sábado, agosto 09, 2014

IMAGEM

De rosa às costas...



E a briga começou...
COMO COMEÇAM


AS ZANGAS...













A minha mulher sentou-se no sofá junto a mim enquanto 
eu passava pelos canais.

Ela perguntou, "O que tem na TV? "

Eu disse, "Pó. "

E a briga começou...

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Quando cheguei a casa ontem à noite, a minha mulher 
exigiu que a levasse a algum lugar caro.

Então eu levei-a ao posto de gasolina.

E então a zanga começou...

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A minha mulher e eu estávamos sentados numa mesa na 
reunião do liceu, e eu fiquei a olhar para uma 
moça bêbada que balançava seu drinque enquanto 
estava sozinha numa mesa próxima.

A minha mulher perguntou, "Conhece-la ?"

 - "Sim," disse eu, "Ela é minha antiga namorada... Eu sei que 
ela começou a beber logo depois de nos separarmos há 
tantos anos e pelo que sei ela nunca mais ficou sóbria."

"Meu Deus!", disse a minha mulher, "quem pensaria que alguém pudesse ficar celebrando durante tanto tempo?"

E então a zanga começou...

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Depois de me reformar, fui até à Seg. Social para poder receber a reforma. A mulher que me atendeu solicitou o meu bilhete de identidade para verificar a idade.

Procurei nos bolsos e percebi que o tinha deixado em casa. 
A funcionária disse que lamentava, mas teria que o ir buscar a casa e voltar depois. E disse-me, "Desabotoe a camisa."

Então, desabotoei-a deixando expostos os meus cabelos 
crespos prateados. Ela disse, "Este cabelo prateado no seu peito é prova suficiente para mim," e processou a minha reforma.

Quando cheguei a casa, contei entusiasmado o que ocorrera 
à minha mulher. E ela disse: 

 - "Por que não baixaste as 
calças? Poderias ter conseguido invalidez permanente também... "

E então a zanga começou...

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A mulher está nua, olhando no espelho do quarto. Não está feliz com o que vê e diz para o marido, "Sinto-me 
horrível; pareço velha, gorda e feia. Realmente preciso 
de um elogio teu. "O marido retruca, "A tua visão está perto da perfeição. "

E então a zanga 
começou...
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Levei a minha mulher ao restaurante. O empregado anotou o meu pedido primeiro. "Quero picanha mal-passada, por favor." O empregado interroga, "O Senhor não está 
preocupado com a vaca louca ?"

 - "Não, ela mesma pode fazer o seu pedido." - respondi.

E então a zanga começou...

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O marido volta do Médico e a mulher, toda 
preocupada, pergunta-lhe: "E então, o que disse o Médico?".

De pronto, ele respondeu: "A partir de hoje, não faremos mais amor, estou proibido de comer coisas gordas."

E então a zanga começou...

Harry Nilson - Without You

Nasceu em 1941 e morreu prematuramente  aos 53 anos, em 1994, por insuficiência cardíaca. Deixou-nos, entre outras, esta canção de 1972 da qual sou apaixonado e que foi premiada por um Grammy. - Without You  - minha companheira musical em Moçambique, na cidade da Beira, já lá vão mais de 40 anos.

Gato Fedorento - Nomes para substituir casamento


Currículum Vitae 

Pede-se experiência... A redacção que se segue foi escrita por um candidato numa selecção de Pessoal na Volkswagen. A pessoa foi aceite e o seu texto  fez furor na Internet. Vamos recuperá-lo pela sua criatividade e sensibilidade.






TEXTO APRESENTADO 


Já fiz cócegas à minha irmã só para que deixasse de chorar, já me queimei a brincar com uma vela, já fiz um balão com a pastilha que se me colou na cara toda, já falei com o espelho, já fingi ser bruxo.
Já quis ser astronauta, violinista, mago, caçador e trapezista; já me escondi atrás da cortina e deixei esquecidos os pés de fora.
Já roubei um beijo, confundi os sentimentos, tomei um caminho errado e ainda sigo caminhando pelo desconhecido.
Já raspei o fundo da panela onde se cozinhou o creme, já me cortei ao barbear-me muito apressado e chorei ao escutar determinada música no autocarro.
Já tentei esquecer algumas pessoas e descobri que são as mais difíceis de esquecer. Já subi às escondidas até ao terraço para agarrar estrelas, já subi a uma árvore para roubar fruta, já caí por uma escada. 

Já fiz juramentos eternos, escrevi no muro da escola e chorei sozinho na casa de banho por algo que me aconteceu; já fugi de minha casa para sempre e voltei no instante seguinte.
Já corri para não deixar alguém a chorar, já fiquei só no meio de mil pessoas, sentindo a falta de uma única.
Já vi o pôr-do-sol mudar do rosado ao alaranjado, já mergulhei na piscina e não quis sair mais, já tomei whisky até sentir os lábios dormentes, já olhei a cidade de cima e nem mesmo assim encontrei o meu lugar.
Já senti medo da escuridão, já tremi de nervos, já quase morri de amor e renasci novamente para ver o sorriso de alguém especial. Já acordei no meio da noite e senti medo de me levantar.
Já apostei a correr descalço pela rua, gritei de felicidade, roubei rosas num enorme jardim, já me apaixonei e pensei que era para sempre, mas era um 'para sempre' pela metade.
Já me deitei na relva até de madrugada e vi o sol substituir a lua; já chorei por ver amigos partir e depois descobri que chegaram outros novos e que a vida é um ir e vir permanente.
Foram tantas as coisas que fiz, tantos os momentos fotografados pela lente da emoção e guardados nesse baú chamado coração...
Agora, um questionário pergunta-me, grita-me desde o papel: - Qual é a sua experiência?
Essa pergunta fez eco no meu cérebro.
Experiência.... Experiência... Será que cultivar sorrisos é experiência?
Agora... agradar-me-ia perguntar a quem redigiu o questionário:
- Experiência?! Quem a tem, se a cada momento tudo se renova ???'

A festa durou dois dias
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 23



















Teria uns cinco anos, não mais, quando o coronel Boaventura trouxe o padre Afonso para benzer a capela que dona Ernestina mandara erguer na fazenda em pagamento de promessa a São José, seu protector, a quem o Coronel devia a vida -  a São José e a Natário que apertara o gatilho a tempo: com sua licença, Coronel.

A festa durou dois dias: multidão de convidados, até da Bahia
veio gente. O padre celebrou missa, consagrou a imagem do santo, casou os amancebados, baptizou uma batelada de meninos e uns quantos homens feitos todavia ímpios.

Despropósito de comilança, desparrame de bebidas, correu cachaça à grande nas casas dos trabalhadores; um despotismo.

 Modesto servo de Deus, partidário incondicional do Coronel, modelo de fé cristã e de civismo grapiúna, padre Afonso pecava pela gula, comia por um regimento.

Natário aproveitou a festa para casar-se com Zilda com quem vivia amantizado havia mais de ano. Ele a encontrara vagando na estrada de Água Preta, pálida, raquítica e assustada, órfã de pai e de mãe, enterrados juntos pela bexiga. Uma ronda de arrenegados pisava-lhe os calcanhares, malta de cães atrás de cadela sem dono, cada qual com seu trabuco.

 Mais por desenfado do que por apetite, Natário entrou na competição, mandou Mané Bragado para a terra dos pés juntos: o lambanceiro o desconhecera e puxara a arma.

 Tendo a magricela custado vida de homem, a levou consigo e em seguida lhe fez um filho.

Calada e submissa, trabalhadeira e asseada — a casinha de sopapo dava gosto -  Zilda ganhou corpo e cores, consideração e afecto, ficou de vez. Onde arranjou coragem para dizer a seu homem e senhor do desejo que tinha de se casar com ele?

 - No padre, para não viver contra a lei de Deus; no juiz, não precisava não.

Quando a recolhera, Natário ainda morava em casa de Florêncio; na rede de solteiro a emprenhou; sob as vistas de Bernarda, por assim dizer. Bernarda continuava a dormir na sala mas com a presença de Zilda perdeu o lugar na rede, o balanço e o peito acolhedor.

Por ocasião do baptizado colectivo, Ana os convidou para padrinhos da menina. Jeitosa, Zilda fez, com trapos velhos, uma boneca de pano para a afilhada. Natário nada lhe deu além do que ela mais desejava: poder chamá-lo de padrinho, beijar-lhe a mão e receber a bênção.

Enquanto Florêncio permaneceu na Atalaia, Bernarda viveu mais em casa dos padrinhos do que na dos pais. Beirava os dez anos quando Florêncio, tendo-se desentendido com o Coronel por dê-cá-aquela-palha, arrogância de jagunço que se recusava a pegar no pesado, se mudou para a Fazenda da Boca do Mato - o coronel Benvindo andava à procura de um bom clavinoteiro para gritar com os alugados. Natário e Zilda ofereceram-se para ficar com a afilhada; Florêncio nem quis falar no assunto.

 Precisavam de Bernarda para ajudar na criação da irmãzinha; naquele meio tempo Ana desovara mais uma filha, Irará de nome, Irá de apelido.

Depois, quando se deu o acontecido, Zilda opinou que já então
Florêncio andava de olho na menina.

Com a mudança dos compadres, somente de raro em raro Natário voltara a ver Bernarda. Aos trezes anos era moça feita, bonitona, cobiçada.

sexta-feira, agosto 08, 2014

IMAGEM


Túnel do amor na Ucrânia... espero que continue a ser.



DULCE PONTES - LÁGRIMA

A única que faz verdadeira sombra à voz de Amália.


Camada de Nervos - Exagero de Currículum

Pepino Di Capri - Melancolie

Este rapaz, precisamente da minha idade, nasceu também em 39, fazia nos anos sessenta estas lindas canções que hoje, tal como então, continuam a fazer as minhas delícias... e espero que não só as minhas. Em 1963 teve um grande sucesso no Brasil com a canção Roberta. 


Fazem parte de um esquema remoto de sobrevivência.
"CRENÇAS

 RUINS












Por que razão é tão difícil erradicar crenças ruins?

- A razão tem a ver com a natureza das próprias crenças que estão biologicamente preparadas para serem resistentes à mudança porque foram designadas para aumentar a nossa habilidade de sobreviver.


Para mudar as crenças os cépticos devem aceder às habilidades de sobrevivência do cérebro discutindo os significados e as implicações para além dos dados.

Uma noção básica do espírito crítico e científico é de que as crenças estão erradas e por isso, é muitas vezes confuso e irritante para cientistas e cépticos que as crenças de tantas pessoas não mudem diante de evidências contraditórias.

Perguntamo-nos como é que as pessoas acreditam em coisas que contradizem os factos?

Essa confusão pode criar uma terrível tendência da parte dos pensadores cépticos de diminuir e menosprezar as pessoas cujas crenças não mudam face às evidências.

Elas podem ser olhadas como inferiores, estúpidas ou até malucas. Esta atitude, resulta de uma falha dos cépticos ao não compreenderem o propósito biológico das crenças e a necessidade neurológica de que elas sejam resistentes à mudança.

A verdade é que, por causa do seu pensamento rigoroso, muitos cépticos não têm uma compreensão clara ou racional do que são as crenças e por que, mesmo as mais erradas, não desaparecem facilmente.

Entender o propósito biológico das convicções pode ajudar os cépticos a serem muito mais eficientes no desafio às crenças irracionais e na divulgação de conclusões científicas.

Embora faça muito mais do que isso a finalidade primária dos nossos cérebros é manter-nos vivos e a sobrevivência irá ser sempre o seu principal propósito e virá sempre em primeiro lugar.

Se formos ameaçados ao ponto dos nossos corpos ficarem apenas com energia suficiente para suportar a consciência ou o coração a bater mas não as duas coisas em simultâneo, o cérebro não tem problema em “apagar-se” e colocar-nos em coma (sobrevivência à frente da consciência) em vez de ficar alerta até à morte (consciência à frente da sobrevivência).

Como cada actividade do cérebro serve fundamentalmente para isso, a única maneira de entender precisamente qualquer função cerebral é examinar o seu valor como instrumento de sobrevivência.

Mesmo a dificuldade de tratar desordens comportamentais como a obesidade e vícios pode ser entendida examinando a sua relação com a sobrevivência.

Qualquer redução no consumo calórico ou na disponibilidade de uma substância na qual um indivíduo é viciado é sempre interpretada pelo cérebro como uma ameaça à sobrevivência e o resultado disso é que o cérebro defende-se criando aquelas reacções típicas da síndrome da abstinência.

As ferramentas primárias do cérebro para garantir a nossa sobrevivência são os sentidos. Obviamente, devemos ser hábeis em perceber com precisão o perigo para podermos tomar atitudes que nos mantenham em segurança.

Para sobreviver temos que ver o leão à saída da caverna e ouvir o intruso invadindo a nossa casa a meio da noite.

Apesar disso, os sentidos sozinhos são inadequados como detectores do perigo porque são limitados no alcance e na área. Nós só podemos ter contacto sensorial directo com uma pequena porção do mundo de cada vez.

O cérebro considera esse um problema significativo porque, mesmo o dia-a-dia, requer que estejamos constantemente em movimento, dentro e fora do nosso campo de percepção do mundo como é agora.

Entrar num território que nós nunca vimos ou ouvimos coloca-nos na perigosa posição de não termos nenhuma noção dos perigos possíveis. Se entrar num prédio desconhecido ou numa parte perigosa da cidade, as minhas chances de sobrevivência diminuem porque não tenho como saber se o teto está para cair na minha cabeça ou se um atirador está escondido atrás da porta.

É aqui que entra a crença.

Crença: é o nome que damos à ferramenta de sobrevivência do cérebro que existe para aumentar a função de identificação de perigos dos nossos sentidos.

As crenças estendem o alcance dos nossos sentidos de maneira que podemos detectar melhor o perigo e aumentar as nossas chances de sobrevivência em território desconhecido. Em essência, elas servem-nos como detectores de perigo de longo alcance.

Do ponto de vista funcional, os nossos cérebros tratam as crenças como “mapas” da parte do mundo que não podemos ver no momento.

Enquanto estou sentado na minha sala de estar não posso ver o meu carro. Apesar de o ter estacionado na minha garagem há algum tempo, se eu usar os dados sensoriais imediatos, eu não sei se ele ainda lá está, por isso, neste momento os dados sensoriais não são de grande utilidade para encontrar o meu carro.

Para que eu encontre o meu carro com algum grau de eficiência, o meu cérebro deve ignorar a informação sensorial actual e voltar-se para o seu “mapa” interno do local do meu carro.

Esta é a minha crença de que o carro ainda está no local onde o deixei. Se me referir à minha crença em vez de aos dados sensoriais, o meu cérebro pode “saber” alguma coisa sobre o mundo com o qual não tenho contacto imediato.

Esta faculdade “estende” o conhecimento e o contacto do cérebro com o mundo para além do alcance dos nossos sentidos imediatos aumentando as nossas possibilidades de sobrevivência.

Um homem das cavernas tem mais hipóteses de sobreviver se acreditar que o perigo existe na floresta embora ele não o veja, da mesma forma que um polícia estará mais seguro se acreditar que alguém parado por infracção de trânsito pode ser um psicopata armado embora tenha aparência de boa pessoa.

Tanto os sentidos como as crenças são ferramentas para a sobrevivência e evoluíram para se alimentarem um ao outro e, por isso, o nosso cérebro considera-os separados mas igualmente importantes como fontes de informação para a sobrevivência.

A perda de qualquer um deles coloca-nos em perigo. Sem os nossos sentidos não poderíamos conhecer o mundo perceptível e sem as nossas crenças nada poderíamos saber do que está fora dos nossos sentidos, nem sobre significado, razões e causas.

Isto significa que as crenças existem para operar independentemente dos dados sensoriais.

Na verdade, todo o valor das crenças para a sobrevivência baseia-se na sua capacidade de persistirem não obstante as evidências em contrário.

As crenças não devem mudar facilmente ou simplesmente por causa de evidências que as neguem. Se elas o fizessem não tinham nenhuma utilidade para a sobrevivência. O nosso homem das cavernas não duraria muito se a sua crença em perigos potenciais na floresta se evaporasse toda a vez que ele não visse esses perigos.

Para o cérebro não há absolutamente nenhuma necessidade que os dados e as crenças concordem entre si. Cada um delas evoluiu para aumentar e melhorar a outra pelo contacto com diferentes secções do mundo.

Foram preparadas para poderem discordar e por isso é que cientistas podem acreditar em Deus e pessoas que são geralmente razoáveis e racionais podem acreditar em coisas sem evidências dignas de crédito como discos voadores, telepatia ou psicocinese.

Quando dados e crenças entram em conflito o cérebro não dá preferência aos dados e é por isso que crenças, mesmo disparatadas, ruins, irracionais ou loucas, raramente desaparecem diante de evidências contraditórias.

O cérebro não se importa se a crença concorda com os dados, ele apenas se preocupa se a crença ajuda à sobrevivência e ponto final.

Então, enquanto a parte racional e científica do nosso cérebro pode pensar que os dados deviam confirmar a crença, a um nível mais profundo ele nem liga a isso. Ele é extraordinariamente reticente em reavaliar as suas convicções.

E como um velho soldado com o seu revólver que não acredita que a guerra acabou, também o cérebro se recusa a entregar as armas mesmo que os factos desmintam aquilo em que ele crê.

Mesmo as crenças que não parecem, estão intimamente ligadas á sobrevivência porque as crenças não ocorrem individualmente ou no vácuo. Elas relacionam-se umas com as outras formando uma rede que cria a visão do mundo fundamental do cérebro e daqui a importância de manter intacta essa rede.

Pequenas que sejam e aparentemente sem importância, qualquer pequena convicção é defendida até ao fim.

Por exemplo, um Criacionista não pode tolerar a precisão dos dados que indicam a realidade da evolução, não por causa dos dados em si mas porque mudar qualquer crença relacionada com a Bíblia e a natureza da criação, quebrará todo um sistema, uma visão do mundo e, em última análise, a experiência de sobrevivência do seu cérebro.

O que está em causa, portanto, é uma questão de valor da sobrevivência da credibilidade e, perante ela, as evidências negativas são insuficientes para mudar as crenças mesmo em pessoas inteligentes em outros assuntos.


NOTA

- Em primeiro lugar, os cépticos não devem esperar mudanças de crença simplesmente como resultado dos dados ou pensar que as pessoas são estúpidas porque não mudam de ideias.


Devem evitar tornarem-se críticos ou arrogantes como resposta à resistência à mudança. Os dados são sempre necessários mas raramente suficientes.

- Em segundo lugar, os cépticos devem aprender a nunca ficarem só pelos dados mas discutirem também as implicações que a mudança dessas crenças podem ter na visão do mundo e no sistema de convicções das pessoas envolvidas.

Os cépticos devem acostumar-se a discutir a filosofia fundamental e a ansiedade existencial que se estabelece quando crenças profundas são abaladas.

A tarefa é tão filosófica e psicológica quanto científica.

- Em terceiro lugar, e talvez a mais importante, os cépticos devem perceber quanto difícil é para as pessoas verem as suas convicções abaladas. É, quase literalmente, uma ameaça ao senso de sobrevivência dos seus cérebros.

É perfeitamente normal que as pessoas fiquem na defensiva em situações como essas. O cérebro acha que está lutando pela sua própria vida.

A lição que os cépticos devem aprender é que as pessoas, geralmente, não têm a intenção de serem teimosas, irracionais, nervosas, grosseiras ou estúpidas, quando as suas convicções são ameaçadas.

É uma luta pela sobrevivência e a única maneira de lidar, efectivamente, com esse tipo de comportamento defensivo é amenizar a luta em vez de inflamá-la.

Os cépticos só podem pensar em ganhar a guerra pelas convicções racionais se continuarem, mesmo contra respostas defensivas, mantendo um comportamento digno e respeitoso que demonstre respeito e sabedoria. Para que os argumentos científicos se imponham, os cépticos devem manter sempre o controle e não se irritarem.

- Finalmente, o que deve servir de consolo é que a parte realmente fantástica disto, não é que somente algumas crenças se modifiquem ou que as pessoas sejam tão irracionais, mas sim que as crenças de qualquer um podem modificar-se.

A habilidade que os cépticos demonstraram em alterar as suas próprias convicções a partir das descobertas científicas, constituiu um verdadeiro dom; uma capacidade poderosa, única e preciosa, só possível por uma alta função do cérebro na medida em que vai contra algumas das urgências biológicas mais fundamentais.

Eles possuem uma aptidão que pode ser assustadora, modificadora e que causa dor. Ao projectarem nos outros essa habilidade devem ser cuidadosos e sábios.

As convicções devem ser desafiadas com cuidado e compaixão.

Os cépticos não devem perder de vista os seus objectivos, devem adoptar uma visão de longo prazo, tentarem vencer a guerra pelas crenças racionais, não entrarem numa luta até à morte.

Não são só os dados e os métodos dos cépticos que têm que ser limpos, directos e puros, mas também a sua conduta e comportamento.


(Este texto é da autoria de Gregory W. Lester, Professor de Psicologia da Unversidade de St. Thomas em Houston nos EUA) 

Só o ajudei a chorar
Só o ajudei a chorar...












O autor e conferencista Leo Buscaglia falou de um concurso em que ele teve de ser júri. O objectivo era encontrar a criança mais cuidadosa.


A vencedora foi um rapazinho de quatro anos, cujo vizinho era um velhote que perdera recentemente a sua esposa. Depois de ter visto o senhor a chorar, o menino foi ao quintal do velhote, subiu para o seu colo e sentou-se. Quando a mãe perguntou o que dissera ao vizinho, o rapazinho disse:


- Nada. Só o ajudei a chorar.

Tocaia Grande não comporta tanta lordeza
TOCAIA GRANDE
(Jorge Amado)

Episódio Nº 22


















Antes de tocar o animal, Natário perguntou:

 -Tá precisada, Coroca?

- Não tou pedindo esmola. Antes morrer de fome.

O Capitão riu, os olhos se fecharam, peste de velha de cachaço
duro:

- Ainda lhe devo uns atrasados, se lembra? Desde então.

-  Isso possa ser.

 Entregou-lhe umas moedas, partiu em busca dos trabalhadores e por eles soube dos projectos de Fadul. O mascate deixara com Bastião da Rosa algum dinheiro e ordens para derrubar e preparar madeira bastante para a construção de casa de duas portas na parte da frente e três cómodos nos fundos.

Palacete igual naquelas bandas somente em Taquaras, junto dos trilhos da Estrada de Ferro e olhe lá!

Aliás, Lupiscínio, o carpina, viera de Taquaras, mandado por seu Fadul para fazer balcão e prateleiras. Trabalho grande e na correria. Bastião da Rosa opinou:

 - O turco maluqueceu, Capitão. Tocaia Grande não comporta
tanta lordeza.

Natário abanou a cabeça, discordando. Maluco? Não achava não. Sabia de um saber sem dúvidas que, mais cedo ou mais tarde, Tocaia Grande seria uma cidade perto da qual Taquaras não passaria de desprezível tapera, um lazareto.

Palacete era o barraco de Jacinta se comparado à choupana de palha onde Bernarda se abrigara: meia dúzia de palmas mal juntadas, quatro tocos de pau enfiados no chão. No interior, um catre, uma panela de barro sobre três pedras, mais nada.

Natário desmontou, percorreu com a vista os arredores. A moça vinha chegando do rio, molhada da cabeça aos pés, na mão as peças que fora lavar: uma calçola e uma anágua. O vestido de bulgariana, ensopado em cima da pele, colava-se ao corpo escuro e o exibia; dos cabelos soltos escorria água, pingos no cangote.

Ao reconhecer o visitante, suspendeu o passo para logo partir correndo, os braços estendidos para ele. Nos olhos de Natário corria uma menina de dois anos de idade que largava a poça de lama onde brincava para pendurar-se nua e suja em seu pescoço.

 Ao se acoitar na Fazenda da Atalaia, ele vivera uma temporada longa em casa de Florêncio e de Ana, sua amásia.

Florêncio não trabalhava nas roças, ocupado em serviços de maior vulto, cuidava de armas e jagunços.

Com que idade estaria Bernarda?, perguntou-se quando a imagem da menina se incorporou na moça envolta em água e sol.

Conhecera-a criancinha de peito, pendurada nas ancas da mãe; de certa maneira Natário ajudara a criá-la. Na saleta da casinhola de duas peças, Ana armara uma rede para o hóspede; no chão, num caixote transformado em berço, dormia a criança.

 Acordava chorando, no meio da noite, mas raramente Ana despertava para lhe dar o peito. Morta de cansaço, mergulhada em sono de chumbo no quarto vizinho, nem escutava o choramingar da filha.

 Natário retirava a criança do caixote, colocava-a na rede e com o balanço a fazia adormecer, pesando em cima de seu peito.

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