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Salazar, quando jovem estudante |
Velhas
Cuscuvelhices....
Dizer que o pai de
António Salazar era feitor de uma grande propriedade lá para os lados de Santa
Comba Dão não será uma grande novidade, muita gente da minha geração sabia
disso. Era até uma forma utilizada pelos seus inimigos para o rebaixar aos
olhos da opinião pública de então.
Só que a história não
acaba aqui. A propriedade era de um
senhor de idade de seu nome Perestrelo que teve dois filhos, um rapaz e uma rapariga.
A menina, ainda foi
namorada de Salazar e o rapaz, mais conhecido pelo Perestrello Vasconcellos,
cursou engenharia e quando Salazar chegou ao poder colocou-o como administrador
da Casa da Moeda e posteriormente, em 1939, assumiu a gestão do Arsenal do
Alfeite.
Este senhor,
Perestrelo Vasconcelos, morreu em 1962 e deixou seis ou sete filhos, dos
quais um deles foi engenheiro naval, na Lisnave, e outro, sentiu vocação para
sacerdote e veio a ser capelão da Marinha.
Em 1959, o
capelão Perestrello Vasconcellos fez parte da célebre conspiração "Caso da
Sé", na qual participaram vários opositores ao regime, como Manuel Serra e
na iminência do capelão também ser preso, o presidente do governo, Oliveira
Salazar, chamou a S. Bento o pai do capelão Perestrello Vasconcellos e
aconselhou-o a mandar o filho para o Brasil, para que não tivesse o desgosto de
ver um filho na prisão.
Tudo em consideração
ao velhote Perestrello de quem o pai de Salazar tinha sido feitor.
E foi assim que o
padre Perestrello Vasconcellos debandou para o Brasil. Nos anos 70, com a
primavera marcelista do primeiro-ministro Marcelo Caetano, o padre Perestrello
Vasconcellos regressou a Portugal e foi exercer o sacerdócio na paróquia de Loures.
Num belo dia, o
admirado e venerado padre Perestrello Vasconcellos, em plena missa dominical,
deixou os paroquianos atónitos e
lavados em
lágrimas.
Anunciou que iria deixar o sacerdócio porque se
apaixonara por uma senhora da família Lorena.
O padre passou à sua
condição de cidadão e do matrimónio com essa senhora nasceu Marcos Perestrello
Vasconcellos, o ex-vereador socialista da Câmara de Oeiras e secretário de
Estado da Defesa no governo do Partido
Socialista.
Mas a história ainda
não acaba aqui.
Na realidade, Salazar
não era misógino , pelo contrário, era mulherengo e em jovem namorara, como já
se disse, a filha do dono da propriedade em que o pai era feitor, a menina
Perestrelo que lhe retribuía com paixão o seu amor.
A mãe, no entanto não
esteve pelos ajustes dizendo a Salazar, jovem Professor Universitário de
Finanças Públicas, de viva voz, que tinha muita consideração pela
inteligência dele, mas, sinceramente, namorar com a filha dela, uma
Perestrello, era demais. Ele não se podia esquecer, que era e seria sempre o
filho do caseiro, e terminou o namoro.
Anos passados, já ele
era 1º Ministro, a senhora Perestrello telefonou-lhe para lhe pedir um favor. O
telefonista passou a chamada e ela anunciou-se : "Daqui
fala Perestrello" e Salazar respondeu:
- "Daqui,
fala o filho da caseiro".
Isto só prova que a
vingança não se serve fria, como muita gente pensa, mas gelada.