sábado, junho 11, 2016

                            EVALDO BRAGA - EU Não Sou Lixo

Era um fenómeno na sua época (1948 - 1973) pela forma como cantava e o sentimento que punha nas suas canções, mas a sua passagem pela vida foi meteórica pois faleceu prematuramente num desastre de automóvel conduzido pelo seu motorista. Sua mãe era uma prostituta da cidade de Campos que o largou num caixote de lixo pelo que foi criado num orfanato. Uma das suas canções que foi êxito tinha exactamente o título "Eu Não Sou Lixo".


                       

O Desensofador...



O Diabo Existe? 


















A Bíblia está cheia de alusões ao Diabo e da variedade de nomes com que ele é designado. Como todos os seus conterrâneos, Jesus falou sobre o diabo e acreditou na sua existência mas essa crença não foi, nem de perto nem de longe, o centro da sua mensagem resultando, antes, num “elemento de contraste” para a boa notícia que pregava e que essa, sim, era o essencial da sua mensagem: a existência de um Deus bom no qual se pode ter uma confiança ilimitada e na superação do medo como caminho de “salvação”.

Todos os povos acreditaram e continuam acreditar na existência do Diabo. No cristianismo, o diabo foi imposto no Concílio de Letrão em 1215. É uma crença que a igreja católica e as protestantes mantêm até aos dias de hoje.

Em 1974 o Papa Paulo VI afirmou: “ O demónio existe não só como símbolo do mal mas como realidade física”.

No ano seguinte, e perante correntes teológicas que punham esta crença no domínio do simbólico, o Papa Paulo VI afirmava: “quem se negar a reconhecer a sua existência e quem o explica como uma pseudo-realidade, uma personificação conceptual e fantástica das causas desconhecidas das nossas desgraças, coloca-se fora do quadro do ensino bíblico e eclesiástico”.


Outra Teologia: O Diabo é um Mito


– São mesmo os teólogos católicos que questionam com uma sólida argumentação a existência do Diabo. Entre eles, destaca-se o sacerdote católico e professor universitário alemão, Herbert Hagg, especialista no Antigo Testamento e que procura “construir pontes entre a mensagem bíblica e a gente de hoje”.

Ele é autor de um livro fundamental sobre este tema: “O Diabo, Sua Existência como Problema” (editorial Herder, 1978), no qual reduziu a mito o relato do “Anjo Caído” e promove uma visão teológica numa outra perspectiva mais construtiva e transformadora.

Herbert Hagg documenta no seu livro os terríveis resultados históricos que a “fé no diabo” provocou ao longo da história da humanidade e em especial ao longo da história do cristianismo.


O Papa Francisco afirmou que o demónio não é uma fábula; ele existe, e os cristãos não devem ser ingénuos diante de suas estratégias.

Não vale a pena esperar verdadeiras aberturas naquilo que são os pilares da doutrina católica de Roma. Não é o diabo que verdadeiramente interessa à Igreja:
é o medo, esse sim é que interessa. 

Manter os fieis amedrontados com o inferno e o diabo são estratégias que perturbam as mentes mas servem os desígnios de obediência ao culto e às autoridades que superintendem a esse culto em toda a hierarquia desde o simples padre da aldeia até ao papa de Roma.


A ameaça e o medo foram sempre armas eficazes para qualquer poder seja ele político ou religioso.

Um caso de má gestão











Ia uma jovem a passear com o seu namorado, quando ouviram uns empregados de umas obras gritar:

- Oh cabrã…, não a leves a passear, leva-a mas é para um lugar escuro e come a gaja!!!

O rapaz, muito envergonhado, segue o seu caminho com a namorada e passam por um parque onde estão vários reformados sentados que ao vê-los começam às bocas ao noivo:

- De mãozinha dada com a miúda, devias era levá-la para um motel, ó paneleiro!!!!

O rapaz, cada vez mais envergonhado, decidiu-se levar a namorada a casa e despede-se:

- Então até amanhã, meu amor!

A noiva responde-lhe:

- Até amanhã, surdo de merd…!!!

Conclusão:
Escuta e põe em prática os conselhos dos consultores externos pois são gente com experiências; se não o fizeres, a tua imagem e a tua gestão empresarial ver-se-ão seriamente deterioradas

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)



Episódio Nº 30

















Afonso Henriques reflectiu uns momentos em silêncio e depois perguntou a Ramiro se os galegos tinham descoberto a relíquia mas o templário respondeu que encontrara os cadáveres completamente despojados, perto de umas ruínas junto ao Nabão.

Irritado, o príncipe de Portugal concluiu apressadamente, que Zhakaria já tinha na sua posse o artefacto, ou então estava por perto a procurá-lo e por isso matara os galegos.

- Terá encontrado a bruxa? Sohba estará em Santarém? – perguntou.

Não tendo obtido qualquer resposta, dirigiu o seu olhar crítico a Ramiro, provocando-o:

- Os mouros são melhores que os templários a procurar.

Em sua defesa, o bastardo de Paio Soares alegou que não era certo que Zakaria houvesse encontrado a relíquia, mas as suas palavras já não tinham peso pois a incapacidade nas buscas desqualificara-o.

Pai, estou perdido...

Atrapalhado, ainda mais aflito ficou quando o bispo Bernardo deixou cair um subtil comentário.

Os templários perdem tempo com o que não devem...

Ramiro corou ao ouvir aquelas palavras, que foram, porém, rapidamente esquecidas, pois meu tio Ermígio, sem aviso, lançou uma ideia subversiva.

A sua posição de mordomo-mor permitia-lhe sugerir soluções inesperadas, mas a ousadia daquela espantou-me.

Se Zhakaria tem a relíquia e nós as princesas de Córdova podíamos propor-lhe uma troca.

O bispo Bernardo foi o primeiro a reagir. Indignado, vociferou que não se podia confiar em infiéis, pensamento que Afonso Henriques também partilhava.

Não vou comerciar com sarracenos! A relíquia pertence-me.

Meu tio Ermígio não deu o braço a torcer e relembrou que ainda não estávamos preparados para uma campanha no sul, nem para atacar Santarém.

Era mais avisado propor uma troca a Zhakaria. Se lhe déssemos Fátima e Zaida, ele regressaria a Córdova e ficaríamos com um inimigo a menos a sul de Coimbra.

 - E que inimigo... rematou.

O enfraquecimento dos mouros era essencial e, sem Zhakaria, os de Santarém seriam mais fáceis de derrotar.

Contudo, o bispo Bernardo e Afonso Henriques revelaram-se acérrimos opositores daquele plano, alegando que o descarado cordovês não só já atacara Coimbra como empalara cristãos!

 - Nisto estamos de acordo – concedeu o príncipe ao bispo Bernardo.

Desaprovada assim a inesperada proposta de meu tio Ermígio, logo ali o meu melhor amigo decidiu organizar um fossado na região que ia de Coimbra a Santarém, nomeando Peres Cativo como seu alferes e comandante da expedição.

O Trava vai ficar furioso – apreciou meu tio ermígio.

Peres Cativo, embora bastardo era meio -  irmão de Fernão Peres de Trava, sendo filho do mesmo pai. A parecença física entre eles era, deveras, notável. Tinham um porte semelhante e uma altura idêntica bem como um olhar inteligente e frio.

Só que as desavenças eram agudas e o ódio intensificara-se com os anos, fruto do ciúme do primogénito com a habilidade guerreira do ilegítimo.

sexta-feira, junho 10, 2016

Eu nunca acreditei...



Raízes da Religião
(continuação)

Richard Dawkins














A teoria geral da religião como subproduto acidental – um tiro falhado de algo útil – é aquela que defendo e a título de exemplo continuarei a fazer uso da minha teoria da “criança crédula” cujo cérebro é, por bons motivos, passível de ser infectado por “vírus” mentais.

Por que motivo se manifesta a “infecção” sob a forma de religião e não sob a forma de… bem, de quê?

Parte do que quero dizer é que não importa que tipo concreto de disparate vai infectar o cérebro da criança. Uma vez infectada, ela vai crescer e infectar a geração seguinte com o mesmo disparate, qualquer que ele seja.

Uma panorâmica antropológica dá-nos conta da diversidade das crenças irracionais humanas. Uma vez entrincheiradas numa cultura, perduram, desenvolvem-se e espalham-se, de uma forma que faz lembrar a evolução biológica. Por vezes os feitiços e encantamentos vão inspirar-se no mundo real e de um modo trágico. A crença de que o corno do rinoceronte, uma vez reduzido a pó possui propriedades afrodisíacas, o que é absolutamente absurdo tem a sua origem na suposta semelhança entre um corno e um pénis viril.

Presumo que as religiões, tal como as línguas, evoluem de uma forma bastante aleatória mas também de uma forma interesseira, que favorece a própria religião quando, por exemplo, ensinam a doutrina, segundo a qual, as nossas personalidades sobrevivem à morte física. A própria ideia de imortalidade sobrevive e alastra porque vai ao encontro dos que tendem a tomar os desejos por realidade. E esta ilusão tem o seu valor porque a psicologia humana encerra uma tendência quase universal para permitir que a crença se deixe colorir pelo desejo.

Parece não haver dúvidas de que muitos dos atributos da religião estão bem ajustados ao esforço de ajudar à sobrevivência da própria religião.

Martinho Lutero tinha a clara consciência de que a razão era a arqui-inimiga da religião e muitas vezes advertiu para os seus perigos:

«A razão é o maior inimigo da fé; nunca vem em auxílio das coisas espirituais, e as mais das vezes luta contra o verbo divino, tratando com desprezo tudo o que emana de Deus».

E mais adiante continua:

«Quem quiser ser cristão deve arrancar os olhos à sua própria razão»

E continua:

«A razão deve ser destruída em todos os cristãos»

Lutero não teria nenhuma dificuldade em conceber ou desenhar de forma inteligente aspectos ininteligentes de uma religião para ajudá-la a sobreviver.

«A verdade, em religião, não é senão a opinião que sobreviveu»

Óscar Wilde

Rafael Marques - jornalista angolano
Isabel dos Santos











Isabel dos Santos é presidente do Conselho de Administração da Sonangol. Muito pródiga, a filha do presidente. Está, justamente, a caminho da presidência. Depois da Sonangol, estagiará alguns meses como ministra, e pronto: sucede ao pai na monarquia em que Angola tem vindo a ser transformada pelo clã Dos Santos.
Isabel dos Santos foi a raposa nomeada para cuidar do galinheiro que é a Sonangol. Vão-se as galinhas, vão-se os ovos, e ficam as penas e as cascas. Isabel dos Santos adora ovos. Aliás, começou a sua carreira empresarial a vender ovos. Agora já não precisa de pedir empréstimos à Sonangol, de pedir para pagar as suas contas e receber acções como oferta, por exemplo, as da GALP, que usa para ser a mulher mais rica de África. Isabel dos Santos já não precisa assaltar o galinheiro, porque se tornou dona do galinheiro.
José Eduardo dos Santos é um bom pai. É tirano e ladrão para o povo, mas é um bom pai. Angola é para os seus filhos.
O que é de Angola é para os seus filhos. O que sobrar é para o MPLA e para os filhos dos tipos do MPLA. Sim, são tipos.
Apenas celebram a corrupção, o poder da repressão. O MPLA é hoje apenas uma comissão de oportunistas ao serviço da família Dos Santos. O povo é o estrume que usam para fertilizar os seus esquemas de enriquecimento ilícito, de estatuto social, de esquemas mil.
O MPLA é o partido que sustenta as raposas. Ou seja, o MPLA é um partido que apenas serve para atirar areia aos olhos do povo, para pedir o seu voto e para cafricar o povo quando este se manifesta descontente.
Anos atrás, um colega sul-africano, tendo tomado contacto com a realidade do interior de Angola, perguntou-me por que é que o país, com tantos recursos naturais e tanto potencial humano e de investimento estrangeiro, era tão mal gerido e tinha uma população tão pobre. Perguntou-me por que razão os dirigentes não faziam o mínimo esforço pela população.
Respondi com o seguinte exemplo:
Um grupo de bandidos torna-se bastante bem-sucedido em assaltar sempre o mesmo banco durante muitos anos. Os accionistas do banco decidem, para pôr cobro aos assaltos, nomear o líder do gangue como gestor do banco.
Perguntei ao colega quais eram as probabilidades de o líder do gangue gerir bem o dinheiro dos clientes que toda a vida roubara. Entregar a gestão permanente do cofre aos ladrões seria uma solução funcional para se acabar com os roubos?
Qual seria a motivação dos ladrões para deixarem de roubar e empreenderem uma boa gestão?
É isto que acontece actualmente: o presidente é ladrão e nomeia a sua filha ladra para gerir o maior cofre de Angola, a Sonangol. E nós, o povo, somos obrigados a acreditar que é para o bem da Sonangol, de Angola e dos angolanos. Mas ninguém acredita.
Ainda assim, já há quem se prepare para enviar o currículo a Isabel dos Santos, procurando uma oportunidade de emprego e/ou de negócios. É a Sonangol que conferirá poder político a Isabel. O pai, José Eduardo dos Santos, colocou-a ali para esse efeito.
 A Sonangol, ou melhor, o controlo das receitas produzidas com a venda de petróleo, é o verdadeiro poder do presidente, que este agora transfere para a filha.
Rafael Marques de Morais - (Jornalista, investigador e activista dos direitos humanos de Angola. Tornou-se internacionalmente conhecido pelos seus relatos sobre a indústria de diamantes e corrupção no governo de Angola)

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)



Episódio Nº 29


















Enquanto se dirigia a casa do ferreiro galego, com ar falsamente combalido, o Velho sorria contente consigo próprio. O Trava ia ficar a saber onde estava a relíquia, aquela palavra em latim era a chave para a encontrar!

Grato, o seu senhor talvez lhe oferecesse, umas benesses, uma boa casa onde terminar os seus dias, uma rapariga que pudesse possuir antes de se apagar.

Durante seis longos anos sujeitara-se a uma castidade insuportável para não levantar suspeitas na ordem do Templo, mas estava na hora de colocar um ponto final naquela via sacra!

Embalado por este excitante pensamento bateu à porta do ferreiro que lhe cedeu uma mula montado na qual saiu de Coimbra.

Já na estrada deu-se conta de que transportava na alma um único agravo. Não conseguira matar aquela velha senil, a bruxa, a quem não perdoava a antiga desavença.

A sua fúria contra Shoba não se desvanecera, pelo contrário, Cada vez odiava mais aquela mulher, cuspiu para o chão, irritado por não a ter eliminado da face da Terra.


Como é evidente, naquele dia o Velho não sabia que em breve regressaria ao Sul e teria nova oportunidade para tentar destruir a estranha e misteriosa Sohba.

A bruxa ligou-nos a todos, era o que sempre me dizia a princesa Zaida.





Coimbra, Julho de 1132



Naquela final de manhã, estávamos reunidos com o bispo Bernardo na Sé, quando lá entrou o agitado Ramiro. Vendo-o avançar, Afonso Henriques ergueu as sobrancelhas, curioso:

 - Haveis, finalmente encontrado a relíquia?

Meu pai, meu tio Ermígio, Peres Cativo e eu próprio mirámos o bastardo de Paio Soares.

Pai, eles odeiam-me


Embora bem mais entroncado do que no passado, Ramiro pareceu-me nervoso e baixou os olhos quando narrou o sucedido nas margens do Nabão, onde encontrara uma companhia de galegos empalada por Abu Zhakaria.

Que descaramento -  rugiu o príncipe de Portugal – enviarem soldados para me roubarem a relíquia!

A fúria do meu melhor amigo contra Fernão Peres de Trava reacendeu-se. Uma expedição galega ao Nabão era um atrevimento inaceitável!

Logo ali, o príncipe imaginou uma retaliação na Galiza, um qualquer gesto bélico que lhe extinguisse a cólera.

O castelo de Celmes não está pronto – lembrou porém meu pai.


Gonçalo de Sousa dirigia as obras na fortificação mas só se previa a conclusão da muralha no natal. O que significava que os portucalenses eram vulneráveis a um ataque surpresa do Trava.

quinta-feira, junho 09, 2016

A Maior Flor do Mundo


Vive na Indonésia e ... cheira mal!



Gato Fedorento - Tipo Javardola


Dulce Pontes – canção do mar


Desculpem, mas é "obrigatório" ouvir esta canção. A força do poema e a voz da Dulce misturam-se com a força do próprio mar: nosso berço, nosso passado, nosso destino. Percebem-se nela as influências árabes e tornou-se num dos maiores êxitos de sempre da canção portuguesa e, por certo, a mais ouvida lá fora. No filme, "As Duas Faces do Crime", Richard Gere impô-la na banda sonora. Os seus autores, Frederico de Brito e Ferrer Trindade criaram-na para a grande Amália Rodrigues que a cantou em 1955 no filme "Os Amantes do Tejo". Esta versão da Dulce é de 1993. (Ouçam-na, aproveitando todo o ecrã) 


                 

Raízes da Religião
(continuação)














Será a religião irracional um subproduto dos mecanismos de irracionalidade que, por via da selecção, foram originariamente incorporados no cérebro com vista ao enamoramento?

É verdade que a fé religiosa tem aspectos em comum com o enamoramento (e ambos têm muitas das características da euforia induzida por uma droga viciante). O neuropsiquiatra John Smythies adverte para o facto de haver diferenças significativas entre as áreas do cérebro activadas pelos dois tipos de mania. Contudo, observa também algumas semelhanças:

 - Uma faceta das muitas faces da religião é o amor intenso centrado numa pessoa sobrenatural, isto é, em Deus, acompanhado da veneração de ícones dessa pessoa. A vida humana é, em grande parte, impelida pelos nossos genes egoístas e por processos de reforço.

É grande o reforço de tipo positivo originado pela religião: sentimentos reconfortantes e calorosos por sermos amados e protegidos num mundo perigoso, perda do medo da morte, auxílio vindo não se sabe de onde em resposta a preces em tempos difíceis, etc.

De igual modo, o amor romântico por outra pessoa real (geralmente do sexo oposto) apresenta a mesma concentração intensa no outro e reforços positivos. Estes sentimentos podem ser desencadeados por ícones do outro, tal como cartas, fotografias e mesmo madeixas de cabelo, como se usava na época vitoriana.

O estado de enamoramento faz-se acompanhar de inúmeras manifestações fisiológicas, como por exemplo, suspirar longa e repetidamente.

Fiz a comparação entre enamoramento e religião em 1993, escrevendo na altura que os sintomas de um indivíduo infectado pela religião «podem ser surpreendentemente reminiscentes daqueles que habitualmente associamos ao amor sexual.

Trata-se de uma força extremamente potente que há no cérebro e não admira que alguns vírus tenham evoluído no sentido de a explorar (vírus, neste contexto é uma metáfora para religiões.)

O filósofo Anthony Kenny (ordenado padre, regressa depois à sua condição laica por se ter tornado agnóstico) dá um testemunho comovente do grande deleite daqueles que conseguem acreditar no mistério da transubstanciação (acreditar na presença real de Cristo na eucaristia).

Depois de descrever a sua ordenação como padre católico habilitado a celebrar missa pela imposição das mãos, recorda vividamente a exaltação dos primeiros meses em que deteve o poder de rezar missa. Ele próprio diz:

 - "Normalmente era lento e preguiçoso a levantar-me pela manhã, agora saltava cedo da cama, bem desperto e muito entusiasmado só de pensar no momentoso acto que tinha o privilégio de desempenhar…

O tocar o corpo de Cristo, a proximidade entre o padre e Jesus, era o que mais me enlevava. Olhava fixamente para a hóstia depois das palavras da consagração, de olhar lânguido como um amante que mira os olhos da sua amada."

O equivalente da reacção das traças à bússola luminosa é o hábito aparentemente irracional, e no entanto útil, de nos apaixonarmos por um, e só um, membro do sexo oposto.

O subproduto falhado – o equivalente a voarmos na direcção da chama – é apaixonarmo-nos por Javé (ou pela Virgem Maria, ou por uma rodela de batata, ou por Alá) e levar a cabo actos irracionais motivados por esse amor.

(continua)

Richard Dawkins



Salazar, quando jovem estudante
Velhas

Cuscuvelhices....
























Dizer que o pai de António Salazar era feitor de uma grande propriedade lá para os lados de Santa Comba Dão não será uma grande novidade, muita gente da minha geração sabia disso. Era até uma forma utilizada pelos seus inimigos para o rebaixar aos olhos da opinião pública de então.

Só que a história não acaba aqui. A propriedade era de um senhor de idade de seu nome Perestrelo que teve dois filhos, um rapaz e uma rapariga.

A menina, ainda foi namorada de Salazar e o rapaz, mais conhecido pelo Perestrello Vasconcellos, cursou engenharia e quando Salazar chegou ao poder colocou-o como administrador da Casa da Moeda e posteriormente, em 1939, assumiu a gestão do Arsenal do Alfeite.

Este senhor, Perestrelo Vasconcelos, morreu em 1962 e deixou seis ou sete filhos, dos quais um deles foi engenheiro naval, na Lisnave, e outro, sentiu vocação para sacerdote e veio a ser capelão da Marinha.

 Em 1959, o capelão Perestrello Vasconcellos fez parte da célebre conspiração "Caso da Sé", na qual participaram vários opositores ao regime, como Manuel Serra e na iminência do capelão também ser preso, o presidente do governo, Oliveira Salazar, chamou a S. Bento o pai do capelão Perestrello Vasconcellos e aconselhou-o a mandar o filho para o Brasil, para que não tivesse o desgosto de ver um filho na prisão.

Tudo em consideração ao velhote Perestrello de quem o pai de Salazar tinha sido feitor.

 E foi assim que o padre Perestrello Vasconcellos debandou para o Brasil. Nos anos 70, com a primavera marcelista do primeiro-ministro Marcelo Caetano, o padre Perestrello Vasconcellos regressou a Portugal e foi exercer o sacerdócio na paróquia de Loures.

Num belo dia, o admirado e venerado padre Perestrello Vasconcellos, em plena missa dominical, deixou os paroquianos atónitos e lavados em lágrimas. 

Anunciou que iria deixar o sacerdócio porque se apaixonara por uma senhora da família Lorena.

O padre passou à sua condição de cidadão e do matrimónio com essa senhora nasceu Marcos Perestrello Vasconcellos, o ex-vereador socialista da Câmara de Oeiras e secretário de Estado da Defesa no governo do Partido Socialista. 

Mas a história ainda não acaba aqui.

Na realidade, Salazar não era misógino , pelo contrário, era mulherengo e em jovem namorara, como já se disse, a filha do dono da propriedade em que o pai era feitor, a menina Perestrelo que lhe retribuía com paixão o seu amor.

A mãe, no entanto não esteve pelos ajustes dizendo a Salazar, jovem Professor Universitário de Finanças Públicas, de viva voz, que tinha muita consideração pela inteligência dele, mas, sinceramente, namorar com a filha dela, uma Perestrello, era demais. Ele não se podia esquecer, que era e seria sempre o filho do caseiro, e terminou o namoro.

Anos passados, já ele era 1º Ministro, a senhora Perestrello telefonou-lhe para lhe pedir um favor. O telefonista passou a chamada e ela anunciou-se : "Daqui fala Perestrello" e Salazar respondeu:

-  "Daqui, fala o filho da caseiro".

Isto só prova que a vingança  não se serve fria, como muita gente pensa, mas gelada.

A DESCULPA
















Um tipo do norte comprou um Mercedes e estava a dar uma volta numa estrada nacional à noite.

A capota estava recolhida, a brisa soprava levemente pelo seu cabelo e ele decidiu puxar um bocado pelo carro.

Assim que a agulha chegou aos 130 km, ele de repente reparou nas luzes azuis por trás dele.

 - "De maneira alguma conseguem acompanhar um Mercedes" -  pensou ele para consigo mesmo, e acelerou ainda mais.

A agulha bateu os 150, 170, 180 e, finalmente, os 200 km/h, sempre com as luzes atrás dele.

Entretanto teve um momento de lucidez e pensou:

'Mas que raio é que eu estou a fazer?!' e logo de seguida encostou.

O polícia chegou ao pé dele, pediu-lhe a carta de condução e sem dizer uma palavra e examinou o carro e disse:

- Eu tive um turno bastante longo e esta é a minha última paragem. Não estou com vontade de tratar de mais papeladas, por isso, se me der uma desculpa pela forma como conduziu que eu ainda não tenha ouvido, deixo-o ir!

- Na semana passada a minha mulher fugiu de casa com um polícia - disse o homem - e eu estava com medo que a quisesse devolver!

Diz o polícia: - Tenha uma boa noite!

Assim Nasceu Portugal
(Domingos Amaral)


Episódio Nº 28




















A sinistra mulher de negro sumira-se e, portanto, o Velho, limitara-se a fazer o seu trabalho secreto para o Trava, informando-o do que se passava na região.

Obviamente soubera com antecedência da operação galega às ruínas próximas do Nabão e, quando vira os corpos massacrados pela barbárie de Abu Zhakaria, sabia já como proceder.

As suas ordens eram claras: se a companhia de soldados galegos não atingisse os seus propósitos, o Velho deveria abandonar a Ordem e subir à Galiza.

Assim fizera, dissimulando aquela queda e despedindo-se dos colegas templários. Contudo, por diversas vezes, no decorrer daqueles anos, a sua longa missão parecera-lhe inútil, e só agora, já perto do fim, surgia uma oportunidade única.

Enquanto se aproximava da casa de Zaida, o Velho questionou-se mentalmente. No regaço da princesa vira o punhal de Paio Soares, uma bela arma, com uma pérola no topo, com a qual Afonso Henriques matara o assassin no casão do almocreve Mem.

Como se apoderara a princesa da célebre e desaparecida arma? Enquanto vigiava os movimentos dentro da casa dela, o Velho recordou-se do dia da morte de Zulmira.

Também ele entrara dentro daquele casão agrícola, onde vira a mulher já degolada, o assassin a vomitar golfadas de sangur, o almocreve no chão e as duas princesas chorando a morte da mãe.

Fora o Rato que tirara a lâmina da garganta do facínora, pousando-a num balde com água, para lavar o sangue, mas depois a arma eclipsara-se misteriosamente no meio daquela confusão.

Nas horas seguintes à tragédia, Ramiro questionara todos os presentes no local, mas nada descobrira. O autor do roubo não se confessara. Teria sido Zaida, a mais nova das princesas de Córdova, que num movimento rápido pegara na arma?

O Velho não sabia, mas, três anos depois, a verdade é que o punhal se encontrava na posse da princesa e mantinha-se deveras valioso. Que melhor presente podia ele levar ao Trava?

Certificando-se que a casa das princesas estava vazia, o Velho entrou pelas traseiras e começou a vasculhar. O punhal tinha de estar por ali.

Encontrou-o escondido numa arca, coberto por dezenas de alifafes, vestidos e túnicas. As suas mãos tremeram quando lhe pegou. Lá estava a pérola no topo, a lâmina afiada e a inscrição em latim, gravada no cabo.


Sem se preocupar em ocultar o assalto, o Velho deixou a casa desarrumada e saiu pelo mesmo sítio por onde entrara, com o produto do roubo escondido nas vestes.

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