sábado, novembro 26, 2016

FONTE DOS RENDIMENTOS






- Alô! É a dona Ieda?

- Sim, ela mesma...

- Dona Ieda, aqui é o João Carlos, seu contabilista. Estou ligando p'ra avisar que a sua declaração do I.R.S caiu na malha fina da Receita, eles estão alegando incompatibilidade de renda comparado o património da senhora com seu salário de secretária.

- Então, e agora?

- Faça o seguinte: envie-me uma cópia da sua principal fonte de rendimentos actuaclizada, que vou ver o que posso fazer...


- Tá bem Sr. João, já vou tirar uma fotocópia e envio por fax daqui a pouquinho...




                                                  

A Religião  

- Um tiro fora do alvo















A comediante americana Cathy Ladman observou que “todas as religiões são iguais: religião é, basicamente, sentimento de culpa com feriados diferentes”.

Não é crível que o motivo pelo qual temos religião seja porque ela reduzia os níveis de stress dos nossos antepassados.

A religião é um fenómeno vasto que carece de uma teoria vasta para o explicar.

Outras teorias de que “a religião satisfaz a nossa curiosidade sobre o universo e o nosso lugar nele” ou “a religião é consoladora” não são explicações darwinianas embora possa haver nelas alguma verdade psicológica.

Steven Pinker dizia, relativamente à teoria do “consolo”, “porque há-de uma mente evoluir para encontrar consolo em crenças que claramente se sabe que são falsas?”

Mas para os cientistas darwinianos o que interessa é encontrar as causas profundas ou seja, qual a pressão da selecção natural que favoreceu tal ocorrência.

Suponhamos que os neurologistas descobrem no cérebro um “centro-deus”, então é preciso saber a razão pela qual os nossos antepassados com uma tendência genética para desenvolver nos seus cérebros esse “centro-deus” sobreviveram de maneira a terem mais netos do que os outros que não a tinham.

Tão pouco os darwinianos se dão por satisfeitos com explicações de natureza política, do género: “a religião é uma ferramenta usada pela classe dirigente para subjugar as classes inferiores”.

É verdade que consolava os escravos negros da América com promessas de outra vida, o que lhes embotava o descontentamento com a vida deste mundo e beneficiava, assim, os seus donos.

Se as religiões são deliberadamente criadas por sacerdotes cínicos ou por governantes, é uma questão interessante à qual os historiadores devem prestar atenção, mas não é uma questão darwiniana.

O investigador darwiniano quer saber por que razão as pessoas são vulneráveis aos encantos da religião expondo-se, desse modo, à exploração de sacerdotes, políticos e reis.


A Religião como um Sub-Produto de outra coisa

Numa perspectiva darwiniana, Richard Dawkins vê a religião, cada vez mais, como um sub-produto de outra coisa como, de resto, um número crescente de biólogos.

Para explicar esta ideia o autor socorre-se de um exemplo concreto que tem a ver com a traça uma vez que ele próprio é um especialista nesta área.

Este animal voa em direcção à chama da vela e isso não parece acontecer por acaso. De propósito, elas fazem desvios no voo para se oferecerem em sacrifício numa auto-imolação e a pergunta que fazemos é esta:

 - Como diabo pode a selecção natural favorecer um comportamento destes?

Não, a selecção natural não favoreceu este comportamento que não passa, afinal de um sub produto do verdadeiro comportamento, esse sim, ditado pela selecção natural.

A luz artificial das velas é coisa recente nas noites que eram apenas iluminadas pela lua e pelas estrelas. Essas fontes de luz estão no infinito óptico pelo que os raios delas nos chegam paralelos.

Por esta razão, os insectos podem seguir estes raios para se deslocarem em linha recta e encontrarem o caminho de casa mas, se estes raios não forem paralelos e antes divergirem como os raios de uma roda e, se os seguirmos, iremos dar ao eixo da roda ou seja, á chama da vela.

Um comportamento fatal nestas circunstâncias decorre de uma regra boa que leva as traças, no silêncio das noites, seguindo a luz da lua e das estrelas até à sua casa que é o que acontece na esmagadora maioria das vezes e acontecia sempre antes do aparecimento das luzes artificiais.

Deixemos agora as borboletas das traças uma vez que elas já desempenharam nesta problemática o seu papel exemplificativo do que é um comportamento sub produto – tiro fora do alvo -  do verdadeiro e correcto comportamento que se desenvolveu com base na selecção natural.

Centremo-nos nas crianças. É sabido que nós sobrevivemos, mais do que qualquer outra espécie, por experiências acumuladas pelas gerações anteriores, experiências essas que têm de ser transmitidas às crianças para a sua protecção e bem-estar.

Em teoria, as crianças também podem aprender através da sua experiência, à sua custa como se costuma dizer, a não se aproximarem dos penhascos, a não comerem bagas vermelhas desconhecidas, a não nadarem em águas infestadas de crocodilos mas, dessa forma, quantas não teriam sido sacrificadas sem chegarem a ter tempo para se reproduzirem?

Assim, constitui uma vantagem selectiva as crianças dotadas de um cérebro que contiver a simples regra prática:

 - “Acredita sem hesitações em tudo o que os adultos te digam. Obedece aos teus pais, obedece aos chefes da tribo, sobretudo quando eles te falarem num tom grave e ameaçador, confia nos mais velhos sem contestar”.

Mas, tal como no caso das traças, pode dar mau resultado... porque um dia dizem à criança - “tens de sacrificar uma cabra durante a lua cheia senão a chuva não vem” e ela acredita porque não sabe distinguir os bons conselhos, ... “não te metas no Limpopo que está infestado de crocodilos” dos maus ou inúteis de “matar a cabra durante a lua cheia para vir a chuva...”.

O subproduto inevitável é a vulnerabilidade à infecção pelo vírus da mente.

 A selecção natural para a sobrevivência apenas ensinou que os cérebros das crianças precisam de acreditar nos pais e nos mais velhos de tal forma que aquele que acredita não tem forma de distinguir os bons dos maus conselhos pela mesma razão que a borboleta da traça não sabe que aquele raio de luz a levará à morte e não a casa... ela só sabe que tem de seguir o raio de luz da mesma maneira que a criança sabe que tem de acreditar e obedecer.

Ambos os avisos, o da cabra e o dos crocodilos, aos ouvidas da criança parecem igualmente dignos de confiança pois ambos provêm de uma fonte respeitável e são proferidos com grave seriedade que inspira respeito e exige obediência.

E quando a criança crescer e tiver filhos seus, ela irá transmitir-lhes tudo – quer o bom senso quer o disparate – com toda a naturalidade, usando o mesmo ar grave e contagiante.

Ao longo das gerações, como o acreditar e obedecer se traduziram numa vantagem para a sobrevivência e procriação, a nossa espécie foi evoluindo para uma sociedade de crentes.

Os líderes religiosos estão conscientes da vulnerabilidade do cérebro das crianças e da importância desta ser doutrinada em tenra idade.

Já dizia o Jesuíta: - “... dai-me a criança durante os seus primeiros sete anos e eu dar-vos-ei o homem”.

 - Por que se morre de amor?

- Por que se mata por ciúme?

 - Por que se mata por Deus?

Definitivamente, o nosso cérebro está cheio de armadilhas... e já agora, obrigado às traças e ao Richard Dawkins.



sexta-feira, novembro 25, 2016

                   A Primeira Vez


              

Em boa hora, para o PS,"arrumou" o Seguro
 As Sondagens

























Finalmente, de acordo com as sondagens vindas a público, Passos Coelho, profeta da desgraça desde que António Costa o substituiu no governo, está no lugar em que eu sempre gostaria de o ter visto: o último.

Aquele sorriso de grande cinismo, o mesmo que disfarçou quando, em directo na televisão, mandou os seus concidadãos trabalhar para o estrangeiro, valeu-lhe uma humilhante “lanterna vermelha” para desespero dos seus apaniguados.

Ele e o ex-presidente Cavaco Silva têm agora, na consideração dos portugueses, os lugares que merecem, com "a agravante" de que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, dispara para níveis nunca vistos, o dobro, relativamente a Cavaco, provando em definitivo que os portugueses preferem, de longe, uma cara sorridente e dialogante a uma de “pau”.

António Costa, que desde Presidente da Câmara, a funções governamentais, já foi tudo e mais alguma coisa, é o líder político com melhor avaliação e que o seu estilo calmo, conciliador e de negociante nato, é do agrado dos portugueses.

Jerónimo de Sousa, com o seu semblante granítico mas já envelhecido, de operário reformado, continua a liderar os comunistas e só por morte cederá o seu lugar. Como nenhum outro, ele é o homem para aquele lugar.

Paulo Portas, declaradamente retirado para os negócios, porque a política pura e dura não dá dinheiro a ninguém, está num destacado último lugar que, de resto, já era seu desde Julho de 2013.

O seu estilo “bem falante”, de gesto irónico e trabalhado, estilo “british”, não é, nem nunca, foi da simpatia de “nós, os latinos”.

Costa, com o seu PS a 43% das intenções de voto, continua à beira da maioria absoluta que lhe é negada por Catarina Martins, do BE, que com os seus olhos azuis e profundos que nos querem ler a alma, continua a subir nas intenções de voto, de 9,2 para 11,6%, e pelo próprio Jerónimo que veio, igualmente, de 7,9% para 10,5%, enquanto Passos “marca passo” com uns humilhantes 8,9%.

A direita em Portugal, PSD/CDS, parece ser a vergonha da direita europeia e perde 5% desde Dezembro, enquanto os socialistas que têm a “carga” do governo sobem 9 pontos...

É caso para dizer: parabéns António Costa, pois é dele a grande responsabilidade.

Este imita muito bem...
OS NEANDERTAIS

CONTINUAM

EM NÓS




















A revista Science publica hoje o resultado da descodificação completa do genoma dos Neandertais a partir de ossos de três espécimes do sexo feminino que viveram entre 38 a 44.000 anos numa gruta da Croácia.


Da leitura desse livro genético de 3 mil milhões de letras e da sua comparação com o do homem moderno não africano, 2 a 4% dos nossos genes provêm do cruzamento com aquele nosso primo.

Temos, portanto, que há entre 50 a 80.000 anos, eles ter-se-ão encontrado pela primeira vez no médio Oriente e em vez de fazerem guerra começaram a fazer amor.

Os Neandertais nasceram em África há 400.000 anos, vieram para a Eurásia, e desapareceram há 30.000. Continuam, no entanto, dentro de nós nessa percentagem de 2 a 4%.


Tinha razão o nosso investigador João Zilhão, quando defendia ter havido cruzamentos entre ambos, dos quais, o esqueleto de menino de Lapedo, encontrado junto à cidade de Leiria, em Portugal, com características das duas espécies, Sapiens e Neandertais, era uma prova evidente.


Em que é que se manifestam hoje, em nós, esses 2 a 4% é outra história que virá a ser revelada com mais trabalho. Mas, para já, corre a informação que contêm factores de imunidade para determinados vírus. Como diz o Prof. de Engenharia biomolecular da Universidade da Califórnia, Svante Paabo, principal autor deste estudo:

- “Este trabalho é uma mina de informação sobre a evolução recente da humanidade e será aproveitada nos próximos anos.”


Como se percebe, tinha carinha de imberbe...
D. Sebastião e  

sua Cruzada a

Alcácer Kibir











Numa tradução livre do espanhol da época escrito por Fernando de Góis Loureiro, abade e seu antigo criado da câmara, que assistiu à batalha:


- “Acossado el-Rey saíu do local da batalha quando tudo já estava concluído e tomou o caminho do Rio Mahacer, para um local onde havia menos gente que poderia acudir e antes de lá chegar, a uma légua da batalha, saíram-lhe uns setenta Alarabes a cavalo que o prenderam sem resistência (quando o que o Rey queria era morrer lutando mas os seus não lho consentiram).

 Uma rixa e controvérsia se deu entre os cavaleiros Alarabes e os Turcos da Guarda do dei Maluco que entretanto chegaram para disputar quem levaria a presa que acabou por ser morta, miseravelmente, pelas mãos dos cavaleiros Alarabes, na idade de vinte e quatro anos, seis meses e catorze dias.

 Depois, o corpo foi encontrado no dia seguinte por Bastion de Resende seu moço de câmara, no mesmo lugar, e reconhecido por todos os seus e eu, como testemunha de vista, também o reconheci ser ele o desditado Rey.

E porque o Rei morreu a uma légua da batalha de onde muitos o viram sair vivo e a cavalo, logo alguns disseram que não era ele o morto e outros, querendo fazer-se sabedores, disseram que ele morreu a batalhar como o afirmou Jerónimo Franchi na sua história de Portugal.”

(Aquilino Ribeiro – Reis de Portugal – Suas Misérias e Grandezas)



Este desfecho era inevitável e previsível. D. Sebastião, como escreveu Filipe II de Espanha, “era um príncipe frio, impotente, destituído de inclinações amorosas e incapaz de amar” e por isso nunca lhe cederia a sua filha para casar embora se tenha desculpado que a mais velha já estava prometida e a segunda só tinha dez anos de idade.

Tomou as rédeas do governo aos catorze anos  - devia ter sido aos vinte -  portanto, contra as cláusulas do testamento do avô.

 «Menino rebelde, impulsivo, desaparafusado, louco dez vezes, herdeiro de uma terrível paranóia congénita» na opinião do seu aio D. Aleixo de Menezes.

Começou a reinar a 20 de Janeiro de 1568, dia de S. Sebastião e o seu ódio aos infiéis era uma obsessão tão grande que o obrigava, ainda de menor idade, a assistir aos Autos de Fé do Santo Ofício.

Os poucos anos da sua juventude viveu-os de forma doentia para acabar exactamente como acabou: morto sem honra nem glória a cinco léguas do campo da batalha, depois desta, muito rapidamente, ter terminado e às mãos de soldados árabes que o disputavam como presa a um grupo de soldados turcos.

Um jovem louco que arrastou na sua loucura um exército e um reino.

Muitos anos mais tarde, outros, nem jovens nem loucos, fizeram a mesma coisa.

Os dois exércitos puseram-se em marcha quase ao mesmo tempo de face um para o outro e reconheceu-se logo a superioridade numérica dos mouros que, convergindo em meia lua, ameaçavam só com os ginetes fechar os portugueses nas suas pontas, e ainda não se via a infantaria, a desdobrar-se por detrás das lombas do terreno.

Quando D. Sebastião mandou tocar a Ave-Maria, dispararam os mouros as suas bombardas, a última palavra em balística.

O estrago não foi grande mas o alarme foi indescritível que se baralharam desde logo as fileiras da peonagem.

Esta, formada por gente das aldeias, tosca, sem o necessário traquejo de armas, enrodilhou-se uma contra a outra como um bando de ovelhas sobre que deu uma alcateia de lobos.

Entretanto a cavalaria atacava a manga dos portugueses a quem D. Sebastião dera instruções rigorosas. – “Daqui ninguém move até nova ordem”.

De modo que aventureiros e mercenários tiveram por assim dizer que aguentar a pé quedo o embate do inimigo.

Um oficial às ordens. Pedro Peixoto, recebeu entretanto esta voz do rei, louca de todo:

 - “Ide dizer a Duarte de Menezes que comece a pegar com os mouros devagar…”

 - “Não direi senão que muito depressa” – retorquiu Peixoto.

Já os portugueses iam ser envolvidos, apareceu Aldana a dizer ao príncipe:

 - “Hombre, ponha-se a salvo. Para que quer a cavalaria? Não vê que vamos morrer aqui todos!...”

 - “Diferente confiança tenho eu na graça de Deus.”

 - “Ora! Ora!

El - rei não se determinava de acometer e um dos fronteiros exclamou de voz turva , apeando-se do cavalo:

 - “Sejam todos testemunhas como me apeio para morrer, porque hoje não é dia de outra coisa.

Dado que a ordem de atacar nunca mais soasse, arrojaram-se como entenderam contra o inimigo.

Era fora de tempo. Pequena resistência encontravam pois os mouros eram por toda a parte.

O Crescente, fora raros e singulares actos de bravura, levava a Cruz de roldão. À voz de Sebastião de Sá mais se atirou par o monte de inimigos:

 - “O meu cavalo não sabe voltar.”

Breve a batalha se tornou em debandada e carnificina cruel e despiedosa. Segundo os autores árabes, os portugueses tiveram 6.000 mortos, quase todos em fuga, como coelhos, e o quase restante do exército aprisionado. Os mouros teriam perdido 18 homens!

É possível tal desproporção? E o Rei? O rei ficara paralisado, como pretende Bento de Sousa no “Doutor Minerva”?

Que papel foi o seu que nunca mais ninguém o enxergou na batalha?

Um seu antigo criado da câmara, Fernando Góis de Loureiro, abade que foi de São Martinho de Soalhães, que assistiu à batalha, no livro que compôs, editado em Mântua:

- “Breve suma y relacion de ias vidas e hechos de los Reys de Portugal”, narra deste jeito o destino do príncipe:

- Começavam a faltar os alimentos, por terem sido reduzidas as rações – a fim de que os homens não perdessem mobilidade – aos três dias que contavam ser necessários para vencer os mouros e reabastecerem-se da frota.

A todas as observações o rei taxava de cobardes. Às vozes mais altas retrucava descabeladamente com ameaças de morte. A um dos seus, João de Sousa, jogou tal lançada que o teria atravessado se não fosse o aço fino da cota.

Mesmo assim, foi decidido que se voltasse a Arzila, contando que a armada ainda se encontrasse no porto. Desgraçadamente a frota tinha levantado ferro para Larache.

No mesmo dia houve grosso alarme no campo e se tocou arma. O rei, exasperado, cometeu os mais incríveis despautérios. Por irrisão do caso, chegou ao acampamento o Capitão Aldana com 500 soldados que mandava o duque de Alba, mas sem armas nem munição alguma de boca. Em compensação trazia-lhe o elmo e o capacete de Carlos V.

Este socorro, que seria providencial noutras condições, agora só lhe servia de estorvo.

Como alimentar o terço? As úteis e idóneas armas tinham ficado nas naus. Por outra, era já tarde para Aldana, Capitão experimentado, corrigir a desastrada estratégia do rei, imprudente acima de tudo e estupidamente sôfrego, ele só, dos louros da vitória.

Tanto assim que deu ordem para a esquadra se abster de entrar em Larache, querendo reservar para si a honra da conquista, quando a todos se computava fácil, precipitando o desembarque, tomar a cidade de um primeiro ímpeto.

No dia 2 acampou o exército em Barkain, cerca de uma “daya”, terreno pantanoso e areento, e começaram a aparecer no horizonte os corredores mouros.

No dia 3 atravessaram o Ued Mehacen pela ponte, movimento de tanto erro que, naturalmente lhes ficava cortada a retirada pois o riacho, ainda que na maré baixa se pudesse passar a vau, não permitia com o alagadiço a manobra das peças nem mesmo da cavalaria. Meia légua adiante da ponte enfrentaram a vanguarda moura.

Um renegado português que aspirava ser restituído à sua terra, veio informar El’Rei do que se passava no arraial mouro e dar-lhe conselhos salutares.

Debalde. O infeliz queria glória, glória sem contradita, glória ganha a peito descoberto, sem os ardis da táctica, nem espécie alguma no combater. O que levou o renegado a comentar nessa noite.

 - Maior é o temor que os mouros têm que razão para tê-lo. No campo cristão há muita lenha e pouco fogo para queimar a Berbérie.

No dia 4, uma segunda-feira, véspera de Nª Sª das Neves, voltaram alguns oficiais a mostrar a D. Sebastião as vantagens que havia em diferir a batalha, tanto mais que era de esperar a deserção do exército do Maluco, às portas da morte, em favor do Xerife, o aliado.

Respondeu-lhes furioso e embravecido. O Xerife mandou ainda um emissário que se esforçou, a seu turno, por convencer El’rei com grande cópia de argumentos, mais convincentes, uns que outros, de quanto tinham a lucrar demorando a batalha. Vinte e quatro horas, senhor…?

Escasseiam os víveres no campo…

- Abatem-se os bois. São demais…

 - Não, há-de ser hoje. E deixem-me, com todos os diabos!



Nota - Tristes tempos estes, os das monarquias absolutas...


quinta-feira, novembro 24, 2016

Camada de Nervos


              

Caravela S. Gabriela
A Fúria do

Cobrador

de Impostos...


















As Finanças notificaram hoje o senhor Vasco Simplício da Cunha Gama para o pagamento do Imposto Único de Caravelas relativo à embarcação “São Gabriel”.

Segundo o Imprensa Falsa conseguiu apurar, o imposto em falta refere-se aos anos de 1497 até 2012, pois Vasco da Gama nunca mandou abater a caravela. Relativamente ao IUC de 2013 o mesmo pode ser liquidado até Julho, porque é o primeiro registo dela.

Até hoje, as Finanças não tinham descoberto o proprietário desta embarcação, mas depois de lerem o diário da viagem de Vasco da Gama à Índia que a UNESCO inscreveu hoje na lista de Memória do Mundo, foi fácil identificar o contribuinte faltoso.

Entretanto, Vasco da Gama já contestou dizendo que arrancou logo para a Índia, nem teve tempo de ir às Finanças, mas, por outro lado, o navegador diz que foi o rei D. Manuel I que ficou de pagar isso, até porque, na verdade, a caravela era dele.

Esta contestação não caiu bem junto das autoridades, que consideram que o descobridor difamou o Chefe de Estado, tendo sido enviada a respectiva contestação para a Procuradoria - Geral da República. Vasco da Gama poderá agora ter de vir a pagar, para além do IUC da caravela, uma multa por ofensas ao Chefe de Estado.

Homem Verde...
Os seus documentos...






















Um camionista vê à beira da estrada um pequeno homem verde a chorar. 

 Ele pára e pergunta-lhe o que se passa.

- Sou verde,   venho de Venus, sou paneleiro e tenho fome, responde-lhe o estrangeiro.

- Bom, diz o camionista, posso dar-te uma sandes, mas para o resto, não posso fazer nada.

Ele dá-lhe a sandes e continua seu caminho.

Um pouco mais longe, ele vê um pequeno homem vermelho, que também está a chorar. 

Ele pára outra vez e pergunta-lhe o que se passa 

- Sou vermelho, venho de Marte, sou paneleiro e tenho sede...

- Posso dar-te uma lata de coca-cola, mas para o resto não te vou poder ajudar.

Ele dá-lhe a lata de coca-cola e continua o seu caminho... 

Um pouco mais longe ele vê um pequeno homem azul.  

Ele admira-se um pouco, começa a estar farto e grita: 

- Então, paneleiro de merda, de que estúpido planeta vens tu?

E o pequeno homem, responde: 
  
- Documentos da Viatura, se faz favor

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