Aproveito para vos mostrar imagens do local com a canção linda do Rui Veloso
Olhar o futuro pelo espelho retrovisor da história. Qual história? Que futuro?
Hoje, apesar das previsões meteriológicas não serem muito famosas, vou de fim de semana a Porto Covo, na costa alentejana, a sul de Sines. Sim, esse Porto Covo celebrizado por Rui Veloso na sua linda canção com o mesmo nome. Passem bem, 2ª Fª cá nos encontraremos para continuarmos a contar aquele terrível imbróglio que a dona Flor está a viver.
DONA
O fogo a queimá-la não fora aceso pelas démarches bancárias, por hipoteca, recibos e escritura. A compra da casa ainda mais a prendia ao doutor, sem dúvida, mais forte seu afecto. O que a levava, porém, a exigir prazer e posse extemporâneos, era a fogueira erguida por Vadinho, suas carícias, sua mão de afago, sua boca de beijos, a descaração ao crepúsculo, roxas marcas no pescoço.
Agora, quando o doutor crescia sobre ela, envolto no lençol, ao cerrar os olhos, dona Flor já não enxergava um pássaro gigantesco e, sim, Vadinho finalmente a possui-la, a fazê-la gemer e suspirar. Uma confusa dos diabos.
Guardava-se dona Flor de ponderar sobre mais essa encrenca, já tinha muito com que se consumir. Quanto ao doutor, dispunha-se seriamente a programar um extra para cada quinze dias.
Na noite daquela quarta-feira da briga com Vadinho, dona Flor se sentia perplexa e agitada, bem precisada de acalmar os nervos. Pensava em Vadinho sumido, talvez para sempre. Era a volta à existência calma, o fim dos dias tensos, quando se vira entre dois maridos, ambos com direito ao seu amor e ela sem saber como agir, chegando em certos momentos a misturá-los e a confundi-los, na maior das atrapalhações. Quem sabe, agora, poderia retornar ao tranquilo ramerrão de antes do regresso de Vadinho, quando seu corpo só se despertava às quartas e aos sábados?
Assim, naquela quarta-feira à noite, escondendo sob os lençóis as marcas dos beijos de Vadinho em seu pescoço, e trancando no coração o medo da sua ausência, dona Flor acolheu seu esposo Teodoro, com ele iniciando o discreto e doce ritual. Apenas, porém, o doutor crescera sobre ela, qual confortável guarda-chuva, o riso de Vadinho ressoou aos ouvidos de dona Flor e a fez estremecer.
Primeiro foi a alegria de vê-lo ali, equilibrado nas grades do leito, não tinha partido para sempre como dona Flor temera. Depois a alegria fez-se raiva, ao enxergar seu riso de deboche, aquele falso ar de piedade no rosto de zombaria e pagodeira.
Estava a divertir-se o coisa ruim, suspendendo a ponta do lençol para melhor apreciar e escarnecer. Dona Flor ouvia sua voz dentro do peito, seu riso libertino, de troça e de debique:
- É isso que você chama de vadiação? É esse o doutor Sabetudo, o mestre das putas, o rei da sacanagem? Essa porqueira, meu bem? Nunca vi coisa mais insípida… se eu fosse tu, pedia a ele, em vez disso, um frasco de xarope: cura tosse e é mais gostoso… Porque o que ele está fazendo, meu bem, é a coisa mais triste que eu já vi…
Ela ainda quis dizer “pois mas eu gosto muito” mas não pôde. O doutor chegara ao fim e ela se perdera nos risos de Vadinho, morta de vergonha (e de desejo).
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Agora, a versão de Elvis Costello, (1999) cantor, músico e compositor britânico. Possuidor de uma voz única e original, com um alcance musical impressionantemente amplo, teve o seu 1º Album "My Aim Is True" (1977) mas foi em 1979 que teve o auge do seu sucesso comercial com o Album "Armed Forces". O seu sucesso nos EUA foi muito prejudicado quando chamou a Ray Charles "crioulo cego e ignorante". Depois, numa conferência de imprensa, desculpou-se dizendo que estava bêbado e que tinha dito aquilo para provocar Bramlet - o que conseguiu pois ela deu-lhe uma bofetada - Mais tarde recusou um convite para conhecer Ray Charles dizendo o seguinte: "qualquer desculpa depois destes anos seria mais que embaraçosa para todos e tudo o que eu poderia fazer era virar a cara de vergonha e frustação... a culpa é um fogo que arde sem qualquer sinal de limitação"
DONA
Episódio Nº 273
ENTREVISTAS FICCIONADAS
DONA FLOR
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
Regressamos novamente com a Gigliola aos anos sessenta, quando os aviões ainda tinham hélices e os aeroportos eram tão calmos que até permitiam esta canção de despedida, terna e amorosa, cantada directamente para o destinatário, deveras comprometido e comovido, no meio dos passageiros. Outros tempos... quando havia espaço para o romantismo e ainda não tinham "descoberto" os vôos low cost e os passageiros transportados como sardinhas em lata... o preço da massificação das viagens de avião.
DONA
Em Espanha, por exemplo, Frei Luís de Leon foi condenado pela Inquisição a quatro anos de cárcere, no último terço do Séc. XVI, por ter o “bárbaro costume” de traduzir a Bíblia para o espanhol.
DONA FLOR
A CONJUNTURA E A ESTRUTURA