Memórias Futuras
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
sábado, setembro 21, 2013
Fica pra direita... |
A tasca !!!
Um sujeito entra numa tasca, e vê por cima do balcão o seguinte cartaz:
Bagaço__________________0,70 EUR
Pão com
queijo___________ 1,50 EUR
Sanduíche de galinha________2,30 EUR
Acariciar o órgão sexual_____15,00 EUR
Verificou a carteira, para não passar por vergonhas, foi até ao balcão e chamou uma das três lindas empregadas que estavam a servir bebidas nas mesas:
Por favor...
Sim? Responde ela, com um sorriso. Em que posso ajudar?
É você quem acaricia o órgão aos clientes?
Sou... responde ela, com uma voz sensual, encostando-se ao cliente e deixando ver o interior do generoso decote da blusa.
Então lave bem as mãos, que eu quero um pão com queijo!!!
Acariciar o órgão sexual_____15,00 EUR
Verificou a carteira, para não passar por vergonhas, foi até ao balcão e chamou uma das três lindas empregadas que estavam a servir bebidas nas mesas:
Por favor...
Sim? Responde ela, com um sorriso. Em que posso ajudar?
É você quem acaricia o órgão aos clientes?
Sou... responde ela, com uma voz sensual, encostando-se ao cliente e deixando ver o interior do generoso decote da blusa.
Então lave bem as mãos, que eu quero um pão com queijo!!!
Levantou-se dos escombros com a ajuda dos que maltratou... |
As Eleições
na Alemanha
Os técnicos da troika começam na próxima 2ª Fª a examinar as nossas contas tendo em vista a 8ª e 9ª avaliações previstas no Acordo de Entendimento celebrado a quando do empréstimo concedido a Portugal.
É um trabalho ao serviço dos credores dos quais se destaca a Alemanha, a decisiva e toda poderosa Alemanha...
Não conta para nada, já se vê, mas a este propósito, é bom não esquecer a história recente num artigo de Pedro Tadeu há uns tempos no DN. que, com muita pena minha, os cidadãos alemães não vão ler. Claro que os governos só recordam a parte da história que lhes interessa mas ela está lá, é factual e começa quando eu já era menino...
«Quando, em maio de 1945, a Alemanha perdeu a II Guerra Mundial, tinham morrido, ninguém sabe ao certo, uns 40 milhões de pessoas. O país estava literalmente destruído e contava, por sua vez, cerca de sete milhões de mortos. As potências vencedoras decidiram viabilizar economicamente a nova Alemanha, apesar de a terem separado da Áustria e de a terem dividido: a RFA sob a tutela da Grã-Bretanha, França e Estados Unidos; a RDA sob a tutela da União Soviética. Mas esta solução foi bem melhor do que a que Churchil, o primeiro--ministro inglês da guerra, chegou a planear: transformar o país num enorme campo agrícola, sem indústrias, sem serviços, sem nada.
De 1947 até1952 a Alemanha Ocidental recebeu, do Plano Marshal, 3,3 mil milhões de dólares. Esta dívida foi paga ao longo de 25 anos, até 1978: mil milhões pelo Governo, os restantes 2,3 mil milhões por um Fundo que emprestou esse dinheiro a juros baixos e a prazos longos, principalmente a pequenas e médias empresas.
A partir de março de 1960 - 15 anos depois do fim da guerra - a Alemanha Ocidental - graças a um dos maiores crescimentos económicos de sempre, de que o povo da RFA tem todo o mérito mas que só foi possível realizar por não ter faltado dinheiro para investir - começou finalmente a pagar indemnizações devidas a 11 Estados : a Grécia recebeu 115 milhões de marcos alemães, a França 400 milhões, a Polónia cem milhões, a Rússia sete milhões e meio, a então Jugoslávia oito milhões. Foram pagos três mil milhões de marcos a Israel e 450 milhões a organizações judaicas.
Depois da reunificação da Alemanha, com a queda do bloco soviético, a reconstrução da RDA custou, de1991 a 2009, 1,3 biliões de dólares, sendo que 120 mil milhões vieram de ajudas externas.
Hoje a Alemanha é um dos países que mais contribuíram para ajudar o exterior. É uma das quatro ou cinco economias mais fortes do mundo. É um grande Estado.
Olho o que se passa na Grécia, onde a população, martirizada por cinco anos de austeridade, exige o fim do acordo com a troika e pede, simplesmente, mais tempo e melhores condições para pagar o que deve e para recompor a economia do país. A Alemanha olha-a com desdém, recusa o apelo, ameaça tirá-la do euro, culpa-a por irresponsabilidade e exige castigo por não cumprir os acordos da troika.
Olho esta suposta culpa dos gregos e comparo-a com a culpa dos alemães, há 67 anos. Se os vencedores da guerra de então tivessem sido tão insensatos como os dirigentes da actual guerra financeira, que restaria, agora, da grande Alemanha?»
De 1947 até
A partir de março de 1960 - 15 anos depois do fim da guerra - a Alemanha Ocidental - graças a um dos maiores crescimentos económicos de sempre, de que o povo da RFA tem todo o mérito mas que só foi possível realizar por não ter faltado dinheiro para investir - começou finalmente a pagar indemnizações devidas a 11 Estados : a Grécia recebeu 115 milhões de marcos alemães, a França 400 milhões, a Polónia cem milhões, a Rússia sete milhões e meio, a então Jugoslávia oito milhões. Foram pagos três mil milhões de marcos a Israel e 450 milhões a organizações judaicas.
Depois da reunificação da Alemanha, com a queda do bloco soviético, a reconstrução da RDA custou, de
Hoje a Alemanha é um dos países que mais contribuíram para ajudar o exterior. É uma das quatro ou cinco economias mais fortes do mundo. É um grande Estado.
Olho o que se passa na Grécia, onde a população, martirizada por cinco anos de austeridade, exige o fim do acordo com a troika e pede, simplesmente, mais tempo e melhores condições para pagar o que deve e para recompor a economia do país. A Alemanha olha-a com desdém, recusa o apelo, ameaça tirá-la do euro, culpa-a por irresponsabilidade e exige castigo por não cumprir os acordos da troika.
Olho esta suposta culpa dos gregos e comparo-a com a culpa dos alemães, há 67 anos. Se os vencedores da guerra de então tivessem sido tão insensatos como os dirigentes da actual guerra financeira, que restaria, agora, da grande Alemanha?»
Nota:
Recentemente, vi um documentário que mostrava o que foi o drama da ocupação da França pelos alemães e as sequelas que ela deixou entre os franceses.
Durante esses anos, os franceses foram utilizados, humilhados, mortos, escravizados, reduzidos a peças de um jogo por um exército invasor constituída por gente soberba, insensível e desumana.
Comparar esses crimes com as “trafulhices político/contabilísticas” dos gregos merecedoras do castigo da Sra. Merkel, é a mesma coisa que confundir as traqui nices do miúdo do 5º andar com os assaltos violentos dos gangs suburbanos.
A Srª Merkel e os alemães não se esqueçam que a fome e o desespero podem acordar memórias recentes e o projecto que foi de paz pode degenerar e atraiçoar os seus objectivos.
António Balduíno está de regresso à Baía... à boleia. |
JUBIABÁ
Episódio Nº 117
CIRCO
O encontro com Luigi foi inteiramente
casual. António Balduíno passara o resto da noite vagando pela cidade. O ex –
soldado tomara logo a estrada para Lapa, o velho tinha onde ficar e a mulher
foi procurar uma amiga.
Pela manhã António Balduíno tratou de
arranjar um caminhão que o levasse à Baía, de graça. Chegou para perto de um
que carregava e foi dizendo ao chofer como quem não queria nada:
-
Vai pra Baía, mano?
-
Vou sim – respondeu o chofer que era um mulato esguio e sorridente – Quer
mandar uma encomenda?
-
Quero é mandar esse negro que está aqui
– e batia no peito rindo…
-
Chi! Que a Baía está danada de boa agora com as festas, rapaz…
António Balduíno acocorou-se junto do
chofer, aceitou o cigarro.
-
Eu ando com uma saudade, mano… Faz quase um ano que vim embora…
O chofer cantou:
«A Baía é boa terra,
ela lá e eu aqui …»
Não diga… A Baía é boa mesmo… Tou seco
pra voltar…
-
Quer ir hoje no caminhão? Eu vou depois da bóia…
-
Mas é que eu estou limpo, rapaz…
-
As mulheres gastou as economias… - riu o chofer.
-
Quem sabe? – E Balduíno piscou o olho.
-
Não tem nada… eu estou sem ajudante… Você vai no lugar dele…
-
Tá certo…
-
Se eu tiver de fazer força você ajuda…
-
Que hora sai mesmo?
-
Depois da bóia… Uma hora, hora e meia…
-
Então até já…
-
Para onde vai?
-
Vou ver uns amigos…
-
Uma hora aqui …
-
Tá certo…
sexta-feira, setembro 20, 2013
A
TARTARUGA EM
CIMA DO POSTE
CIMA DO POSTE
Enquanto suturava um ferimento na mão do velho Adriano Madeira, cortada por um
caco de vidro indevidamente jogado no lixo, o médico e o paciente começaram a
conversar sobre o país, o governo e, fatalmente, sobre o Passos Coelho.
Sem saber o que o Adriano
E o Adriano respondeu:
"É quando o senhor vai indo por uma estradinha, vê um poste e lá em cima tem uma tartaruga tentando se e
Diante da cara de interrogação do médico, o velho acrescentou:
"Você não entende como ela chegou lá;
Você nem quer acreditar que ela esteja lá;
Você sabe que ela não subiu para lá sozinha;
Você sabe que ela não deveria nem poderia estar lá;
Você sabe que ela não vai fazer absolutamente nada enquanto estiver lá;
Você não entende porque a colocaram lá;
Então tudo o que temos a fazer é ajudá-la a descer de lá, e providenciar para que nunca mais suba, pois lá em cima definitivamente não é o lugar dela.?
Uma rua em Pompeia |
Pompeia, a verdade
sobre a sua sexualidade
contada nos
“Grafites”
"OS AMANTES, COMO AS ABELHAS, O DOCE BUSCAM ANTES ASSIM FOSSE!"
Esta frase, escrita num mural em
Pompeia, foi tema para uma tese de doutoramento que procurou desligar o amor
dos homens e das mulheres de Pompeia de uma sina persistente de que era fugaz e
furtivo e que a devassidão e a lasciva permeariam os seus encontros.
Os pesquisadores modernos mostram que
essa visão não corresponde à realidade, está distorcida, e foi constituída com
a ajuda da aristocracia da época cuja obra literária insistia em colocar o povo
na condição de pervertido e imoral.
Os estudos efectuados recentemente sobre
a sexualidade e o afecto entre a camada popular de Pompeia, para além de se
fundamentarem na história e literatura da época, analisaram também os
“grafites” encontrados nos locais arqueológicos, centenas deles escritos por
homens e mulheres que expressavam nas paredes e nos muros da cidade, as suas
alegrias, decepções, ciúmes, tentativas de reconciliação, rusgas amorosas, ou
seja: situações e sentimentos em tudo iguaizinhos aos de hoje.
Pompeia era um centro comercial do
Império romano, a sua segunda maior cidade, dispondo, inclusivamente, de um porto e
a sua população era constituída por filhos da cidade, peregrinos, trabalhadores
livres, escravos e libertos, homens e mulheres que dividiam entre si o mesmo
espaço de trabalho que muitas vezes era também a sua casa.
Nesses muros estão referidos imensos
ofícios e associações profissionais: alfaiates, professores, vendedores de
roupas, jóias, frutas, taberneiros, cocheiros, pequenos proprietários de
padarias e tabernas.
Partilhavam os momentos de lazer e os
casais interagiam e o masculino, longe da autoridade e poder, construía-se em
conformidade com o feminino.
Pompeia é hoje um museu a céu aberto e
guarda imensas evidências materiais da participação feminina na dinâmica social
e económica da cidade que vivia, não esqueçamos, sob o jugo do Império Romano
sendo que, os historiadores concordam que à data se estava a assistir a um
período de emancipação social e sexual das mulheres romanas, principalmente das
aristocráticas.
E é neste universo de igualdade que os
populares usavam os muros e as paredes para registarem factos do seu quotidiano
como anúncios, recados, insultos, sátiras a políticos e declarações amorosas do
género:
-“Marcos ama Espedusa;”
-“Marcelo ama Pernestina e não é
correspondido;”
Ou então:
-“Viva quem ama, morra quem não sabe
amar! Duas vezes morra quem proíba o amor!”
- “Qualquer um que ama não deve se
banhar em fontes quentes, pois ninguém que esteja escaldado pode amar as
chamas”
Mas as paredes registavam também que as
mulheres tomavam a iniciativa no campo amoroso:
- “Rogo-te. Desejo teu doce vinho e
desejo muito. Colpurnia te diz Saudações”
- “Não vendo meu homem por preço algum”
Havia relações sólidas e duradouras como
se percebe por estes escritos:
-“Segundo como Primigénia, de comum
acordo”
- “Balbo e Fortunata os dois em comum”
Vénus, a deusa do amor, foi nomeada a
protectora da cidade quando da sua anexação ao Império Romano e por isso ela
está presente em muitos escritos:
- “Se tem alguém que não viu a Vénus que
pintou Apeles, que olhe a minha garota: é tão bonita quanto ela”
Foram catalogadas até agora quase 15.000
grafites (de “graphium”, o instrumento utilizado para escrever, feitos de metal
com uma ponta dura capaz de marcar a parede fazendo sulcos) mas o seu número é
muito maior e estavam espalhados por todo o lado, nas paredes das casas,
edifícios públicos, tabernas, locais de trabalho, etc.
Os “grafites” encontrados teriam, no
máximo, 20 anos à data da destruição da cidade e isto porque havia limpezas
periódicas dos espaços de publicidade e as próprias intempéries faziam também
esse trabalho, e vieram provar que a maioria da população era alfabetizada
escrevendo numa língua que era uma mistura do latim com o nativo osco dando
lugar a um latim popular que tinha as suas diferenças relativamente ao latim
oficial.
Do estudo atento desses “grafites” ficou
igualmente comprovado que, para além de uma generalizada alfabetização, havia
uma difusão da cultura literária fora das elites pelas citações nesses escritos
a homens da cultura como Homero, Vergílio, Tiburtino Catulo, Lucrécio,
Prupércio entre outros.
Não se sabe como é que o povo tomou
conhecimento deles, talvez na escola, em contactos com os emigrantes, no
comércio, no serviço militar, nas representações teatrais dos circuladores que
eram pessoas faziam entretenimentos itinerantes.
Em Pompeia, o sexo, representado por um
falo, estava por todo o lado, nas paredes das casas de habitação para
significar prestígio, riqueza e abundância, no chão das ruas para indicar a
direcção para os prostíbulos, nos campos como sinal de fertilidade, nos
amuletos para protecção.
Era, portanto, um símbolo ligado à
fertilidade e à vida para dar sorte e protecção e ao mesmo tempo defender dos
maus-olhados.
As escavações que trouxeram de novo à
luz do sol a cidade de Pompeia soterrada em 79 DC pelas cinzas do Vesúvio
mostraram que os objectos relacionados com o sexo não se encontravam apenas nos
prostíbulos mas nos mais variados ambientes como templos religiosos,
residências ou edifícios públicos.
Ou seja, para o mundo romano, a
sexualidade tinha também um significado religioso e era entendida como um
símbolo de abundância e fertilidade.
O amor impresso nas paredes é imanente à
vida como comer e dormir e deste sentimento também faz parte a união sexual e
suas práticas.
O sexo em Pompeia não era mais nem menos
do que noutras localidades e o estudo atento dos escritos que as pessoas do
povo deixaram profusamente por toda a cidade sob a forma de “grafites” foi
muito importante para comprovar que era falsa a concepção de que a sociedade
pompeiana era sexualmente devassa e perversa.
Diz a investigadora Lourdes Feitosa:
- “As inscrições teimam em fugir da
camisa-de-força da inactividade, da apatia social, do preconceito e do
obscurantismo com que ainda tem sido tratada a questão da sexualidade e da
actuação social dessa significativa parcela da população romana”
Ao contrário do que aconteceu nos
estudos de outras civilizações, em Pompeia não foram encontradas representações
explícitas dos órgãos sexuais femininos sozinhos pois a ideia da fertilidade
era representada pelo falo.
A mulher, para a sociedade de Pompeia,
era o receptáculo da semente masculina o que, no entanto, não a terá reduzido a
um papel de submissão durante o acto sexual pois em muitas imagens elas
aparecem numa posição superior durante a cópula.
A prostituição era então considerada
como um mal necessário porque ajudava a garantir a virtude das damas cuja vida
sexual, na sociedade das elites, na esmagadora maioria das vezes, estava
reduzida à função reprodutora.
Quando o poeta Ovídeo publicou, no ano 2 AC , a obra “A Arte de Amar”,
as suas ideias de que o sexo deveria contemplar o prazer mútuo foram
consideradas subversivas o que revela o carácter predominantemente machista e
conservador de Pompeia contrariando em absoluto a concepção de uma sociedade
devassa e promíscua que, de uma forma errada, lhe pretenderam colar.
Episódio Nº 116
Com o apito do trem que
parte o velho acordou:
- Tem gente boa, sim… Eu tava mentindo… Minha
filha é boa… Eu tou falando de Maria… Zefa, não… Ela é ruim… Nunca deu notícia…
Quem sabe se morreu? Mas Maria é boa, me dá dinheiro… Só que briga porque eu
bebo… Mas eu bebo é por causa da Zefa que não sei onde está… Maria é boa…
E o velho descamba
novamente a cabeça e volta a dormir. O ex – soldado fala para a mulher:
- É pancado, tá se vendo… Entonce você quer um
menino?
Eu também quero um menino
quando casar… Diz que tem homem que sofre as dores quando a mulher pare…
Está novamente feliz e
olha a mulher sem nenhum desejo. Seu coração está puro e ele pensa com uma
ternura imensa em Maria das Dores que está em Lapa a esperá-lo. Sorri porque
pensa na surpresa dela ao vê-lo.
Que pena que o bigode não
houvesse crescido mesmo… Está tão pequeno ainda…Ela no primeiro momento não o
conheceria…
- Será que ela vai me conhecer?
- Quem? – se espanta António Balduíno.
- Nada. Tou pensando…
O velho acordou. Treme de
frio. Volta o vento que anuncia temporal. Envolve o trem que balança nos
trilhos.
- Essa desgraça acaba virando com a gente –
fala António Balduíno.
- Pobre tem que sofrer… Uns nasce para gozar:
são os ricos. Outros para sofrer: são os pobres. Isso é assim desde o princípio
do mundo…
Agora é o ex – soldado que
dorme feliz. Ronca surdamente. Não ouve o vento que passa assobiando.
- Vai ter chuva grossa… - o velho se arrastou
até à porta por onde espia.
- Eu vim de um lugar, meu tio, onde o povo era
muito desgraçado…Ganhava deztão por dia…
- Nas roças de fumo?
- Ali mesmo, velho…
- Tu não sabe, negro… Eu sou velho aqui … Já vi coisa de arrepiar… Quer saber? – há um
brilho estranho nos seus olhos e ele afasta o bordão para se levantar – Pobre é
tão infeliz que quando merda der dinheiro, cu de pobre aperta…
António Balduíno riu. O
velho não se equi libra e rola em
cima dos fardos de fumo. A mulher acode:
- Se machucou?
O soldado ronca. A mulher
ficou próxima de António Balduíno e diz em voz baixa:
- Eu não disse só pra ele não ficar triste… -
aponta o ex- soldado – Mas para falar direito eu nem sei porque foi que Romualdo foi embora. Talvez por causa da
pobreza mesmo…
Eu é que penso assim… Uma
mulher lá de junto disse que ele foi por causa de outra, uma tal Dulce… E se
foi? – alteia a voz – Mas não foi não… Ele não ia me deixar assim…
O soldado dorme feliz como
um morto.
Assim… Com um filho na
barriga… Mas para que foi embora?...
António Balduíno risca um
fósforo e na luz vê que a mulher chora, sacudindo os ombros. O negro fica
confuso, procura o que dizer e murmura:
quinta-feira, setembro 19, 2013
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje, não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres,
Porque a ausência, essa ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.
João amava Teresa que amava Raimundo
Que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
Que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou-se com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história.
AUSÊNCIA
Por muito tempo achei que ausência é falta
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje, não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres,
Porque a ausência, essa ausência assimilada,
Ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drumon de Andrade
Uma ostra que não foi ferida não produz pérola. As pérolas são produtos da dor que resultam da entrada de uma substância estranha ou indesejável no interior da ostra, como um parasita ou grão de areia. As pérolas são feridas curadas.
Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada NÁCAR. Quando um grão de areia penetra na concha as células do Nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra.
Como resultado, uma linda pérola se vai formando. Ostra que não foi ferida, de algum modo, não produz pérola pois esta não é mais que “uma ferida cicatrizada”.
- Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém?
- Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
- Suas ideias já foram rejeitadas ou mal interpretadas?
- Já sofreu os duros golpes do preconceito?
- Já recebeu o troco da indiferença?
Então, produza uma pérola!!!
Cubra as suas mágoas com várias camadas de amor… eu sei que é mais fácil cultivar ressentimentos, alimentar vários tipos de sentimentos pequenos que não deixam que a ferida cicatrize dentro de si.
Na prática, o que vemos são ostras vazias porque tendo sido feridas não souberam compreender e perdoar. Um sorriso, um olhar, um gesto, podem valer mais que muitas palavras.
Lembre-se disso!
Na parte interna da concha é encontrada uma substância lustrosa chamada NÁCAR. Quando um grão de areia penetra na concha as células do Nácar começam a trabalhar e cobrem o grão de areia com camadas e mais camadas, para proteger o corpo indefeso da ostra.
Como resultado, uma linda pérola se vai formando. Ostra que não foi ferida, de algum modo, não produz pérola pois esta não é mais que “uma ferida cicatrizada”.
- Você já se sentiu ferido pelas palavras rudes de alguém?
- Já foi acusado de ter dito coisas que não disse?
- Suas ideias já foram rejeitadas ou mal interpretadas?
- Já sofreu os duros golpes do preconceito?
- Já recebeu o troco da indiferença?
Então, produza uma pérola!!!
Cubra as suas mágoas com várias camadas de amor… eu sei que é mais fácil cultivar ressentimentos, alimentar vários tipos de sentimentos pequenos que não deixam que a ferida cicatrize dentro de si.
Na prática, o que vemos são ostras vazias porque tendo sido feridas não souberam compreender e perdoar. Um sorriso, um olhar, um gesto, podem valer mais que muitas palavras.
Lembre-se disso!
Nota - Compreender, perdoar... mas não esquecer.
A VELHA QUE
SABIA TUDO...
No Tribunal de uma pequena cidade, o advogado de acusação chama a depôr a sua primeira testemunha, uma avózinha de idade avançada e pergunta-lhe:
- Dª Ermelinda, a senhora conhece-me?
- Claro que conheço, desde pequenino e, francamente, desiludiste-me. Mentes descaradamente a todo o mundo, enganas a tua mulher com a secretária, fizeste um filho à tua cunhada e deste-lhe dinheiro para ela tirar a barriga. Manipulas as pessoas e falas delas pelas costas, julgas que és uma grande personalidade quando não tens sequer inteligência suficiente para varredor.
- ... é claro que te conheço.
O advogado ficou branco, sem saber o que dizer. Depois de pensar um pouco, apontou para o extremo da sala e perguntou:
- Dª Ermelinda, conhece o advogado de defesa?
- Claro que sim, também o conheço desde pequenino. É frouxo, não tem tomates para manter a mulher na linha que anda a fornicar com os empregados da casa, o chofer e o jardineiro e até o carteiro dorme com ela, como todo o mundo sabe. Para além de que tem problemas com a bebida, não consegue ter uma relação normal com ninguém e, na qualidade de advogado, bem... é dos piores profissionais que conheço. Não posso também deixar de referir que engana a esposa com três mulheres diferentes e uma delas, curiosamente, é a tua.
- ... sim, também conheço muito bem.
O advogado de defesa ficou, naturalmente, em estado de choque.
Então, o juiz pediu para ambos os advogados se aproximarem do estrado e com uma voz muito ténue, disse-lhes:
- Se algum de vocês se atreve a perguntar à puta da velha se me conhece, juro-vos que vão todos presos.
Episódio Nº 115
- Fugiu? Quando viu que você ia parir?
- Foi… Eu tinha deixado a vida pra morar com
ele, sabe… Eu ficava lavando roupa, a gente até parecia casada… Ele era bom…
Era bom mesmo… Podia estar num altar…
- Você gostava dele um pedaço…
- É verdade que eu tou dizendo… Era um santo…
Um dia eu falei muito alegre que ia ter um filho. Ele ficou assim feito besta
com a cara no ar… Depois riu muito, me beijou. Era tudo tão bom…
- Eu tenho uma namorada na minha terra – falou
o ex-soldado – ela é uma tentação. Nós vai se casar um dia destes…
Quem o visse agora diria
que ele estava morto. Com os olhos fechados, a boca sorrindo, o belo rosto
redondo feliz como o de um morto.
A mulher balançou a
cabeça. Ela viveu muito com certeza porque tem um ar de cansado no rosto ainda
jovem. E agora ela tem pena do ex-soldado. Ele é tão bonito e viveu tão pouco.
Ele vai casar… Mas António
Balduíno pergunta:
- E depois?...
- Ela continua:
- Foi porque ele era pobre… Mal a gente vivia
num buraco…O dinheiro dele, junto com o que eu ganhava lavando roupa, não dava…
Foi por isso…
Ela está com pena do
ex-soldado que levantou a cabeça no braço e escuta ansioso.
Ele numa noite arribou… Eu
nem vi… Deixou as coisas todas, soube que fugiu para ver depois o menino passar
fome…
- E agora?
- Diz que ele está em
Feira de Sant’Ana trabalhando… Eu vim pra junto dele…
O soldado está triste. Ele
agora pensa em dinheiro para sustentar a mulher quando casar e os filhos
depois.
- Mas ela é tão bonita… E depois eu trabalho…
Não tenho medo do trabalho.
A mulher o anima.
- É, sim…
Mas ele está duvidando,
todos vêem. António Balduíno diz à mulher:
- Eu vou ser padrinho do seu filho…
- Eu fiz uma touca para ele… Uma velha deu uns
cueiros velhos… é só o que ele tem… Já nasce sofrendo…
O ex-soldado falou:
- É melhor não casar… Tão bonita…
Aqui
é a estação de são Gonçalo. Saltam passageiros. A cidade dorme cheia de
jardins. O barulho do trem acordou uma criança numa casa próxima. Ouve-se o
choro. A mulher sorri feliz.
- Agora vai ser bom para
você – diz Balduíno – vai ter um… De noite chora…
- Quero que seja um menino…
quarta-feira, setembro 18, 2013
O Homem Pré- Histórico - Vivendo com as Feras (Parte 2)
A admiração que sinto pelos nossos antepassados... que enorme aventura!
O amor chega a todo o lado... até à matemática. Que o diga o grande Millôr Fernantes pela voz de Maria do Carmo Costa.
CURIOSIDADES
SOBRE SEXO...
(Ai, o sexo ... o sexo!)
- No Líbano, os homens podem , legalmente, ter relações sexuais com animais, sempre que estes sejam do sexo feminino. Ter relações sexuais com machos será castigado com a morte.
- No Bahrein, um médico pode, legalmente, examinar, tocando, os genitais femininos, mas está impossibilitado de os observar directamente durante o exame. Só através de um espelho.
- Os muçulmanos não podem ver os genitais de um cadáver. Isto também se aplica aos empregados das funerárias. Os orgãos sexuais dos defuntos devem estar sempre cobertos por um pedaço de madeira.
- Na Indonésia, a pena para a masturbação é a decapitação.
- Em Guan, na China, existem homens cujo único emprego é viajar pelo território para desflorar virgens que lhes pagam pelo privilégio de terem sexo pela primeira vez. A razão é simples: não podem casar enquanto virgens.
- Em Hong Kong, uma mulher enganada pelo marido pode, legalmente, matá-lo mas tem que o fazer apenas com recurso às mãos. Em contrapartida, a mulher adúltera pode ser morta pelo marido de qualquer maneira.
- Em Liverpool, Inglaterra, a lei autoriza as vendedoras a fazer topless mas somente no negócio de peças de roupa tropicais.
- Em Cali, Colômbia, a mulher só pode ter relações com o seu marido mas, na primeira vez em que isso ocorre, a sua mãe deve estar no quarto para testemunhar o acto.
- Em Santa Cruz, Bolívia, é ilegal um homem ter relações com uma mulher e a sua filha ao mesmo tempo.
- Em Maryland, E.U.A., os preservativos só podem ser vendidos em máquinas colocadas em lugares onde se vendam bebidas alcoólicas para consumo local.
FELIZ ANIVERSÁRIO...
Era o meu 39º aniversário e o meu humor não estava grande coisa. Nessa manhã, ao levantar-me, dirigi-me à sala para beber o café na expectativa que o meu marido dissesse:
-“Feliz aniversário, querida!”… mas ele não disse nada.
- “Este é o homem que eu mereço!”… pensei eu.
...mas continuei a sonhar:
- “As crianças, certamente, lembrar-se-ão…” mas quando chegaram para beber o café também não disseram nada.
Saí bastante desalentada mas senti-me um pouco melhor quando ao entrar no meu local de trabalho o estagiário me disse:
- “Bom dia Drª… Feliz Aniversário!”
Finalmente, alguém se havia lembrado!
Trabalhei até ao meio-dia quando o estagiário entrou no meu gabinete e me disse:
- “Sabe, Drª Promotora…está um dia lindo lá fora e já que é o dia do seu aniversário poderíamos almoçar juntos, só a senhora e eu, que acha?
Achei a ideia excelente, e fomos a um lugar bastante reservado. Divertimo-nos bastante e no caminho de regresso ele sugeriu:
- “Drª…com este dia tão lindo, acho que não devíamos voltar ao trabalho… vamos até ao meu apartamento e tomaremos uma bebida.
Fomos, então, para o apartamento dele e enquanto saboreava um Martini, ele disse:
- “Se não se importa, eu vou até ao meu quarto vestir uma roupa mais confortável”.
- “Tudo bem”… respondi: “Fique à vontade…”
Decorridos mais ou menos uns cinco minutos ele saiu do quarto e entrou na sala com um enorme Bolo de Aniversário… seguido do meu marido, dos meus filhos, amigas e todo o pessoal de escritório…cantando os Parabéns a Você!!!.
E…lá estava eu…sem sutiã, sem calcinha, sentada no sofá da sala!...
É por isso que eu sempre digo:
- “Estagiário…só faz merda!”
-“Feliz aniversário, querida!”… mas ele não disse nada.
- “Este é o homem que eu mereço!”… pensei eu.
...mas continuei a sonhar:
- “As crianças, certamente, lembrar-se-ão…” mas quando chegaram para beber o café também não disseram nada.
Saí bastante desalentada mas senti-me um pouco melhor quando ao entrar no meu local de trabalho o estagiário me disse:
- “Bom dia Drª… Feliz Aniversário!”
Finalmente, alguém se havia lembrado!
Trabalhei até ao meio-dia quando o estagiário entrou no meu gabinete e me disse:
- “Sabe, Drª Promotora…está um dia lindo lá fora e já que é o dia do seu aniversário poderíamos almoçar juntos, só a senhora e eu, que acha?
Achei a ideia excelente, e fomos a um lugar bastante reservado. Divertimo-nos bastante e no caminho de regresso ele sugeriu:
- “Drª…com este dia tão lindo, acho que não devíamos voltar ao trabalho… vamos até ao meu apartamento e tomaremos uma bebida.
Fomos, então, para o apartamento dele e enquanto saboreava um Martini, ele disse:
- “Se não se importa, eu vou até ao meu quarto vestir uma roupa mais confortável”.
- “Tudo bem”… respondi: “Fique à vontade…”
Decorridos mais ou menos uns cinco minutos ele saiu do quarto e entrou na sala com um enorme Bolo de Aniversário… seguido do meu marido, dos meus filhos, amigas e todo o pessoal de escritório…cantando os Parabéns a Você!!!.
E…lá estava eu…sem sutiã, sem calcinha, sentada no sofá da sala!...
É por isso que eu sempre digo:
- “Estagiário…só faz merda!”
VELHA?... EU?
Já aconteceu você, ao olhar pessoas da sua idade e pensar: Não posso estar assim tão velho (a)?!!!
Veja o que aconteceu a uma amiga minha:
- Estava sentada na sala de espera para a minha primeira consulta com um novo dentista, quando observei que o seu diploma estava dependurado na parede. Estava escrito o seu nome e, de repente, recordei de um moreno alto, que tinha esse mesmo nome. Era da minha classe no colégio, uns 30 anos atrás, e eu perguntava-me:
- Poderia ser o mesmo rapaz por quem me tinha apaixonado à época?
Quando entrei na sala de atendimento imediatamente afastei esse pensamento do meu espírito.
Este homem grisalho, quase calvo, gordo, com um rosto marcado, profundamente enrugado, era demasiadamente velho pra ter sido o meu amor secreto.
Depois que ele examinou o meu dente, perguntei-lhe se ele estudou no Colégio Sacré Coeur.
- Sim, respondeu-me.
- Quando se formou? Perguntei.
- 1965. Por que pergunta?
Respondi::
- É que... bem... você era da minha classe, exclamei eu.
E então, aquele velho horrível, cretino, careca, barrigudo, flácido, filho de uma p_ _ _ , lazarento perguntou-me:
- A Sra. era professora de quê?