mais casas para viver que a vida está sempre a dar voltas… e agora procuro paz e harmonia nos anos que me restam.

De Moçambique e da Beira fiz um esforço para esquecer as últimas semanas para recordar apenas com saudade e ternura, aquele continente, aquela natureza, aquelas pessoas… ah! e os jacarandás em flor, a última imagem que gravei na minha memória daquela avenida em Untali, chamada de Mutare depois da independência.
(Click para aumentar a imagem da avenida de jacarandás em Untali))


ENTREVISTA FICCIONADA COM
JESUS Nº 7 1 SOBRE O TEMA:
 “SOBRE A PEDRA DE PEDRO”



RAQUEL -  Emissoras Latinas viaja hoje ao norte do país, a Banias, onde foi Cesaréia de Filipe, ao pé do Monte Hermón. Connosco, está Jesus Cristo, que reconhecerá o lugar porque esteve aqui com seus discípulos.

JESUS - Sim, viemos uma vez.

RAQUEL - E foi aqui, precisamente aqui, neste cenário grandioso, onde o senhor pronunciou uma das palavras mais decisivas na história das religiões.

JESUS - Sim?... O que eu me lembro é que Tiago, Pedro e João, como sempre, andavam discutindo sobre quando chegaria o Messias e quem deles se sentaria a sua direita.

RAQUEL -  E foi então quando o senhor elegeu Pedro, lhe deu o primado, o fez o primeiro Papa da história.

JESUS - Que eu me recordo, não dei nada pra ninguém...

RAQUEL - Vou refrescar a sua memória: “tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei minha igreja”. Lembra - se?

JESUS -É que eu não posso lembrar-me porque...

RAQUEL -  Por quê?

JESUS - Porque eu não edifiquei nenhuma igreja. Nem sequer utilizei nunca essa palavra, igreja.

RAQUEL - Deve haver um erro, porque o senhor até entregou as chaves.

JESUS - Que chaves?

RAQUEL - As que entregou a Pedro nesse dia. Para abrir e fechar. Todo o poder foi dado a Pedro. Poder de atar e desatar no céu e na terra.

JESUS - Não quero te decepcionar, Raquel, mas...

RAQUEL -  O senhor não fundou a Igreja?

JESUS - Com toda a certeza não. Entre outras coisas, porque eu pensava que o mundo ia acabar logo, que Deus estava para chegar. Para que ia dar chaves? Para que ia eu fundar uma igreja?

RAQUEL - Mas o mundo não acabou.

JESUS - Sim, aceito, enganei – me sobre isso.

RAQUEL - Mas não se pode ter enganado na nomeação de seu sucessor, Pedro, a Rocha. “As portas do inferno não prevaleceram contra ela”. Aqui a tenho, Mateus capítulo 16. Um momento. Temos um telefonema… Sim?... O pesquisador Pepe Rodríguez da Espanha? Quer opinar? Vá em frente...

PEPE - Estou ouvindo o programa e a interrompo para dizer que Jesus Cristo tem razão. Ele nunca disse essas palavras.

RAQUEL - Nunca disse: “Tu és Pedro e sobre esta pedra...”?

PEPE - Se você notar, essa frase só aparece no evangelho de Mateus. Se fosse tão importante acha Marcos, Lucas e João a teriam esquecido?

RAQUEL -  O que é que está insinuando, Pepe?

PEPE - É um texto enxertado posteriormente.

JESUS - Pergunte a ele por que foi enxertado.

RAQUEL -  Jesus Cristo perguntou por que lhe fizeram dizer o que ele nunca disse.

PEPE – Incluíram - no uns anos antes do famoso Concílio de Nicéia e fizeram-no para colocar a igreja de Roma por cima de todas as demais igrejas cristãs, a de Antioquia, a de Alexandria, a de Constantinopla e a de Jerusalém.

JESUS – Assim, atribuíram a mim as palavras de outros? A única pedra, a única Rocha, como disse o salmo que eu recito desde menino, é Deus próprio.

RAQUEL - Obrigada, Pepe Rodríguez. Poderíamos ligar-te mais pra frente para outras consultas?

PEPE - Com maior prazer. Meus cumprimentos a Jesus Cristo.

RAQUEL -  Até a próxima, Pepe. Definitivamente, Jesus Cristo, nossa audiência quer saber o que foi o que o senhor disse quando o senhor esteve aqui na Cesaréia.

JESUS - O que dizia em toda a parte, Raquel: que ninguém vale mais que ninguém. E se alguém se acha o maior, que se ponha a servir.

RAQUEL - Vamos a um corte mas, como compreenderão, isto não fica por aqui. Com chaves ou sem chaves, ainda há muitas portas que teremos que abrir. Raquel Pérez da antiga Cesaréia de Filipe.


GABRIELA
CRAVO
E
CANELA

Episódio Nº 202


Seu nome continuava citado como exemplo de bondade e dedicação. Não só beneficiava-se o Capitão dessa a cercar a memória do pai, como era ele próprio muito simpatizado.

Nascido em Ilhéus, tendo morado nos grandes centros, tinha cheiro de civilização, orador aplaudido gozava de grande popularidade. De Cazuzinha lhe ficara o amor aos gestos românticos e heróicos.

 - Candidatura perigosa… – confessava Tonico.

 - É um homem amigueiro e bem visto – concordava Melk.

 - Depende de quem seja o nosso candidato.

Ramiro Bastos propunha o nome de Melk, não era ele já presidente do conselho Municipal? O compadre Amâncio não aceitava posto político, por isso nem lhe oferecia. Melk também recusava.

 - Agradeço muito mas não vou querer. No meu modo de ver não deve ser fazendeiro…

 - E porquê?

 - O povo quer gente mais letrada, dizem que os fazendeiros nem têm tempo de se ocupar da administração. Que não entendem muito bem. Não deixam de ter razão. Tempo a gente não tem mesmo…

 - É verdade, disse Tonico – O povo vive reclamando intendente mais habilitado. Deve ser um homem da cidade.

 - Quem?

 - Tonico, porque não? – propunha Amâncio.

 - Eu, Deus me livre. Não nasci para isso. Se me meto em política é por causa de papai. Deus me livre de ser intendente. Estou muito bem no meu canto.

Ramiro levantava os ombros, nem valia a pena conjecturar sobre tal hipótese. Tonico na intendência… só se fosse para encher a sede da municipalidade de prostitutas.

 - Vejo dois nomes – disse – Ou o Dr. Maurício ou Dr. Demóstenes. Fora desses não vejo outro.

 - Dr. Demóstenes chegou aqui não faz quatro anos. Depois de Mundinho. Não é nome para fazer frente ao Capitão – opôs-se Amâncio.

Eu ainda o acho melhor do que o de Maurício. Pelo menos é médico de nomeada, está botando para a frente a construção do hospital, Maurício tem muitos inimigos.

Discutiram os dois nomes, pesando vantagens e desvantagens. Decidiram-se pelo advogado. Apesar de seu conhecido amor ao dinheiro, seu puritanismo exagerado e hipócrita, sua carolice, seu agarramento aos padres em terra de pouca religião, fazem-no impopular. Dr. Demóstenes tão pouco era homem de popularidade. Médico celebrado, não existia em toda a cidade pessoa mais pernóstica, mais suficiente, mais cheia de preconceitos, mais metida a lorde, como se dizia ali.

 - Muito bom médico, mas um lorde pior de engolir que um purgante – Amâncio reflectia a opinião local. – Maurício tem inimigos, mas também tem muita gente que gosta dele. Fala bem.
(Click na imagem. Não é traje para se estar no escritório mas, pessoalmente, não tenho nada contra... pelo contrário)

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